L-ily escrita por Elizabeth Potter


Capítulo 1
L-ily


Notas iniciais do capítulo

hey, guys!!!
feliz valentine’s day! hahahaha
nada melhor que curtir esse dia com uma jily, não é? haha
espero que gostem e boa leitura!!! ♥



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[19h24min, sexta-feira, 1º de dezembro de 2017 – Supermercado Honeydukes, San Francisco, Califórnia]

“Okay.” Lily Evans murmurou para si mesma com a testa enrugada e um rastro de concentração nas orbes verdes ao encarar o aglomerado de pessoas a alguns metros de distância que estavam paradas em frente ao estabelecimento para entrarem no mesmo o mais rapidamente possível e aproveitarem as promoções quase inacreditáveis devido à época natalina. “Okay, Lily, vai ficar tudo bem. Você vai conseguir comprar seus chocolates. Você vai conseguir comprá-los com sessenta por cento de desconto. Você vai conseguir chegar a Honeydukes sem ser atropelada no caminho.” Ela continuou falando consigo mesma enquanto atravessava a rua que a separava do seus amados doces — desconsiderando, é claro, as pessoas desesperadas que cercavam o supermercado ainda fechado — e após olhar para os dois lados mais de uma vez, somente para garantir que não seria surpreendida por algum automóvel de forma muito indesejada.

Assim que pôs os pés na calçada do estabelecimento, a ruiva precisou usar todo o seu equilíbrio para não ir direto de encontro ao chão ao sentir fortes esbarrões em suas costas. Ela bufou, exasperada, pela falta de educação e quase deixou escapar uma frase nada gentil.

Após dar algumas cotoveladas nada sutis com o cenho franzido em irritação e ouvir resmungos grosseiros que a fizeram revirar os olhos, Lily conseguiu chegar à entrada da Honeydukes sem muitos empecilhos consideráveis e bem a tempo do supermercado, enfim, abrir.

Ela suspirou aliviada, mas poucos segundos depois teve que correr em direção à seção de guloseimas enquanto segurava firmemente seu celular em uma mão e a pequena bolsa que carregava na outra. Caso contrário, ou ela perderia a oportunidade de comprar várias barras de chocolate com um bom desconto ou seria pisoteada pela centena de pessoas que estavam tão ansiosas quanto ela para adquirir produtos com preços baixos.

Ou até mesmo ambos.

Chegando ao departamento de doces com a respiração ofegante e amaldiçoando mentalmente quem havia decidido que era uma boa ideia que a seção fosse uma das últimas e mais distantes da entrada, Lily pôs uma das mãos sobre o peito e a outra em uma das prateleiras repletas dos mais diversos tipos de guloseimas, tentando recuperar-se da pequena corrida que havia feito em pouquíssimos minutos, mas que eram suficientes para fazer qualquer pessoa sedentária, como ela, cansar-se.

Ela correu os olhos pelo departamento e, principalmente, pelas etiquetas laranjas fosforescentes que se destacavam notavelmente, e encontrou a razão pela sua euforia desde às cinco da tarde, o horário no qual ficou ciente da promoção no supermercado, a poucos metros de distância dela.

“Finalmente.” Evans murmurou para si mesma com um sorriso aliviado logo após pôr o celular no bolso e pegar as barras de chocolate que tanto almejava. “Adeus estresse insuportável devido às provas finais. Até logo reclamações da Marlene por causa do meu estresse.”

Ela já conseguia sentir os benefícios do doce meio amargo na sua corrente sanguínea, auxiliando sua musculatura, agindo como antioxidante… Lily mal podia esperar para comer o chocolate e ter seu organismo liberando serotonina, o hormônio que lhe causaria a sensação de bem-estar e evitaria que ela enlouquecesse em uma das semanas mais decisivas de sua vida acadêmica e profissional.

Prestes a virar-se na direção dos caixas e sair da seção, a ruiva sentiu uma leve vibração no bolso traseiro da calça e franziu o cenho, perguntando-se quem estaria lhe mandando mensagem àquela hora. Com uma frequência incômoda, seus colegas da faculdade a perturbavam durante o período da manhã — e não à noite — para tirarem dúvidas que deviam ser retiradas no decorrer das aulas.

Lily descartou a possibilidade de ser alguma mensagem relativa à universidade assim que lembrou que os grupos da faculdade dos quais participava — bem como a maioria dos seus respectivos membros — estavam perfeitamente silenciados.

Ela tinha que admitir, aquela função do Whatsapp era bastante útil.

