Avatar: A lenda de Mira - Livro 4 - Fogo escrita por Sah


Capítulo 21
Consanguíneos




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Haru

Eu nunca tinha me sentido tão bem. Pelo menos desde que eu acordei.  Não era como antes, mas era quase. E naquele momento era suficiente. Eu percebi que as influências de Vaatu estavam ficando cada vez mais sutis. Só que isso só queria dizer uma coisa. Em breve eu não conseguiria diferenciar eu e ele. Finalmente nos tornaríamos uma só coisa.

E isso me assustava. E esse medo era a única coisa que ainda me separava dele.

Kieran e Venon haviam me levado para longe daquele lugar. Com a queima da árvore, as pessoas que viviam em seu interior foram forçadas a sair, e não tinha como viver naquele deserto sem a árvore. Por isso eles sabiam que elas se voltariam contra mim.

Por algum motivo nós tínhamos que voltar para Republic City e planejar nossa próxima viagem. E era óbvio aonde o último espírito estaria. E de todos os lugares aquele seria o mais difícil de entrar.

Passamos por outro caminho para ir embora. Demoramos cerca de seis horas para chegar a uma parte da fronteira sem vigilância.  O rio que separava os dois países era um caminho perigoso.  Porém, para mim, isso não importava.

Ao olhar para as corredeiras, eu não tive como não sorrir. Era fácil demais. A água não era páreo para mim.  Eu apenas afastei a água formando um caminho entre as pedras. 

— Isso é incrível. – Disse Venon impressionado.

Kieran não disse nada. Quando chegarmos a Republic City, ele fará a sua escolha. Continuar comigo ou voltar para o clã.  Não consigo prever a sua escolha. A fina ligação que eu tinha com ele está cada vez menor.

Eu suspiro. Escolhas. Isso não é uma coisa que tive muito ao longo da minha vida.

Ninguém nos impede de continuar o nosso caminho.  Paramos para dormir perto de um pequeno posto de gasolina a caminho para o centro.

O dono do lugar me reconhece e nos oferece um lugar para dormir e  jantar. Enquanto eu me arrumo Venon tenta entrar em contato com alguns de seus subordinados.

—  Não consegui contato. E como se não houvesse mais nenhuma linha de comunicação na capital.

Na minha mente, veio os dois inúteis. Será que eles tornaram a cidade incomunicável de propósito?

Coloquei a mão na cabeça e comecei a pensar. Eu sabia aonde ir. Era óbvio. O último passo de toda essa empreitada. Porém seria complicado entra lá. Mesmo antes de Unac,  eu sequer tinha pisado naquele país.

Ao nos sentar para jantar, olhei para Venon e Kieran.

Kieran estava estranho. Não sei se era por minha causa, ou por causa do espirito da terra. Eu não conseguia desvendar seus pensamentos.

—  Como eu faço para entrar na união do fogo?  -- Eu falei sem rodeios

Isso não pegou nenhum dos dois de surpresa.

Venon coçou a cabeça. E Kieran permaneceu igual.

—  Acho que é impossível entrar lá. – Kieran falou desanimado.

—  Não posso dizer que é impossível. Mas, difícil. Eu mesmo estive lá só duas vezes. – Venon disse como se essa informação não fosse importante.

—  Como você fez isso?

—  Bem. Eu só fui lá para negócios. Mas, não sei se posso ficar falando disso.

Fazer negócios com a União do fogo sem permissão do governo pode ser considerado traição. Ainda mais se formos falar das Industrias Varrick.  A maior fabricantes de armas do mundo.

—  Isso não importa agora. Eu quero saber como podemos fazer para entrar lá.

—  Tenho alguns contatos. Se tivermos o incentivo certo. Creio que isso será  menos complicado  

—  Dinheiro?

Ele negou com a cabeça.

—  Tecnologia.

Eu fiquei remoendo todos esse fatos na minha cabeça. Mesmo que conseguíssemos entrar lá. Não teríamos apoio. Aquele país e desconhecido. Ficaríamos perdidos.

