Lua Nova: Outros Caminhos escrita por Sarah Lee


Capítulo 5
20. Promessas


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap longo saindo do forno queridxs!
Esse demorou um pouco por causa da facul, que voltou essa semana (¬¬'), e também por outros assuntos pessoais. :P
Enfim, espero que gostem, não se esqueçam de comentar alguma parte que gostaram, ou alguma dica que me ajude a melhorar ♥



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Eu acordei com dor nas costas e os raios de sol na minha cara. Hoje seria um dos poucos dias ensolarados de Forks.  Bastou um pequeno movimento do meu corpo para notar que eu estava sozinha na cama, em algum momento da noite, Jacob tinha me deixado. - Bem, isso é meio decepcionante -, pensei enquanto abraçava mais forte o travesseiro. Não sei se eu realmente tinha expectativas para o dia, mas estaria mentindo se negasse que eu o queria aqui quando acordasse. Mas ontem eu havia prometido que não deixaria as dúvidas me abalarem hoje, então faria o possível para manter meu humor controlado.

Lembrar-me do Jake que eu havia conhecido ontem a noite me deixava com uma sensação estranha no estômago. Sentir suas lágrimas, sua tristeza e seus olhos sem luz, era algo que eu nunca tinha presenciado. E que eu gostaria de nunca mais precisar ver. Queria guardar na lembrança o Jacob feliz, com o sol no peito e um sorriso gigantesco. Mas já era tarde, agora ele parecia feito de vidro, uma pessoa real. Eu pensava em Jacob como se fosse uma rocha, em que poderia me apoiar, usar para suportar as dores, um porto seguro no meio do mar agitado. Mas ele é simplesmente um humano, como eu.

Eu não deveria estar surpresa, isso seria idiotice, mas não conseguia deixar de ver as coisas por outra perspectiva agora.

A pergunta “Quanto você me ama Bella?”, atormentou meus sonhos, e ainda ecoa repetidas vezes na minha cabeça. - o quanto eu amava Jacob? -, será que o suficiente para eu continuar com ele, mesmo após esse assunto com Victória se encerrar? Eu já havia amado antes, pelo menos, eu acreditava que fosse. Mas a visão que eu tinha de amor perfeito, que nos é ensinado desde a infância, com as princesas indefesas, os príncipes encantados e os “felizes para sempre”, se desfez há muito tempo. Eu estava acostumada a amar deuses, poderosos e inalcançáveis. Eu saberia como amar alguém tão humano quanto eu? Alguém cheio de defeitos, dúvidas e inseguranças, com seus próprios medos. Um amor que eu não me sentiria constantemente insuficiente para o outro, que eu poderia ter experiências parecidas, que eu não precisasse me afastar pelo meu próprio bem? Que não beirava à adoração. Finalmente experimentar um amor real.

Será que eu o continuaria amando, mesmo se Edward voltasse?

E ainda havia a promessa, mais uma promessa agora. - Não quero te perder -, ele havia dito. E eu fui irresponsável o suficiente para prometer que não iria. Mas devido ao que eu estava prestes a fazer hoje, essa provavelmente seria mais uma que eu não poderia cumprir. Uma dor diferente atacou meu estômago, o fazendo se embrulhar. Eu não queria ter sido tão displicente com as minhas palavras, dito uma coisa tão importante e que exige tanta responsabilidade sem mais nem menos, pois agora eu só causaria mais dor a ele. E eu já não aguentava mais conviver com a dor.

A promessa de ser uma filha melhor; a promessa de não me ferir; a promessa de “não fazer nada estúpido”. A promessa de não abandonar. Todas foram feitas no calor dos sentimentos. E serão quebradas. O problema das promessas é que uma vez seladas, você está comprometido por toda a vida. Pode ser a coisa mais boba do mundo, que uma vez envolta em promessas, toma um peso gigantesco, e a dor por quebrá-la é igualmente insuportável. Neste momento, o peso das promessas quebradas era o que atingia meu estômago, me fazendo sofrer junto à beirada da cama.

— Droga — disse entre os dentes. Por que sentimentos tem que ser tão complicados? Por um momento, apenas um momento, eu gostaria de ser uma garota comum. Igual a Angela, talvez. Frequentar a escola em uma rotina monótona, atrair a atenção de um garoto, que não fosse super-rápido, ou que conseguisse levantar um carro acima da cabeça, ou se transformasse em um animal gigante. Então ele me levaria ao baile, daríamos um breve beijo, prometeríamos continuar mandando mensagens, mesmo indo para universidades diferentes. E então eu o trocaria por outro garoto comum, ao qual me casaria e teria alguns filhos. Uma bela de uma vida monótona e regular, sem perseguições ou dilemas fatais.