Controlando sua curiosidade com muito esforço e não querendo ser esmagada pelas pessoas que adentravam a seção com pressa, a Evans saiu do corredor o mais rápido que pôde, decidida a ver a mensagem de quem quer que fosse mais tarde. Preferencialmente, em um momento em que não corresse nenhum tipo de risco.

“Com licença!” Ela pediu com o máximo de educação e paciência que ainda tinha enquanto tentava sair pelas laterais do corredor. “Com licença, por favor!” Lily aumentou o tom de voz e bufou irritada em seguida ao notar que ninguém estava lhe dando a mínima e, muito menos, ligando para seu pedido.

Afinal, o que era uma ruiva com as maçãs do rosto vermelhas de exasperação e ansiosa para sair daquele fluxo de pessoas repletas de cestas de compras se comparada a produtos de ótima qualidade em descontos quase inacreditáveis de tão bons?

Lily sentiu seu celular vibrar novamente e respirou fundo para manter sua curiosidade sob controle e não cometer nenhum homicídio a caminho do caixa. Ela esperava que os deuses a perdoassem por estar acotovelando algumas pessoas enquanto se locomovia naquele fluxo intenso de compradores afoitos.

“Leia, me perdoa, mas minha educação não foi destinada a seres desesperados como esses.”

Depois de finalmente conseguir chegar ao caixa sem causar nenhum homicídio a caminho dele e pagar suas compras com um sorriso aliviado e ansioso no rosto, a ruiva pegou o celular do bolso e abriu as conversas, ignorando as mensagens dos diversos grupos da faculdade, cada qual com um assunto principal diferente.

Duas mensagens recentes no topo da página chamaram a atenção de Lily, que abriu a conversa rapidamente enquanto desviava-se de mais alguns compradores e ia em direção à entrada da Honeydukes.

James sz

hey

(19:45)

l-ily

(19:45)

Ela franziu o cenho, tentando compreender o que James tinha dito, mas não teve muito tempo para pensar a respeito. Afinal, haviam esbarrado nela e, por experiência anteriores, Lily sabia que seria o primeiro esbarrão de muitos. Era melhor — e mais seguro — tentar decifrar a mensagem em seu apartamento.

Isso, claro, se as pessoas parassem de passar apressadamente por ela ao mesmo tempo e quase a fizessem ir de encontro ao chão.

×××

[20h04min, sexta-feira, 1º de dezembro de 2017 – Prédio Bagshot, San Francisco, Califórnia]

“Lily?” Alice Fortescue franziu o cenho ao abrir a porta do apartamento que dividia com a ruiva e encontrá-la com as roupas encharcadas e uma expressão que mesclava-se entre cansaço e irritação. “O que aconteceu com você? Achei que só tinha ido comprar chocolate a duas quadras daqui, não que iria enfrentar uma tempestade digna de um filme de aventura.” Ela trouxe a Evans para dentro, puxando-a pelo pulso, e tratou logo de aquecê-la, envolvendo-a em alguns cobertores felpudos que estavam no sofá de camurça.

“Eu comprei meus doces.” Lily encostou-se na parede cor de creme, apertando os cobertores contra si e viu Alice pender a cabeça para o lado, com uma expressão que dizia algo como: Okay, isso foi bom. “Mas aí, para fazer isso, eu tive que enfrentar um bando de consumidores desesperados por descontos e promoções. Eu quase morri, tentando sair daquele corredor.” A ruiva simulou uma expressão veemente, suspirando dramaticamente e fazendo a Fortescue revirar os olhos.

“Menos, Lily, menos.” Alice cruzou os braços e deixou o peso do corpo em uma só perna, encarando-a com uma sobrancelha arqueada.

“Eu estou falando sério!” A Evans bufou. “Recebi duas mensagens do James, uma a qual eu não faço a mínima ideia do que signifique, e ainda levei chuva ao sair da Honeydukes. Eu estou dizendo, eu quase morri.”

“Não exagere, peaches.” A morena riu pelo nariz e deu-lhe as costas, indo para a cozinha a fim de preparar algo quente para a amiga beber. “Não deve ter sido tão ruim assim.”

“Não estou exagerando, little bird.” Lily rolou os olhos com um pequeno sorriso e deixou os cobertores sobre a máquina de lavar da lavanderia. “E foi ruim assim, sim.”

Alice balançou a cabeça para a teimosia da amiga e cruzou os braços em frente ao corpo ao encostar-se no balcão que dividia a sala da cozinha.

“Vai querer chá de erva doce ou camomila?”

