Avatar: A lenda de Mira - Livro 4 - Fogo escrita por Sah


Capítulo 20
Alianças




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Iroh

Eu já sabia que esse garoto Fei era de certa forma influente, mas eu não imaginava que ele podia reunir tantas pessoas em tão pouco tempo assim. Tinhamos alguns dobradores entre muitos não dobradores, pessoas de várias idades e classes sociais.  Isso era estranhamente empolgante. Nunca vi tanta gente assim reunida nem nas reuniões da UCG.

Ele havia nos levado em um dos muitos galpões abandonada na parte sul da cidade. Aqui um dia foi uma arena de pró-dobra. Hoje em dia reúne centenas de pessoas. Eu sorrio.

— Foram apenas essas  pessoas que atenderam o meu chamado.  – Ele diz como se aquilo fosse pouco.

— Isso é fantástico. – É só o que eu consigo dizer para ele.

— E agora. O que faremos?

Eu tinha um plano. Um plano raso que eu elaborei em poucas horas. Porém era a melhor alternativa.

— Haru não está na cidade. Eu soube que eu ele foi para a fronteira  com Laogai.Teremos 3 dias até a sua volta, pelo menos. Assim o poder está com o exército da Força Nacional e o clã do Metal. Soube por alguns que as tensões entre os dois líderes aumenta a cada dia. E por isso algumas áreas na cidade estão desprotegidas. Nosso objetivo é ir tomando áreas para chamar a atenção.

Fei me olhava com preguiça. Ele não parecia muito bem. Soube que ele não estava tão estável, e isso se aplicava a todos os dobradores de água do local. Por isso. Eles ficariam aqui, e só o utilizaríamos se fosse extremamente necessário.

Formamos três grande grupos. O primeiro iria tomar a delegacia. Tinhamos aliados importantes presos. O segundo iria para a cidade da fuligem, a maior área desprotegida da cidade, e o terceiro ficaria aqui. Eu iria com o primeiro, como eu já estive preso, eu tinha informações valiosas para a missão.

— Eu vou com o primeiro grupo. – Eu ouvi alguem discutindo. Fei não queria que Kitten um dobrador de terra fosse conosco.

— Você ainda está ferido. Eu não tive como te curar completamente.

O garoto parecia impassível.

Eu me aproximei e os ânimos pareciam mais inflados do que antes.

— Eu não quero saber. O meu pai está lá.

As semelhanças entre eles é incrível. Se Kento fosse mais novo, ele se pareceria assim.

— Kento está lá. Fomos companheiros de cela por um curto período de tempo.

O garoto arregala os olhos.

— Eu disse que ele estava. Eu preciso ir!

Eu não podia impedir o garoto de salvar o próprio pai. Na realidade eu admirava toda essa determinação.

— Não se preocupe. Eu cuido do garoto.

Eu disse para Fei que me olhou atravessado.

— Viu. Todos vão ajudar. Eu preciso ir.

No final a insistência do garoto cansou os dois que o impediam de ir.

— Se alguma coisa acontecer com você. Eu faço questão de te achar e te matar. – A garota que se chamava Sohee disse a ele.

— Não se preocupe. 

— Me preocupar? Você já foi capturado antes. E olha o estado que você ficou. Eu já vivo preocupada desde aquele dia.

Os olhos da garota ficaram vermelhos e Kitten se aproximou dela e a abraçou.

— Eu prometo voltar.

Eu e Fei nos afastamos. Aparentemente aquele dois eram um casal, e não queríamos atrapalhar seus últimos momentos antes do que estava por vir.

— OS ferimentos deles estão curados supercialmente.  Mas, o que me preocupa e o reconheçam.  Ele é um símbolo importante para os Beifongs, mesmo sendo praticamente um bastardo, ele é um dos últimos dobradores dessa família, o que significa muito para o clã. Então peço que tomem muito cuidado.

Eu apenas assenti para ele.

Meu grupo era composto por cinco pessoas. Eu e Kitten, um garoto da idade de Mira, que segundo o que me disseram dobrava raios. E mais dois homens não dobradores como eu.

— Vamos acabar com a energia do lugar. Kitten, irá comigo até aonde estão os prisioneiros, e vocês dois vão segurar os guardas.

Parecia um bom plano.

Ainda era de dia quando fomos em direção a delegacia. Havia muitas pessoas nas ruas e muito guardas também. Tentamos nos disfarçar. Eu coloquei um chapéu de abas curtas e usava uma longa capa marrom . Kitten estava coberto da cabeças aos pés. E os outros três usavam roupas genéricas, e se misturariam facilmente na multidão.