Mas essa não seria realmente eu.

A dor deu lugar à determinação, as decisões já haviam sido feitas, e eu lutaria por aqueles que eu amo. Estava tão nervosa enquanto eu me arrumava, que quase nem percebi o pequeno bilhete na mesa ao lado da minha cama. O papel estava amassado e a caligrafia era de dar arrepios. Com certeza Jacob havia escrito isso.

Desculpe por não estar aí quando você acordasse Bells, eu sei que você ficaria triste (espero eu). Mas não seria bom seu pai me ver saltando de sua janela pela manhã, espero que você entenda.

Te encontro mais tarde na reserva, tenho algo para você.

Fiquei completamente atordoada enquanto segurava o bilhete nas mãos, eu não havia sido esquecida afinal. Eu apreciava a caligrafia desleixada - apesar de que ele deve ter se esforçado para fazê-la no mínimo legível -, que só despertei do transe quando fui chamada do andar de baixo. Enfiei o bilhete já amassado no bolso de trás da minha calça, o amassando ainda mais, e segui para a cozinha, onde encontrei um Charlie preparado para uma pescaria.

— Aonde você vai pai? —  Perguntei, curiosa. Enquanto ele terminava de mastigar um sanduíche para me responder, observei todos os materiais espalhados pela mesa. Eram muitas coisas afiadas ou molengas, me davam calafrios.

— Pescar com Billy — Ele respondeu, despreocupado. Mas repentinamente cauteloso quando completou. — E onde estão as suas coisas? Jacob disse que vocês iriam acampar na reserva hoje.

A informação me pegou desprevenida, então essa seria a mentira para me tirar de casa? — Ah sim... — Tratei de responder logo, tentando esconder meu despreparo. — Eu pensei em me arrumar depois de preparar seu café — Tentei parecer o mais natural possível enquanto ia em direção ao armário, e pegava algumas panelas. De acordo com a cara que Charlie fez, eu presumi que tinha quase conseguido. Eu estava ficando boa em mentir, e não sabia se isto era uma coisa boa.

— Bem, como você vai sair, eu decidi sair também — Disse, retomando a arrumação. — Eu senti que precisava espairecer um pouco, sabe? — E realmente ele precisava de uma folga do trabalho. Depois da morte de Harry, Charlie tinha se ocupado cada vez mais no emprego. Provavelmente essa era a sua forma de lidar com o luto, não pensar sobre o assunto. — Então irei pescar com Billy desta vez, devemos estar de volta logo pela manhã.

— Ótimo! — Respondi, um pouco animada demais. — Provavelmente estarei de volta de manhã também — Menti mais uma vez. Ficar cara a cara com Charlie estava me fazendo ter vontade de chorar, e eu não podia fraquejar hoje. — Bem, já que você já comeu, então irei arrumar minhas coisas... — Completei nervosa, eu queria sair logo da visão desconfiada dele, antes que a minha máscara caísse.

Eu virei rapidamente para as escadas, iria esperar no meu quarto até Charlie sair de casa, para evitar mais conversas às quais eu poderia ter algum arrependimento. Não queria dizer adeus. — E, Bella? — Ele falou quando eu estava de saída, me fazendo voltar e encará-lo. — Apesar desse assunto todo de urso ter se acalmado. Tome cuidado, ok? — Falou com cautela, quase como se tivesse me dando um sermão. — Eu sei que Jacob e os garotos da reserva sabem se cuidar, mas... Você sabe. — Ele fez uma longa pausa antes de completar. — Eu te amo filha, se cuida. — Completou e voltou a arrumar suas coisas.

— Também te amo pai... — Eu consegui dizer segundos antes das lágrimas explodirem dos meus olhos. Subi as escadas correndo, quase tropeçando no último degrau, e torcendo para que ele não tivesse visto nada. Até parecia que ele sabia de algo, e essa despedida era tudo que eu não precisava. Agora eu estava frágil. Mais uma promessa quebrada, mais uma pessoa machucada. Tratei de colocar Charlie na minha lista de pessoas que eu estaria ferindo caso falhasse, para me forçar a lutar até o último segundo pela minha vida. Eu observei pela janela ele sair com o carro. — Adeus pai... — Disse baixinho, por entre os soluços.

