Avatar: A lenda de Mira - Livro 4 - Fogo escrita por Sah


Capítulo 19
Questão de tempo




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Mira

O tempo passava devagar. Eu não sabia o que esperar de agora para frente.

Eu teria que ajuda-lo. Mas, como fazer isso?

Zunder não parecia pensar direito, e nem eu quando eu aceitei isso. Era praticamente um sinal de fumaça. Haru certamente apareceria. Se não fosse por mim. Seria por Zunder.

— Então teremos uma reunião amanhã com alguns governadores locais. Muitos ainda duvidam de mim. Assim será uma demonstração de poder, e um aviso.  – Zunder havia me dito.

— Tanto faz. – Eu disse fingindo desinteresse.

Zunder limpou a garganta.

— Espero mais disposição da sua parte para isso funcionar.

Eu fiquei tentada em perguntar o motivo de tudo isso. Era claro para todo mundo que Haru era o Avatar. Claro até para mim que sei a verdade.  A única coisa que isso vai provar é o desespero da União do Fogo.  Haru irá rir disso. Como todos aqueles que conhecem a verdade.

Depois do nosso pequeno encontro com Zunder, eu e Riku fomos levados a outra instalação do governo.  Aonde iriamos permanecer até que Zunder precisasse da gente.  Riku não parecia compreender o que iria acontecer. Por isso ele ignorou tudo o que Zunder havia proposto.

— Eu não vou ficar aqui. Eu quero voltar e treinar. – Ele me disse quando chegamos.

— Não temos opções. É a única coisa que vai segurar a nossa permanência nesse país.

— Sabe, quando eu soube que viriamos para cá eu pensei e vários tipos de problemas que enfrentaríamos. Achei que iriamos fugir e lutar contra toda essa gente. Mas, tudo está caminhando para um lado que eu não gosto.

Eu suspirei.  Eu imaginei que essa era a sua verdadeira intenção.

— Você é realmente muito previsível.

— Previsível?

Eu percebi que eu havia dito em voz alta.

— Sim. – Eu continuei.

Ele pareceu mais irritado do que estava.

— Eu nunca sou previsível.

— Se até vulcões podem ser, por que você não?

Ele ficou pensativo e permaneceu quieto o restante do dia.

Acabei adormecendo em uma das poltronas daquela sala de espera. Tudo parecia calmo e tranquilo.  

Fui sugada para mais um sonho estranho.

Eu estava em um lugar familiar. Só que eu não conseguia lembrar que lugar era aquele. Eu olhei em volta procurando qualquer conexão.  Quilômetros e quilômetros de areia para todos os lados. Nada a vista a não ser a dunas. Ventava bastante e assim uma tempestade de areia  se formou a minha frente. A areia se desviava de mim e seguia seu próprio caminho. Apesar de estranho não foi algo que me preocupou.

Até que eu me lembrei daquele lugar. Vi uma árvore grande e retorcida, eu já estive lá antes.

Um pequeno sinal de fumaça saia do seu interior. Fumaça que aumentou conforme o tempo se passava. Quando a árvore começou a arder em chamas meu coração começou a doer.  A dor foi intensificando conforme o fogo aumentava. Eu não conseguia mais respirar. Comecei a arranhar meu pescoço procurando uma forma de recuperar o ar.

—Mira! — Eu ouvi alguém me chamar. Porém eu não conseguia acordar. O sonho me levou para dentro das chamas da árvore.  Eu tentei sair, tentei escapar. De repente o fogo parou e o chão a minha volta começou a desaparecer.

Todo o chão a minha volta foi tomado, até que eu olhei para o céu, o vento havia parado de soprar e o céu mudou de cor. De um azul escuro para um breu negro e intenso. E isso doeu tanto quanto antes. No final só o vazio permaneceu.

Quando eu acordei, eu estava no chão daquela sala. Debruçado sobre mim haviam três pessoas. Riku apareceu atrás delas, andando de um lado para o outro.

— Ela acordou.

Minha blusa estava entre aberta e uma das pessoas estava com as duas mãos em meu peito. Ela pressionava todo o meu tórax com uma força que me fazia ficar sem ar.

Meu corpo doeu. Porém tinha uma coisa que doía muito mais. Eu respirava com dificuldade. E não conseguia falar nada. 

— Ela voltou. – Uma mulher disse colocando a mão em minha testa.

Eu tentei recuper o meu fôlego, porém mesmo quando eles abriram espaço para mim, eu ainda tinha dificuldades.

Riku parecia preocupado, eu nunca tinha o visto tão aflito.

— Eu achei que você ia morrer.

Era difícil me concentrar. Alguma coisa muito ruim havia acontecido. E naquele momento eu não conseguia me lembrar do quê.

— O que aconteceu? – Eu disse com dificuldade.

— Você caiu no chão e seus olhos brilharam um pouco antes de vocêcomeçar a arranhar o próprio pescoço. Depois você parou e quando eu pedi ajuda, disseram que seu coração estava parando. 