— 12h00 é a hora do almoço. A maioria sai para comer. Então será mais fácil chegar assim. Fora que com a tomada da cidade da fuligem. A maioria dos guardas daqui irão se dirigir para lá.

Parece que tudo está indo conforme o plano. Ficamos do lado de fora aguardando os primeiros soldados saírem para almoçar. Dito e feito. Pelos menos 5 pessoas saíram do prédio.

Não iriamos usar as portas da frente, obviamente. Existia a garagem e uma porta nos fundos. Iriamos entrar pela garagem.

Fomos com o maior cuidado de todos. Eu e os outros dois não dobradores estávamos armados apenas com pedaços de ferro.  Quando entramos, logo o dobrador de raios se aproximou de uma das tomadas que estava naquele espaço e provocou um curto circuito. As luzes se apagaram quase que imediatamente.

Pegamos as lanternas que havíamos trago e entramos. Contamos três guardas na recepção. Eles pareciam confusos. Kitten se pos a frente e derrubou dois. Com  a falta da luz eu não consegui ver o que ele havia feito.

O terceiro guarda sacou uma arma. Apagamos as lanternas e o ouvimos tentar falar no rádio.

— Ele não vai consegui.  As ondas serão desviadas com o campo eletromagnético que eu criei. – O garoto disse.

Tudo estava saindo conforme o planejado. Em seguida o guarda também foi derrubado.

Com eles desacordados, conseguimos acessar o local das celas.  De novo o dobrador de raios se provou muito útil. Ele desmagnetizou as portas e conseguimos libertar todos os prisioneiros.  Entre eles estava Kento Beifong.

Mesmo com a escuridão Kitten reconheceu o pai de longe. Ele estava encolhido em um canto da última cela do complexo.  Ele havia piorado desde a última vez que eu o tinha visto. Sua barba estava comprida e suja. Seu olhos estavam fundos, e seu rosto bem ossudo. 

— Pai. O que fizeram com você? – Kitten perguntou.

Kento não tinha forças nem para responder. Ele parecia desacreditado.

— Temos que sair logo daqui. É só questão de tempo para descobrir o que fizemos.

Assim eu guiei os prisioneiros para o mesmo lugar por onde havíamos entrado.

A missão foi um sucesso. Haviamos conseguido fugir sem que ninguém nos perseguisse.

— Muito obrigada por cuidar dele. – Fei havia dito para mim.

— Sem ele não teríamos conseguido. Ele e o garoto foram cruciais para o sucesso dessa missão.

— Sim, Envi havia participado da fuga do palácio presidencial. Sabia que ele seria útil. – Fei disse elogiando o garoto.

— Bem, e como estão as coisas na cidade da fuligem?

O olhar de Fei ficou pesado. Havia alguma coisa muito errada.

— O clã do metal. Foi a guarda enviada para conter a tomada. Nossos homens estão cercados. E estou quase pedindo para que eles se rendam.

Meu coração acelerou e uma sensação ruim tomou conta de mim. Nós precisamos daquela área. É o primeiro passo para conseguirmos retomar Republic City.

Eu fiquei pensativo. Havia outra forma de ajudar? De conseguir reforços e salvar nossos companheiros que estão lá?

Kento havia sido atendido por Fei que se esforçou muito para usar a sua cura no Beifong.  Ele parecia levemente melhor, suas feições haviam recuperado um pouco da cor. Só que agora Fei estava muito cansado. Ele mal conseguia manter uma conversa comigo.

— Eu posso ajudar. Apesar do meu estado no momento. – Kento disse para nós.

Apesar de tudo ele havia sido o comissário e chefe de toda a polícia do país. E acho que esse cargo ele não havia apenas conseguido por ser um Beifong.

— Certo. O que podemos fazer?

— Tentar tomar a cidade da Fuligem foi um erro. Eles a deixaram desprotegida de propósito. Precisamos nos reorganizar. Peça para o que ainda permanecem lá de voltarem para cá.

— Mas, eles estão cercados.

Kento olhou para mim. E eu sabia o que ele estava pensando. Como eu fui burro. Havia uma coisa que podia ser muito útil em nossa empreitada.

— Os túneis? Eu achei que todas as entradas na cidade da fuligem haviam sido lacradas. 

— Esse é um segredo que eu guardo muito bem. Não se sabe quando precisaremos. Na cidade da fuligem existe uma entrada parciamente fechada.  A cerca de 10 anos o presidente mandou lacrar grande parte delas, e fez questão de enfatizar que não deveria existir nenhuma entrada conhecida. São poucos que as conhecem a maioria, e menos ainda os que conhecem essa entrada em particular.

