Iguais, porém opostos escrita por Cellis


Capítulo 1
Como água e óleo


Notas iniciais do capítulo

Olá, querido leitor!
Seja bem vindo e boa leitura ♥



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Bo Ra era boa com descrições. Nas aulas de produção textual (um nome elitizado para redação), ela era sempre elogiada pela sua sensibilidade ao captar o ambiente ao seu redor e transcorrê-lo para o papel, fazendo com que o professor se sentisse envolto e acolhido por suas palavras. Ela era boa na grande maioria das coisas que fazia, na verdade, mas isso não estava se aplicando em seu humor naquele momento.

Seis e meia da manhã, era o que o relógio digital quadrangular marcava, sobre sua mesinha da cabeceira. Não havia a menor necessidade de programar o despertador para uma hora e meia antes do início do primeiro tempo, mas ela sempre gostou de estar adiantada. Se tivesse algum imprevisto, desde algo pequeno, como derramar suco em seu uniforme, até coisas do tipo perder o único ônibus que passava na vizinhança pela manhã, ela teria tempo de sobra para encontrar uma solução e chegar no horário certo. Não era exatamente uma pessoa metódica e super prevenida, mas manter uma rotina calma e organizada pela manhã lhe agradava — assim, pelo menos, chegaria naquele antro que chamava de colégio mais relaxada, sem vontade de assassinar o primeiro ser humano de nariz em pé que atravessasse seu caminho.

Suspirou, tocando no relógio ao seu lado para que ele parasse de emitir aquele alarme irritante. Não conseguia descrever como estava se sentindo. Seu professor de redação ficaria decepcionado se a visse naquele momento, sem conseguir encontrar uma única palavra para descrever a volta às aulas — a última de toda a sua vida de colegial, na verdade. Dentro de alguns meses, estaria formada e se matando duas vezes mais atrás de uma boa faculdade; não que precisasse se preocupar com isso, mas acabava não conseguindo evitar. Sacudiu a cabeça, finalmente desistindo de encontrar a palavra ideal, e tratou de levantar-se para iniciar seus pequenos rituais matinais — não era de seu feitio desistir, mas tinha coisas mais importantes para tratar naquele momento.

Não demorou muito para que já estivesse de banho tomado e devidamente arrumada, vestindo com má vontade aquela saia xadrez e curta que tanto detestava e o blazer com o símbolo do colégio que fazia as maquiagens das meninas derreterem no verão, por esquentar tanto. O que esperar de um uniforme desenhado pela alta sociedade de Seul? 

— Nada. — respondeu em voz alta sua própria pergunta mental, apanhando a bolsa preta de couro e começando a descer as escadas.

Achou engraçado que aquela fosse a primeira palavra a pronunciar no dia.

Mas não havia ninguém para quem dar um "bom dia", afinal. A mesa da cozinha estava lindamente posta, exibindo um café da manhã colorido e diversificado, porém, ao lado do cestão de pães, um pequeno bilhete de sua avó.

"Tive de sair mais cedo para preparar o café do filho do casal Kim. Espero que tenha um bom primeiro dia de aula e que se cuide.

Com amor, vovó."

O bilhete transbordava toda a fofura da velha senhora, mas não produziu em Bo Ra o efeito que a avó esperava. O maldito não tinha nem mesmo a capacidade de preparar o próprio café da manhã, a garota resmungou mentalmente enquanto mordia com força uma maçã grande e vermelha. Os últimos dois meses tinham sido, de longe, os melhores de sua vida. Kim Taehyung, o herdeiro podre de rico da mansão que praticamente engolia a casa anexa onde Bo Ra e sua avó moravam, havia passado todo o período das férias escolares esquiando em algum país de inverno rigoroso e estadia cara, o qual Bo Ra não fizera a mínima questão de lembrar o nome — ele havia desaparecido por dois lindos meses, proporcionando à Bo Ra o devido descanso que ela acreditava merecer, e era isso que importava. Agora, não havia voltado nem mesmo há dois dias, e já estava pedindo à governanta da casa favores que qualquer empregada poderia fazer. Mas qual seria a graça de tomar um café da manhã caro e abundante, se não fosse preparado pela senhora já de idade avançada que fizera de um tudo por aquela família, como governanta?