—  Temos alguma coisa para dar em troca? E mesmo assim conseguiríamos apoio?

—  Bem apesar de ser um país aparentemente unido. A união do fogo é dividido em vários Estados, cada qual com o seu governante, podemos mandar um pedido oficial para alguns deles.

—  Pedido oficial?

—  Só é possível enviar correspondências com o selo oficial do país de origem. Assim ela não é aberta até chegar ao destino. Eles não querem seus cidadões se comunicando com outros países. Assim só cartas enviadas diretamente ao governo são aceitas.

—  Não seria melhor mandar um email. Ou qualquer coisa assim? – Eu perguntei o óbvio.

Venon segurou uma risada.

—  Mesmo com todo esse tempo, a União do fogo não mudou em nada desde que você se foi Haru. A única coisa que é moderna naquele lugar são as armas. E isso eu posso garantir.

Toda essa burocracia estava me dando nos nervos . Então para obter uma carta oficial teríamos que voltar a Republic City. E com a nossa atual falta de comunicação, isso levaria muito tempo.

—  Você teria papel e caneta? – Venon se dirigiu ao dono do posto, que trouxe o que ele pediu quase que imediatamente.

Com um habilidade até então desconhecida por mim, Venon desenhou uma espécie de brasão.

—  Esse é o emblema oficial de Republic City. Kieran eu preciso que você molde um para mim. – Venon disse a ele.

Kieran olhou surpreso para ele.

—  Eu não posso fazer isso.

—  Por que? – Eu perguntei.  – Você já decidiu qual lado você está?

—  Quer dizer. Tudo parece muito mais difícil agora.  Não me sinto mais tão conectado como eu estava antes.

Eu posso compreende-lo. E eu posso ajudar.

Eu me aproximo dele. Ele se surpreende quando eu o pego no ombro e aperto com força. Eu preciso que ele tenha uma conexão comigo. Eu deixo um pequena linha negra entralaçar o nosso destino.

—  Agora estamos ligados. Você vai conseguir dobrar sem nenhum problema.

Antes eu conseguia fazer uma ligação estranha com os dobradores. Uma espécie de controle, porém agora com todo esse poder, eu posso compartilhar, pelo menos um pouco com as pessoas a que eu me conecto.

Sinto alguns sentimentos ruins de Kieran como resposta. Porém também sinto uma pequena chama de vontade queimar no seu interior. E eu não consigo interpretar suas intenções.  Seja o o que for, não importa muito agora. Eu só quero que ele faça o que Venon pediu.

Ele suspira e pega um dos aros de metal que carrega, e com muito facilidade molda no formato que precisamos.

—  Está perfeito.—Vernon elogia. –  Agora precisamos de uma vela e algumas  folhas de papel.

Depois de apenas  40 minutos já temos 5 cartas prontas.

—  Como enviar isso? – Eu pergunto.

Vernon olha para o pulso e eu vejo o seu relógio.

—  Isso custará pelo menos meu geolocalizador, um protótipo que eu estava desenvolvendo. para simular o biolocalizador dos dobradores de terra.  – Ele coça a cabeça e percebo seu apreço pelo relógio. – Mas, é por uma boa causa.

—  A melhor causa. – Eu minto.

As próximas horas passam voando. Com suas conexões Venon consegue uma carona para um porto particular há 100 km daqui. De lá ele entrará em contato com um de seus contatos na União do Fogo, e assim obteremos condições para entrar no país.

Tudo parece dar certo.

Suni.

Eu estou tremendo desde ontem. Quando o mundo acabou. Pelo menos para mim.  Eu ando descalço tentado me reconectar novamente, mas eu só sinto um eco do que um dia isso foi.

—  Acho que é assim que a Mira se sentiu, quando ela disse que o Mar tinha morrido. – Meelo me diz.

Ele se sente como eu. Foi logo depois. Quando eu cai no chão em desespero, ele se segurou, foi forte para me ajudar, mas percebi que ele estava sofrendo, igual a mim.