“Erva doce.” Lily respondeu enquanto sentava-se à mesa.

“Okay.” A morena alisou as mãos, passando uma na outra como se estivesse limpando uma sujeira invisível e afastando-se do balcão, e despejou água em uma panela, colocando-a para ferver. “E assim que eu o fizer, você vai contar sobre essas mensagens do James. Tenho certeza que deve ter alguma lógica nelas.”

Lily pôs o cotovelo esquerdo sobre a mesa e pendeu a cabeça para o lado ao descansá-la sobre a palma da mão aberta.

“A primeira até tem, mas a segunda não possui nem o rastro.”

×××

[20h36min, sexta-feira, 1º de dezembro de 2017 – Prédio Bagshot, San Francisco, Califórnia]

“Eu não acredito que vocês me fizeram largar o Sirius no cinema para vir aqui à toa!” Marlene McKinnon declarou com os braços cruzados em frente ao corpo após fechar a porta com o pé e ver que suas amigas estavam perfeitamente bem, e não em uma situação emergencial como as mesmas haviam alegado por telefone.

“Não foi à toa, Lene.” Alice revirou os olhos e a repreendeu com o olhar. “Precisamos da sua ajuda.” Tentou fazê-la entender e não reclamar. Bom, não reclamar tanto.

“Okay, tudo bem, mas não podiam precisar da minha ajuda amanhã?”

“Se depender da sua eficiência habitual, você vai estar de volta ao cinema em poucos minutos.” Lily deu de ombros, sorrindo, e parou de folhear distraidamente um livro qualquer que havia encontrado sobre a mesinha de centro.

“Eu sempre sou eficiente.” Lene retrucou com o olhos semi-cerrados na direção da melhor amiga.

“É, é.” A Fortescue fez um gesto de descaso, interrompendo as duas e impedindo que a interminável discussão entre elas sobre as qualidades da McKinnon e seu ego inflado fosse iniciada desnecessariamente — não que ela tivesse sido útil em alguma das vezes que ocorreu. “Por isso que te chamamos aqui.”

“Achei que tinham me chamado por causa de algo relacionado ao James,” Marlene franziu o cenho e retirou o casaco negro que usava, colocando-o pendurado em um dos ganchos do mancebo próximo à porta, em seguida. “ou pelo menos foi o que eu entendi mais ou menos enquanto tentava falar com vocês duas e ouvia resmungos mal-humorados do pessoal do cinema por estar falando durante o filme ao mesmo tempo. Eu estava falando o mais baixo que podia, oras.” Resmungou e jogou-se ao lado de Lily no sofá. “Ah, e se for alguma coisa com relação ao James, eu sou a pessoa errada. A ruiva” Apontou com a cabeça para ela. “é melhor do que eu quando o assunto é ele.”

“Tem a ver com o amor da vida da Lily, sim, mas olha que coisa engraçada, é ela que precisa de ajuda.” Alice falou sarcasticamente. “Ela não vê sentido em uma mensagem que o James mandou para ela e, apesar de ter uma hipótese a respeito, eu não tenho certeza absoluta. Por iss-”

“Espera, aí.” Lene a interrompeu com o indicador em frente ao rosto. “A Lily, a Lily que eu conheço e amo não entendeu algo que o boy disse? E você foi sarcástica? Eu entrei num universo alternativo onde as minhas amigas deixaram de ser elas mesmas ao sair do cinema ou é impressão minha?”

Alice bufou irritada.

“Não acredito que você me interrompeu pra dizer um negócio desses. Não é impressão sua, é puro drama seu.”

“Não é drama.” A McKinnon replicou.

“Não importa se é drama ou não, mas você foi dramática sim, Lene.” Lily meteu-se na conversa, chamando a atenção para si e fazendo Marlene encará-la ofendida. “De qualquer forma, o foco aqui e agora é entender o sentido dessa conversa.” Ela desbloqueou a tela do celular e abriu a conversa com James, entregando o aparelho para a loira e mostrando-lhe as mensagens.

“Essa conversa não tem sentido.” Lene declarou após balançar a cabeça e reler o breve diálogos diversas vezes. “E por que você não simplesmente perguntou para o James o que ele quis dizer?”

“Porque eu posso descobrir sozinha.” A ruiva deu de ombros. “E com ‘sozinha’ eu quero dizer com a sua ajuda, já que a Alice tem uma ideia do que essas mensagens possam significar, mas não quer me contar.”

“É melhor você descobrir sozinha.” A Fortescue defendeu-se.