— Nenhuma. — Bo Ra respondeu para si mesma, mais uma vez em voz alta.

Terminou sua maçã e, em seguida, bebeu um copo de leite. Não era a maior fã de cafeína e não sentia fome pela manhã, por isso apenas aquilo lhe bastaria. Escovou os dentes e logo plugou os fones em seu celular, enfiando o aparelho no bolso da grossa jaqueta escolar. Gostava de ouvir qualquer música de ritmo lento durante o trajeto até o colégio, um de seus rituais matinais para se manter sã e relaxada. Pegou sua bolsa e logo já estava passando pela porta da frente, com quase uma hora lhe restando.

Não havia necessidade de chaves por ali. O condomínio de luxo esbanjava acessórios de segurança, desde câmeras de última geração, passando por homens de preto que percorriam as ruas cimentadas durante todo o dia, até às cercas elétricas. Era um recanto impenetrável, mesmo que o bairro não fosse lá de grandes perigos — e, mesmo que algum marginal conseguisse atravessar todo aquele sistema de segurança e arrombasse uma casa, com certeza não seria a casa da emprega nos fundos de uma mansão.

A canção nos ouvidos de Bo Ra era apenas instrumental, onde o saxofone predominava. Era lenta, ao mesmo tempo que lhe permitia mexer seu corpo e tentar formar uma coreografia mentalmente — duas grandes paixões sua, aquele estilo de música e dança, combinadas. A mansão da família Kim não era muito longe da entrada principal do condomínio, por isso, pôde alcançar a mesma antes que a melodia suave terminasse. Sorriu amigavelmente para o porteiro já idoso e o cumprimentou com um aceno de cabeça, enquanto o mesmo abria os grandes portões brancos para que ela passasse. Agora ele já a cumprimentava de volta de um jeito simpático enquanto controlava o portão eletrônico, porém, quando começou a trabalhar ali há não muitos anos, ele sempre se espantava quando via uma menina tão jovem e residente dali lhe oferecer tal gesto.

"Dinheiro pode até comprar conhecimento, mas jamais bons modos e educação.", era o que a avó de Bo Ra sempre dizia, tendo seu ditado pessoal provado pelo pobre porteiro.

Já do lado de fora, Bo Ra sentia como se o ar ali fosse mais leve e mais puro. Ainda era um bairro nobre e repleto de pessoas arrogantes, porém, pelo menos não estava mais sendo sufocada por todos aqueles artifícios de segurança do condomínio onde morava a família Kim, mesmo que ainda estivesse recostada no muro do mesmo para esperar seu ônibus. Aqueles eram os poucos minutos do seu dia nos quais podia respirar aquele ar tão raro, pois logo estaria entrando em um colégio de elite que não era muito diferente daquele condomínio; apenas mais movimentado. Mas, no fim das contas, ela já estava acostumada com os adolescentes endinheirados ao seu redor, uma vez que estudara no Kobe Suwon (sim, era uma escola extremamente cara e com um nome mais ridículo do que o valor da sua mensalidade) durante quase toda sua vida. Entrara ainda na fase elementar e agora estava prestes a se formar no último ano, passando anos e mais anos rodeada pela mesma estrutura e por praticamente as mesmas pessoas. Insistiu para que sua avó a transferisse assim que entrou na adolescência, época em que realmente percebeu o mundo mesquinho no qual estava vivendo, mas a idosa rebateu firmemente e disse que ela continuaria ali para receber a melhor educação da cidade. Enquanto eu puder pagar, você estudará no melhor colégio e se formará com honra, ela disse.

Bo Ra não via nada de honroso em se formar no Kobe Suwon. O sistema de ensino era ótimo e os professores tão bons quanto, isso era verdade, mas faltava em toda aquela perfeição as bases de um ser humano: valores. O colégio formava super máquinas ao invés de bons cidadãos, e Bo Ra realmente não via utilidade nisso — porém, como boa neta que sempre foi, abaixou a cabeça a acatou a decisão da mais velha.

O portão ao seu lado começou a se aberto, e o barulho do atrito do objeto pesado contra o chão acabou lhe chamando atenção. Pelo mesmo, saía um carro preto comprido com os vidros igualmente escuros, que impediam que os passageiros fossem vistos; mas Bo Ra conhecia aquele veículo bem o suficiente para já saber quem estava lá dentro, no banco de trás, mesmo que não pudesse ver nem mesmo a sombra da pessoa.