—  Ele disse que isso podia acontecer. Disse que se os dois coexistissem os espíritos iriam sofrer, e com isso todos os dobradores.

—  Isso não faz sentido. – Eu o interrompi. – Seu pai diz muitas coisas idiotas, mas essa foi a pior delas.

Meelo apenas assentiu.

—  O que tiver que tenha acontecido tem haver somente com o Haru. Mira não tem nada haver com isso. – Eu afirmei.

Estávamos quase sem paciência. Estávamos esperando Sina para guiar nosso próximo passos. Quando ele chegou pálido.

—  Sina. O que aconteceu? – Meelo perguntou a ele.

—  Eu estava fazendo o meu trabalho com mensageiro. Quando, eu tive um chamado para a delegacia. Depois de pegar a entrega, fui mandado para o porto. De lá eu peguei uma encomenda para o governador.

—  É melhor resumir. – eu disse ansiosa.

Ele suspirou.

—  Me deixe terminar.  Essa encomenda tinha um selo de Republic City. Eu fiquei realmente tentado em abri-la. Mas segui minha ética. Porém quando eu fui entrega-la. Fui convidado pela própria governadora a saber o seu conteúdo.

—  E o que tinha? Diz logo! – Eu estava ficando sem paciência.

—  Que Haru estava vindo.

Isso realmente quebrou o clima. Minha ansiedade foi substituída por um medo estranho. Eu nunca tive medo dele. Mas, saber que ele esta vindo me causava um arrepio estranho na espinha.

—  Ele descobriu? Como? – Meelo disse com uma pontada de desespero.

—  Isso é ruim, muito ruim, mas pelo menos a Mira não está aqui. – Eu disse tentando me acalmar.

—  Só que não saber aonde ela está é tão pior quanto isso.

—  Eles não fariam mal a ela. Eles tem muito mais a ganhar com ela viva.

Não notamos quando o velho chegou.  Ele falou com tanta calma que eu quase acreditei nele.

—  E não precisam se preocupar, eu tenho olhos e ouvidos em quase toda a capital. Tive informações de que ela tinha ido ao hospital, mas que ela e seu amigo já estavam instalados e sob a proteção do General Zunder.

—  Zunder? – Meelo repetiu. – Eu o conheço. Foi ele que nos enganou e armou uma emboscada para levar Mira e os outros. Além de ser o comandante que ordenou a destruição da ilha do templo do ar.

Meelo socou a mesa. Eu nunca o tinha visto tão bravo.

—  Bem. Temos que localizá-la e avisá-la. Ela precisa estar pronta. Nós também precisamos. Haru está vindo.

Mira

Meu maior desafio se tornou não perder a consciência.  Eu ainda sentia meu corpo formigar e dores estranhas iam e vinham. Só que eu não podia demonstrar esses problemas. 

Riku estava extremamente preocupado, pelo menos aparentava estar, claro que da forma dele.  Ele encarava todos que passavam a nossa frente, e olhava para mim constantemente.  Acho que não era só eu que estava prestes a perder o controle.

Zunder apareceu no hospital quase que imediatamente depois. Ele queria saber o que havia acontecido, e principalmente saber se eu estaria apta a ir a reunião com os governadores. 

—  Eu estou bem. Eu já disse. Foi uma crise de ansiedade.  –  Foi a minha desculpa.

Ele fingiu acreditar.

—  Mira, bem. Eles estão insistindo muito. E mesmo eu sendo general eu tenho que às vezes ceder a pressão.

Eu olhei pra Zunder curiosa.

—  O que você quer dizer?

—  Nos fizemos uma pesquisa em relação ao seu passado. Descobrimos tudo sobre o seu pai e sua mãe. Posso dizer que não fiquei tão surpreso em saber que você é filha do general Iroh.

—  Você conhece o meu pai?

—  Não propriamente. Ele é de uma geração antes da minha. Mas, já ouvi falar dele e principalmente da sua traição e desaparecimento.

