Breaking The Habit escrita por Lara AppleHead


Capítulo 3
Capítulo 3 - Somewhere I Belong


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Queria a todos que comentaram no capítulo anterior! Beijos!
•Capítulo Betado (✅)
•Capitulo Não-Betado ( )



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Carros colididos, correria de pessoas de um lado para o outro, o barulho de sirenes, buzinas e toda aquela gritaria de uma multidão em pânico. A cidade em completo caos. Foi o que Vegeta avistou à medida que sobrevoava como um jato a Capital do Oeste. Na mesma direção da casa de Bulma, erguia-se uma enorme coluna de fumaça escura imponente, cobrindo pouco a pouco em cinzas o límpido céu azul.

Fugir. Era o que o saiyajin achava que teria que fazer, não lhe dizia respeito os problemas dos terráqueos. E dada às circunstâncias, aquele seria o momento ideal para sair do planeta que ele sempre julgava como medíocre. Com o ki já oculto, na realidade não passara um único dia desde que acordou na Terra sem ocultar totalmente o ki, sabia que poderia ser encontrado facilmente por algum lacaio de Freeza, não queria nada e nem ninguém no seu caminho.

Alcançando, enfim, as proximidades da Corporação Cápsula, esgueirou-se até chegar bem perto dos enormes portões do hangar onde estava a nave de Nappa. A uma distância segura, avistou dois seres estranhos: um de aparência estoica com um majestoso cajado em mãos e outro... trincou os dentes ao lembrar de Bills. O príncipe dos saiyajins encontrara o Deus da destruição somente uma vez, ainda na infância, porém, o bastante para saber que não deveria cruzar o caminho com o dele novamente.

 Passando os olhos ao redor, todos os que poderiam lutar para defender o planeta estavam caídos derrotados: O nanico careca, o filho de Kakarotto e o namekuseijin a quem eles chamavam de Picollo. "Apresse-se, deixe os terráqueos com seus próprios problemas, temos coisas mais importantes para fazer!" sua mente o alertara mais uma vez para o seu principal objetivo. Mas, antes que Vegeta pudesse entrar no hangar, ele viu Bulma se levantar e gritar para Bills.

"Não seja idiota, garota! Fuja!" Vegeta teve uma súbita vontade de gritar. Então sentiu todo o corpo petrificado quando viu a azulada desferir um tapa certeiro contra a face daquele gato destruidor de planetas. Bills apenas devolveu o gesto sem o mínimo esforço fazendo com que Bulma caísse desacordada no chão.

Sem pensar muito, partiu para cima de Bills que desviou das investidas de Vegeta contra ele de maneira hábil.

— Príncipe Vegeta, finalmente apareceu. Pensei que estivesse se escondendo de mim. — Bills disse, desdenhoso.

— Seu verme! Vai se arrepender de ter feito isso! — Vegeta partiu para cima do Deus violentamente, disparando uma série de socos e chutes, pegando Bills de surpresa. Mesmo sem a transformação em super saiyajin, Vegeta foi o único até o momento a conseguir acertá-lo em cheio.

— Por essa eu realmente não esperava. Mas acho que já está na hora de acabar com você e com esse planeta. — Bills sorriu e chutou o abdômen de Vegeta sem que ele tivesse chance de se defender. E desferiu mais um soco, fazendo ele se chocar violentamente contra um muro de concreto de uma edificação vizinha.

O saiyajin se levantou ainda cambaleante e com o corpo ensanguentado, alçou voo e tornou a executar uma sequência de golpes sem sucesso. Bills apenas com um toque na testa de Vegeta, o "nocauteou" fazendo com que ele despencasse do céu abruptamente.

Com uma gigantesca esfera de energia radiante em mãos, o Deus da destruição ameaçou os que ainda estavam presentes:

— Agora será a vez de todos os seres vivos desse planeta.

Whis bateu seu cajado contra o chão, e exclamou:

— Já chega! Senhor Beerus!

— O quê? Mas eu... eu... — Bills gaguejou, ainda atônito com a reação do seu mestre.

— O senhor está atrapalhando a minha refeição! Eu estava provando uma iguaria terráquea deliciosa que eles chamam de sushi. E é maravilhoso, não vi nada igual no último século — disse, pomposo. 

— Ora Whis! Não acredito que você interrompeu meu último golpe por isso! — O gato esbravejou, ranzinza.

— Você diz isso porque não experimentou. — O anjo gargalhou, espalhafatoso. — Além do mais, vi potencial naquele ali — disse apontando com o seu cajado para Vegeta que estava desmaiado em meio aos escombros. — Com um treinamento adequado, ele poderá se tornar um potencial rival que possa lutar à sua altura, meu caro senhor Beerus — completou.

