Mr. & Mrs. Black escrita por pnsyparkinson


Capítulo 2
Capítulo Um.




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[Cinco ou seis anos depois]

A manhã nublada não ajudava no péssimo humor matinal que Sirius ostentava ao recolher o jornal na entrada de casa. A xícara de café firmemente segura em uma mão enquanto a outra acenava para o vizinho, que parecia animado. 

Marlene estava no cozinha quando o moreno entrou novamente, sem sequer olhar na direção dela. Desfrutaram do café da manhã e partiram para o banheiro, onde fizeram a higiene matinal juntos. 

— O que você achou do Robert? As perguntas dele foram meio sem graça - falou Marlene, que estava junto de Sirius no closet. 

— É, faltou... profundidade - concordou, vestindo a camisa enquanto a mulher calçava os sapatos de salto, ainda de sutiã e saia.

— Sim, e o consultório dele fica muito longe - disse Marlene, piscando os olhos.

— As quatro horas pegamos um trânsito danado - retrucou o homem, pegando o paletó do armário — Super chato, né? - sorriu de lado, sumindo pelo corredor que dava acesso ao banheiro. 

Lene deu de ombros, terminando de arrumar o cabelo escuro em um coque apertado. Suspirou quando Sirius voltou, procurando entre os cobertores espalhados o controle remoto da TV, ligando o aparelho. 

— Estamos combinados? - perguntou ela, recebendo um aceno simples em resposta — Então tá.

Depois de devidamente prontos seguiram para a garagem, cada um abrindo a porta de seu respectivo carro. 

— O jantar é as sete - lembrou ela, sorrindo ao colocar os óculos escuros sobre os olhos.

— Está bem, estamos combinados - respondeu Black, abrindo a porta do carro preto — Aqui, seu café - entregou o copo térmico para ela e voltou para o carro, afivelando o cinto para sair.

Os dois deram partida no mesmo momento, causando um mini engarrafamento na saída da garagem. Sirius freou o carro e deixou que Marlene passasse primeiro. 

Foram em sentidos opostos quando avistaram a rua.

[...]

Já era noite e Marlene estava ocupada ao preparar o jantar. A mulher retirou o assado do forno e largou no tampo de mármore, temperando a carne distraidamente até que uma luz vinda do jardim chamou sua atenção.

Girou a faca de cozinha que tinha em mãos e arqueou a sobrancelha, observando pela janela quando um carro sumiu pelo caminho da garagem.

Sirius estacionou o carro e colocou a aliança no dedo, arrumando os cabelos e escondendo as manchas de suas roupas antes de sair e caminhar até a porta de entrada.

— Oi amor - disse o moreno, puxando a alça de sua bolsa. Encontrou sua esposa na cozinha e largou as chaves no suporte.

— Chegou na hora - sorriu Marlene, ajeitando o avental azul bebê.

— Está chovendo a beça e o jardineiro deixou o aparador lá fora - informou Black.

— E o trabalho? - perguntou a morena, sorrindo. 

— Mais ou menos - explicou Sirius, caminhando até o corredor de acesso a sala de estar.

— Comprei cortinas novas - disse a morena, ainda sorrindo. — E ai, o que achou? 

Sirius fez uma careta e largou o drink que estava preparando, buscando qualquer informação sobre o que a mulher estava falando.

— As cortinas - respondeu Lene, com as mãos apoiadas na cintura e um olhar afiado no rosto. 

O homem balançou a cabeça ao vislumbrar o amontoado cinza na janela.

— Huh.. - murmurou, voltando a atenção para a coqueteleira em suas mãos.

— Tive que brigar pelo tecido com um homenzinho chato - contou a senhora Black, cruzando os braços — Ele botou as mãos nele primeiro, mas eu levei - falou orgulhosa.

— Com certeza - respondeu Sirius.

— Elas são meio verdes então vamos precisar trocar o sofá e o tapete, é claro. Talvez um persa - disse séria, cruzando olhares com o homem.

— Ou então ficamos com as velhas e não temos que mudar nada - respondeu Sirius, como se fosse uma coisa óbvia.

