Breaking The Habit escrita por Lara AppleHead


Capítulo 4
Capítulo 4 - Behind Blue Eyes


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Espero que gostem.
•Capítulo Betado (✅)
•Capitulo Não-Betado ( )



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"Ninguém sabe como é ser o homem mau, ser o homem amargurado por trás de olhos tristes.

Ninguém sabe como é ser odiado, ser destinado a contar apenas mentiras... Mas meus sonhos não são tão vazios quanto a minha consciência parece ser. Eu tenho horas de pura solidão. Meu amor é vingança que nunca está livre.

Ninguém sabe como é sentir esses sentimentos como eu sinto, e eu culpo você. Ninguém revida tão fortemente em sua raiva, nenhuma das minhas dores ou feridas podem contar a verdade. Ninguém sabe como é ser maltratado, ser derrotado por trás de olhos tristes. Ninguém sabe como é falar que está arrependido, e não se preocupe eu não estou mentindo dessa vez."

Limp Bizkit - Behind Blue Eyes

Quando Vegeta retornou para à Capital do Oeste, pairou no ar um pouco mais afastado da Corporação Cápsula, observando todo o movimento ao redor. No local, ainda havia alguns convidados no terraço. Oolong e Pual gargalhavam de Mestre Kame que dançava e cantarolava visivelmente embriagado. Yajirobe e Kuririn assaltavam os últimos petiscos da mesa de doces e aparentemente todos aqueles verdes haviam partido. Significava que Bulma havia usado as esferas do dragão para levar os verdes para o novo planeta Namekusei. Naquela mistura de Ki's, mesmo sem querer admitir, era o ki de Bulma que ele tentava encontrar.

Sua pequena busca terminara quando Vegeta a viu emergir nas águas da enorme piscina da mansão acompanhada por um cara desconhecido que a envolvia nos braços. E ao ver Bulma beijar esse mesmo cara em seguida, ele sentiu ligeiramente um dissabor invadir o seu paladar. Estaria ele com ciúmes da terráquea? Não! Não podia ser! Ele tinha um orgulho a zelar. Não poderia se apaixonar por ninguém! Ainda mais por aquela terráquea vulgar e escandalosa.

Os dentes trincados destacavam o maxilar de traços aristocráticos do saiyajin. "Paixão é um sentimento que enfraquece os homens", murmurou entredentes. Então, na realidade a quem ele estava tentando enganar, além de si mesmo? Claramente, ele havia ficado irritado mais do que gostaria com a cena que acabara de presenciar.

Constatou que a porta da sacada da cozinha estava aberta, voou até lá o mais rápido que pôde. Adentrou no local e encontrou uma humana de cabelos loiros que falava ao celular alegremente. Havia uma certa semelhança familiar no rosto da garota.

Ela o olhou por um instante assustada. Notou como o "desconhecido" estava de pés descalços e trajava somente uma calça moletom. Ele estaria gravemente ferido? Pois esparadrapos pendiam do seu abdômen desnudo, além de ter alguns hematomas espalhados pelo corpo. Então, lembrou-se das suas conversas por telefone com Bulma e como ela não parava de falar de um tal alienígena bonitinho. Levantou-se de onde estava e o cumprimentou:

— Sou Tights! Você deve ser o Vegeta.  — Ela sorriu gentil e ficou por uns segundos com a mão direita erguida em direção ao saiyajin, que por sua vez, a olhou sem entender aquele gesto.

Sem resposta da parte de Vegeta, ela pegou a mão direita dele e sacudiu desajeitadamente para cima e para baixo. Ele ficou estático. A loira riu-se do que acabara de fazer e continuou a falar:

— É assim que nos cumprimentamos aqui na Terra, ou assim. — Ela se curvou aos moldes orientais — Tinha me esquecido que Bulma havia me dito que você era de outro planeta. Se bem que minha referência de extraterrestre é o Jacco, mas isso não vem ao caso. Está com fome? — perguntou, observando que o semblante dele não era um dos melhores. — Consegui salvar essa torta de amora dos amigos esfomeados da Bulma.

