All I Wanted - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

OEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!

Voltei, mesmo que bem rápido, mas volteeeeeeeeeei!

Então, eu havia começado essa fic por esses dias, mas foi tanto trabalho, tanta dor de cabeça, que não consegui terminar. Mas hoje é um dia especial. Vou dedicar essa fic primeiramente a Flora (FELIZ ANIVERSÁRIO, FILHOTA!!!), as manas do grupo de Hayffie (eu sei que to bem sumida, mas eu amo vocês, sério!).

Ah, hoje é aniversário da Elizabeth Banks também o/

Enfim, vamos à fic?

Boa leitura! ;)



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Uma música lenta começa a tocar e logo, quase que mecanicamente, alguns casais se formam para dançar. Aquele era mais um encerramento de mais uma turnê da vitória, então todas as equipes de preparação podiam marcar presença. Era um evento para aproveitar e rever alguns amigos, é claro. Mas todos os anos sempre era o mesmo sentimento vazio de perda. 

Suspiro e pego uma taça de espumante que um garçom me oferece ao passar por mim. Tomo um gole e deixo que o sabor se espalhe pela minha boca. Talvez isso me alegre um pouco, quem sabe. 

Observo os casais dançando me pergunto se estão realmente felizes ou só aproveitando a festa, até ter minha atenção voltada a uma figura parada do outro lado do salão: Haymitch, assim como eu, também está com uma taça na mão. A diferença, é claro, é que ele provavelmente já está na sua... quinta? 

Ele sorri e vem na minha direção. Vira a taça, tomando todo o resto do líquido de uma vez e entrega a mais um dos vários garçons que não param de passar.  

— Hoje é dia de trégua? - ele pergunta com as mãos nos bolsos da calça.  

— Se você concordar...  

O sorriso dele se alarga e logo ele estende uma das mãos na minha direção. Aceito sem pensar duas vezes e logo estamos na pista de dança, rodeados por todos os outros que já estão dançando há um tempo.  

Sempre acabávamos definindo um dia de trégua durante os jogos. Geralmente esse dia era o dia da festa, no qual deveríamos apenas nos divertir e nada mais. Nada de trabalho. Nada de dor de cabeça. Algumas vezes conseguíamos mais de um dia de trégua, mas isso era muito relativo e sempre dependia do nível de embriaguez do Haymitch. 

A música muda, mas permanece no mesmo ritmo. Antes de tomarmos nossa posição, olho os pares ao redor, seus corpos extremamente próximos um do outro.  

— Não precisa ficar tão perto se não quiser – Haymitch diz como se lesse a minha mente. Isso me faz virar o rosto para fitá-lo, mas acabo percebendo que, mesmo com um pouco de distância, ele está próximo demais. 

Meus olhos caem para os seus lábios automaticamente e engulo em seco. Desvio o olhar, observando por cima do seu ombro, esperando que ele não tenha percebido que me atrapalhei. 

— Você até parece sóbrio hoje – comento, tentando aliviar minha tensão. Ele ri brevemente com o meu comentário. 

— Considerando que bebi apenas duas doses, posso me considerar sóbrio - olho incrédula para ele, o que acaba fazendo-o rir um pouco mais.  

— Você está brincando! 

— Não, não. É verdade – ele diz. - Você sabe que eu sempre tento não beber muito nos dias da trégua.  

— Eu sei, mas... dois copos é um recorde! 

— Talvez seja – ele diz antes de me rodar. Mas ao invés de me trazer de volta lentamente, ele me puxa, grudando os nossos corpos. O meu coração acelera com o impacto e torço, mesmo sabendo que será inútil, para que ele não perceba. - O seu coração tá batendo bem rápido - ele acaba confirmando a minha suspeita. 

— Você me assustou – protesto. 

— Você se assusta com tudo – rebate.  

Reviro os olhos e deixo-o me conduzir. Penso em me distanciar um pouco novamente, mas assim, como estamos agora, está bom. Encosto a cabeça no seu ombro, logo em seguida sentindo-o encostar sua cabeça na minha. Fecho os olhos, feliz por ele não estar vendo. A música muda novamente e ainda estamos no mesmo jeito. 