— Você acha mesmo, Whis? — Bills perguntou, ainda incrédulo.

— Aham! — Whis assentiu, sorridente. — Agora vá, e se desculpe pelo mal-entendido com esse povo. Eu bem que avisei para você que esse negócio de Deus super saiyajin era mais um de seus sonhos malucos.

 Bulma, que ainda se recuperava sendo acalentada por Chichi, ficou sem reação quando viu o Deus gato se aproximar.

— Nos desculpe pelo o transtorno que causamos... — Bills falou sem jeito.

— Desde que não destrua a Terra! — Bulma, mesmo sentindo-se fraca, ainda tinha bastante coragem de peitar o Deus da destruição.

— E você, querida Bulma — Whis pegou na mão da azulada e com um cajado fez aparecer magicamente um dispositivo — Preciso ter uma conversinha com o seu amigo. Então quando ele acordar peça-o que aperte esse botãozinho vermelho e logo eu estarei aqui. Diga que é importante! — Whis segurou no ombro de Bills e saíram do planeta na velocidade da luz.

— Bulminha, esses seus convidados são bem estranhos. — A mãe de Bulma, falou. — Mas apesar de tudo foi um tea-break bastante divertido. — Ela gargalhou, despretensiosa. A senhora Briefs sempre tirava o melhor das piores situações.

— Mamãe!  — A azulada a repreendeu. — Eles nos ameaçaram, bem, pelo menos aquele gato esquisito nos ameaçou, se não fosse por aquele amigo dele... E o Vegeta quase morreu em combate.

— Se meu Goku estivesse vivo, duvido que ele não tivesse acabado com isso em segundos! — Chichi se vangloriou do marido.

— É uma pena que não encontramos a última esfera do Dragão a tempo. — suspirou Kuririn. — Pelo menos não houve nenhuma morte.

— Se não tivéssemos sido interrompidos por isso — Bulma olhou para a dimensão do estrago ao redor. — Esse seria o assunto que eu falaria hoje com vocês. A última esfera já fora encontrada por minha equipe especial e chegaria em poucas horas, aqui na Corporação. Era para ser uma surpresa. — Ela arfou, tristonha.

— Sério, Bulma? — perguntou Mestre Kame, próximo de mais da azulada que tratou de se afastar o mais rápido possível do velho pervertido.

— Sendo assim acho que já podemos entrar e esperar. E a propósito, Bulma, será que não rolaria mais um ranguinho pra gente, não? Estou morrendo de fome! — perguntou Oolong.

— Aí! Só você mesmo pra pensar em comida uma hora dessas! — Bulma berrou para o porquinho que correu assustado para o lado de Kuririn.

Após entrarem acomodaram os feridos na enfermaria da mansão. Bulma e outros recebiam os últimos cuidados dos médicos particulares da corporação, enquanto os outros aguardavam na sala. Então, um estrondo vindo da parte de trás da mansão Briefs chamou atenção de todos.

— Estamos sendo atacados! Estamos sendo atacados! — Pual gritou.

— Acho que não! — Kuririn falou, entusiasmado voando pela janela da enfermaria.

— Espera, Kuririn! Você ainda está ferido! — Bulma gritou. Porém, não foi ouvida — Ai, esses guerreiros não tomam jeito mesmo. — Ela desceu rapidamente de um andar para o outro, até perceber que a maioria já estava fora de sua residência. Estranhou o fato que, dessa vez, não pareciam estarem sendo atacados. De longe viu uma aglomeração se formar.

Gohan foi o primeiro a vê-lo e a senti-lo.

— Papai! — O garoto se jogou nos braços de Goku.

— Pensamos que estivesse morto — disse Picollo, um pouco mais distante. Pois, naquele momento, havia um círculo de pessoas em volta do saiyajin recém-chegado. 

— Eu estava no planeta Yardrat. — Ele gargalhou e com a mão na nuca, prosseguiu: — Depois que deixei Namekusei em uma nave da frota de Freeza fui parar nesse lugar. Acho que a nave já estava com a rota traçada para lá. Eu já estava a caminho da Terra quando o Senhor Kaioh me alertou sobre um tal Bills, Deus da destruição.

— Sim, ele já foi embora... — disse o Mestre Kame.

— Não acredito, mas já? Perdi uma grande oportunidade de mostrar meu potencial de luta. — Goku falou como se fosse a coisa mais simples do mundo.