O saiyajin travava uma luta interna. Queria a todo custo ignorá-la e lhe dizer quaisquer palavras grosseiras, mas conteve-se. "Por que todos os humanos daquela casa tinham que ser tão tagarelas?"

— Sim, agradeço — respondeu brevemente, sentando-se em uma cadeira na ilha da cozinha. E esse "agradeço" saiu quase arranhando a garganta do saiyajin, que até então não se via na obrigação de ser educado com ninguém. Mas ele estava ali, tentando.

♦♦♦

Bulma chegou na cozinha somente com um roupão de banho e com os cabelos encharcados com a água da piscina. Pegou uma maçã na fruteira, e foi sentando-se sem cerimônia em umas das cadeiras da ilha. Cumprimentou a irmã com um aceno leve de cabeça e decidiu ignorar por completo Vegeta, que apenas comia calado concentrado em como Tights falava sobre amoras, umas das coisas que o saiyajin nunca havia ouvido falar. Bulma se perguntou quando ele havia ficado tão paciente.

A senhora Briefs entrou na cozinha para pegar mais algumas latinhas de cerveja para os convidados. Comentou amistosamente:

— Garoto Vegeta, vejo que conheceu minha outra filha. Aliás, Tights está solteira. Deveria convidá-la para ir ao cinema qualquer dia desses.

— Mamãe! — Tights sorriu.

Vegeta corou, nervoso, antes de enfiar mais duas colheradas generosas de torta na boca.

Bulma se remexeu desconfortável na cadeira ao escutar aquilo, sentindo um frio percorrer sua barriga. Seu namorado havia acabado de reviver. Então, por que ela sentia seu peito afundar? Por que estava com ciúmes logo dele? Logo daquele alienígena mal-humorado. Sua mãe estava certa: Tights era solteira e ele também. Contudo, não gostava de pensar, nem por um segundo, nele com outra se não fosse com ela. Pegando o celular começou a rolar as páginas de forma aleatória tentando disfarçar.

Ela se permitiu olhar mais uma vez para frente e seu coração disparou quando seus olhos azuis como um dia sem nuvens se encontraram com os olhos cor da noite do saiyajin. Bulma se levantou em um rompante e subiu as escadas em disparada.

Entrou batendo a porta do quarto, vendo que Yamcha acabara tomar uma ducha.

— Me beija. — Ela correu e se jogou nos braços dele, fazendo a toalha que ele tinha na cintura escorregar lentamente até ao chão.

— Bul-Bulma — Ele fora pego de surpresa com aquela atitude dela. Ele sabia que a namorada era quase insaciável na cama, mas não seria ele quem iria reclamar. Yamcha a pôs rapidamente na cama, retirou-lhe a parte inferior do biquíni e, depois de dedicar-lhe algum tempo a uma preparação regada de provocações, estocou-a avidamente. Bulma não achava certo a forma com que ela pensava em Vegeta e a única maneira de esquecê-lo era se entregar por completo a Yamcha.

No entanto, toda vez que ela fechava os olhos era a imagem de um tal saiyajin mal-humorado que vinha em sua cabeça. Ela estava louca. Louca de ciúmes e principalmente louca de desejo. Ela o queria como nunca quis ninguém antes. Sentindo que estava quase gozando, mordeu o lábio inferior, para não ter que pronunciar o nome dele na frente do namorado.

Logo depois, Yamcha pendeu para o lado após chegar ao seu ápice.

— Não sabia que estava com tanta saudade assim de mim. — Ele sorriu a agarrando.

— Foram longos oito meses. — Ela depositou um beijinho nele e saltou da cama se desvencilhando dos braços dele. — Preciso de um banho, já volto.

Bulma fechou a porta do banheiro atrás de si, sentindo-se péssima. Ela claramente estava confusa. Há um ano atrás estava feliz ao lado de Yamcha, que não era lá um namorado perfeito, mas era o único até o momento que satisfazia todos os seus caprichos. Porém, agora ela só pensava em Vegeta, cogitava até a ideia de terminar com Yamcha e viver uma paixão avassaladora com o alienígena, digna de um livro de romance de amor proibido. Suspirou triste quando se colocou novamente na realidade, ele certamente não a corresponderia. Aquele maldito só pensava em sair da Terra o quanto antes. “Eu te odeio, Vegeta! Você só bagunçou meus sentimentos", ela resmungou mentalmente.