— Falamos sobre isso, lembra? - perguntou Lene, voltando a encarar as cortinas novas quando o homem concordou e chupou uma azeitona, largando-a novamente em seu martíni. 

— Eu lembro que a gente disse que ia esperar - caminhou até estar em frente ao tecido de cor indefinida. 

— Se você não gostou eu posso devolver - a mulher suspirou.

— Ótimo, eu não gostei - falou, encarando-a.

— Que pena, você se acostuma - respondeu Marlene Black, sorrindo satisfeita.

[...]

— Parte dois, aqui estamos - disse Robert, o terapeuta — Mas você voltou sozinho, por quê?

Sirius mordeu o lábio e bagunçou os cabelos, fazendo um biquinho.

— Olha, eu não sei direito. Deixa eu explicar, amo minha mulher e quero que ela seja feliz, uh, desejo o bem dela... - respondeu — Mas é que tem certas vezes... - explicou, fazendo um gesto de estrangulamento com as mãos.

"Marlene estava deitada na cama lendo uma de suas várias revistas de moda quando Sirius deitou-se ao lado dela, tirando o relógio do pulso antes de esticar o braço até apagar a luz do abajur, pronto para dormir. O homem se acomodou na cama espaçosa e fechou os olhos, porém a claridade ainda era presente no cômodo e isso fez com que ele chamasse sua esposa.

— Querida será... - começou Black, sendo interrompido por uma Marlene completamente inexpressiva. 

— Só mais cinco minutos."

[...]

— Tem um espaço enorme entre a gente e ele continua aumentando com cada coisa que não dizemos um para o outro. Como se chama isso? - disse Marlene, arqueando as sobrancelhas para o psicólogo.

— Casamento -  respondeu Robert, calmo, observando a morena morder o lábio ao encarar a aliança no dedo, girando-a — O que não dizem um para o outro?

A senhora Black ficou visivelmente desconfortável, gesticulando algumas vezes enquanto buscava em sua mente alguma resposta plausível. 

— Humf, é... - sorriu, olhando para o homem em sua frente.  

[...]

A mesa de jantar estava arrumada, ambos se encontravam com pratos servidos e taças de vinho cheias. Marlene sentada em uma ponta e Sirius em outra, sendo separados pelo candelabro com algumas velas acesas.

O clima estava tenso e Black largou o jornal que lia para arrumar o guardanapo no colo, ajeitando a postura antes de observar a refeição que sua esposa havia preparado.

 — Parece gostoso, você colocou algo diferente? - perguntou o moreno, sentindo os olhos da mulher em si, como uma águia.

Ela bebeu um gole do vinho antes de responder, sorrindo levemente.

— Ervilhas.

— Ah ervilhas - disse Sirius, olhando novamente para a comida — É, ficou verde. Querida, me passa o sal. 

McKinnon revirou os olhos, sem dar muita atenção.

— Está no meio da mesa, Sirius - disse.

— Ah está no meio da mesa - respondeu o homem, encarando-a.

— Sim, está entre você e eu - falou, encarando-o também.

[...]

— Você é honesta com ele? - perguntou Robert, escrevendo em seu bloco de anotações tudo que Marlene fazia. 

— Brutalmente honesta, claro. Quer dizer, eu não minto para ele, o senhor entende? É que eu tenho segredinhos, todo mundo tem segredos.

[...]

Sirius estava na sala assistindo TV enquanto bebia outra taça de vinho, o jantar havia acabado e agora estava sozinho. Conseguia ver Marlene através da porta de vidro, a mulher falava baixo no telefone enquanto mexia em seu notebook e sorria. 

Não demorou para que ela saísse do cômodo, o que despertou curiosidade no moreno, que esperou alguns minutos antes de segui-la até o quarto. Entrou calmamente para surpreende-la e a encontrou de costas, borrifando seu melhor perfume para então arrumar o sobretudo preto que vestia. Os cabelos estavam alinhados em um coque apertado.