—  Aonde você quer chegar com isso?

Ouvi-lo falar do meu pai me deixou muito incomodada

—  Não são todos que podem chegar a essa patente. Sabe Generais só vem de famílias prestigiosas. Esse país vende a imagem de que todos são iguais, e todos tem a chance de chegar ao topo se se esforçarem o suficiente, mas claramente isso não é verdade.

—  Então?

—  A família do General Iroh entrou em contato conosco e eles querem te conhecer.

Muitas coisas passaram pela minha cabeça naquele momento. A família do meu pai? Isso quer dizer da minha família?  Pela primeira vez naquele lugar eu senti um pouco de alegria. Eu sempre tive esse desejo. Quando eu era mais nova, meu pai dizia que era filho único, que seus pais tinham morrido.

—  Quando eu posso conhecê-los?

Zunder pareceu surpreso com a minha reação.

—  Bem. Hoje , se você estiver bem. Você pode visita-los.

—  Eu iria adorar! – Eu disse sorrindo.

Eu senti um leve puxão na barra da minha blusa.  Quando eu me virei Riku parecia querer dizer alguma coisa.

A cara dele estava fechada, ele não parecia concordar com o que estava acontecendo.

—  Seu coração parou, você quase morreu. Tem certeza que é uma ideia? Esse cara não é confiável.

Ele tinha razão porém eu sabia que não tinha muito tempo. Talvez fosse a minha última oportunidade de conhecer essa parte da minha vida.

—  Eu tenho que ir. Talvez amanhã eu não esteja mais aqui para fazer isso. – Eu disse com pesar.

Eu pude ver seus olhos se arregalarem.

—  Você já desistiu? Não íamos atrás do Meelo? Descobrir como resolver tudo isso?

Me sentia cansada. Às vezes eu só queria ser a Mira de novo. Não somente a Avatar. E conhecer essas pessoas pode ser bom para mim.

—  Me de uma folga. Só isso que eu estou pedindo.

ME virei para Zunder que aguardava o fim da nossa conversa.  Nos afastamos de Riku.

—  Quando podemos ir?

—  Agora mesmo. Só que tem um porém. Você só pode ir se for sozinha.

Eu olhei para Riku de longe. Ele parecia  nervoso. E nunca concordaria que eu fosse sozinha ver essas pessoas até então desconhecidas, e mesmo sabendo que eu teria a mesma atitude se fosse ao contrário.

—  Tudo bem. Só me deixe despistá-lo.

De tarde voltamos para o mesmo prédio que nos encontramos com Zunder.

Riku parecia exausto. Quando ele dormisse eu me encontraria com Zunder e tentaria voltar antes que ele acordasse. Parecia um bom plano.

Ele tentou ficar acordado. Realmente tentou. Ele piscava e fechava os olhos por um minuto, mas depois se ajeitava na poltrona e olhava para mim. Ele parecia estar chateado, não me dirigiu uma palavra depois que saímos do hospital. Meu coração ficava aflito em enganá-lo assim.

Quando finalmente ele pareceu dormir, eu sai daquela sala nas pontas dos pés.

Não foi Zunder que me acompanhou até lá. Ele pediu que dois soldados me levassem. Aparentemente ele estaria ocupado para a preparação do evento de amanhã.

Fomos em um  carro antigo, porém bem conservado. Aparentemente a família do meu pai morava em uma das propriedades nos pés de um dos vulcões da ilha.  

—  Soube que você é uma das netas do Tormun. – Um dos soldados disse enquanto seguíamos para lá.

Ouvir ele dizer isso. Me fez ter uma noção de que eu realmente tinha uma família grande.

—  Acho que sim.

—  Tormun foi um dos heróis que salvou esse país há mais de 50 anos. Você deve ter muito orgulho dele.