“Descobrir sozinha, mas sozinha com a minha ajuda?” Marlene questionou com uma das sobrancelhas arqueadas, claramente prendendo o riso, e após devolver o celular para a ruiva.

“Isso aí.” Alice sorriu. “Você dá um empurrãozinho na Lily e eu assisto de camarote.”

“Okay, eu ajudo.” A McKinnon rendeu-se, dando de ombros. Ela não tinha nada a perder mesmo, afinal. Além do mais, poderia aproveitar a companhia de Sirius mais tarde, a sós e assim que ajudasse a melhor amiga. “Mas só se tiver pizza.”

×××

[21h35min, sexta-feira, 1º de dezembro de 2017 – Prédio Bagshot, San Francisco, Califórnia]

“Eu estou oficialmente a ponto de desistir e simplesmente ir perguntar ao James o que diabos ele quis me dizer.” Lily anunciou, jogando as mãos para o alto e afastando o bloco de notas cheio de anotações e suposições que ela e Lene haviam feito sobre a conversa que a ruiva tido com o namorado.

“Então, vai!” Marlene ergueu o rosto dos braços cruzados sobre a mesa e rolou os olhos. “Na verdade você já deveria ter feito isso.”

“Não posso!” Ela encarou-a, séria.

“Você tomou isso como um desafio pessoal, não foi, Lily?” Alice abaixou o romance que lia, risonha, o depositou sobre as pernas cruzadas em cima do sofá e esticou-se para pegar a caixa de papelão em formato hexagonal sobre a mesinha de centro, na qual havia o último pedaço da pizza philadelphia que elas tinham pedido.

“Tomei.” A Evans assentiu em concordância. “Agora é questão de orgulho.”

Lene revirou os olhos.

“Ah, qual é, Lily, é só ligar para o James e, sabe, perguntar.”

“Não acredito que as quatro temporadas de Sherlock que assisti e as sete de Pretty Little Liars que você viu não nos ajudaram em porra nenhuma.” Lily reclamou para a melhor amiga, ignorando-a, e puxou o bloco de notas para si, tornando a reler o que haviam escrito. Desde anotações básicas como, por exemplo, o horário em que as mensagens foram trocadas e o conteúdo delas em si, até as mais insanas e peculiares teorias.

“Lily, liga para o James e pergunta, caralho!” A loira estendeu o próprio celular para a amiga, sendo novamente ignorada.

“Não creio que o conteúdo da Netflix nos decepcionou.” Lily choramingou, balançando a cabeça levemente. “Eu gastei tantas horas da minha vida medíocre nas séries… depositando toda a minha atenção nos filmes…” Suspirou enquanto encarava a parede repleta de prateleiras da sala com o olhar vago e retirava os braços da mesa simples da cozinha. “Meus doze dólares mensais praticamente jogados no lixo ao longo desses anos.”

“Bom, agora nisso eu tenho que concordar.” Lene colocou o cotovelo sobre a mesa e pendeu a cabeça para o lado, descansando-a sobre a palma da mão aberta.

“Meninas,” Alice deixou uma risada nasal escapar. “as séries que vocês assistiram provavelmente não seriam tão úteis assim na vida real, vamos ser sinceras,” Ela colocou as mãos defensivamente em frente ao corpo quando Lily e Marlene lhe encararam ofendidas. “e vão ser menos ainda agora, para vocês tentarem descobrir o que o James quis dizer.” Fez uma pausa antes de voltar a falar, com um tom consolador. “Mas, olha pelo lado positivo, Lily, pelo menos o seu pacote é Premium.”

“O seu também é.” Ela observou.

“Eu sei, mas ‘tô tentando fazer você ver o lado bom de ter gastado horas a fio no site.” Alice respondeu com simplicidade e pegou a última fatia de pizza, mordendo um pedaço. “Bom, você deve ter aprendido algo, eu suponho.” Ela disse após terminar de mastigar.

“Aprendi.” Lily concordou com a cabeça, ainda encarando vagamente a parede creme.

“Viu?” A morena apontou-lhe o dedo com a boca um pouco cheia.

“Aprendi que depois de transar a gente fica com um sorriso tão grande que parece que dormiu com um cabide na boca.”

A Fortescue absorveu as palavras de Lily, identificando a sutil referência, e terminou sua fatia de pizza.

“Não era a resposta que eu esperava.” Confessou após algum tempo em silêncio.

“O que você esperava?” Marlene questionou com o tom levemente debochado e uma das sobrancelhas arqueadas. “Que ela dissesse que aprendeu a retirar informações de outras pessoas quando quiser, como se fosse a Daisy Johnson?”