Eu coloquei a mão no meu pescoço e o sentir arder.  Olhei a minha mão e vi um pouco de sangue.

Eu me sentia fria e meu corpo começou a tremer. Estava ficando difícil de respirar.

— Está começando de novo. -- Eu ouvi alguém dizer antes de perder a consciência novamente.

É tão estranho como a minha vida espiritual reflete no meu corpo. 

Mira.

Eu olhei para ela. E vi seu olhar pesado.

Korra.

— O tempo está acabando. Depois que ele absorver o último, vai ser difícil controlar esse poder dentro de você.

O que ela dizia não fazia muito sentido.

— E como aconteceu com o oceano. O espirito da água foi pego por ele. E agora o do ar e da terra também.

— Como isso é possível? Eu achei que todos, menos o Yue Bay , tinham ido embora.

— Eles foram, pelo menos grande parte deles. Só que enquanto houver dobradores eles não tem como ir completamente. Foi por isso que Haru conseguiu subjulga-los.

— Como eu posso evitar isso?

Uma angustia estranha tomou conta de mim.

— Não é como se as dobras tivessem acabado com isso. Porém , é difícil manter o controle. Mas, com você é diferente. Seu corpo está tentando controlar 3 dobras diferentes. Isso é muito poder a ser contido.  E se ele conseguir o espirito do fogo... – Ela ficou quieta. Mas, eu compreendi o que ela queria.

— Eu vou morrer, e com isso ele conseguirá todo o poder que ele precisa para mergulhar esse mundo nas trevas de Vaatu.

Korra se desvaneceu na minha frente. E aos poucos eu senti o mundo a minha volta.

Finalmente eu sabia o que estava acontecendo e isso me assustou bem mais que a ignorância. Dessa vez eu acordei em outro lugar. Um hospital talvez. Não dava para confirmar. O lugar era completamente diferente que qualquer hospital de Republic City.

Eu estava deitada em uma cama, com alguns fios ligados a mim. Um monitor antigo e barulhento monitorova meus batimentos.

Eu olhei de um lado para o outro, procurando alguém. Porém eu estava sozinha.

— Riku. – Eu disse com dificuldade.

Mas, parecia que ele não estava ali.

— Alguém? – Eu perguntei para o nada.

De repente uma cortina se abriu e uma moça com roupas brancas ,apesar de encardidas, se aproximou de mim. 

Ela usava um óculos com lentes grossas.  Olhou para mim e depois para o monitor.

— Seus batimentos se estabilizaram muito rápido.

— Cadê o Riku?

— Nenhuma oscilação. Isso é bom. – Ela me ignorou.

Eu sentei na cama e comecei a tirar os fios que estavam grudados em mim.

— Espere. Ainda precisamos te monitorar.

Eu não estava nem ai para o que ela estava dizendo. Eu precisava encontrar Riku, Suni e Meelo.  Principalmente Meelo. Eu sei que ele conhece uma forma de me ajudar.

A mulher não conseguiu me impedir de sair daquele quarto. Andei até a recepção daquele lugar com ela correndo e gritando atrás de mim.

Fiquei aliviada quando vi Riku sentado em um dos cantos daquele lugar. Seus olhos estavam fechados. Ele estava dormindo.  Me senti aliviada.

— Riku. – Eu balancei seu ombro.

Ele abriu os olhos e suspirou.

— Achei que você tinha morrido.

— Pelo jeito ainda não. Mas, acho que é só questão de tempo.

Sina

Agora até eu uso as técnicas de respiração que acalmam o Riku. Como suportar tudo isso? A única maneira que eu encontrei. Foi o trabalho.

Trabalhar como mensageiro é ruim para o corpo e para a mente. Porém isso me faz esquecer os verdadeiro problemas que eu encontro, e me faz lembrar da burocracia que eu tanto amo.

A roupa não é das mais confortáveis. A única coisa que vale a pena são os sapatos. Como os de corredores, por que basicamente é a nossa principal função. Andar de um lado para o outro entregando mensagens.

As vezes eu me pergunto, por que não usar telefone? Ou e-mails? Por que essa nação preza tanto por esse oficio?  Não é como se fossemos carteiros, entregando mensagens e encomendas. Basicamente eu só trabalho para o exército. Levando mensagens a batalhões.

Eles têm medo da tecnologia. Foi a minha conclusão. E confiar na lealdade dos mensageiros é a única alternativa.

Mais um dia de trabalho. Agora com o peso de que Mira e Riku foram pegos. Eu estralo o meu pescoço de um lado para o outro. Me alongo e começo a trabalhar. Pego um envelope pequeno na delegacia, e levo até o  porto principal, que fica do outro lado da cidade.  Eu ando muito. Transporte público não é uma boa opção, seja pela demora ou o sucateamento do mesmo, por isso eu ando. Ás vezes eu corro. Por que tenho uma meta, e se eu não cumprir as condições do meu trabalho podem ficar piores.

