Lua Nova: Outros Caminhos escrita por Sarah Lee


Capítulo 4
19. Lobo


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo saindo do forno queridxs!
Esse cap em especial era o que estava me deixando mais animada, eu pensei nele fazem dias, antes mesmo de sair o cap anterior. Espero que vocês notem o crescimento dos personagens (coisa que a autora se recusou a fazer no segundo livro da saga ¬¬').
Lembrando dnv que essa fic tem como objetivo de reimaginar o livro "Lua nova", por isso que as informações e descobertas dos próximos livros da saga não aparecem aqui.
Enfim, boa leitura ♥



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No segundo que Jake demorou para entender completamente as minhas palavras, foi o tempo que levou para suas mãos começarem a tremer. A roda de lobos agora permanecia em uma expectativa silenciosa e mortal.

— Controle-se, Jacob — Sam falou, autoritário. E apesar da sua voz demonstrar que estava calmo, ele ficou visivelmente tenso ao lado de sua noiva.

— Você só pode estar louca Bella! — Jake estava rindo da situação de uma maneira desconcertante. — Você… — Ele respirou fundo, tentando pensar bem no que iria dizer. —  Realmente… — Mais ar para dentro, e suas mãos tiveram outro espasmo. — Considerou isso? — Tratou de deixar cada palavra pesada com toda a angústia que ele sentia. E no final de tudo, Jacob não me olhava nos olhos. Ele fazia uma expressão estranha para a fogueira, incrédulo com o que eu tinha acabado de dizer, talvez duvidando se tinha realmente ouvido corretamente. Mas foram seus olhos negros, com a sombra que se projetava em seu rosto, que realmente me assutaram.

— Sim… — Minha voz era carregada de dúvida, e apenas um sussurro na noite. Até a floresta estava silenciosa agora.

Ele então virou lentamente o rosto, e me olhou com intensidade de mais, dor de mais. Eu já sabia do comportamento temperamental que Jacob podia ter, mas agora, alguma coisa dentro de mim dizia que eu havia passado um limite que eu nem sabia que existia. Mas que eu pude perceber nesse momento que era algo extremamente importante. 

Mais tempo de silêncio se passou, e Jacob continuava sustentando o meu olhar. Mas ele não me via realmente, ele fitava algo além dos meus olhos, provavelmente imaginando em permitir que Victoria chegasse tão mortalmente perto de quem ele ama. Mas essa não é uma decisão dele. Eu tomei essa decisão quando prometi para mim mesma que não seria mais uma garota indefesa, que não ficaria esperando alguém aparecer novamente para me salvar. Esperando que alguém arriscasse a própria vida, como se a minha fosse mais valiosa. Então, se a coisa mais útil que eu poderia fazer para todos é atrair Victoria para uma armadilha, bem, então é isso que eu faria. Além do mais, estamos sem tempo. Chegou a hora de escolher entre a vida dela ou dos lobos, e eu já tinha certeza da minha resposta.

— Definitivamente não estou — Tentei falar mais alto dessa vez, e parecer mais convicta. — Acredito que ninguém tenha uma ideia melhor.

Eu olhei rapidamente pessoas que estavam comigo, e os poucos rostos que sustentavam meu olhar, acabaram por confirmar minha teoria. Havia muito pouco que poderíamos fazer em relação a vampira. Se Victoria quisesse brincar de pega-pega com os lobos até os cansar, ela poderia fazê-lo facilmente. E não é como se ela desse tempo para eles pensarem em alguma outra estratégia. 

Ao meu lado Jacob continuava a tremer.

— Será que você... — Jake não terminou a frase, mas me olhava com uma cara de pânico crescente que me deixou perturbada.

— Não, não foi algo que eu pensei no impulso. Não considerando quantas pessoas eu machucaria se falhasse — Respondi, seca. Quanto mais discutiamos sobre o assunto, mas incerta eu ficava sobre o meu plano idiota. Ele não poderia ser um ótimo plano, mas era tudo o que tínhamos agora.