“Nah,” Alice fez um breve gesto de descaso com a mão direita. “essa seria a sua resposta.” Deu de ombros e levantou-se do sofá, pegando a caixa de pizza e levando-a para a lixeira da cozinha. “Eu estava esperando algo que não envolvesse sexo.”

“Você ainda tinha esperanças?” A McKinnon virou para a amiga, prendendo o riso e colocando um dos braços sobre a cadeira. “Tem horas em que a Lily simplesmente perde o filtro.”

“A esperança é a última que morre.” Alice deu de ombros, rindo.

“Sim!” Lily gritou repentinamente, fazendo as amigas lhe encararem confusas e um tanto assustadas. “Meu Zeus, sim!

“Hm…” Lene voltou-se para a ruiva com o cenho franzido, vendo-a com o seu celular em mãos. “Lily…?”

“O Sirius!” Ela gesticulou, animada. “Ele te mandou uma mensagem! Ele disse que o filme terminou e que vai se encontrar com o James e com o Remus no bar da Madame Rosmerta!”

“Oh.” A loira sorriu, seguindo a linha de raciocínio da melhor amiga e sentindo que aquele drama todo estava prestes a ter um fim.

“Eu não estou entendendo…” A Fortescue encostou a cintura na mesa, encarando Marlene e a vendo sorrir, quase de uma forma aliviada. “Achei que ficaria zangada pelo fato do filme ter acabado e você tivesse perdido sua oportunidade de ficar com o Sirius.”

“De ficar a sós com o Sirius hojenaquela hora.” Lene a corrigiu, ainda com os lábios erguidos. “A noite ainda não terminou e eu ainda posso marcar de vê-lo em algum outro horário livre, durante a semana.” Ela chacoalhou os ombros como se aquilo não possuísse tanta importância e não houvesse surtado minutos antes por ter largado o namorado. “Além disso, o filme nem era tão bom assim.”

“Okay.” Alice cruzou os braços em frente ao corpo. “E no quê essa ida à Madame Rosmerta ajudaria vocês exatamente?”

“Bem,” Lily entrelaçou os dedos e colocou os braços sobre a mesa, deixando o celular de lado. “caras são como mulheres: eles conversam entre si sobre tudo. As únicas diferenças são com relação aos hormônios, órgãos genitais e à anatomia externa.”

“Então, você acha que o James pode comentar a respeito da conversa estranha que vocês tiveram, com o Sirius e o Remus?” A morena seguiu a linha de raciocínio, começando a concordar com Marlene — havia momentos em que a ruiva simplesmente perdia o filtro.

“Exato.” Lily sorriu.

“Pega seu casaco,” A McKinnon apontou-lhe o indicador com uma expressão determinada, pegando alguns dos seus pertences de cima da mesa. “vamos ao Three Broomsticks e pôr um fim nisso tudo finalmente.”

“Okay.” Lily assentiu. “Lembre-se de que isso é algo sério.” Alertou-lhe, pegando seu casaco creme que estava pendurado no mancebo da sala e o colocando sobre o antebraço esquerdo.

“Eu sei,” A McKinnon acenou em concordância, vendo-a pegar as chaves do apartamento sobre a mesinha de centro. “por isso eu seriamente vou beber cerveja.”

Lily encarou-a descrente.

“Fala sério, Marlene.” Ela transferiu o peso do corpo para a perna direita. “Você nunca bebe com moderação e eu não quero ter que ser a que cuida das amigas bêbadas.”

“Então, fique bêbada comigo.” Lene deu de ombros, tentando esconder o sorriso divertido que ameaçava tomar conta do seu rosto.

“Desisto de você.” Lily declarou e lhes deu as costas, atravessando a porta do apartamento ao abri-la.

“Também te amo, ruiva.” Marlene riu antes de acompanhá-la e piscar um dos olhos para Alice, que as assistia com uma expressão entretida no rosto.

×××

[22h10min, sexta-feira, 1º de dezembro de 2017 – Three Broomsticks, San Francisco, Califórnia]

“Seja discreta!” Lily chiou para a loira assim que elas colocaram os pés no estabelecimento e ouviram o pequeno sino suspenso sobre a porta tilintar sonoramente quando Marlene a empurrou.

“Eu ‘tô tentando, caralho!” Ela resmungou. “A culpa não é minha se tem um sininho perto da porta que anuncia a chegada de quem entra!” Lene bufou e adentrou o bar, buscando não chamar mais tanta atenção e sendo seguida de perto por uma Lily ansiosa e, agora, um pouco irritada.

