Ode aos desafortunados escrita por Angelina Dourado


Capítulo 9
O Arco e a Flecha


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Aqui está mais um capítulo para vocês, acho que é o mais curto até agora, espero que não estranhem. Que a segunda parte comece...



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No começo não tinham quaisquer planos de irem cada vez mais para o norte do reino, contudo, com a peste em seus encalços este acabou por ser o atual destino da dupla. Loki se questionava se chegariam ao ponto de ele reencontrar seu lugar de origem, no interior do ducado de Lancashire, que ficava quase no outro extremo do país, de onde nunca ousou retornar até então. Percorriam amplas porções de colinas que se tornavam mais imponentes à medida que avançavam, transformando-se nas montanhas verdejantes e majestosas típicas daquelas partes do reino.

Entretanto aquela não era uma corrida comum, era uma disputa entre homem e praga. No começo parecia que realmente eram capazes de fugir do rastro de destruição e morte que a peste criava, conseguindo se refugiarem nos lugares que não foram afetados por ela até então. Porém, foram pegos de surpresa ao verem que vez ou outra a praga os alcançava muito antes, devastando vilas inteiras e deixando cidades em pânico e desespero. Pois a doença não era o único fator a se preocupar, toda a histeria que a acompanhava também prejudicava os negócios e uma boa relação com qualquer comunidade.

— Vale o risco? – Indagou Friedrich virando o rosto para Loki. Ambos estavam observando entre as árvores, acima de uma colina um vilarejo que parecia sofrer as consequências da pandemia. Havia nuvens de fumaça e fuligem cobrindo grande parte da região, em consequência das fogueiras feitas para se livrarem dos corpos acumulados.  Os aldeões cobriam-se dos pés a cabeça por medo do contágio, jogando brutalmente os mortos nas chamas. Friedrich observando atentamente teve até mesmo a impressão de ter visto jogarem alguém ainda vivo no fogo, virando o olhar para Loki instintivamente, torcendo para que o outro não tivesse tido o infortúnio de ver tal barbárie.

— Não diria risco, pois um risco pode levar á sorte ou o azar. Aqui só vejo desgraça. Se não formos expulsos logo de cara, com certeza seremos presos ou ter todas as nossas coisas confiscadas. Afinal, chega a quase ser uma afronta se dizer médico ou curandeiro esses dias. – Loki concluiu com os lábios puxados para o lado e as sobrancelhas ruivas unidas, sua face demonstrando certa agonia pela cena.

— Há tanta desgraça que por vezes sinto não saber de nada acerca do mundo. Pois posso contar com facilidade o que sei sobre cura, mas me perco na contagem dos mortos. – Não havia brilho no azul de seus olhos ao dizer aquilo.

— O parabenizo por saber por em palavras o que sinto. – O ruivo disse com um sorriso vazio, se emaranhando entre as árvores para seguir caminho. – Melhor contornarmos o bosque, porém não podemos ser vistos nem aqui. Há chances de sermos penalizados por invadir o território.

— O que faremos? É a terceira vila que ignoramos nas últimas semanas, tendo também as que nos trouxe apenas prejuízo e nenhum cliente sequer. – Friedrich apontou visivelmente preocupado, enrolando a alça da sacola com os dedos pelo nervosismo. – Estão acabando os suprimentos e não temos um único tostão.

Loki sorriu travesso, com os olhos que mais pareciam ter vida própria faiscando mesmo na penumbra das árvores. Um olhar que atordoava Friedrich, sentindo a pele se arrepiar. Contudo aquele sorriso era mais do que um charme do outro, pois também alertava de que alguma surpresa dele estava por vir.

— Olhe para o céu Friedrich! Há Sol e um azul tão limpo como o mar. O inverno se foi de uma vez por todas! É a melhor época para caça, e sabes que não sou de me gabar, entretanto – Friedrich revirou os olhos sorrindo minimamente ao ouvir isso, pois sabia muito bem o quanto Loki gostava de falar sobre si mesmo. – sou um excelente caçador. Conseguirei um cervo do dobro de minha altura e uma dúzia de coelhos!

