Mr. & Mrs. Black escrita por pnsyparkinson


Capítulo 5
Capítulo Quatro.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/754475/chapter/5

Sirius estava de volta à cidade, mais especificamente em uma lanchonete. Tinha marcado de encontrar com James Potter ali, para contar tudo que havia descoberto. Ele olhava fixamente para uma xícara de café enquanto o amigo devorava o café da manhã. Black estava sem fome, não conseguia pensar em nada, a não ser em sua missão fracassada e no agente que queria puxar seu tapete. Passou o dedo por sua orelha lascada, ninguém jamais havia chego tão perto assim de estourar seus miolos.

— Dois atiradores na mesma praça. Já ouviu falar de coisa parecida? - questionou, rodeando o dedo na borda da xícara. 

— Não que eu lembre - James respondeu, mastigando os ovos e a torrada — Você viu o cara direito? 

Como se a situação não fosse estranha o suficiente, algo na figura do inimigo parecia martelar na cabeça de Sirius. E ele tentava lembrar o que poderia ser.

— Não era muito alto, um metro e sessenta ou setenta no máximo. Não era muito mais alto que Marlene - disse, e foi então que se deu conta — Não tenho tanta certeza assim que era um homem.

James deixou o garfo cair no prato e, de olhos arregalados, falou — Você apanhou de uma mulher?

Black coçou a nuca, fazendo uma careta. Não havia gostado da forma que o amigo resumiu a situação.

— Acho que sim - admitiu, girando no banco para olha-lo de frente — Jay, a mulher era profissional. 

O outro deu de ombros e voltou a comer.

— Nesse caso não vai ser tão difícil saber quem é. Não tem muitas gatas nesse ramo tem? - sorriu como se tivesse desvendado um mistério e Sirius rolou os olhos.

Mas ele tinha que concordar, era uma boa sacada. Isso eliminaria grande parte dos agentes ainda em atividade.

Voltou a olhar para o amigo, que seguia a garçonete com os olhos.

— Eu adoraria levar uma surra daquela ali... - comentou e Sirius esperou pacientemente até o outro lembrar que não estava sozinho — Você tem mais alguma pista? - disse, voltando a conversa.

E ele tinha. O laptop que encontrou nos escombros estava bastante avariado, mas não morto. E ele conhecia uma garota capaz de operar milagres com pedaços retorcidos de metal. O moreno bebeu o ultimo gole do café e levantou, deixando uma nota em cima da mesa.

— A gente se vê mais tarde, Jay. 


Sirius entrou no quartinho dos fundos de uma oficina de desmanche digital, procurando por sua pequena genia da informática. A garota de cabelos escuros estava debruçada sobre uma mesa coberta de quinquilharias, uma espécie de cemitério de computadores. Disse para a garota sobre o laptop avariado e colocou-o sobre a bancada para que ela examinasse.

Héstia examinou o volume sem forma e fumegante que o computador portátil havia se transformado.

— Apagou uma fogueira com ele? - perguntou, cética — Quer saber o que eu acho? Você deveria comprar um novo - disse, limpando as mãos em um trapo.

Sirius redobrou a atenção, esperançoso.

— É que ele tem valor sentimental para o proprietário - disse calmo.

— Ah é? E quem é o proprietário? - ela perguntou, estreitando os olhos.

— Era isso mesmo que eu queria que você descobrisse para mim, Hés - o homem abriu um sorriso inocente, a olhando.

— Não tem número de série - ela crispou os lábios e examinou a máquina — Deve ser do governo ou algo assim - jogou as mãos para o alto, terminando sua fala — Impossível saber de quem é.

Sirius olhava a garota com atenção, esperando que ela continuasse dando as cartas.

— Mas tem uma coisa que podemos fazer. Não é fácil... nem legal - ela arregalou os olhos.

O homem retirou da carteira uma nota de cem, esperando que aquilo resolvesse o impasse.

— Bem mais ilegal que isso, qual é - a garota disse, colocando as mãos nos bolsos do macacão. 

Ele bufou e retirou mais duas notas idênticas à primeira, e com isso ela riu, pegando as notas de sua mão antes de seguir com o assunto dele.

— Diz aí... - Héstia perguntou enquanto atacava as entranhas da máquina — Porque você quer tanto saber de quem é isso aqui?

— Você me conhece, apenas um cidadão honesto tentando devolver o objeto perdido.

— Ah, claro...

— Eu... afinal, quem molhou sua mão com trezentos pra você trabalhar depressa e de boca fechada? - questionou, vendo a garota rir e continuar o que estava fazendo. Por fim, ela deu um ligeiro sinal de ânimo.

— Vamos lá, módulo de RAM atualizado - ela passou o código de barras contra o leitor, informações transbordaram na tela da máquina de diagnósticos — O chip é chinês, importado pela Dynamix, distribuído pela blá blá blá... - depois começou a digitar, os dedos se misturando em uma única sombra — Acho que posso descobrir o endereço de cobrança para você. Vai só mandar flores, né? - perguntou, olhando de soslaio para o moreno.