— Sabe o que eu estava pensando? - ele pergunta e eu murmuro um "hum" para que prossiga. Sua mão leva a minha até o seu ombro enquanto a dele se concentra na minha cintura. - Acho que deveríamos fazer mais dias da trégua. 

— Talvez – respondo. - Mas isso não depende só de mim.  

— Eu sei – ele diz. - Por isso fiz a proposta.  

Mordo o lábio, prendendo o riso. Inalo o seu cheiro e sou surpreendida com um bom perfume, ao invés do costumeiro cheiro de whisky que ele sempre carrega consigo.  

— Você tá cheiroso – comento, arrancando uma breve risada dele. 

— Às vezes eu fico. 

— Deveria tentar fazer isso todos os dias – sugiro. - Seria bom, sabia? Bem melhor que seu odor de whisky. 

— Se você repetir o que acabou de fazer, posso pensar seriamente nisso. 

Franzo o cenho. 

— O que eu fiz? 

Em resposta, Haymitch leva seu rosto até o meu pescoço, sentindo o meu cheiro. Minha pele se arrepia com o toque e acabo suspirando, o que provavelmente o divertiu. Logo após, para a minha surpresa, ele deposita um leve beijo antes de tomar distância, segurando as minhas mãos. 

Alguma música ainda toca, mas não faço ideia do que seja. 

— A gente podia sair daqui – sugere. 

— Você é bem direto. 

— Eu não vou mais beber hoje, então... 

— Então é só por isso – digo, fingindo estar ofendida. - Tudo bem, Haymitch... Pode ir – dou de ombros. - Eu vou ficar aqui. 

Olho ao redor e percebo que muitas das pessoas que estão aqui nos observam atentamente, algumas falando baixinho no ouvido de outras, apontando, rindo. No entanto, quando volto a olhar para Haymitch, ele não está mais lá. Ele sumiu. 

Acordo num salto, com a respiração um pouco acelerada. Levo alguns segundos para me recompor e pensar no que havia sonhado. Essa não foi a primeira vez que tive um sonho desse tipo, com ele me flertando ou algo assim. Desde que nossos dias de trégua começaram a dar certo, Haymitch tem se tornado uma pessoa melhor e mais sociável. 

Mas flertar daquele jeito? Eu devo estar ficando maluca. 

Levanto da cama e resolvo tomar uma água. Visto meu robe e saio do quarto ainda um pouco aérea. Talvez eu leve um pouco mais de tempo para processar tudo dessa vez.  

Suspiro e continuo meu percurso até a cozinha. Meus pensamentos confusos me levam a um questionamento sobre a razão de eu ainda estar neste emprego. Ah, talvez nem seja tão difícil encontrar outro. Provavelmente seria até melhor. Todos esses anos vendo sempre a mesma coisa, sempre mortes e esperanças jogadas fora. 

Mas então eu penso em Haymitch. Penso em como ele ficaria sozinho. Acho que eu nunca teria coragem de fazer isso com... ah, que droga, Effie! O que está acontecendo com você? 

Volto dos meus devaneios quase que tarde demais. Quando dou por mim, Haymitch está a dois passos de distância, fazendo algum sinal com as mãos. 

— Effie! - ele me chama. Levanto o meu olhar e ele parece um pouco confuso com o que vê. - Não sabia que era sonâmbula. 

Franzo o cenho tentando entender se aquilo era uma piada ou se era realmente uma dúvida dele. 

— Eu não sou – respondo baixinho e pigarreio, sentindo-me completamente de volta. - Eu só... tava pensando em umas coisas. 

Ainda um pouco desconfiado, Haymitch assente com a cabeça.  

— Ah... você ta indo pra cozinha? - ele indaga apontando em direção ao cômodo. Acompanho seu gesto com o olhar e balanço a cabeça em confirmação. - Aceita uma companhia? 

— Eu adoraria uma companhia – aceito sua proposta e sigo em frente com Haymitch no meu encalço. Abro a geladeira e tiro uma tigela de sorvete de morango, pousando-a em cima da mesa logo em seguida. Haymitch já havia se instalado em uma das cadeiras e apenas me observa em silêncio. - Você quer sorvete? 