— Nem nós e nem mesmo Vegeta conseguimos reagir aos duros golpes daquela criatura. Creio que aquele ser era bem mais poderoso que o Freeza — explicou Kuririn.

— O Vegeta enfrentou o Bills? O Vegeta está aqui? — Goku disse, eufórico. Ficou surpreendido, jamais conseguiria imaginar que o príncipe dos saiyajins, que até pouco tempo era um cruel mercenário intergaláctico, estivesse vivendo na Terra por tanto tempo. — Eu preciso encontrá-lo. Não sabia que ele estava vivo, eu prometi que lutaria com ele novamente.

— Nada disso! Temos que ir para casa, Goku! Você passou quase oito meses fora! Pior! Eu e o Gohan achamos que você tinha perdido a vida como os outros! — Chichi esbravejou em tom de ordem. Ela se despediu rapidamente dos amigos e quase teve que arrastar o Goku para que ele pudesse acompanhá-la.  

♦♦♦

No dia seguinte, Chichi preparava o almoço quando Goku sentou-se à mesa e disse:

— Finalmente, poderei comer comida de verdade. Sabe, lá no planeta Yardrat eles não costumavam preparar coisas elaboradas e...

— Precisamos conversar, Goku. — Chichi falou de uma vez.

— Mas, já não estamos? — Ele gargalhou.

— É sério! — Ela fatiou uma cenoura em uma única batida da faca.

Goku engoliu em seco e se calou esperando a mulher dizer algo.

— Eu e o Gohan vamos morar com o meu pai por um tempo indeterminado.

— Chichi, mas... — Ele mudou de expressão — Você vai voltar?

— Creio que não, Goku. Você sabe o que é passar oito meses tendo que acalentar um filho chorando de madrugada com saudades do pai? E ainda tendo que se manter forte por esse filho mesmo que no fundo tivesse com o coração sofrendo? Não, você nunca vai ter ideia. — Ela continuou mesmo com a fala embargada por uma angústia contida na garganta — Achamos que tivesse morrido junto com aquele monstro, mas você estava vivo... — Ela deixara uma lágrima escapar.

Ele a olhou. Queria falar, mas sabia que ela tinha toda razão.

— Quando nos casamos éramos muito infantis e não pensamos nas consequências. Eu era apaixonada por você mais do que você era por mim. E quando o Gohan nasceu...

— Ele está aqui? — O saiyajin perguntou em meia voz.

— Não. Ele foi se despedir do amiguinho namekuseijin que ele fez nesse período que esperávamos reunirem as esferas do Dragão, e que finalmente já estão todas reunidas. Bulma irá dar uma festa de boas-vindas para os nossos colegas, e de despedida para os namekuseijins. — Ela respondeu.

Goku esboçou um sorriso fraco no canto dos lábios e comentou:

— Só a Bulma para fazer uma festa em menos de vinte e quatro horas depois que sua casa quase foi explodida pelo o Deus da destruição.

— Verdade. — Chichi lhe sorriu de volta quase que involuntariamente. Não odiava o marido, mas ainda estava bastante ressentida.

— Quero lhe pedir que me dê esse mês com o Gohan. Quero ensiná-lo algumas coisas que aprendi com meu avô. Sei que fui muito ausente e não será um mês que irá suprir isso, mas eu realmente quero tentar. — Goku pediu. 

— Tudo bem. Terá esses dias com ele, você acabou de chegar não quero levá-lo agora. Ele precisa de sua presença por enquanto.

♦♦♦

" Quando tudo isto começou, eu não tinha nada a dizer e me perdia no nada dentro de mim.

[...] Eu estava confuso, procurando em todo lugar apenas pra descobrir que isso não estava do jeito que eu imaginei na minha mente. Então o que eu sou? O que eu tenho além de negatividade? Porque não posso justificar a forma que todo mundo está olhando para mim. Nada a perder. Nada a ganhar.

Vazio e sozinho e a culpa é toda minha.

Nunca me conhecerei até que eu faça isto sozinho, e nunca vou sentir mais nada até que minhas feridas estejam curadas.  Eu nunca serei nada, até que me separe de mim, eu irei romper, eu vou me encontrar hoje. Quero me curar, eu quero sentir o que achei que nunca fosse real. Eu quero deixar ir essa dor que segurei por tanto tempo, apagar toda a dor até que ela se acabe. Quero me curar, eu quero sentir como se estivesse perto de algo real. Eu quero achar algo que sempre quis... Algum lugar ao qual eu pertença."