Alguma coisa na minha cabeça me dizia para tentar acalmá-lo, e dessa vez não era a voz de Edward. Mas eu a fiz se calar de qualquer maneira, cedo ou tarde Jacob teria que aprender a lidar com seus sentimentos sem se transformar em um lobo de meia tonelada. Mas, ao contrário do esperado, os tremores dele cessaram. Jake passou a fitar o chão com um olhar vazio, que eu nunca tinha visto antes. O sol havia se apagado.

— Jacob...  — Emily murmurou. Assim como eu, ela não precisava de uma leitura de mentes para entender o que se passava na cabeça dele agora.

Tudo que se ouvia era o estalar da madeira em chamas, ninguém mais falou nada, e isso me deixou incomodada. Nem mesmo Sam se pronunciou, imagino que ele está acostumado em ser o sacrifício de Forks, não o contrário. Mas dessa vez, ele era alguém precioso demais para se perder. Pelo menos se falharmos, eles ainda teriam como lutar.

Foi depois de uma pausa que parecia interminável que Sam se posicionou. — Talvez Bella tenha razão… — E ele tentou recobrar o tom de líder quando completou. — Se quisermos alguma chance de finalmente pegar a vampira, antes que ela consiga derrubar algum de nós primeiro, terá que ser assim… Ela corre de nós, mas sabemos o que a faria se aproximar — Ele passou a me fitar com seus olhos profundos agora, e eu senti um calor paternal vindo dele. Uma preocupação genuína, que eu poderia ter certeza que Charlie também teria. Realmente, Sam era alguém que eu poderia confiar de várias maneiras. — Você sabe os perigos que a sua decisão irá te expor?

Por incrível que pareça, eu estava em paz com isso há algum tempo. Eu estava cansada de fugir, parecia que desde que conheci essa parte do mundo, eu estava continuamente fugindo. Fugindo de Vampiros, fugindo de conflitos e sentimentos. A única coisa que realmente me preocupava no momento, não era o meu encontro certeiro com a vampira que desejava meu sangue mais do que qualquer coisa no mundo. Era se Jacob um dia conseguiria me perdoar.

Essa preocupação se agravou quando eu respondi “sim”. E Jake chorou.

Ele não fez qualquer som, as lágrimas corriam silenciosamente pelo seu rosto inexpressivo. Eu me perguntei se ele ao menos sabia que estava chorando. Jacob parecia três vezes menor do que era agora, e foi com rapidez que ele se levantou, se afastou da fogueira e correu em direção à floresta. O som das roupas rasgadas e de árvores quebradas ficou em segundo plano, quando o lobo uivou na noite negra.

— Vamos atrás dele... — Jared falou quando ele e Embry levantaram. Seu rosto também transmitia uma espécie de pesar.

— Traremos Jacob de volta — Embry completou para mim, e tentou disfarçar a sua preocupação com um sorriso fraco. O que não funcionou.

Nesta hora eu percebi que talvez o tivesse perdido também. E a dor voltou quando eu pensei nesta possibilidade. Agora era eu que estava abandonando alguém na floresta.

— Bella... — Emily me trouxe de volta à realidade quando encostou no meu ombro. — Vamos comigo até o mar — Só então percebi que estávamos sozinhas na areia, os outros lobos estavam guardando as coisas que trouxemos para a praia. Era óbvio que o clima de descanso que Emily tinha planejado acabara. Ela também trazia em mãos uma espécie de coroa de folhas e madeira entrelaçadas, e do meio do círculo verde, pendia um pequeno fio de palha, com uma pedra brilhante na ponta.

— Para que serve isto? — Disse, mas ainda estava atônita. Parecia que uma grande bola de algodão estava presa na minha garganta, e meu cérebro permanecia amortecido demais para registrar qualquer outro estímulo significante.

— Isso é uma oferenda — Ela respondeu ao mesmo tempo que colocava os pés na água. Emily não me puxava, mas eu a seguia como uma guia para dentro do oceano. A água fria não conseguiu me incomodar, nem mesmo quando chegou até meus joelhos, ensopando minha calça jeans. — Farei uma oferenda para a deusa da Lua, pedindo proteção.

— Mais um costume Quileute? — Chutei, agora concentrada demais na pedra brilhante que pendia do círculo. Ela era realmente linda, e na medida que se movia, cores diferentes apareciam em seu semblante.