“Se você tivesse empurrado a porta com delicadeza e passado com cuidado, isso não teria acontecido.” Retrucou com os olhos cerrados enquanto desviava-se de algumas pessoas que retiravam-se do Three Broomsticks.

“Lily,” Marlene aproximou-se do balcão do bar e colocou os braços flexionados sobre ele, voltando-se para a ruiva. “delicadeza não ‘tá no meu vocabulário. A discreta da amizade é você, não eu.”

“Menos, Lene,” Lily revirou os olhos. “bem menos.”

“Ata.” A McKinnon arqueou uma das sobrancelhas e virou-se para Rosmerta, que secava as mãos em um pano simples e vinha atendê-las. “Duas cervejas, por favor, Rosmerta.” A mulher assentiu com um pequeno sorriso e lhes deu as costas para ir buscar o pedido.

“Lene, olha eles ali.” Lily murmurou e apertou levemente braço de Marlene, fazendo-a encará-la.

“Onde?” Franziu o cenho e moveu os olhos azuis pelo local.

Ali,” A Evans inclinou a cabeça na direção em que James e os amigos estavam da forma mais sutil que pôde. “perto da janela, onde a iluminação é menor do que a do restante do bar. Olhe discretamen-”

“Ah, achei.” Marlene anunciou em alto e bom som com o tom de voz alegre e viu Remus acenar com a mão direita para elas, sorrindo ao vê-las. Sirius acompanhou o olhar do amigo e sorriu ao notar a presença de ambas.

Lily não sabia se batia na própria testa ou na da loira.

“Marlene!” Reclamou prestes a estapeá-la. Obviamente ela não o fez, já que estava muito ocupada tentando sorrir sem aparentar estar nervosa com a situação — que já não tinha tanto controle e discrição quanto havia planejado, diga-se de passagem — e buscando bolar um plano de forma rápida e com poucas probabilidades de dar errado.

“Ah, qual é.” Marlene fez um gesto de descaso com a voz descontraída e indo em direção à mesa dos rapazes. “Seu cabelo já chama muita atenção por si só. Não demoraria muito para eles notarem nossa presença. Ainda mais o James, que te reconhece de longe.”

“Você não precisava me ajudar a não ser sutil.” Lily gesticou de maneira enfática. “Era para ser o contrário.” Falou antes de chegar à mesa e sentar-se, tentando sorrir descontraidamente. Marlene rolou os olhos e pôs-se ao lado do namorado, que lhe beijou nos lábios assim que ela sentou-se.

“Aqui estão as cervejas, meninas.” Rosmerta depositou as canecas de cerveja próximo às garotas.

“Obrigada, Rosmerta.” Lene piscou-lhe um olho e juntou seu dinheiro ao de Lily, pagando a mulher logo em seguida.

“Algum problema?” A dona do bar inclinou-se discretamente para Lily e perguntou-lhe baixo.

“Nada com o que você deva se preocupar.” Ela sorriu levemente e agradeceu aos deuses por James ter lhe beijado o rosto com suavidade assim que ela sentou-se próxima a ele e logo depois ter enganchado uma conversa sobre futebol americano com Marlene. Era em horas como aquela em que ela apreciava esportes. Ou quando James voltava suado de algum jogo amistoso com os amigos. As coisas… esquentavam depois — por assim dizer.

“Bom, seja lá o que for, resolvam logo. É sempre melhor resolver os problemas agora do que daqui a sei lá quanto tempo. Eles podem ficar pior e mais sérios.”

“Seguiremos seu conselho.” Lily garantiu e a viu se afastar segundos depois. Apesar de ainda não possuir um plano, ela ainda poderia bolar um. Ou, pelo menos, era o que esperava.

“Seguinte.” Marlene ergueu-se da cadeira após alguns minutos, interrompendo as conversas.

Lily bufou. Nem conversar sobre seu novo livro favorito — Turtles All The Way Down, do John Green — com Remus ela podia.

“Em pouco tempo,” Ela pensou dramaticamente. “não vou poder nem mais beijar. O que me falta não poder mais fazer? Athena, por favor, me dá alguma ideia.”

Lily precisava descobrir o sentido naquelas mensagens. De modo sutil, óbvio.

“James,” Marlene o puxou pelo braço e o viu franzir o cenho, confuso, enquanto ela o erguia. “você vai entrar naquele armário de vassouras com a Lily” Ela apontou o armário com a cabeça e puxou o braço da melhor amiga, levantando-a também. Estava cansada daquele chove-não-molha. “e não vai sair até ela te perguntar o que tem que perguntar.” Empurrou-os sem delicadeza ou sutileza alguma — como de praxe de suas ações — para dentro do pequeno local.