Eu não sou especialista na história da União do fogo. Pelo que eu sei há 51 anos atrás uma rebelião militar  sitiou a capital por quase um mês. Nem a Avatar Korra conseguiu apaziguar os ânimos. A família real foi deposta e fugiu. Esse é todo o meu conhecimento sobre esse fato.

—  Eu ainda não o conheço.

—  Você é sortuda. Qualquer um daria a vida por essa honra.

Quando as construções começaram a mudar eu soube que estávamos chegando. Os prédios eram antigos, mas muito mais majestosos do que qualquer coisa que eu havia visto nesse país.  Essa parte da cidade eram sobras do que um dia já foi a Nação do fogo. Quando paramos em frente a um portão dourado eu soube que havíamos chegado.

Um homem alto  de uniforme militar escuro nos recebeu.

—  A partir daqui é comigo. 

Eu desembarquei e esperei aquele homem guiar os meus passos.  O portão abriu e eu pude ver como aquele lugar era bonito. Fontes de água para todos os lados, um jardim muito bem cuidado e piras de fogo que queimavam perto dos muros. Uma realidade totalmente diferente do que eu havia visto, aqui parecia um país a parte.

O prédio principal era uma casa enorme com arcos dourados e figuras de dragões nas paredes.

—  Espere aqui. – O soldado disse para mim.

Eu respirei fundo. Meu coração estava ficando cada vez mais acelerado, e com isso eu sentia cada vez mais dor. Eu preciso me acalmar. De vez em quando eu sentia minha visão escurecer e minha boca ficar seca. Até o sol parecia ficar cada vez mais quente.

Minha visão estava um pouco turva quando eu notei duas silhuetas surgirem.

—  Eu não posso acreditar. – Eu ouvi uma voz feminina. – Ela é igualzinha a ele.

Demorei a perceber que eram duas mulheres. Uma delas tinha o cabelo branco e muito comprido, preso em um coque volumoso, ela usava roupas em tons de vermelho e dourado. A outra parecia que tinha a idade do meu pai. Seu cabelo era tão escuro quanto o meu exceto por uma porção de fios brancos no topo da sua cabeça. Seu cabelo também era comprido e estava solto. Suas roupas eram muito parecidas com o da outra mulher.  

—  Olá?

A mais velha sorriu.

—  Venha logo. Tormun quer te conhecer.

Eu andei devagar em direção a elas. Uma sensação de familiaridade me atingiu quando eu notei os olhos da mais jovem. Eles eram como os do meu pai, e naturalmente como os meus.

Elas não falaram comigo até que estivéssemos dentro da casa.

—  Mira? Esse é o seu nome? Iroh realmente teve bom gosto.

Eu apenas assenti.

—  Eu sou a irmão mais velha dele. Meilin.  E essa é sua avó e minha mãe. Lin.  

Avó essa palavra me fez sorrir por um segundo. Por que o meu pai foi embora? Apesar de tudo, eles viviam bem aqui. Talvez pela personalidade do meu pai. Ele não é uma pessoa muito fácil. Ele não gosta muito de seguir as regras do governo, não imagino como ele se tornou general.

Me perco em pensamentos, porém sigo aquelas mulheres até o fim.  A casa por dentro parece ainda maior que lá fora. Acho que é por causa do teto tão alto.  Não há tantos móveis quanto eu achei que teria.

Uma porta dupla é aberta. E entramos em uma espécie de escritório. A pessoa que eu vejo sentada atrás de uma porção de livros é igual ao meu pai.  Claro se meu pai tivesse mais de 60 anos, e cabelo branco e comprido.

A semelhança e bem assustadora.

Ele sorri quando me vê, e eu o retribuo.

—  Eu não posso acreditar no meus olhos. Isso é incrível. Finalmente eu posso te conhecer. -- Ele se levanta e vem a minha direção.

Eu não sei o que dizer a ele. São tantas coisas que eu quero perguntar, só que nada sai da minha boca. Eu permaneço quieta.

—  Mira não é mesmo? -- Ele se senta novamente. – Eu ainda não acredito que eu tinha uma neta perdida por ai.