— Sim, mas tem algumas coisas a mais… — Ela respondeu. — Minha mãe tinha parentes sul-americanos, e tem um pouco dos ritos deles nesse totem também. — Essas coisas espirituais nunca combinaram comigo, com o que acredito. Mas depois do último ano, eu já nem sei mais em que realmente acreditar.

Emily estava ainda mais séria quando soltou o objeto na água, e ao contrário do que eu imaginava, ele não afundou. A guirlanda de madeira boiou, e foi levada gentilmente pela maré, até além do que a minha vista conseguia alcançar. Depois de um momento, eu apenas conseguia ver o brilho único da pedra ao longe, e após isso, mais nada.

— Agora os lobos estão protegidos — Tentei imaginar que isso realmente tinha funcionado, e se realmente existisse alguma divindade maior, ela devia isso a eles.

— Não são os lobos que me preocupam mais — Ela se virou para me olhar, e a cicatriz reluziu em seu rosto sério. Os olhos, por outro lado, estavam úmidos como o mar. — Eu pedi proteção à você Bella…

***

O caminho para casa foi silencioso, ninguém estava com vontade de conversar. Decidimos, por fim, executar o plano pela manhã, já que não tínhamos mais tempo a perder. Quanto mais esperávamos, mais Victória se fortalecia, e mais os lobos enfraqueciam. Também havia dúvidas na minha cabeça, que começavam a surgir cada vez que eu pensava mais seriamente sobre o assunto. E esse era um luxo que eu não poderia me dar agora.

Acabei chegando em casa um pouco antes de Charlie - pelo menos não quebrei essa promessa -, e tratei logo de me retirar para o quarto, com a desculpa que estava muito cansada.

Na verdade, eu estava exausta. Emocionalmente exausta. Já não bastava eu ter que lidar que, muito provavelmente, eu estaria me jogando nos braços da morte, mas agora havia magoado Jacob também. Um ciclo de culpas e arrependimentos se iniciou na minha mente quando eu me deitei na cama. E não foi surpresa quando tudo terminou em Edward outra vez. Parecia que não importava o que eu fazia, eu sempre acabava sozinha na floresta novamente. E colocar as coisas desse jeito, fez o buraco no meu peito se abrir. Uma sensação que eu não sentia fazia dias, e que não me era estranha quando voltou.

Mas não tratei de afastá-la, não desta vez. Me permiti sentir tudo, como se fosse a última vez que eu pudesse sentir as coisas. Apesar de tudo ter sido tão intenso desde que eu vim para Forks, eu não me arrependia sobre nada que eu experimentei e me fez chegar até aqui. Fiz amizades que eu guardarei no coração, e fui amada, verdadeiramente, mais de uma vez. E isso é algo que as pessoas demoram anos para sentir, e às vezes, nem sentem. Eu tinha que ser corajosa, mas mais do que isso, eu precisava finalmente me perdoar.

Parecia que, após tudo o que aconteceu, eu ainda achava que merecia isso. Merecia a dor e a solidão que a acompanhava. Mas isso não era verdade,  não podia ser esse meu destino. Correr atrás de alguém que mais parecia uma lembrança estranha agora. Tinham acontecido coisas que estavam completamente fora do meu controle, e está na hora de eu parar de me culpar pelas atitudes dos outros. Tomaria, finalmente, as rédeas da minha vida. Eu não queria mais ser a frágil Bella, a humana desajeitada que espera por dias na janela alguém aparecer para dar um novo sentido à sua vida. Eu estaria na linha de frente dessa vez, ao lado daqueles que dariam tudo por mim, e lutaria por eles também. E se as minhas escolhas fossem péssimas, ainda sofreria as consequências com a certeza de que, pelo menos, elas eram realmente minhas.

Agradeci mentalmente cada pessoa que eu guardava no peito, por ter feito parte da minha história. Teria que fazer minha despedida silenciosa hoje, pois amanhã, não me permitiria sentir mais medo. Tratei de agradecer principalmente Edward e Jacob, mesmo que os dois não estivessem aqui, eu estava grata pelo amor deles. Estava grata por ter amado eles. E sem um pingo de arrependimento, apesar de algumas lágrimas terem rolado pela minha bochecha, eu deixei-me levar nos braços de Morfeu, adormecendo um sono sem sonho.

