Prefácio

Estar aqui, agora, tem sido uma batalha constante, uma luta sanguinária que acontece dentro de mim para eu conseguir continuar de pé. Eu tenho sofrido tanto nos últimos dias, e qualquer raio de sol que aparece, logo fica encoberto pela escuridão. E acredito que o sofrimento não acabará agora.

Eu olhei no horizonte, por cima do corpo do homem que estava tremendo, e a vi. Ela estava linda como sempre. Andando em minha direção, como um verdadeiro anjo enviado pelos céus só para me levar junto com ela. Queria diminuir o espaço do campo verde só para poder tocá-la, garantir que ela realmente existia. Meu corpo agia de forma automática e eu queria me juntar a ela, pois sabia que em seus braços, a dor seria somente mais uma palavra do meu amplo vocabulário.

Eu estava nos céus, enquanto as nuvens acima de mim, já negras, previam o pior. Em um segundo eu olhava a perfeição na minha frente, em outro, ela era encoberta por um lobo mortal.

Epílogo: Lua

Os dias haviam seguido normalmente desde então, ainda não tínhamos respostas sobre a situação de Paul, se ele iria melhorar, se ele seria o mesmo que sempre foi ou se acordaria um dia. Mas eu não estava desesperançosa, Jacob, Sam, Sue e todos os outros, não deixavam mais minha esperança acabar. Também, tinha aprendido a ficar sozinha, o trabalho dos lobos continuava o mesmo, apesar de que agora eles tinham mais tempo para descansar, então me sobrava muito tempo em casa para pensar.

Mas isso não me fazia mais mal algum.

Deixava minha mente fluir em possibilidades, escolhas, algo que eu tinha me privado a tempos de fazer. Eu estava vivendo. Esses pensamentos foram cortados em um dia, no final da tarde, quando eu estava sentada com Jacob na escada da sua casa. Estava ficando tarde, eu tinha que partir, não poderia me acostumar a dormir tarde, agora que as aulas já estavam voltando para mim.

— Ei, Bells – Jake falou casualmente. – Agora que essa loucura teve um fim, você vai me dar finalmente uma resposta?

— Uma resposta? – Minha cabeça virando uma grande interrogação, se fosse pelo assunto da confissão que tivemos, eu já tinha dado uma a ele. – Eu achei que já tinha te respondido há dias atrás.

— Não sobre aquilo – Ele completou, ficando envergonhado. – Sobre o bilhete, lembra? O que eu deixei na sua casa um dia antes... Bem, você sabe. Eu sei que é bobagem, mas eu queria saber disso também, me deixaria muito feliz.

Me esforcei para lembrar, tudo parecia ter acontecido em outros tempos, em outra vida, então era complicado recordar os detalhes. De súbito a memória me veio à mente. – O bilhete que você pedia desculpas por não estar lá quando eu acordasse? – As dúvidas aumentando na minha cabeça. – O que precisa ser esclarecido sobre isso?

Seu olhar foi de surpresa, talvez ele não estivesse acreditando em mim, mas eu realmente não sabia o que ele queria dizer, e estava mais curiosa do que nunca. Ele fez uma cara de vergonha, passou a mão algumas vezes pelo seu cabelo negro, o olhar indo e vindo de encontro ao meu. – Nada mais? – ele disse depois de um tempo. – Você não sabia que tinha mais atrás dele?

O choque me pegou em um instante, com a loucura daquele dia eu não me preocupei em procurar mais no bilhete, nem passou pela minha cabeça a possibilidade de ter algo a mais escrito lá. Subitamente eu comecei a procurar nos meus bolsos, se não me engano essa era a mesma calça jeans que eu usava naquele dia. Depois de uma procura rápida eu achei o papel, mas ele estava completamente estragado. – eu havia lavado essa calça –, me culpei secretamente por ser tão descuidada.

— Não tem problema – ele limpou a garganta, se levantou mecanicamente e ficou na minha frente na escada. Como eu estava no primeiro degrau de cima, eu quase fiquei na mesma altura que ele, que estava de pé no chão. – Parece que eu terei que fazer isso da maneira antiga.

As perguntas continuavam crescendo na minha expressão, será que ele estava louco? – Jacob, o que... – Ele levantou a mão calmamente, pedindo paciência da minha parte. Seja lá o que for, não estava sendo fácil para ele também.

— Bem atrás do papel – ele limpou a garganta novamente, para sua voz sair mais convicta. – Eu tinha feito um pedido a você – Ele demorou, mas me olhou finalmente nos olhos. Sua expressão era brilhante como nunca vi antes. – Eu perguntei que, se nós sobrevivêssemos a aquela situação... Se você me faria muito feliz – Ele parou, procurou algo em seu bolso e de lá tirou uma pequena caixinha de madeira. – Bem, eu sou meio antiquado Bells – ele riu sem jeito. – Então gostaria de tornar isso oficial – ele deu a caixinha para mim e segurou forte as minhas mãos. – Isabella Swan, aceita namorar comigo?

Jacob estava completamente vermelho agora, um tom rosado saia de trás de sua pele cobre, deixando um leve rubor nas suas bochechas e orelhas. Eu acreditava que já estávamos namorando, mas parece que para ele as coisas são importantes e tem que ser ditas. Ele fez um sinal para que eu olhasse na caixa, e quando eu abri não consegui conter minha felicidade. Lá dentro estava um pequeno anel, de prata provavelmente, com uma pequena pedra da Lua em formato de diamante em cima dele. Dentro, escrito no anel, tinha o nome Jacob Black.

Eu fiquei sem fala por alguns instantes, mas consegui completar no fim. - Sim – disse com o sorriso se formando involuntariamente no meu rosto, e depois de um abraço prolongado. – E a sua? – percebi que só tinha uma aliança na caixinha.

Ele tirou do bolso outro anel, mais grosso e com a pedra menos extravagante, e colocou perfeitamente no seu dedo.

Nós selamos esse compromisso com um beijo, compromisso não, era mais como uma promessa, não era? Promessa de que dias melhores virão agora, de que podíamos sempre contar um com o outro, servir de farol quando os dias estiverem muito negros para se conseguir enxergar, e a dor apertar o peito. E de compartilhar quando a felicidade não conseguir caber em um só coração.

— Posso não ter passado os últimos milhares de anos procurando você, mas eu te garanto que farei os momentos que passarmos juntos valerem cada segundo – ele sorriu, estava intenso com os olhos. O calor me inundando mesmo antes de nos beijarmos.

Era definitivamente uma promessa.