Linkin Park - Somewhere I Belong 

 

Algumas horas mais cedo daquele mesmo dia, Vegeta acordara ainda um pouco dolorido por causa do dia anterior. Notou que estava com uma máscara de oxigênio e ainda tinha agulhas em seus braços, ligadas a tubos de soro. Tirou tudo às pressas, mesmo com advertências das enfermeiras que estavam no local. Sem o seu traje de batalha, pegou uma calça de moletom que estava na mesa ao lado e saiu. Dessa vez não daria mole para Bills, estava determinado a eliminá-lo.

Ao chegar na área de convivência da mansão, Vegeta ficou perplexo ao perceber que o lugar estava apinhado de gente, principalmente daqueles verdes. “Será que tudo não tinha passado de um terrível pesadelo?” Divagou por instante. Mas não, ele não tinha sonhado nada daquilo. Podia-se ver, ainda, algumas fachadas de edificações danificadas e outras com andaimes instalados para reparo. Então, por quanto dias ele havia dormido? 

Bulma que conversava com alguns de seus amigos, estranhou a aparente confusão do sayajin e foi de encontro a ele. Ficando cara a cara com Vegeta, disse:

— Eles foram embora. Se isso que quer saber. 

— O quê? Como assim? Aqueles insetos! — Rangeu os dentes. E levou as mãos ao abdômen enfaixado, sentido uma leve fisgada de dor.

— Fico feliz que tenha me defendido. Pual me disse que depois que Bills me agrediu, você apareceu milagrosamente. — Bulma falou toda sorridente.

Vegeta soltou um sorriso cínico, disparou toda a sua raiva em cima da azulada:

— Acha mesmo que eu quis vingar você, garota? É mais ingênua do que eu imaginava. Preciso de você viva para que termine a minha nave e nada mais!

Bulma bufou.

— Pois é agora que eu vou trabalhar nela até ficar concluída. Nem que eu vire a madrugada só pra não ter que aguentar você nem mais um segundo! Olha, eu nem sei por que ainda te dou alguma confiança. — Bulma girou os calcanhares e saiu sem ao menos olhar para trás. Ela podia ter tido o tea-break arruinado ontem, contudo, não deixaria que ninguém tirasse o brilho da sua linda festa hoje.

Vegeta sentiu-se mortificado por dentro. Estagnado. Ficou sem saber como reagir por um instante, não conseguia entender o porquê de ter falado daquela maneira com Bulma. Estava sendo um completo imbecil. E a troco de quê? Ela era única, além dos pais dela, que aparentemente não o odiava, que sempre estava disposta a ajudá-lo. A primeira que lhe estendeu a mão naquele planeta insignificante. Ela era única capaz de livrá-lo dos seus pensamentos mais sórdidos, de querer ser o imperador do universo. Quando estava com ela, ele até repensava em ficar de vez na Terra e desistir de tudo que ele buscou até ali. Ela, talvez, fosse a única que não o olhasse como todos estavam o olhando agora: Como se ele fosse um maldito ser desprezível, um cretino qualquer. É, talvez ele fosse mesmo. Com os punhos cerrados ele se lançou ao ar o mais rápido que pôde, queria ir para o mais longe possível.

Distante. Solitário. Vegeta sentou-se no cume de uma montanha, se permitiu vislumbrar o céu. Seu plano estava a um passo de ser posto em prática. Entretanto, o vazio o assolava, aqueles meses na Terra foram tempo o suficiente para pensar em sua estratégia. Não teria para onde voltar a partir dali.

Uma mente fragmentada ditando as regras para um corpo calejado. A vida lhe ensinara a ser cruel. Freeza lhe ensinara a ser cruel. Mas em ambas as circunstâncias, não lhe restavam opções. Suas correntes haviam sido quebradas no momento em que morreu em Namekusei, então por que colocá-las novamente? Por que se tornar alguém como Freeza?

Lutar contra tudo que acreditou ser sua verdade até agora, talvez fosse a batalha mais difícil que tivesse travado. Aquela busca irracional por uma fuga, era apenas uma desculpa para fugir de si mesmo, pelo ser que ele estava se tornando nesse breve período na Terra.

E olhando para as estrelas do crepúsculo da noite, exatamente da mesma maneira que vislumbrou o céu noturno em seu primeiro dia em solo terrestre, concluiu que, pela primeira vez em muito tempo, escutaria apenas o seu lado racional. Pegou impulso e voou de volta para a Corporação Cápsula, não para tentar escapar, mas sim para tentar ficar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Ah, não se esqueçam de conferir a playlist da fic e conheçam a música que dá nome ao capítulo! http://bit.ly/2ErakKD



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