Me permiti alguns minutos de luto até me obrigar a secar as lágrimas, eu não poderia enfrentar Victoria com o espírito quebrado. Tinha que estar disposta a fazer de tudo para derrotá-la. Tratei de pegar uma mochila e colocar o básico, uma troca de roupa e produtos de higiene pessoal. Eu não precisaria de mais se tudo desse certo hoje. Ou se desse errado.

O caminho para a reserva foi curto demais, logo eu me vi em frente da casa de Emily, o “centro de operações dos lobisomens”. O clima pesado me atingiu assim que eu cruzei a porta. Apenas Sam e Jacob estavam na sala, discutindo algo aos sussurros, e com expressões sérias. Emily estava na cozinha preparando o almoço.

— Olá... — Mas a saudação dela não estava acompanhada do seu bom humor matinal. E eu não posso dizer que não esperava alguma ajuda de sua energia para me manter confiante.

A minha resposta chamou a atenção dos lobos no sofá, e Jacob imediatamente se levantou para me dar um abraço, e um pequeno beijo na testa. Emily voltou rapidamente sua atenção para a comida que estava preparando, e Sam apenas se limitou a me dar uma aceno com a cabeça.

— Como está, Bells? — Jacob perguntou curioso, provavelmente observando minha reação. De repente para saber se eu estava brava com ele, ou se eu tinha encontrado seu bilhete?

— Bem... — Menti de novo. Eu queria me manter forte, mesmo que isso fosse apenas uma fachada temporária.

— Certeza? — Ele estava mais cauteloso que o normal. E isto me incomodou. — Não tem mais nada para falar?

— Estou bem mesmo! — Respondi, agora fingindo um entusiasmo. — Onde estão Paul, Jared e Embry? — Queria desviar o assunto de “como eu estava”, para evitar uma possível crise de choro.

— Descansando — Sam respondeu com a sua voz grave. — Eles estavam de ronda ontem.

A voz de Sam fez Emily se desviar novamente do que estava fazendo, mas eu preferia que não o tivesse. Sua expressão estava ainda mais preocupada do que de costume, o que aumentou ainda mais as minhas inseguranças. Jacob continuava inquieto e sério ao meu lado. Não sei o que ele queria dizer com “mais nada para falar”, mas não daria para lidar com o que é que fosse. Eu estava me concentrando em não surtar agora.

Fui ajudar Emily com o almoço, que não demorou muito para ficar pronto. Ela sabia ser eficiente em muitos aspectos de sua vida. E fiquei eternamente grata por ela não estar com vontade de me consolar ou algo assim. Emily entendia minhas dores e as respeitava. A casa estava um pouco menos barulhenta enquanto almoçamos, os lobos estavam concentrados no quer que eles tinham para se concentrar.

Quando terminamos a refeição, eu já não aguentava mais. — Então... Qual o plano? — Eu tinha dado a ideia inicial a eles, mas esperava que Sam pudesse aprimorá-la, para tornar mais como um plano, e menos como um ataque suicida. Estávamos todos sentados na sala, os lobos se espalharam pelo sofá e pelo chão, enquanto eu e Emily ficávamos na bancada. Tomei cuidado para ficar do lado oposto ao de Jacob, por algum motivo, sua presença quente estava difícil de aguentar agora.  Todos ficaram inquietos quando Sam começou a falar. Ele me fitava com seus olhos penetrantes, e eu tive que me esforçar para não desviar o olhar.

— Nos últimos dias, temos limitado o espaço de caça dela... — Ele estava sombrio enquanto detalhava seu plano. — Então, ela não tem se alimentado bem, pelo menos pelo nosso território — Completou, e apesar dos olhos negros, ele parecia orgulhoso dessa parte. Eu olhei instintivamente para Jacob pedindo por explicações.

— Ela estará... Faminta... — Ele tentou me explicar. — Se tudo der certo, ela estará tão faminta que cairá facilmente na nossa armadilha — Provavelmente a ficha ainda não tinha caído para Jake, dava para ver no modo que ele me olhava. Ele tinha ainda a esperança que eu desistisse do plano, e que outra solução caísse direto do céu. Mas todos sabíamos que isso não aconteceria.