“Lene!” Se não estivesse corada até o último fio de cabelo e sem saber muito bem como reagir, Lily definitivamente teria dado uns tapas na loira.

“Menos papo e mais ação.” Marlene sorriu e fechou a porta, prendendo o riso ao ver a expressão da ruiva e trancando-lhes com a chave que havia identificado como a do armário em questão. “Obrigada.” Espalmou as mãos, uma na outra, como se limpasse uma poeira nelas, e voltou à mesa onde estavam Sirius e Remus, ignorando suas feições minimamente chocadas e como se não houvesse ocorrido nada demais.

×××

[23h14min, sexta-feira, 1º de dezembro de 2017 – Three Broomsticks, San Francisco, Califórnia]

“Hm…” James cerrou os olhos em meio à escuridão do armário enquanto tateava-o em busca do interruptor e tentava entender como havia chegado a uma situação como aquela. “Lily?” Encarou-a com o cenho franzido e uma das sobrancelhas arqueadas assim que acendeu a luz.

“Hm…” Ela mordeu o lábio inferior e evitou mirá-lo diretamente no olhos, concentrando-se na parede atrás dele e praguejando-se mentalmente por tê-los metido naquela situação. “Oi James…” Lily sorriu um pouco nervosa ainda sem encará-lo. “Como você ‘tá?”

“Confuso e trancado.” Ele encostou-se em uma das paredes do armário e olhou ao redor ainda com a testa enrugada. “Literalmente.”

Lily ficou em silêncio por alguns segundos, mordendo o lábio inferior e enrolando algumas mechas do cabelo ao redor do indicador direito, antes de suspirar e parar com seus gestos nervosos.

“Não era meu plano, juro.” Ela encarou James, pedindo-lhe desculpas com o olhar.

“Imagino que não.” Ele deu de ombros e balançou a cabeça levemente logo depois, tentando lhe passar a ideia de que não precisava pedir desculpas. “Sei que não.” Sorriu, aproximando-se. “Mas era o da Lene.” James brincou.

“Aparentemente.” Lily murmurou, recebendo um beijo carinhoso na testa e sentindo-se envolvida em um abraço acolhedor, em seguida.

“Por que ela fez isso?” James perguntou enquanto deslizava os dedos por entre os cabelos da ruiva.

“Eu não sei.” Lily mentiu. “Sou a melhor amiga da Marlene, mas não sei o que ela pensa o tempo todo.”

“A verdade, Lily.” James pediu e buscou suas orbes verdes quando afastou-se brevemente da namorada. “Olhe pra mim.” Ela evitou encará-lo, ainda sem saber o que dizer exatamente. “Olhe pra mim, Lily.” James ergueu o rosto dela com o indicador flexionado abaixo do queixo, fazendo-a suspirar antes de mirá-lo nos olhos. “Por que a Lene nos trancou aqui? O que você quer me perguntar?”

“Eu não sei bem como o fazer.” Ela confessou-lhe com o tom de voz baixo.

“Abra a boca e fale.” James brincou, ocasionando em um revirar de olhos por parte da ruiva e um sonoro tapa em seu braço. “Outch, Lily!” Ele esfregou a mão do outro braço no local atingido. “Você sabe que pode me perguntar qualquer coisa. Qualquer coisa. E pode dizer o que quiser quando estiver comigo. Sem filtro algum, se preferir e te deixar mais confortável.”

“Eu sei.” Lily deixou outro suspiro escapar dos seus lábios. “Seja você mesma, diga o que te vier à cabeça, me diga como se sente.” Ela repetiu o que James lhe disse algum tempo atrás. “Lembro do que você falou.”

“Marcante demais para esquecer, não?” Ele sorriu enquanto deslizava as mãos pelas costas da ruiva e as descansava sobre sua cintura.

“Sim.” Lily balançou a cabeça levemente em concordância, rindo. Ela fez uma breve pausa, na qual sentiu os dedos habilidosos do namorado fazerem pequenos círculos em sua cintura, e retornou a falar com um pouco mais de determinação. “Eu queria saber o que você quis dizer. Sabe, com o ‘l-ily’.”

“Oh.” James interrompeu o afago na cintura de Lily por alguns segundos mas logo voltou a acariciá-la. “A mensagem que te mandei mais cedo?”

“Ela mesma.”