— Não vou contestar suas habilidades, afinal não sei se sou a pessoa certa para fazê-lo. Meu conhecimento nessa área é muito escasso e não possuo qualquer prática.

— Compreendo que por conta do mosteiro você ficou muitos anos sem exercer essas atividades, mas nunca caçou antes disso? – Questionou incrédulo, lembrando-se que desde sua tenra infância fora ensinado a esse ofício para o bom sustento da família. Seu pai ensinara a ele e todos os seus irmãos a se esforçarem durante os meses de calor e sol, pois era a época em que os animais saiam de suas tocas e se multiplicavam. Aproveitavam cada parte das carcaças e podiam vender tudo o que sobrava, fazendo dessa a época mais promissora do ano quando somada com a colheita.

— Apenas o lorde e sua família caçavam pela propriedade, mas nós servos éramos proibidos da prática. Vez ou outra meu pai saía das terras para tentar a sorte em outro lugar, uma vez até levou-me junto, só que era um demasiado esforço que não compensava qualquer animal abatido que conseguíssemos. Além do mais, não era exatamente nossa especialidade, pois além do trigo aproveitávamos os diversos rios que corriam na região para a pesca.

— Não é atoa que és um bom pescador. Lembro há duas semanas que você nos salvou de ficar sem jantar pela segunda vez consecutiva. – Loki disse fazendo Friedrich murmurar um ‘’obrigado’’ sem jeito, pois não sabia lidar muito bem com elogios. Era uma característica dele no qual Loki sempre achou adorável, observando com ternura o sorriso tímido que se formou no rosto dele. – Enfim, sabes algo sobre marcenaria?

— Oh, sei sim.

— Ótimo, pois preciso de flechas e de um arco novo. Quebrei o meu ano passado e desde então venho procrastinando a fazer um novo, porém agora não posso criar mais desculpas.

— Creio que podemos usar os instrumentos disponíveis para confeccionar alguma coisa, mas precisamos de madeira.

— Não temos um machado ou serrote grande o bastante para derrubar uma árvore, acho que precisaremos comprar madeira.

— A não ser que seja uma árvore menor ou jovem, lembra que estamos tendo problemas em adentrar vilas? Precisamos pensar em alternativas.

— Dará menos flechas, mas posso dar um jeito. Sou ótimo caçador como já disse.

Discutiram por um bom tempo como realizariam aquele feito, não demorando muito para iniciarem a confecção. O arco era um instrumento extremamente comum entre o povo, devido ao seu baixo custo e simplicidade, dessa forma qualquer pessoa era capaz de possuir e aprender a usá-lo. Além do seu uso na caça, era útil ter um em mãos caso vivesse em um lugar violento ou com pouca guarda. Também era uma ótima fonte de entretenimento, não era incomum se deparar com torneios de tiro com arco, seja por demonstrações de soldados ou competições abertas ao público.

Quando tinha oportunidade Loki gostava de participar desse tipo de atividade. Além do exibicionismo de suas habilidades, era bom sair da rotina vez ou outra e ele sempre se divertia nesses eventos. Ás vezes até conseguia ganhar umas moedas dependendo da colocação e dos prêmios, coisa que era sempre bem vinda para alguém que tinha sempre o bolso vazio.

Antigamente ele e seus irmãos frequentemente participavam de atividades assim, mas nem mesmo Loki era capaz de vencê-los. Seu irmão Owen quase sempre ganhava os jogos, porém quando Edith era permitida participar ela quem vencia, pois depois do pai ela era a melhor arqueira da família. Loki comparado aos irmãos mais velhos não era tão habilidoso, acabando por nunca participar de torneios em sua juventude, porém sempre esteve presente para torcer por eles.

Sempre apreciou a forma como a irmã calava a todos ao seu redor ao se mostrar habilidosa o bastante para aquela arte, ou de como os seus outros irmãos e o pai humilhavam outros arqueiros por mais surradas que fossem suas roupas ou o quão estranhos eles fossem. Era uma das raras situações em que acabavam se encontrando em outro lugar que não fosse a mais funda margem da sociedade.

Eram momentos do qual Loki sabia que infelizmente jamais retornariam. Porém, tentava ao máximo aproveitar os ensinamentos de sua família, sabendo que assim estaria honrando seus nomes.