Era o carro da família Kim. Não qualquer um dos três que a família possuía, mas sim aquele que era usado apenas pelo filho mais novo do casal, Kim Taehyung. O garoto estava ali, sendo confortavelmente conduzido pelo seu motorista particular até o colégio, e Bo Ra sabia disso. Depois de tantos anos de convivência, ela podia sentir o sorriso vitorioso e arrogante que ele exibia por trás daqueles vidros negros, ao mesmo tempo que o ônibus da garota encostava próximo à calçada onde estava para buscá-la. Ambos os veículos, apesar de completamente distintos, percorreriam o mesmo caminho — porém, separavam os dois estudantes do Kobe Suwon como água e óleo.

Bo Ra estava presente no jardim da mansão, há alguns anos, quando o Sr. Kim sugeriu que os dois fossem juntos para o colégio. Não custa nada dar uma carona para a moça, disse o empresário e seu filho concordou prontamente com a cabeça, como o anjinho dedicado e compreensível que aparentava ser. Porém, no dia seguinte, o rapaz saiu de casa meia hora mais cedo e deixou Bo Ra esperando feito idiota no portão de garagem da casa. Pela primeira vez, ela acabou chegando atrasada na escola e teve que ficar depois da aula para limpar a sala sozinha, tudo por causa dele.

Mas, no fim das contas, aquele era Kim Taehyung. Ele era exatamente como aqueles óleos de cozinha baratos: escorregadio e, quanto mais tempo se utilizava, mais escuro e pegajoso ele se tornava. E, claro, como todo óleo que se preze, jamais se misturava com água — nesse caro, então, Bo Ra era a água.

O trajeto até o colégio fora tranquilo, como ela já esperava. Depois de sentir o olhar do menino óleo lhe acompanhando enquanto ela subia em seu ônibus (ela apenas sabia, não tinha explicação), ela respirou fundo e decidiu que não deixaria que o mesmo acabasse com sua pouca animação para o primeiro dia de aula. Como eram raras as almas que utilizavam o transporte coletivo naquele bairro, Bo Ra conseguira um acento lá pelo meio do veículo e foi sentada durante o trajeto que durava quase meia hora, aproveitando as melodias calmas da sua playlist favorita. Só foi retirar seus fones e guardá-los quando desceu em seu ponto, que ainda ficava há algumas quadras do colégio. Não era permitido a passagem de ônibus na rua da instituição, pois a mesma já servia exclusivamente para estacionamento — não que a grande maioria dos alunos tivesse um carro, já que nem mesmo podiam dirigir ainda, mas essa regra mesquinha ainda existia. Começando a se sentir levemente irritada pela simples existência de pessoas que pensavam do mesmo modo que aquela regra, Bo Ra colocou-se a caminhar em seu ritmo normal até a escola (ainda tinha seus vinte e poucos minutos sobrando).

E então, lá estava o monstruoso colégio Kobe Suwon. Para qual fosse o lado que você olhasse, encontraria as cores branco e vermelho e um imenso gramado artificial na entrada do lugar, além da placa feita de uma pedra rústica e escura com o nome do colégio. Como se alguém não soubesse que aquele era o famigerado Kobe Suwon.

Havia alguns adolescentes espalhados pelo gramado, alguns sentados e outros de pé, porém todos formando suas pequenas e restritas panelinhas. Bo Ra não se deu ao trabalho de procurar por algum conhecido já que, se acabasse por encontrar, provavelmente seria alguém de quem não gostava e que não daria a mínima para a chegada da garota. Sempre com a cabeça erguida e fitando as portas de vidro da entrada do colégio, ela percorreu todo o caminho cimentado que dividia o enorme gramado em duas partes exatamente do mesmo tamanho sem olhar para os lados. Percebeu que alguns alunos, grande parte da sua própria sala, notaram a sua presença, mas ambas as partes ignoraram uma a outra. Estariam melhor assim, sem dúvidas.

No mesmo instante que pôs os pés no largo corredor principal da instalação, preenchido por uns poucos alunos, alguns armários, portas que davam para as salas das primeiras séries e alguns quadros de figuras que já foram importantes ali, foi interrompida por uma exclamação que lhe chamou atenção.