— E quanto ao cheiro? — Perguntou Embry. — Se ela reconhecer, provavelmente suspeitará de algo.

— Eu tenho um amigo — Respondeu Paul. — Ele mora fora da reserva e vende peixes frescos, acho que isso será o suficiente — Completou, orgulhoso por ter sido útil ao plano.

— E temos os ursos — Explicou Jared. — Podemos tentar misturar nosso cheiro com o deles. Ursos são comuns pela reserva.

— Parece que vocês tem tudo planejado... — Tratei de dizer logo, quanto antes nos movimentarmos mais fácil será continuar. O olhar profundo de Jacob me deixava nervosa. É claro que eu ainda tinha minhas dúvidas, e ele não estava ajudando.

— Só mais uma coisa... — Sam retomou a atenção para si, quando os lobos já estavam começando a se animar novamente. Como guerreiros ávidos pela batalha. — É muito perigoso irmos todos juntos, provavelmente ela perceberia. Então apenas um deve ficar com Bella, e os outros irão ficar a postos pelo perímetro, para não deixar a sanguessuga fugir.

— Eu vou! — Jacob tratou logo de se oferecer. — Eu cuido da proteção dela.

— Não é uma boa ideia — Respondeu Sam, com sua autoridade em palavras calmas. — Você é um dos nossos melhores lutadores, além de ser o mais rápido. Então deve ficar de guarda no limite da floresta, para quando ela começar a fugir — Jacob ficou imediatamente irritado. E apesar de querer estar o mais próximo de mim, para me proteger, ele não poderia desobedecer uma ordem do seu alfa. Além do mais, o que Sam falou fazia muito sentido. E não poderíamos correr o risco de desperdiçar essa chance, pois, provavelmente, nunca mais teremos uma igual.

— Eu vou — Paul se ofereceu, pegando a todos de surpresa. — Farei a proteção dela — Deu de ombros, e eu até poderia sentir algum receio desse ato, mas eu estava chocada demais para expressar qualquer outra reação.

— Nem pensar! — Jacob finalmente explodiu. Ele encarava Paul com raiva de mais com o olhar, os punhos começando a tremer.

— Cara você não está pensando — E é claro que Paul não tinha se intimidado com Jacob. Eles se encaravam com tanta agressividade, que parecia uma competição boba para ver quem pisca primeiro, ou algo assim.

— Não é uma escolha sua — Respondeu Jacob, ainda tenso. Suas mãos começavam a tremer cada vez mais.

Eu não entendi o porquê desta confusão, acredito que Paul seja tão bom quanto qualquer um para fazer minha proteção. Tirando o temperamento explosivo, mas isso não seria algo que me preocuparia agora. Eu tinha que dar um fim nessa discussão sem sentido,  antes que ela evoluísse para algo pior. — Mas é uma escolha minha — Tentei parecer confiante, já estava cheia de ter outros decidindo por mim. — Deixe que Paul me acompanhe, é melhor você estar onde você seja mais útil — Tentei apaziguar seu humor com a última frase.

Jacob bufou, mas os tremores de suas mãos pararam. Seu olhar estava distante novamente quando levantou e veio se sentar ao meu lado. — Ok, ok...

— Não há com o que se preocupar, você estará logo atrás. Certo? — Tratei de pegar a sua mão e segurar forte, entrelaçando nossos dedos.

— Certo — Ele respondeu, abrindo um sorriso determinado.

— Ótimo, agora está tudo resolvido! — Urrou Jared, finalmente se levantando. 

— Paul, leve Bella pra casa dela, e pegue algumas coisas para podermos usar no plano. Jacob vou te explicar a formação — Sam o convocou.

Os lobos ficaram repentinamente animados. Parece que caçar vampiros estava em primeiro lugar na lista de hobby, não importa o quão mortal isso fosse. Então eu segui com Paul para a minha caminhonete, e já estava quase entrando quando Jacob me chamou da casa.

— Espere, Bella! — Ele veio correndo até mim, e eu andei para encurtar um pouco mais a distância. — Tenho que te dar uma coisa... — Me lembrei do bilhete que ele deixou no meu quarto hoje. Jake procurou no bolso do seu short, e tirou um pequeno embrulho de papel brilhante.