Quando Bulma voltou, Yamcha já estava dormindo. Ela bem que tentou pegar no sono, mas só conseguia se revirar de um lado para outro na cama. Sua cabeça ainda girava em um turbilhão de pensamentos conflitantes. Através do rádio-relógio que estava em cima do criado mudo, notou que já passava das duas da manhã. Seus olhos se voltaram para um pequeno objeto metálico que cintilava com a claridade que vinha do lado de fora do quarto.

Constatou ser o dispositivo que Whis havia pedido para entregar a Vegeta quando ele acordasse. Aquele era o álibi perfeito para poder levantar-se e tentar falar com o saiyajin.

Pegou o primeiro shortinho que viu e uma blusa promocional da Corporação Cápsula, se esforçando para não fazer barulho. Com passos miúdos caminhou lentamente pelos corredores da mansão. Parou na frente da porta do quarto de Vegeta, se ele estivesse acordado, provável que ele já tivesse sentido o seu ki. Antes de bater na porta, reparou que uma luz fraca atravessava uma pequena fresta. A porta estava destrancada. Com o coração batendo em solavancos e um pouco hesitante ela empurrou delicadamente a porta até esta se abrir completamente.

— Vegeta? — Bulma o chamou. Respirou aliviada quando viu que não havia ninguém. Queria voltar para o seu quarto, porém, a curiosidade martelava mais forte dentro dela.

O quarto estava perfeitamente arrumado e alinhado, sorriu imaginando que nunca conseguiria manter seu próprio assim. Na mesinha rente à cabeceira da cama havia vários livros, como História Mundial, Ciências Humanas e um de idiomas. “Ele estava tentando aprender sobre a Terra?” Ainda havia um notebook aberto, se inclinou mais um pouco para ver o que ele tinha escrito na barra de pesquisa. Não pôde conter o riso. Então ele gosta de amoras?”.

— Humpft! Nunca lhe disseram que era feio bisbilhotar as coisas dos outros? — Vegeta perguntou, emburrado, trazendo consigo um copo de leite e alguns biscoitos.

— Eu- eu — Bulma gaguejou.

— Você? — Ele ergueu uma das sobrancelhas e esperou que ela completasse a resposta.

— Eu vim lhe trazer isso. — A garota Briefs engoliu em seco. Retirou um dispositivo de dentro do bolso do seu shortinho e mostrou para o saiyajin.

— Eu deveria saber o que é isso? — Ele indagou.

— Whis, mestre do senhor Bills, me pediu que eu o entregasse. Pelo que eu escutei tem algo a ver com algum tipo de treinamento. — Ela explicou.

Ele pegou objeto das mãos da azulada.

— Treinamento? Depois de tudo? — Ele sentou-se na cama — Me pergunto o que levou Bills a tentar destruir a Terra.

— Na realidade... — Bulma sentou-se em uma poltrona de frente à cama de Vegeta — Whis e Bills foram gentis quando chegaram, eles procuravam por um tal Deus super saiyajin. Tudo desandou quando Yajirobe recusou a dividir o último pote de pudim com Bills.

— O quê? Quer dizer que eu quase morri novamente, por causa de um mísero pudim? — Vegeta rangeu os dentes. Se soubesse que aquela era a segunda vez que quase morre por conta de Yajirobe — sendo primeira quando o gorducho espadachim lhe cortou a cauda — então, não saberíamos até quando ele manteria a promessa que fez à Bulma de manter os humanos intactos.

Bulma gargalhou e olhou para Vegeta que mantinha uma carranca no rosto, mas que ao ver a azulada gargalhando tão graciosamente, puxou um sorriso no canto da boca, esforçando ao máximo para conter o riso. Mas foi mais forte que ele. Eles então gargalharam em uníssono. E Bulma nunca o tinha visto sorrir dentro daqueles oito meses que ele havia chegado na Terra. E por Kami, como ele ficava lindo sorrindo. Mas, no momento, ela tinha o Yamcha e, se recuperando dos seus devaneios, disse:

— Preciso voltar para o meu quarto.