“Não entendeu?” Ele prendeu o riso, fazendo Lily franzir o cenho e balançar a cabeça negação.

“Enfrentei um monte de consumidores desesperados na Honeydukes, levei chuva logo depois e, apesar de tomado chá de erva-doce, que normalmente me acalma, você sabe, e comido pizza, eu ainda não estava satisfeita.” Ela disparou os últimos acontecimentos e suspirou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

“Satisfeita?” James arqueou uma das sobrancelhas maliciosamente.

“Não nesse sentido, seu pervertido!” Lily fechou os olhos, sentindo suas bochechas esquentarem.

“Então em qual sentido, Evans?” Ele murmurou em seu ouvido, mordendo o lóbulo da sua orelha levemente.

“No de não ter compreendido o que você falou, Potter.” Ela retrucou com os olhos semi-cerrados. “Afinal, qual a lógica de dizer ‘l-ily’? O ‘hey’ até tinha sentido, mas o ‘l-ily’ não possuía contexto coerente algum.”

“Não entendeu, mas não se deu por vencida.” James soltou uma risada nasal. “Mesmo querendo desistir?”

“Como você...?” Lily mirou-o um tanto confusa.

“Te conheço bem.” Ele deu de ombros. “Algo me diz que mesmo desejando deixar de lado e vir me perguntar, alguma coisa te fez não o fazer.”

“Eu não queria simplesmente desistir.” Ela chacoalhou os ombros.

“Bem a sua cara.” James riu e sentiu a namorada deitar o rosto em seu ombro, aconchegando-se.

Ambos ficaram em silêncio por algum tempo, não achando a ausência de diálogo desconfortável ou incômoda. O perfume de James estava deixando Lily inebriada, e ela sentia um calor acolhedor espalhar-se pelo seu corpo, fazendo-a sorrir involuntariamente.

Quando suas pálpebras começaram a pesar, ela ouviu a voz do namorado, em um sussurro rouco, cortar o silêncio.

“Lily, eu amo você.”

Ela ficou calada por algum tempo, assimilando a frase por completo e sentindo seu peito encher-se de bons sentimentos. Seu sorriso alargou um pouco mais e ela ergueu o rosto para encará-lo, mas ao mirá-lo diretamente nos olhos, vendo as orbes castanho-esverdeadas de James transbordando de amor, a única palavra que conseguiu sair da sua boca foi…

“Okay.”

James riu.

“Foi o que eu quis dizer.” Ele acariciou sua bochecha com carinho. “‘L-i-l-y’.” Disse lentamente.

“Lily, i love you.” A ruiva explanou o significado da sigla. “Não sei como não pensei nisso.”

“Acho que você ‘tava ocupada demais surtando para notar.” James sorriu. “Eu falei por mensagem porque eu não conseguia mais não dizer. Então, em um momento súbito de impulsividade e determinação…”

“Você falou que me amava.” Lily completou com um sorriso ameaçando tomar conta do seu rosto.

“É.” James roubou-lhe um selinho demorado. “Sinceramente, eu esperava mais que você ficasse surpresa e me ligasse para saber se eu estava falando sério.”

Lily riu.

“Seria uma reação nada surpreendente.”

“Não seria mesmo.” James beijou o topo da sua cabeça. “Apesar de insanas, suas últimas ações também não foram lá essas coisas de espantosas.”

“Bom, eu ainda sou Lily Evans.” Ela deu de ombros, fazendo-o gargalhar.

“E eu ainda sou James Potter.” Ele sorriu, prensando-a na parede. “E nós ainda somos Jily.”

“Somos.” Lily enlaçou seu pescoço com ambos os braços, aproximando-o. “Sabe o que acho lindo no nome do ship que a Alice criou para nós dois?”

“O quê?” James mordeu o lábio inferior da namorada de leve.

“J-i-l-y…” Ela falou lentamente. “James, i love you.” Lily murmurou, sorrindo, antes de ter James grudando sua boca à dela e beijando-lhe intensamente contra a parede do armário.


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Notas finais do capítulo

oie hahaha
então, o que acharam? eu espero muito que vocês tenham gostado tanto quanto eu, porque postar fic nova, pra mim, é um parto tão grande quanto escrever. sério, minha coluna tá doendo pra caralho aqui.
enfim.
curtam bastante esse valentine’s day mas sejam conscientes e pensem bastante antes de agir. aliás, façam isso sempre, em todas as situações. usem camisinha e não aumentem a taxa de natalidade se não for propositalmente.
beijos, beijos, amo vocês! ♥



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