Eu peguei o presente e analisei um pouco, estava muito mal embrulhado, coisa que me fez sorrir. — O importante é o conteúdo — Ele brincou, mas eu percebi quando ele corou por debaixo da pele cobre. Eu abri o presente, um pouco temerosa, pois não sabia mais o que esperar desse dia. Quando eu cheguei a uma pequena caixinha de madeira, e a abri, o que eu vi acabou tirando meu fôlego. Um pequeno colar, em uma fina corrente de prata. O pingente era uma pequena lua minguante, feita de uma pedra branca, que elegantemente refletia uma luz azulada por toda a superfície, mas ainda existia mais uma infinidade de cores que se juntavam à principal.

— Jake… É lindo... — Foi o que eu consegui dizer, quando a surpresa me deixou pensar direito novamente. Mas o colar era deslumbrante, para dizer o mínimo. Eu acabei o entregando para ele, para colocar em meu pescoço. A corrente era tão delicada que eu tinha medo de arrebentar-lá por acidente. — Que pedra é esta?

— É uma pedra da lua — Ele riu, tímido. — É uma tradição dos Black dar um pingente com esta pedra, para quem... Você sabe.

— Não sei nem o que dizer, obrigada Jacob, de verdade — Mas as palavras não eram o suficiente para expressar o quanto isso havia me deixado feliz.

— E tem uma história por trás também... — Ele ficou visivelmente sem jeito, e corou ainda mais. E ele tossiu antes de continuar, para tentar recobrar a compostura — Resumindo... Antigamente, um Lobo acabou se apaixonando pela lua, e a chamava toda noite com seus uivos, para que ela se juntasse a ele. Mas ela não podia, já que... Era a lua — Ele sorriu, transmitindo calor pelo olhar carinhoso. — Então comovida pelo amor puro do lobo, ela enviou presentes para ele, para ele saber que ela também se importava. Esta pedra — Pegou o pingente com delicadesa. — Para que o lobo se sentisse acalentado e protegido por ela, mesmo com ela distante durante o dia — Jacob segurou gentilmente as minhas mãos, me puxando para mais perto. O calor de seu corpo me inundava, e um brilho incrível surgiu nos seus olhos negros como chocolate. — Não importa como eu vejo, você é minha Lua...

Eu estava novamente sem palavras. Mas dessa vez, foi diferente, mais intenso. Uma espécie de felicidade estranha começou a crescer no meu peito, o que, por algum motivo, me deu vontade de chorar. Algumas lágrimas me escaparam pelo canto dos olhos sem que eu percebesse, e com um movimento gentil, Jacob fez questão de secá-las. Mas ele não parecia preocupado, seu olhar estava determinado quando se aproximou ainda mais, e antes que eu percebesse, eu já segurava seu rosto com as minhas mãos, o conduzindo para os meus lábios. 

Eu também podia sentir Paul nos encarando com desdém dentro da caminhonete, mas eu realmente não me importava. Tudo que importava neste momento era Jake, com sua pele macia, e respiração escaldante, que parecia me derreter por dentro. Pergunto-me quantas vezes já nos beijamos desde a primeira vez naquela noite, na caminhonete em frente a minha casa.

Está certo que aquele primeiro beijo não contava direito, já que não foi algo muito espontâneo. Eu estava carente, e com medo de perder Jacob, então uma coisa acabou levando a outra. Mas aqui, hoje, posso afirmar que não existe nada mais verdadeiro que a vontade de ficar entre seus braços. Gostaria que este fosse o nosso primeiro beijo. Mas Paul buzinando nervosamente acabou por cortar o clima. Jacob tratou de xingá-lo não tão discretamente, coisa que Paul só respondeu com um riso triunfante.

— Te vejo depois, Bells — Sorriu, e me deu um beijo rápido na bochecha.

— Até depois então — Respondi, ainda sem fôlego pelo momento que tínhamos tido.

A sensação de calor na minha boca ficou comigo até eu entrar no carro, e Paul dirigir rapidamente para a minha casa. Eu não sabia ao certo o que aconteceria no resto do dia, mas eu estava verdadeiramente lutando pela minha vida, e lutando por tantas outras coisas. Hoje eu dificilmente eu temeria algo, dificilmente temeria a própria Victoria quando ela aparecesse na minha frente. De todas as incertezas do mundo, eu resolvi me apoiar nas poucas certezas que eu tinha.

Busquei conforto nas suas últimas palavras, - te vejo depois, Bells -. E essa era outra promessa, não é mesmo?


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