Entrego o envelope a um soldado. Dele eu recebo uma ficha, que na teoria me paga pelos meus serviços. Só que eu sei que é apenas uma maneira de controlar o que eu entrego.

— Espere. – Ele se dirige a mim. – O almirante tem uma mensagem para a Sede.

Sede? É como se fosse o palácio governamental desse lugar. Eu nunca entreguei nada lá. Somente é permitido a mensageiros mais antigos e imagino que leais.

— Certo. – E a única coisa que eu respondo.

Mensageiros falam pouco. E isso ajuda a mascarar o sotaque que eu tenho. Por isso me limito a dizer poucas palavras.

Eu sigo o soldado passando por quase todo o porto. Apesar de ser um soldado, ele não anda tão rápido como eu. Por isso eu desacelero.

— Eu ouvi dizer que mensageiros tem uma condição física melhor que qualquer soldado. – Ele diz tentando puxar conversa.

Só que apenas me limito a acenar positivamente.

O porto é pequeno. Apenas para embarcações oficiais. Porém vejo pequenos barcos de pesca, grande maioria das pessoas usa o trem para ir até as outras ilhas.

O soldado me leva até uma grande embarcação. Ele me faz subir no barco e ir até a sala do Almirante.

O homem se limita a me entregar um rolo de papel lacrado.  Ele não diz nada. Apenas pede que o soldado me instrue.

— É para ser entregue diretamente ao governador.

Eu apenas assinto. E sigo o meu caminho.

Eu estou curioso. Tenho a impressão que aquela mensagem seja do meu interesse. Fico muito tentado a abri-la. Só que eu penso nas consequências desse ato.

Um dos motivos da lealdade dos mensageiros e que dependendo do que fizerem de errado, esse erro pode condená-los a morte.

Resumindo o trabalho de mensageiro é exaustante e perigoso, por isso tem tantas vagas disponíveis.

Eu seguro aquela carta com se minha vida dependesse daquilo. Eu fico cada vez mais tentado a abrir.  Eu de antes nunca faria isso. Eu entregaria a carta intacta. Eu olho para o selo de cera e penso em maneiras de recuperá-lo caso eu o desfaça. Só que não consigo pensar em nenhuma alternativa.

Talvez não seja uma boa ideia.

Eu sigo o caminho. Ando por mais de uma hora até estar de frente para a Sede.

Lembranças passam pela minha mente. O palácio presidencial foi um prédio magnifico, comparado a esse bloco cinza.  Eu respiro profundamente.  E sigo para a entrada.

— Para o governador.  – É o que eu limito a dizer na recepção.

A recepcionista me olha por cima dos seus óculos e sorri para mim. O que me surpreende.

— Senhor mensageiro. O senhor pode subir.

Então eu realmente entregarei essa mensagem pessoalmente.

Eu subo até o último andar. E me dirijo a única sala do local. Bato na porta e espero alguém me autorizar.

— Entre – É o que eu ouço.

Ao abrir a porta, a claridade me faz fechar os olhos. O que eu vejo é uma mesa de reunião. Aonde existe pelos menos 5 pessoas. Olho para todos os rostos procurando o governador, e vejo um rosto conhecido.

— Barão Vansk? – Eu não tive como não falar.

Minha cabeça deu voltas e voltas. Eu não imaginei que ele era tão influente. Esse senhor que nos acolheu ainda pode surpreender.

— Ele é um deles.  Que veio com o Avatar. – Ele disse em direção a uma moça de cabelos presos.

Ela me olha de cima abaixo. Não parece ser mais velha do que eu.

— Essa, e a governadora em exercício. – O velho diz.

Eu abaixo a cabeça e a cumprimento.

— Parece que você tem uma mensagem para mim.  – Ela sorri.

Eu ando e entrego em suas mãos.

— O governador está na capital. Eu como vice, assumo todas as suas funções. Aparentemente essa mensagem não vem da capital.

Ela fala como se devesse me explicar algo.

Eu estou pronto para me retirar, para ir pensar em tudo o que está acontecendo.

— Espere. – O velho me chama.-- Você não quer ouvir o que tem na mensagem?

Eu paro abruptamente e espero.

A mulher quebra o selo do rolo e retira dois documentos.  Ela desenrola com cuidado.

Eu consigo ver surpresa em seus olhos.  E isso faz o meu coração acelerar.

— Acho que tudo está acontecendo rápido demais. – Ela diz para todos.

— O que diz ai? É uma mensagem de Republic City. Eu conheço esse selo. – O velho fala.

Como eu sou idiota. Agora que ele diz, eu também reconheço aquela marca.

— Eu não sei se é um aviso ou um pedido. Só sei que essa mensagem foi enviada a todas as cidades.

— O que diz. Pare de enrolar. Não tenho mais idade para isso.

Ela suspira.

— Parece que teremos um convidado muito especial.  O avatar Haru está vindo para o país.

Naquele momento parece que o último tijolo do muro que me impedia de desabar caiu.


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