Haymitch franze o cenho e se estica um pouco para olhar o conteúdo na tigela. Após fazer uma careta, ele acaba dizendo que sim. 

— Você sempre assalta a geladeira de madrugada? - ele indaga quando me sento à mesa ao seu lado. Dou de ombros com um olhar cortante antes de responder. 

— Não - digo. Penso em deixar apenas a resposta direta, mas acabo achando melhor prosseguir. - Só quando eu perco o sono. 

Eu havia pensado em dizer que havia tido um sonho estranho, mas como eu poderia explicar aquilo para Haymitch caso ele perguntasse? Geralmente eu costumo ser péssima com mentiras. 

— Você teve outro pesadelo? - pergunto encarando minha pequena tigela. O sorvete começando a derreter.  

Haymitch suspira. Isso é a prévia de uma confirmação. Ele bate levemente com a sua colher na tigela parecendo um pouco distante.  

— Tive – ele confirma. Prenso os lábios aguardando que ele prossiga ou dê o assunto como encerrado. Sempre acreditei que esse não fosse o tipo de assunto no qual ele gosta de falar, então acabo nunca dando corda. Haymitch é um homem complicado. 

Tento voltar a minha atenção ao resto de sorvete que está na minha frente, mas parece ser tão difícil.  

— Olha, posso fazer uma proposta? - ele indaga de repente. Seu tom de voz aumenta um pouco, dando a impressão de que ele encontrou um pouco de empolgação. Murmuro um "hum" para que ele continue. - Podemos fazer um dia de trégua hoje? 

Aperto os olhos analisando rapidamente a sua proposta, mesmo que ele já saiba que eu vou concordar. Haymitch sabe muito bem que eu adoro quando temos um dia de trégua, principalmente quando a proposta vem dele. 

— Por que não?  

Haymitch alarga rapidamente seu sorriso e então se estica para pegar nossas tigelas sobre a mesa, levando-as a pia para lavá-las. Continuo sentada, observando-o.  

— Então você é viciada em assaltar geladeiras – ele comenta e dá de ombros para me ver. Reviro os olhos com a piada e cruzo os braços sobre a mesa, apoiando o queixo sobre eles.  

— Claro que não - respondo. - Não é sempre. 

Haymitch volta sua atenção à louça, que termina de lavar em pouco tempo. Ele enxuga as mãos com a pequena toalha disposta no balcão e se vira para me encarar. 

— Você deve ser o que as pessoas costumam chamar de "falsa magra" - ele diz e finjo pensar um pouco antes de responder. 

— Por que você acha isso? 

— Você é magra – ele aponta e arqueio as sobrancelhas. - Mas você adora comer besteira. 

— Muito observador – rebato e ele revira os olhos. 

Ele não faz mais comentários e apenas me observa, aguardando que eu diga mais alguma coisa. Suspiro sentindo-me vencida com o olhar baixo. 

— Eu não posso ser assim enquanto eles nos observam – digo e Haymitch parece intrigado. - Eu preciso estar perfeita o tempo inteiro... Ou você nunca percebeu que todas as escoltas possuem praticamente o mesmo tipo físico? 

A intriga está exposta em seu olhar. 

— Eu achei que fosse algo comum na Capital, não que era uma exigência do cargo. 

— Acredite se quiser. 

Levanto e me direciono a geladeira. Haymitch permanece no mesmo lugar, seu olhar me acompanhando. Abro a porta e procuro por mais alguma coisa que favoreça ao meu apetite. Lembro de ter visto chocolate mais cedo. 

— Cuidado com a pressão, boneca – o mentor diz bem atrás de mim. Ele segura a porta e a abre mais um pouco, tendo uma visão do seu interior também. Estico o braço e pego uma pequena barra de chocolate branco, me desviando dele quando tenta tomá-la de mim. Até que ele fecha a porta. 

Me encosto no balcão e vejo um Haymitch de braços cruzados me observando como se eu estivesse fazendo algo errado. 

— O que foi? - indago. Haymitch balança a cabeça e, ao que parece, prende o riso.  