— Chocolate - sussurrou, na voz mais sexy que possuía.

— Para com isso, assim você me faz perder o juízo - seus dedos voavam sobre o teclado.

Sirius estava prestes a fazer mais uma gracinha quando ela parou, virando o rosto para ele.

— Nenhum nome, só endereço.

— Passa pra cá - disse ansioso, esperando.

— Avenida Lexington, 550, 52° andar.

Um choque elétrico pareceu passar por seu corpo inteiro, e aquilo não tinha nenhuma ligação com o que quer que fosse na oficina de Jones. O endereço parecia familiar, muito familiar.

Héstia o olhou com atenção, curiosa — Conhece o lugar?

Ele fez que não com a cabeça, estava na dúvida. E algo em suas entranhas o alertava: ele iria se arrepender profundamente se descobrisse.

[...]

Marlene irrompeu no escritório Triple-Click soltando fogo pelas ventas. Tinha sorte por seu marido estar fora da cidade, e ela, supostamente passando a noite na casa dos pais. No estado de fúria em que se encontrava, tinha dúvidas se conseguiria manter o papel de esposa perfeita diante dele.

Não que ele fosse reparar.

— Perdemos o pacote - a morena jogou a maleta sobre a mesa, cansada — O FBI tomou sob custódia essa manhã.

Lily afundou na poltrona, desanimada. Sabia tanto quanto Marlene que aquele assunto era demasiado importante. Aparentemente haviam metido os pés pelas mãos, mas McKinnon não desistia fácil e sua teimosia era conhecida pelos quatro cantos do planeta. Ela precisava vencer a qualquer custo e não tinha esquecido do estraga prazeres que arruinou sua missão perfeita.

— Quero saber quem é esse puto e o que ele estava fazendo no meu quintal... - começou, tamborilando os dedos na mesa. 

— Lene... 

— ... e quero falar com o...

— LENE! - Evans disse alto, chamando a atenção da outra para si novamente. A ruiva segurava o telefone — É para você. Papai.

Ambas se olharam, receosas. Lily sabia que a morena preferia mil vezes enfrentar o esquadrão da morte do que atender aquela chamada. Porém, a coragem era um dos pré-requisitos para seu trabalho, e logo Marlene estava com o telefone em mãos.

O sotaque britânico do homem era ainda mais incisivo quando nervoso, McKinnon ouvia tudo atentamente, sem interrompê-lo. Estava ciente de que merecia algumas daquelas tijoladas, mas mesmo assim tentou sair em defesa de sua equipe.

— O FBI está com o pacote. O guichê está fechado... - a resposta do chefe não foi fácil de ouvir — Senhor, havia um intruso no...

— Eu disse a você que não havia margem para erros dessa vez! 

Por algum motivo ela sentiu um calafrio na espinha. Livrou-se dele com um tremor do corpo, da mesma maneira que um cachorro molhado se livra da água no pelo.

— Mas havia um intruso no...

— Jamais deixamos testemunhas - interrompeu-a — Risco zero. Se esse intruso identificou você...

— Compreendo, senhor - ela disse com a voz neutra, esperando.

— Você conhece as regras - continuou Papai, a voz fria como gelo — Tem quarenta e oito horas para limpar a sujeira que deixou para trás, Marlene.

Ela prendeu a respiração ao perceber que ele ainda tinha alguma coisa para dizer, mas a ligação foi interrompida. De fato ela conhecia as regras, estava naquele ramo tempo o suficiente para saber que Papai dizia exatamente o que pensava e fazia exatamente o que dizia. Não haveria uma segunda chance.

O sucesso era sua única opção.

Isso não era um problema, pois nada dava mais prazer para Marlene do que correr atrás do sucesso. Bateu o telefone e voltou para a equipe. Ainda estava furiosa, mas com o ânimo redobrado pela perspectiva de mais uma caçada. A adrenalina correndo solta nas veias.

— Temos um novo alvo - ela informou — Mas antes precisamos descobrir quem ele é.

[...]

Avenida Lexigon. Sirius conferiu o endereço mais uma vez. Mais duas quadras e ele saberia de tudo. Estava na dúvida se deveria apertar o passo ou sair voando dali. Preferiu seguir andando calmamente, com as mãos nos bolsos e os olhos grudados na calçada.

Dois cruzamentos depois, constatou que não era mais possível adiar o inevitável. Criou coragem e olhou para cima. Lá estava: Avenida Lexigon, 550. Um típico arranha-céu para inquilinos montados no dinheiro. Quanto mais Sirius se aproximava, mais apertava o passo. Atravessou a porta giratória como um foguete, praticamente fazendo uma corrida até o balcão da recepção e, conferindo uma última vez o endereço que já sabia de cor, correu os olhos pela placa onde se lia o nome de cada um dos ocupantes do prédio.

Suíte 5204E. E, ao lado, o nome de uma empresa. "Triple-Click, prestação de serviços de informática."