Acordei mais tarde na mesma noite, não com pesadelos, mas com um som do lado de fora da casa.

— Bella... — Sussurrou a voz. Eu ainda estava sonolenta, então não consegui identificar de começo. Mas quando ela chamou novamente. — Bells… — Eu sabia que era Jacob.

Levantei sem jeito e atravessei o quarto, abri a janela cuidadosamente, para evitar qualquer barulho, e esperei um pouco afastada. Em um segundo, Jake saltou para dentro do meu quarto. Estava virando um costume eu ter garotos entrando no meu quarto tarde da noite, e eu não sabia se estava muito confortável com isso.

— O que você quer? — Perguntei enquanto cruzava os braços. Tomava esta estúpida posição de defesa, sem motivo algum.

Ele não falou, apenas ficou me encarando por um tempo. Sua boca abria e fechava em alguns momentos, não conseguindo encontrar as coisas certas para dizer. Mas nós nunca fomos bons com palavras de qualquer jeito. Meu corpo implorava pelo seu calor reconfortante, então eu fiz a única coisa que me veio à mente para acabar logo com esse desconforto crescente. O abracei.

A sua temperatura me envolveu como eu me lembrava, e parecia que eu me derreteria por estar tão perto de seu peito nu. Aos poucos, seus braços me acalentaram também. Foi com surpresa que eu percebi que meu ombro estava úmido, Jake estava chorando novamente. Mas ele não chorava como as pessoas normais, como eu. Era um choro silencioso, de uma dor profunda, não tinha soluços ou tremores, algo proibido. Apesar de estar sempre cercado por seus irmãos lobos, ele era solitário quando chorava. Eu nunca imaginei que alguém como ele, com o próprio sol dentro do peito, seria capaz de chorar. Este é um Jacob que eu nunca havia percebido, até agora.

— Você tem certeza? — Disse, após outra longa pausa. A sua voz estava pesada e grave como nunca antes. Eu não me lembro quando, mas parece que eu tinha começado a chorar também.

— Tenho… — Respondi tão baixo, que me pergunto se ele escutou.

— Logo agora que eu... — Mais uma frase inacabada, que não precisava ser acabada. Seus braços me prenderam mais forte em volta de seu peito, para que eu não escapasse. Mas não havia outro lugar que eu queria estar agora.

Com o tempo ele me soltou, mas não queria que ele fosse embora tão cedo. Jake se sentou na ponta da minha cama, visivelmente preocupado com toda a situação que nos metemos. Eu queria dizer tantas coisas, mas parece que a lua tinha devorado minha voz.

— Eu ainda sinto o cheiro... O cheiro dele — Ele disse, distraído. Só após um tempo eu entendi de quem ele falava, e a menção a Edward vindo dele, de maneira tão espontânea, me deixou sobressaltada. — Não em você — Ele tratou de complementar. — Mas no seu quarto, nas suas coisas... — Jake estava preso nos próprios pensamentos, enquanto brincava com um livro que eu tinha esquecido perto da cama.

Eu sabia que o olfato dos vampiros era mais aguçado que dos outros seres, então deduzir que o dos lobos era igualmente, ou até melhor que o deles, não me chocou. Tratei de ir me juntar a ele na cama, sentando ao seu lado. Jacob continuava incrivelmente menor no mundo.

— E como é? — Disse, tentando distraí-lo dos pensamentos, mas igualmente curiosa para saber como era para ele. Eu não me lembrava do cheiro que os vampiros tinham, apenas sabia que era algo muito agradável.

— Doce — Ele riu um pouco, e uma faísca brilhante surgiu na noite. — Enjoativamente doce e gelado. Se estivesse mais forte, queimaria meu nariz.

— Todos os vampiros têm o mesmo cheiro? — Perguntei, mas me arrependi na mesma hora. Eu devia estar mudando de assunto, e não continuando ele.

Jacob fez que “sim” com a cabeça. E eu observei com pesar, quando a luz escapou de seus olhos quando ele completou, ainda sem me encarar — Eu tenho medo que ele volte um dia, sabe... — Suspirou pesado.