— Só que estamos lidando com o clã no metal. Eles são dobradores de terra, eles perceberão facilmente se alguém tentar escapar no subterrâneo.

— Só que uma coisa que você ainda não sabe, e que o clã do metal, nos dias de hoje são extremamente dependentes dessa subdobra, sendo praticamente inaptos na dobra de terra comum. E esse vai ser o nosso trunfo.

Fei passou um dos nosso comunicadores a Kento.

— Certo. Me passe para qualquer dobrador de terra. Câmbio. – Ele disse ao rádio.

— Estou ouvindo. – Uma voz feminina falou do outro lado.

— Antes do porto leste. Atrás da sede da fábrica Aires. Existe uma rede de esgotos desativada. Ela é só um disfarse. Você vai perceber assim que se aproximar.

Ela não respondeu. Um silêncio ensurdecedor se fez do outro lado.

— Tem alguma coisa errada.

De repente ouvimos alguns gritos e no fim um barulho de estática.

— Alguém? Qualquer pessoa? – Kento gritava para o comunicador.

Isso era ruim. Não tínhamos ideia do que havia acontecido.

— Eu vou lá. – Eu disse.

Todos me olharam aflitos.

— Não tem como. Se todos foram capturados, você não terá chance. – Kento disse baixo.

— Pelo  menos saber o que aconteceu. Eu conheço aquele lugar como a palma da minha mão.

E eu realmente conhecia. Eu não sabia da entrada do túnel, mas fora isso. Eu havia mapeado aquele lugar em segredo desde o primeiro dia que eu coloquei os pés lá.

No ínicio eu era cuidadoso. Tinha medo de ser levado de volta para a União do Fogo. Então pensei em várias rotas de fuga. Pena que aos longos dos anos eu fui perdendo todo esse afinco e me tornando uma pessoa odiável. Eu respiro profundamente.

— Eu farei isso. Eu devo isso.

Não disse a quem devia. Mas, a única pessoa que eu conseguia pensar era na Mira. Eu queria tornar esse lugar seguro de novo. Para que ela pudesse voltar.

— Certo. Mas, você não pode ir sozinho.  Você vai precisar de um dobrador de terra.

Kento falou com cuidado. E eu sabia por que. O único dobrador de terra disponível era o seu filho Kitten.

Ninguém precisou falar nada. O garoto parecia aflito desde que chegamos.

— Sohee, está lá no final das contas. Nem Fei será contra.

Fei não disse uma palavra. Ele tinha que poupar forças e ele sabia disso.

Iriamos seguir pelos túneis. E de lá tentaríamos saber o que houve e caso precisasse, iriamos ajudar.

E assim seguimos.

Munidos de lanternas, que iluminava nossos passos, Kitten foi nos guiando. Kento falava comigo por um comunicador.

— Kitten deve seguir até o trecho norte-sul. De lá vocês terão que virar a segunda esquerda, e darão de cara com um caminho sem saída. Uma grade de metal separa o túnel principal desse. Kitten vai saber o que fazer.

E como ele disse demos de cara com esse caminho sem saída. Kitten analisou as barras que separavam os túneis e com um toque ele entortou uma das barras.

Fiquei impressionado por alguns minutos, até me lembrar que ele é um Beifong. Esse tipo de dobra foi inventado e aprimorado pelos seus avós e bisavó.

— Se afaste – Ele disse para mim.

Eu o obedeci, e antes que eu conseguisse me afastar o suficiente a grade tombou para o nosso lado. O barulho foi alto.

Seguimos o túnel e enquanto andávamos percebíamos barulhos estranhos vindos de cima.  E o chão sob os nossos pés tremia levemente.

— Dobradores de terra. – Tem uma luta acontecendo em cima.

Ele dizer isso fez o meu senso de urgência aumentar. Meus passos começaram a ficar mais rápidos. Até que cheguei a correr.  Como Kento havia dito a saída estava lacrada, só que para Kitten aquilo não era nada. Com a mesma facilidade de antes, ele abriu passagem para nós.

Assim que os primeiros raios de sol iluminaram o túnel, uma massa de poeira invadiu. O cheiro era de fogo e destruição.  Tive que segurar a respiração.

— Deixe o caminho aberto. – Eu disse para Kitten.—Não saia daqui. Irei avisar os outros.

Ele queria protestar.

— Alguém precisa proteger essa saída. – Parece que foi suficiente para fazê-lo parar.

Eu suspirei fundo e agarrei um pedaço de madeira que eu havia trago. Eu não estava com nada de metal. Sei que isso não seria suficiente, mas eu me sentia mais seguro assim.

As ruas pareciam as mesmas de antes, exceto pela poeira que estava por toda a parte.  A poeira era branca, estranha, muito diferente da fuligem que inspesteia todo esse lugar desde que me lembro.