O homem resolveu abrir uma das gavetas do closet de forma violenta para chamar a atenção de McKinnon, que se sobressaltou. Ele observava as reações dela pelo espelho que estava em sua frente.

— Nossa amor, você me assustou - comentou, ainda de costas para o marido.

— Ah é? Desculpe, só estava procurando o... isso - mostrou para ela um embrulho qualquer que encontrou na gaveta, mas foi em vão já que Marlene não se deu ao trabalho de olha-lo - Vai sair?

— Um idiota tirou o servidor da rede de uma firma de direito no centro e deixou tudo uma bagunça, então eu vou - sorriu, colocando a bolsa preta no braço antes de virar-se e encontrar o olhar castanho pelo espelho. 

— Hum. Prometemos sair com os Longbottom hoje - disse ele, estreitando os olhos.

— Eu sei, volto já, não demoro - respondeu a morena, pegando um lenço para colocar no pescoço antes de sair pela porta do quarto, deixando Black sozinho. 

Ele observou quando ela saiu com o carro, pensando em como iria agir diante daquela situação.

[...]

— Deve parecer que você e sua mulher são os únicos passando por isso, mas vou te dizer uma coisa, existem milhões de casais que passam por esses mesmos problemas - contou o psicólogo, esperando uma reação de Sirius.

— Aham - foi tudo que ele respondeu.

[...]

Marlene saiu do carro e caminhou rapidamente até estar em frente ao Hotel Drogon, onde foi recepcionada por um homem alto e robusto.

— Pegamos o avião em uma hora - disse ele, entregando para ela a bolsa que havia revistado.

— Tudo bem - foi o que ela respondeu, sendo levada por ele até uma sala com dois homens que assistiam algum programa idiota na TV. O grandalhão abriu uma porta e esperou que Marlene entrasse antes de sair.

Com um aceno de cabeça por parte dela e um sorriso, a porta foi trancada por dentro. 

[...]

Sirius desceu do táxi em frente a um bar que conhecia muito bem, suspirou e entrou no local. Caminhou até chegar na entrada do mictório, mas virou e empurrou a porta de empregados. Sorriu para si mesmo e seguiu seu caminho até a última porta do corredor extenso, abrindo-a logo em seguida. Encontrou três homens fazendo apostas ilegais.

— Meu deus, onde é que fica o banheiro hein? - falou com uma voz arrastada, fingindo estar perdido e bêbado — Vocês estão jogando pôquer? 

— É um jogo particular, se manda! - respondeu o homem de cabelos grandes que estava no centro da mesa, sendo ladeado pelos outros dois. 

— Será que eu posso entrar? Posso jogar? - perguntou Sirius, ainda insistindo.

— Será que você não entendeu? Sai fora cara - grunhiu o homem careca, olhando-o.

— Que isso gente, pega leve aí, eu tenho grana -  cambaleou levemente, colocando a mão no bolso traseiro. Não passou despercebido para Black que o terceiro homem tateou uma arma por baixo da jaqueta que usava — Tenho dinheiro cara, olha só - mostrou um maço de dinheiro que deixou cair no chão, abaixando o corpo para pegar - Ih sapato bonitinho esse ai hein - riu, batendo com a testa no encosto da cadeira de metal ao tentar levantar. 

Isso despertou o interesse dos homens que o olhavam como uma presa fácil.

— Tem uma cadeira vazia aqui, eu podia sentar nela - comentou Sirius, tropeçando.

— Essa é a cadeira do Luke - falou o homem careca, como se estivesse ofendido.

— E cadê esse Luke? Não estou vendo ele aqui - dramatizou, fingindo procurar o homem no cômodo. 

— Luke ainda não voltou - respondeu o terceiro homem, sem paciência.

— Ooookay, então vou sentar nessa cadeira. Já sei, vocês estão com medo né? - riu, balançando as notas de dinheiro.      

[...]

Marlene McKinnon olhou ao redor do quarto em que se encontrava, ouvindo um barulho vindo do que parecia ser o banheiro da suíte. Arqueou a sobrancelha e respirou fundo, com as mãos nos bolsos do sobretudo. 