Essa preocupação me feriu de vários modos. Para mim, estava mais do que claro que Edward nunca voltaria, ele mesmo disse isso, e não ter vindo até agora, mesmo quando eu quase morri antes, apenas confirmava ainda mais essa ideia. Mas saber que Jake se preocupava com uma coisa dessas era horrível. Talvez eu não fosse a única que precisava superar a existência do vampiro.

— Ele disse que não voltaria — Jake se virou timidamente para mim, o brilho de seu olhar ressurgindo um pouco. Reafirmar essa verdade me deixou desconfortável. Eu gosto de pensar que já estava superando Edward, conseguindo deixar para trás meu passado. Mas me parece que ainda havia um caminho a ser percorrido. Foi então, que mais para confirmar isso a mim mesma, do que para confortar Jacob, que eu repeti. — Ele se foi. Nunca mais o veremos. Ele me garantiu isso antes de partir — E a dor foi bem menor do que eu imaginava.

— Então eu apenas posso sentir pena dele, Bella. Ele deveria estar louco — Respondeu, de repente com um tom divertido na voz. — Eu voltaria por você — Agora Jacob se aproximou, e colocou sua mão sob a minha, fazendo-a derreter de tanto calor. — Eu nunca partiria, para começo de conversa.

Seu olhar intenso estava lá novamente, um poço tão negro de castanho que eu poderia facilmente me perder dentro. Talvez se eu olhasse mais a fundo, eu encontraria a Lua em pessoa. Foi em um movimento lento e familiar que nossos lábios se encontraram. Mas não nos apressamos agora, eu queria realmente aproveitar o máximo de tempo que me restava com ele. Sanar as suas dúvidas, assim como ele sanava as minhas. Mostrar que ele não seria apenas uma distração para a minha mente vazia. 

Seu hálito era igualmente quente ao seu corpo, e seus cabelos liberavam um cheiro amadeirado, de almíscar. E pensei como essas coisas juntas o tornavam um ser tão especial.

— O quanto você me ama, Bella? — Ele me perguntou quando paramos brevemente para retomar o fôlego. Seu olhar intenso demais, seu corpo quente demais. A pergunta assim como a situação me deixou sem palavras, mas ele não me deixou responder de qualquer maneira. O beijo ficou mais urgente quando ele retomou no segundo seguinte, e eu temi que fosse porque ele teria que ir embora.

— Não vá... — Pedi, quando essa ideia se tornou demais para eu aguentar.

— Não irei... — Ele respondeu, como se fosse a verdade mais óbvia do mundo.

Depois de alguns minutos Jacob começou a ceder ao sono, as emoções do dia vieram cobrar seu preço. Acabei sentando na cama, de costas para a parede, e ele deitou a cabeça confortavelmente no meu colo, tomado pela exaustão.

— Eu não quero te perder — Disse em um sussurro, para somente eu ouvir. — Logo agora que eu tenho você...

— Não vai — Respondi, sem saber se ele realmente estava ouvindo. — Prometo...

A respiração dele se acalmou enquanto eu acariciava seus cabelos curtos. Ele tinha adormecido. Pensei em quanto ele mudou, quanto nós mudamos. Jacob, que se tornou meu amigo Jake, que eu queria que fosse meu irmão, e agora. Ele havia se tornado tão mais para mim, não havia? Talvez eu devesse parar de negar que o amo também.

— Quando será que comecei a amá-lo? -, imagino que foi gradativamente, como cair em um sono tranquilo. Não pude conter um sorriso enquanto eu observava seu rosto sereno entre as minhas mãos. Ele parecia tão frágil enquanto estava assim. E eu tive a certeza, mais do que nunca, que eu havia feito a escolha certa em lutar por ele.

Seria nesse momento que a voz de Edward apareceria na minha cabeça, falando algo como “seja feliz”. Mas não havia voz, não havia mais dor. Apenas havia a respiração quente e compassada de Jacob na minha camisa.

Eu também adormeci.


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Notas finais do capítulo

Morfeu: É o deus dos sonhos na mitologia grega.



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