— Kang Bo Ra! — a voz masculina soou autoritária pelo corredor, assustando alguns dos alunos que por ali estavam. — Espaguete!

Bo Ra, por outro lado, acabou rindo sozinha sem nem ao menos saber de qual canto a voz vinha. Mesmo que ele não tivesse pronunciado o apelido que ele mesmo lhe dera e que apenas o próprio usava quando falava com ela, Bo Ra já o reconheceria apenas pela voz. Assim, quando, de repente, dois braços (que haviam ficado mais fortes durantes as férias, ela foi incapaz de não notar) envolveram seus ombros e lhe abraçaram por trás, ela nem ao menos se assustou.

Dedinhos. — ela disse e, mesmo que o apelido que ela havia dado para ele como vingança tenha deixado sua boca em tom de brincadeira, ele ainda protestou.

Yah, você sabe que eu odeio esse maldito desse apelido que você me deu. — resmungou, soltando-a. — Não tem graça nenhuma.

— Engraçado, eu gosto de espaguete. — riu, finalmente virando-se para encarar Park Jimin. Assustou-se, ao passo que o garoto já esperava por aquela reação vinda da sua melhor amiga. — Loiro, é? Quando isso aconteceu?

Orgulhoso, Jimin passou a mão direita pelos cabelos atualmente loiros e perfeitamente alisados. Da última vez que haviam se encontrado, ainda no início das férias, o rapaz mantinha um tom cinza escuro nas madeixas.

— Semana passada. Eu teria lhe falado, mas decidi de última hora e queria fazer uma surpresa. — respondeu, aproximando-se dela para que ela desse uma boa olhada em seus fios claros e sedosos. — Fiquei ainda mais lindo, não acha?

Ela riu. Park Jimin era o único ser humano descente que conhecera naquela escola e, desde quando o mesmo veio transferido de Busan, eles automaticamente tornaram-se amigos; mesmo que nenhum dos dois se lembrasse exatamente o porquê.

Jimin salvava os dias cinzentos que Bo Ra tinha que passar no Kobe Suwon.

Aigoo... pior que ficou mesmo. — ela disse, enquanto os dois começaram a caminhar lado a lado pelo corredor. As salas do ensino médio eram no terceiro andar, por isso, ainda tinham um longo caminho pela frente. — Se você fosse hétero, eu com certeza daria em cima de você.

Shiu, espaguete! — Jimin retrucou imediatamente, levando seu curto dedo indicador (eis o motivo pelo qual ela tinha lhe conferido aquele apelido: ele não era muito baixo e tinha um corpo particularmente invejável mas, mesmo assim, todos os dedos de suas mãos eram curtinhos e mais cheios, o que ela achava extremamente fofo e ele odiava) até os lábios dela, um sinal para que ela se calasse.

Bo Ra não pôde evitar de ficar um pouco séria naquele momento. Mesmo que Jimin aparentasse estar brincando sobre o assunto, ela sabia que ele morria de medo que alguém descobrisse que ele era gay. De toda a escola, apenas ela sabia e, mesmo assim, ainda foram necessários longos meses de amizade para que ele lhe contasse — e, se não o tivesse feito, ela provavelmente nunca notaria. Jimin era extremamente reservado e, misturado ao seu grupo de amigos, ele se passava naturalmente como heterossexual. Dizia que havia deixado em Busan uma bela namorada que o amava para disfarçar o fato de que jamais havia sido visto com uma garota (além de Bo Ra) pela escola e, quando queria satisfazer suas necessidades físicas e hormonais, ele encontrava-se com um de seus contatos em outra cidade. Cuidava dos mínimos detalhes para que ninguém descobrisse sua orientação sexual, mesmo que Bo Ra vivesse lhe dizendo que ele estava errado em fazê-lo.

Contudo, a vida e as decisões ainda eram dele. Ela só podia apoiá-lo e torcer para que fosse devidamente feliz um dia, como bem merecia.

Yah, eu estava completamente certo em lhe apelidar de espaguete. — ele disse enquanto subiam a rampa para o terceiro andar, desfazendo o clima levemente tenso com uma risada descontraída. — Mesmo que o tempo passe e que você continue fininha, você também continua gostosa.