Um homem saiu de lá e encontrou com a morena parada, encarando. Fez sinal para entender do que se tratava e sorriu quando ela puxou o cinto do casaco, revelando um vestido de couro preto que abraçava todas as curvas do corpo. As meias três quartos presas na lingerie e as luvas completavam o look. McKinnon levou as mãos até o coque firme, desfazendo-o. Os cabelos caíram como cascata pelos ombros e costas dela, deixando-o ainda mais enfeitiçado por sua beleza.

[...]

Sirius estava completamente dentro do jogo de pôquer, rindo e apostando com os outros três homens. Estava ganhando as apostas e bebendo. 

A porta foi aberta e um homem de terno alinhado entrou na sala, estranhando a presença de Black. 

— Mas que porra é essa? - exclamou, olhando diretamente para o moreno que estava de costas para ele.

Os outros  deram de ombros e um coro de "foi mal, Luke" encheu o local.

— Então você é o Luke? - questionou Sirius, virando o pescoço até ter o homem em seu campo de visão. 

— Sou, por acaso você está procurando trabalho? - perguntou o homem, ainda parado perto da porta. 

 — Você é o trabalho - respondeu Black, disparando a arma que havia escondido entre seu braço quando arrumou a postura na cadeira.

Um dos colegas de Luke, o mesmo que havia mexido na arma anteriormente, tentou atacar Black, mas rapidamente o moreno afastou a cadeira enquanto sacava duas armas dos bolsos internos do paletó e disparava balas contra todos. 

Sirius pegou seu cachecol da cadeira e observou as cartas perdidas na mesa.

— Par de três - resmungou ao pegar as cartas do antigo adversário, saindo logo em seguida.

[...] 

Marlene terminou de arrumar as algemas nos pulsos do homem que agora estava sentado em uma cadeira. A morena sorriu quando passou o chicote que havia levado pelas costas nuas do homem, que gemeu.

— Você foi um menino mau?  - perguntou ao moreno, com uma voz sedutora, caminhando em volta dele — Sabe o que acontece com meninos maus? - esperou uma resposta antes de bater com o chicote nas costas dele — Eles apanham.

— Isso, me bate - grunhiu o homem, recendo chicotadas leves. 

— Andou vendendo armas para gente malvada? - McKinnon parou atrás do homem e colocou as mãos em seus ombros, sussurrando calmamente.

A expressão de choque presente no rosto dele não durou muito, pois no segundo seguinte ela levou ambas as mãos até sua cabeça e girou, quebrando o pescoço. O corpo caiu no chão e o barulho do impacto acabou chamando a atenção dos capangas que estavam assistindo TV na outra sala. A morena vestiu novamente o sobretudo quando ouviu batidas na porta.

Os homens do outro lado começaram a ficar impacientes quando não receberam respostas de seu chefe, que estava morto no chão. A porta foi aberta com tiros, já que ainda estava trancada, e Marlene fugiu pela janela do edifício, usando sua bolsa. As alças de metal na verdade faziam parte de um mecanismo elástico próprio para fugas, uma das argolas de metal ficou presa na janela enquanto a outra continuou firme em sua mão. Ela pulou e não demorou até que ela caísse em "queda livre" até o chão.

Por sorte, um homem estava esperando com seu táxi na porta do hotel.

— Táxi, por favor.

Marlene foi embora sem olhar para trás.

[...] 

Chegou em casa e correu até o closet para trocar de roupa, surpreendendo-se quando ouviu o barulho das chaves sendo jogadas no balcão. Escondeu o corpo atrás de uma das paredes do banheiro e suspirou quando Sirius entrou no cômodo.

— Oi amor, não ouvi você lá em baixo - comentou, puxando disfarçadamente um vestido.

— É, eu acabei saindo. Fui fazer umas apostas - disse, pegando o sobretudo que ela havia deixado no chão. Jogou a peça para o banheiro e desabotoou a camisa que usava.

— E como foi, querido? - retrucou McKinnon, suspirando quando ouviu os passos dele se afastarem.

— Bom - disse o moreno, saindo do cômodo. 


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