— É que... você parece outra pessoa assim – suas mãos gesticulam um pouco desastradas enquanto ele tenta se explicar. - Não que isso seja ruim... na verdade... - ele parece gaguejar um pouco. - Você fica ótima assim. 

Bufo com o seu comentário. É a vez dele perguntar o que foi. 

— Isso é muito clichê - digo, pousando o que restou da barra de chocolate no balcão. Fecho a embalagem para não sujar a superfície e volto a encará-lo. Seu cenho está franzido em confusão. - Eu claramente devo ser aquela mulher estranha que se esconde atrás de perucas e, de repente... - faço um gesto com as mãos na direção dos meus cabelos, deixando a frase no ar.  

— Claro, claro – ele diz. - Você já deve ter ouvido muito isso. 

— Já ouvi muito o inverso, se é o que está pensando – digo e ele parece intrigado mais uma vez. Suspiro e prossigo: - Meu ex me dizia que eu ficava melhor com peruca. 

— Então o seu ex tem um sério problema de visão - Haymitch conclui e desatamos a rir, tentando conter de imediato por conta do barulho. Me inclino um pouco para o lado e vejo que não tem ninguém andando pelo andar.  

Volto a fitar Haymitch e seu semblante sério sob a luz da cozinha acaba me deixando um pouco sem graça. 

— Você é a primeira pessoa que me diz isso além de Cinna.  

Sua expressão séria alivia um pouco e ele se aproxima um pouco mais de mim. 

— Bom, então isso quer dizer que... - ele estiva um pouco as mãos abertas na minha direção e eu as seguro nas minhas, com o olhar fixo nelas. - Não tenho muita concorrência. 

Meu estômago despenca. Não imaginei que ele seria tão direto assim. Talvez eu tenha deixado transparecer meu nervosismo quando acabei apertando um pouco sua mão. Nossos dedos se tocam algumas vezes antes que eu volte a fitá-lo. 

— Você não tem. 

— Não? 

— Não - repito. Seus lábios se movem num pequeno sorriso antes dele começar a se aproximar mais... e mais um pouco... E então meus lábios entreabertos encontram os seus numa ansiedade disfarçada de calmaria. Seus dedos deslizam das minhas mãos para os meus braços, fazem uma rápida parada nos meus cotovelos, guiando os meus braços a envolvê-lo. Continuando seu caminho com os dedos, enquanto permitimos que o beijo se aprofunde, sinto sua mão se acomodar entre os meus cabelos, livrando-se rapidamente de dois grampos que ainda seguravam algumas madeixas. Seus dedos se emaranham entre os meus cabelos e logo sou prensada entre seu corpo e o balcão; e mesmo me prensando, ele ainda parece tão... delicado. 

Haymitch parece totalmente seguro de si quando contorna a minha cintura com sua outra mão, totalmente o oposto da insegurança que eu sentia até dois segundos atrás. E quando suspiro entre um beijo e outro percebo-o sorrir em satisfação. Ele larga os meus cabelos e sou tomada por uma sensação de abandono que logo vai embora quando ele me envolve em seus braços num abraço apertado. Selo meus lábios nos dele antes de encostar minha cabeça no seu ombro, inalando seu cheiro de roupa limpa com, obviamente, álcool. 

Mas por hoje eu não me importo com esse cheiro. Só por hoje. Porque hoje é nosso dia da trégua e isso é apenas o cheiro dele. 

— Effie – ele me chama e respondo com um "hum". - Vamos ter mais dias da trégua? 

Um sorriso nasce em meus lábios com a sua pergunta. Me afasto um pouco para poder olhar nos seus olhos sob a luz do cômodo. A expectativa é clara no seu olhar. 

— Se todos eles forem assim... 

A minha resposta fica no ar e sei bem que não foi preciso terminá-la. O sorriso de Haymitch se alarga e ele me beija de novo. Eu não fazia ideia de onde aquilo ia nos levar, o que poderia acontecer daqui pra frente. Mas de uma coisa eu tinha certeza: não deixaria essa chance escapar. 


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Notas finais do capítulo

É isso aí, mores! Espero que tenham gostado!

Comentem e deixem a Lovett feliz!!! ♥



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