Um barulho alto me fez esconder. Era o som de metal contra pedra. Como metalúrgico era um barulho familiar. Porém nunca tinha ouvido tão alto.

Andei em direção ao som. Vi um garoto caído. Ele estava coberto pela poeira branca, o que distoava era um ferimento vermelho em uma de sua pernas.

Meu aproximei e bati um pouco nas suas roupas. Logo o reconheci. Ele era um dos garotos de Fei.  Coloquei um dedo próximo ao seu nariz e notei que ele respirava.

Sua perna sangrava bastante. Rasguei um pedaço da sua própria blusa e estanquei.  O levantei e o apoiei em um dos meu ombros.  Tenho que leva-lo ao túnel.

Quando Kitten nos viu ele correu em nossa direção.

— Abu! – Ele disse ao reconhecer o garoto.

— Ele está respirando, porém esse ferimento parece grave.

Eu deixei o garoto com o Kitten e voltei para o lugar que eu o havia encontrado.  Os sons paravam e voltavam. Não parecia ser uma batalha justa. O céu se iluminou durante alguns segundos. E eu vi de longe uma garota atirando bolas de fogo para cima.

Ela queria chamar atenção.  Fui me esgueirando até que ela conseguisse me enxergar. Pude sentir um pouco de alívio no seu olhar.  Apontei cuidadosamente em direção ao túnel. Ela acenou com a cabeça.

Espero que ela tenha entendido o recado.

Ela aponta para para frente. E eu vou nessa direção.

Éramos poucos, principalmente quando comparados com o exército que eu vi. Eu tropecei e cai para trás.

Eles mandaram todos. Kento tinha razão era uma armadilha. E das grandes. Isso me fez lembrar da minha época como General da União do fogo. Eu sabia lidar com coisas assim. Mas, eu nunca estive do lado mais fraco.

A quantidade de membros do clã do metal era preocupantes. Eles estavam em  frente revirando tudo atrás de alguém. Eu tentei ficar escondido. Mas, vi que um deles havia notado a minha presença.

Tentei voltar rápido. Mas, ao andar de volta, eu senti alguma coisa prender um dos meus pés. Olhei para baixo e vi um aro de puro metal prendendo o meu tornozelo. Me senti puxado. Meu pé estava sendo arrastado. Fiz força para impedir, mas eu não consegui.

Eu olhei para um deles. Havia um sorriso estranho em seu rosto.

— Mais um rato. – Ele disse quando estava perto o suficiente.

Eles usavam um uniforme bem característico. Fui cercado por três. E eu já estava esperando o pior. Quando uma mulher atacou um deles com uma rocha. Era Sohee.

Era um alívio ver que ela estava bem.

Três contra um era um número injusto, e apesar deles serem dominadores  de metal, e Sohee uma simples dominadora de terra, ela lidou muito bem com aqueles três. A terra sob os nossos pés cedeu, e os derrubou. Um deles , o que me prendia, se agarrou forte ao metal que estava me prendendo e o  soltou. Senti uma dor que me fez gritar.

— Vamos logo. – Eu ouvi a menina falar.

Eu a obedeci.

— Kitten está na entrada do túnel que vai nos levar para fora daqui. – Eu disse a ela.

Só que não conseguimos ir muito longe. 

Depois daqueles três, nos deparamos com uma quantidade enorme de pessoas. Muitas delas usando o uniforme do clã.

Eles estavam tentando prender três pessoas. Sohee era uma garota muito impulsiva e assim que ela viu o que estava prestes a acontecer, ela se envolveu, denunciando nossa localização.

Quando eu achei que estava tudo perdido uma coisa estranha aconteceu. Todos aqueles que eram do clã pararam abruptamente. Seus olhares ficaram vidrados e estranhos. Eu olhei para Sohee e notei que ela ficou assim também. O que estava acontecendo?

A batalha parou naquele momento. Os dobradores de metal e terra e ficaram estáticos no lugar. Eles olhavam para a mesma direção.

Eu peguei nos ombros de Sohee e a chacoalhei.

— Temos que ir.

— Não precisamos. – Ela disse devagar.

— Por que?

— Não há mais com o que se preocupar.

Eu não estava entendendo o que ela estava falando.

— O clã do metal acabou. Eles não vão conseguir dobrar mais nada. Sem estabilidade é impossível.

Eu ainda não havia entendido. Mas depois eu compreendi.

Como Fei havia me dito anteriormente.

— Mais um espirito caiu, não é?

E esse foi um dos motivos pelos quais conseguimos recuperar Republic City naquele dia.


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