Ela caminhou lentamente até a saída, Vegeta a seguiu.

— Bulma... — falou tão baixo que se a azulada não tivesse tão perto, ela não teria o ouvido. Ele mordeu os lábios como se hesitasse no que iria falar. — Eu fui um idiota outro dia... Me... Me... — Pegando ar nos pulmões, suspirou e disse de uma vez antes que desistisse: — Me desculpe.

Ela piscou algumas vezes. Aquele era o mesmo saiyajin sanguinário que encontrou pela primeira vez em Namekusei?

— Tudo bem. — Ela sorriu e quase sem pensar depositou um beijinho na bochecha dele.

Ele chegou bem perto, a olhou nos olhos como se vasculhasse cada parte da alma de Bulma e a questionou:

— Preciso saber garota terráquea, você sente alguma coisa por mim?

Bulma ficou atônita. Queria dizer que sim, queria se entregar de uma vez naquela aventura que seria se envolver com Vegeta. Mas sua consciência a lembrara de todas as coisas ruins que ele fez, de todas as pessoas que ele aniquilara sem piedade. Queria formular uma resposta decente, porém, nada. Absolutamente nada saiu de sua boca.

— Eu reparei na maneira como me olha desde quando eu cheguei. Eu não sou tolo, terráquea. O seu ki sempre oscila na minha presença e percebi como oscilou ainda quando sua mãe sugeriu que eu saísse com sua irmã.

— Eu amo o Yamcha. Sinto muito V. Mas gosto de você como amigo. — Ela mentiu.  

— Humpft! Aquele verme! Lembro dele quando morreu nas mãos de um Saibamen. Um fraco como a maioria dos guerreiros desse planeta. — Ele cuspiu cada palavra.

O saiyajin sentia-se rejeitado mais uma vez. “Quando é que ele iria entender que a terráquea o queria longe? Que ela o odiava, mesmo que o comportamento dela disse ao contrário. Por que que ela tinha que olhar para ele daquela maneira, somente para desprezá-lo depois? Aquilo era uma tortura”. Em aparente desgosto, apertou as mãos em punho, pressionando o dispositivo que nem percebeu que ainda estava segurando. O objeto começou a brilhar em tom de vermelho neon.

— O que você fez? — perguntou Bulma.

— Eu não sei! Como desliga isso? — Vegeta sentou-se na cama, olhando o dispositivo brilhar cada vez mais. Procurou algum botão que desligasse o aparelho.

— Deixa-me dar uma olhada. — Bulma andou em direção ao saiyajin. O que ela não esperava, era que tivesse em seu caminho uma pequena ondulação no carpete que a fez tropeçar e tombar por cima de Vegeta. Isso fez ela ficar com o corpo colado ao do saiyajin e com o rosto a centímetros de distância do dele.

Um segundo depois, escutaram um pigarreado.

Ele os olhou de cima a baixo e abafou uma risadinha com as mãos:

— Não sabia que os dois eram tão íntimos. — Whis comentou. — Se eu estiver atrapalhando, posso voltar em uma outra hora.

— Não... Não é que...que — Bulma balbuciou. E Vegeta ruboresceu violentamente, pois a azulada ainda estava tentando sair de cima dele, visivelmente nervosa.

A garota se levantou rapidinho e o saiyajin, ainda vermelho como um pimentão, andou até parar de frente para o Anjo.

— Certo. Poderia me dizer o que queria comigo? — perguntou, impaciente. 

— Quero treiná-lo. Acho que tem potencial. Meu aluno, o senhor Beerus, dorme periodicamente e sempre é um tédio no planeta de Bills. Caso aceite posso levá-lo comigo agora mesmo. — Whis explicou.

— Tudo bem, então. — Ele olhou por cima dos ombros em direção à azulada — Podemos ir quando você quiser. — Vegeta puxou um sorriso maquiavélico do canto dos lábios. Se era longe que Bulma o queria, era longe que ele iria ficar.


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Notas finais do capítulo

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