Black sentiu o sangue sumir de seu rosto.

— Não é possível - suspirou. 

Era como se a explosão no deserto o derrubasse outra vez. Ele conhecia aquela empresa, na verdade, conhecia até uma pessoa que trabalhava lá. Uma pessoa que, por acaso, tinha uma relação muito próxima com ele.

[...]

A equipe de Marlene sempre gravava suas missões em vídeo, muitas vezes algum detalhe visual acabava por revelar informações importantes. Colocou as fitas da missão para rodar em câmera lenta, disposta a examinar cada centímetro quadrado de tela. Quando chegou a fita do intruso, fechou o zoom, na esperança de captar algum detalhe que não havia percebido antes.

Um objeto reluzente chamou sua atenção e ela inclinou o corpo para ver melhor. Parecia um cantil. Estava pronta para avançar a fita quando algo atraiu seu olhar novamente.

Aquele frasco parecia familiar, e isso a deixou intrigada. Teve a mesma sensação de alguém que se hospeda num hotel e encontra um objeto seu dentro de uma das gavetas. Ela piscou, balançando a cabeça. Muitos homens andam por ai com seus cantis e provavelmente metade deles eram de prata.

Avançando a fita mais um pouco percebeu outra coisa no chão, jogada nos pés, ao lado do sujeito. Torta.

Novamente Marlene deu de ombros, ela mesma havia assado torta outro dia. Torta de limão, pois era a favorita de Sirius. Até mesmo havia colocado uma fatia no lanche dele, antes de saber que ele teria que viajar à negócios. Estava em dúvida se ele havia levado ou não consigo, pois não tinha checado a geladeira.

McKinnon se xingou internamente, o que tinha de especial em uma torta? Todo mundo fazia tortas. E que importância tinha a torta naquele vídeo se parecer com uma de limão? Até mesmo com o plissado especial na borda da massa, coisa que ela achava ser especial sua, como uma assinatura culinária. Estava claro que várias pessoas sabiam fazer aquele plissado também.

Um cara carregando um cantil de prata e comendo uma torta de limão igualzinha a que ela fazia, com plissado e tudo. O que havia de incomum?

Rapidamente ela voltou a fita até o rosto do homem, ampliando ao máximo. A imagem estava muito granulada e quase não revelava nada, já que o homem estava de capacete e viseiras protetoras. Mas algo naquela imagem deixou-a nervosa.

A leve inclinação da cabeça, a postura dos ombros, o jeito especial de ficar de pé. Ela já havia visto aquele homem antes.

Não conseguia ver os olhos dele por conta das viseiras e o capacete cobria todo o resto, com exceção da boca. Fixou sua atenção ali, aqueles lábios eram ainda mais familiares.

Marlene sentiu o sangue ferver no rosto, engolindo em seco ao que se aproximava da tela para ver melhor.

— É o seu marido - Lily disse atrás dela. A morena levou um susto e virou para trás. 

Mas Evans não olhava para o rosto estampado na tela, ela segurava um telefone na mão.

— É o seu marido - repetiu — Já voltou e quer saber do jantar. 

A cabeça de McKinnon estava martelando. Sirius havia voltado, não do lugar que ele havia dito, talvez de um lugar mais árido, quente.

O chão pareceu se inclinar e imagens da vida pessoal e do trabalho dela se misturavam, resultando em conclusões que não faziam sentido nenhum.

— Diz a ele que... - a voz dela parecia ter sumido — Diz que o jantar será... as sete.

Ela novamente se virou na cadeira para dar mais uma simples olhada naqueles lábios. Lábios que podiam levar uma mulher a loucura ou sussurrar uma vida inteira de doces mentirinhas.

[...]

— O jantar é sempre às sete - resmungou no telefone, e depois desligou. 

Saiu do prédio e ficou ali um instante, parado na calçada ao olhar o 52° andar. Aquela frase martelava em sua cabeça. O jantar será às sete. Faziam cinco anos que ele acertava o relógio pelo maldito horário do jantar. Ele dividia o closet com ela, escovava os dentes ao lado dela, dormia com ela completamente exposto e indefeso, pelo que poderia ser uma eternidade.

Ela saía sorrateiramente para assassinar pessoas quando Black lhe dava as costas, e até mesmo tentou apagá-lo. O homem participava de joguinhos psicológicos com uma das agentes mais traiçoeiras do mercado.

Apoiou ambas as mãos em uma lata de lixo da esquina, como um bêbado prestes a vomitar, e lentamente deixou cair o papelzinho onde estava anotado o endereço.

"Agora tenha calma.", Sirius disse para si mesmo. Era um profissional treinado para operar mesmo nas situações mais perigosas. Tinha a experiência e as habilidades necessárias para lidar com isso também.

Ele se levantou, arrumou os punhos da camisa e foi direto para o estacionamento onde havia deixado o carro. Tinha uma perigosa missão a cumprir.

Ia jantar em casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mr. & Mrs. Black" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.