E aquele era o motivo pelo qual Jimin havia lhe dado aquele apelido. No início, ela achou idiota e sem sentido, mas, com o passar do tempo, aquilo tornou-se normal e até mesmo engraçado. Bo Ra ainda achava dedinhos muito mais original, mas acabou sendo convencida pelo amigo quando ele lhe disse que estava apenas elogiando o belo corpo que ela tinha. E ela concordou, na verdade — Bo Ra era bonita não só de corpo, com suas leves curvas e suas pernas longas, como também de rosto, com suas maçãs do rosto bronzeadas, os olhos de ébano e o longo cabelo negro e sedoso.

Por fim, Jimin acabou por inflar o ego dela, o que ela adorava sem pudor.

— O que dois belos meses de completo descanso não fazem, certo? — ela indagou, sorrindo e frisando bem aquela palavra para que ele a entendesse.

E Jimin entendeu, na verdade. E foi justamente por isso que lhe retribuiu com uma expressão não muito bonita.

— Você ainda não sabe. — iniciou, passando a mão pelos cabelos mais uma vez. Bo Ra o encarou, confusa. — Eu tenho duas notícias, uma boa e outra que será a morte do seu dia. Qual você quer primeiro?

— Bem, eu seria idiota se matasse o meu dia primeiro. — ela respondeu, sem dar muita atenção para o que ele dizia. Jimin podia ser um tanto dramático às vezes, e isso a levava a acreditar que ele não tinha nada realmente sério para lhe contar.

— A boa é que, mais uma vez, nós ficaremos na mesma sala esse ano. — contou o rapaz, animado. Bo Ra sorriu, mesmo que não estivesse surpresa. Todo anos eles acabavam juntos. — Por outro lado... tem alguém na nossa sala esse ano de quem você não gosta muito.

— Eu não gosto de mais da metade da população dessa escola, Jimin. Você vai ter que ser mais específico.

Jimin a encarou, já fazendo uma cara de dor por antecipação.

— O Taehyung.

Bruscamente, Bo Ra parou onde estava, que por coincidência era na porta da sala onde estudaria esse ano.

Onde estudaria esse ano com Kim Taehyung.

— O Taehyung? Kim Taehyung? — indagou para o melhor amigo, um tanto descrente. — Não, isso não pode ser verdade. O único ano que nos colocaram na mesma sala, nós quase...

— Lançaram as cadeiras um no outro durante uma discussão. — completou Jimin, pensativo. — Sim, eu me lembro desse episódio.

— Então pronto! — exclamou alterada, e Jimin se perguntou mentalmente se aquela era uma boa hora para correr; especialmente quando percebeu quem se aproximava deles dois, por trás de Bo Ra. — Quem foi o acéfalo que me colocou na mesma sala que Kim Taehyung?

Droga, ele não teve ao menos tempo de avisá-la.

— Chamando meu belo nome logo de manhã cedo, Kang? — a voz grossa e irônica assustou Bo Ra, mas ela não precisou se virar para saber quem era. Seu estômago se revirou quando aquele aroma amadeirado alcançou suas narinas e o dono do perfume parou justamente ao seu lado. Bo Ra era alta, mas a diferença de altura entre eles ainda era notável, o que fez com que ela tivesse que, à contra gosto, erguer a cabeça para se deparar com aquele sorriso quadrado e perverso. Taehyung tinha tingido os cabelos com um tom cinza claro durante as férias, quase prateado, e os fios reluziam à luz do Sol. — Sentiu tanto a minha falta assim?

Kang Bo Ra nunca fora uma garota religiosa, nem mesmo durante os momentos mais difíceis de sua vida — porém, naquele exato momento, ela rezava mentalmente para que todos os possíveis seres superiores lhe impedissem de voar na jugular de Kim Taehyung antes mesmo do primeiro tempo de aula.

Ela sabia que juntá-los jamais daria certo.

Afinal, água e óleo jamais se misturavam.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Qualquer elogia, dúvida, reclamação, erro, sugestão ou qualquer coisa do tipo (até conversas aleatórias sobre a previsão do tempo, quem sabe) é só deixar um comentário que eu responderei com todo o carinho.
Nos vemos em breve!