Os eventos do livro seguem normalmente até o "Capítulo 16: Páris", e tem continuidade após o seguinte trecho:

“Se eu virasse o meu rosto para o lado - se eu pressionasse meus lábios no ombro nu dele... eu sabia sem dúvida nenhuma o que viria a seguir. Seria muito fácil. Não teria que haver explicações essa noite”.

Eu estava fraca e quebrada, clamando por um amor que não julgava merecer ou seria capaz de retribuir. Eu poderia fazer isso com alguém que eu estimo tanto?

Jacob havia sido meu sol por todas essas semanas, aquecendo aquilo que foi deixado frio, e substituindo o que me foi roubado.

Eu não poderia fazer jus ao amor que ele estava disposto a me dar, mas eu queria me sentir inteira de novo, e ele era o único que estava sendo capaz de me fazer sentir assim.

Julieta nunca trocaria Romeu por Páris, mas e se Romeu nunca tivesse sido Romeu? Eu ainda estaria no começo do romance, e Páris foi o único a ser apresentado para mim até então. Eu podia pensar em várias maneiras de me sentir errada nessa situação.

Mas eu decidi que estava lendo literatura demais.

Foi realmente muito fácil, pressionei levemente meus lábios em sua pele cobre escaldante. — Jake... —, disse em um sussurro.

Os acontecimentos seguidos foram naturalmente se desenrolando. Jacob beijou o topo de minha cabeça, e levantou meu queixo de leve. Nossas respirações se encontrando, a dele quente como seu corpo em contraste com a minha, fria como a noite.

Um segundo se passou, talvez menos, e fui eu a primeira a pressionar nossos lábios juntos.

Não havia espaço para o errado ou culpa, enquanto ele colocava a mão atrás da minha cabeça e me puxava para mais perto de seu ser.

O ar começou a me faltar enquanto tentávamos ficar mais próximos, e tivemos que nos afastar no final. Foi com uma mistura de vergonha e confusão que notei que Jacob estava ofegante também.

— Desculpe — Eu murmurei sem jeito.

— Não se desculpe por isso — Ele se aproximou e deu mais um beijo quente em meus lábios. — Por favor... — Jake encostou sua testa na minha, fechando os olhos enquanto respirava pesado.

Ele se enrijeceu em seu assento quando viu o carro de Charlie virar a esquina — É melhor eu ir andando — Disse, um tanto melancólico.

Eu não queria que ele fosse, mas não tínhamos escolha. Charlie precisaria de um tempo a sós com sua tristeza, e eu com as minhas dúvidas.

— Te vejo amanhã, certo? — A resolução repentina de que Jacob poderia desaparecer também, tomou conta de mim, fazendo minha cabeça girar com os diversos sentimentos conflitantes que agora gritavam nos meus ouvidos.

— Claro Bells, nos veremos logo cedo – Me acalmou, dando um sorriso iluminado. — Prometo — Completou enquanto segurava meu rosto entre suas mãos grandes.

Jacob deu mais um beijo rápido nos meus lábios e desapareceu silenciosamente por entre a floresta escura.

Charlie chegou logo depois, e eu saltei do carro na mesma hora. — Pai! — Chamei enquanto corria para abraçá-lo.

— Está tudo bem, Bella... — Foi o que ele respondeu, mas eu pude ver em seu rosto apático que nada estava bem. Perder um amigo como Harry o abalou de tal modo, que eu não sabia se o veria sorrir de novo. E me perguntei se não era assim que eu me parecia, quando Edward foi embora.

A menção ao nome dele me fez parar, - esperando pela dor que viria a seguir -. Mas ela não veio.

Entramos silenciosamente na casa, ela parecia mais escura que o normal, e por um momento eu tive medo que algo estivesse lá dentro, esperando por mim. Mas não havia. Charlie e eu subimos lentamente as escadas, a casa estava com um ar terrível por diversos motivos, eu me joguei na cama e cobri minha cabeça com um travesseiro, para tentar me esconder dos meus pensamentos.

Culpa, traição, ansiedade, satisfação, tudo isso misturado com as borboletas no meu estômago, que surgiam cada vez que eu relembrava do momento que tive com Jake dentro do carro. - Onde eu estava com a cabeça? -, a lembrança do calor dele em meus lábios me fez corar. Jacob não era o mesmo garoto que há alguns dias eu desejava que fosse meu irmão? E enquanto a Edward? Tudo bem, ele me deixou e foi em busca de sua felicidade - as lembranças da floresta com ele me fizeram me comprimir em uma bola, para aguentar a dor -, mas será que eu estava pronta para “superar”? Como se fosse possível superar ele.

As perguntas que haviam dentro da minha cabeça me faziam querer gritar, gritar para que tudo se acalmasse, mas Charlie não merecia isso. Segurei firme e mordi meu travesseiro enquanto os questionamentos não me deixavam dormir.

E muitas horas se passaram até que eu conseguisse acalmar as coisas na minha mente, e parasse de morder o travesseiro. Primeiro: Edward de fato me deixou, e não voltará. Isso era óbvio, então eu mereceria correr atrás da minha felicidade, nem mesmo que ela não fosse completa e só servisse para me manter inteira por mais alguns dias?

Essa era a questão principal me rondando neste momento, o que me leva ao próximo problema. É justo eu tomar posse do amor de Jake, mesmo sabendo que não há como eu retribuir o que ele está disposto a me dar? - O que, pelo jeito, é algo extraordinário -, mesmo sabendo que eu estou... Que Edward me deixou tão esburacada?

Mas eu queria tentar. Tentar por mim, por Jacob, por Edward.

“Seja feliz”, essas palavras ecoaram na minha cabeça, até eu desmaiar de cansaço.

No meu sonho, eu vagava pela floresta, mas essa era diferente, muito mais clara e com um tom especial de verde. Depois de ter andado um pouco, eu encontrava a pequena casa de Emily, mas tinha algo errado, uma luz ofuscante explodia pela janela me fazendo cobrir os olhos. Eu continuava andando lentamente até alcançar a porta, só para abri-la e ser cegada totalmente por uma luz branca e quente.