—  Você tem mais dois. Eu tenho irmãos – Finalmente eu tenho coragem de falar.

—  Irmãos?

—  Sim, são gêmeos.

Ele coça a barba e me encara.

—  Eu achei que Kirina tinha morrido. – Ele diz de uma forma estranha.

—  Meu pai se casou de novo. Há mais ou menos 5 anos atrás.

Ele se ajeita na cadeira e parece pensativo.

—  Me desculpe. É que é muito para processar. Por muitos anos eu não sabia aonde o meu filho estava. E saber que ele me deu três netos...  E eles estão crescendo sem mim por perto, e um sentimento difícil de entender.

O meu avô parece uma pessoa muito calma. Ele diz tudo pausadamente e em um tom um tanto quanto baixo.

—  Faz tempo que eu não os vejo também. – Eu digo triste.

—  E como está Iroh? Ele falou alguma coisa sobre nós?

—  Para falar a verdade. Faz apenas algumas horas que eu descobri que vocês existem.

Eu vi um vislumbre de tristeza em seus olhos. E seu maxilar se contrair. Ele suspirou.

—  Bem. Então eu quero te contar. Aquelas mulheres que te trouxeram aqui. A mais velha é a sua avó, e a Meilin sua tia. Ela é um pouco mais velha que seu pai. E tem 4 filhos. Você também tem uma outra tia. Só que ela está na academia militar por esses tempos. E agora me conte um pouco de você. Zunder não deixou muito claro do por que você ter vindo para cá.

Eles não sabiam? Aparentemente  são poucas pessoas nesse país que sabem quem eu sou.

—  Eu fugi. Não sei se souberam do que aconteceu em Republic City.

—  Informações de fora não costumar circular por aqui. Mas, me contaram que o governo de Republic City caiu.

Mesmo os mais privilegiados não sabem o que acontece fora do país. E isso é bem preocupante. 

—  Mas, independente do que aconteceu lá. Fico feliz de te conhecer. Eu não sabia que Iroh iria ter um filho quando nos abandonou.

Eu sinto um pouco de mágoa em sua palavras. Mas, noto que ele não citou minha mãe nenhuma vez.

—  Você chegou a conhecer minha mãe? – Pergunto na esperança de saber qualquer coisa.

Sinto sua respiração ficar mais forte. E o vejo aperta uma mão contra a outra. O seu rosto muda em segundos, e uma carranca mal-humorada manda embora seu jeito calmo.

—  Eu queria dizer que ela era uma mulher boa. Mas, eu não posso mentir para você. Ela era uma desordeira, o pior tipo de pessoa que eu poderia conhecer, não sei o que meu filho viu nela... Mas, ela quase destruiu minha família. Nos trouxe vergonha e desonra.

Meu coração voltou a acelerar. E eu senti meus olhos esquentarem. Eu tenho que me controlar. Não posso chorar aqui.  Mas, ouvi-lo falar essas coisa sobre a minha mãe.. Eu nem consegui pensar direito. 

Minhas pernas tremeram e eu tive que me sentar no chão.

—  O que você está fazendo?  -- Foi a última coisa que eu ouvi.

Foi diferente de antes. A dor não veio tão forte. Era apenas como se meu corpo estivesse cansado demais. Quando eu acordei notei que eu ainda estava naquela casa. Eu olhava para o teto todo ornamentado com pequenos dragões,  eu estava com um compressa fria na minha testa.

—  O general Zunder veio aqui mais cedo. Mas, o papai pôs ele para correr.

Era aquela mulher. Como era mesmo o nome dela? Minha tia. Meilin.

—  Que horas são?

—  Já passa do meio dia. 

Meio dia? Isso não pode ser. Não pode ter passado tão pouco tempo.

—  Quando você caiu ontem. Papai se desesperou. Você deveria ter visto ele falar com o Zunder. Foi bem assustador.

—  Ontem? Eu dormir por quase um dia?   

Eu só conseguia pensar no Riku.


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