Mal foi preciso duas noites para conseguirem montar um arco aceitável. Provavelmente um dos piores que Loki já havia empunhado, sendo de uma madeira muito pobre e quebradiça e de corda esfarelada. Entretanto ele sabia que aquilo era melhor do que nada, pois não tinha qualquer tostão para que conseguisse embolsar um feito por artesão.

 – Certeza que consegue fazer algo com isso? – Friedrich perguntou incerto, empunhando o arco de forma que acreditava ser a que os arqueiros faziam, tentando se colocar no lugar do amigo caçador. Não era um especialista sobre aquelas armas, mas até ele conseguia ver que havia coisa melhor disponível no mundo.

— Primeiramente, sua posição está errada. Afaste os pés. – Mandou cutucando com a ponta da bota o calcanhar de Friedrich que imediatamente obedeceu. – Não segure o arco muito baixo, levante-o até a altura do rosto com o braço bem estendido.

Loki se colocou atrás de Friedrich, levando sua mão direita a cobrir a mão do outro, fazendo o mesmo com a mão esquerda guiando seus dedos a se arrumarem na corda do arco, posicionando uma das flechas que haviam feito. Gostava de ter o alquimista assim tão perto, apreciando a forma como suas mãos se uniam e tinha o rosto dele tão perto do seu. Entretanto, mais do que aquele desejo pelo contato, Loki realmente queria ensiná-lo a atirar, pois era a única coisa que podia pensar para contribuir com todo o tempo que ele dedicava para ensiná-lo a ler.

Friedrich prendeu a respiração por alguns segundos, sentindo o rosto ficar mais quente ao notar o quão perto estava o rosto de Loki com o seu. Abominava as sensações que ele provocava em si, lhe causando aquela ânsia por ficar ainda mais perto, o desejo de poder sentir mais daquele calor que sentia expandir em seu peito cada vez que olhava em seus olhos. Para seu pavor, aquele era um dos momentos que sua atração o dominava, no qual com certeza lhe renderia muitos pedidos de perdão ao Senhor.

— Precisa saber dosar bem sua força, mas o mais importante é treinar os seus olhos. Sabendo discernir o ângulo certo, trata-se do alvo certo. – Loki disse próximo ao seu ouvido, fazendo Friedrich sentir um arrepio que reverberou toda sua espinha. Em seguida o druida se afastou lentamente, mostrando que já estava na posição certa. Quando Friedrich arriscou soltar a corda, a flecha voou em alta velocidade até se cravar em uma árvore.

— Desperdiçamos uma flecha. – Disse Friedrich ainda que surpreso, pois nunca havia acertado uma flecha antes.

— Mas acertamos um alvo, com este arco. – Constatou com um sorriso sacana no rosto. – Nenhum arco é ruim se empunhado por um bom caçador.

— Exibido. – Friedrich debochou fazendo com que Loki risse, pois sabia que era verdade.

E a caça foi o principal foco de Loki nos próximos dias. Partia antes mesmo de amanhecer, deixando o manto colorido para trás, pois segundo ele havia o risco de chamar a atenção das presas. Voltava horas depois do anoitecer, quando retornava, pois por vezes Loki só tornava a voltar dias depois de se embrenhar na floresta.

No início Loki ficava preocupado em deixar o companheiro sozinho por aqueles longos períodos, até insistindo que Friedrich o acompanhasse. Porém o alquimista conseguiu convencê-lo a partir por si só, pois sabia que como um leigo no assunto apenas o atrapalharia. Sentia-se tocado com a forma que o ruivo passou a se preocupar com sua saúde, mas não deixava que ele o tratasse como se fosse alguma espécie de inválido. A não ser pelo cuidado de estar sempre atento a qualquer sinal de suas crises, Friedrich ainda se sentia pleno e em forma, não querendo ser visto como um enfermo a todo o momento.

E não é como se ficasse sem fazer nada, enquanto o ruivo se aventurava pela mata em busca de carne. Além de toda sua rotina religiosa, procurava trabalhar da melhor forma possível. Aprendera muito sobre os remédios e poções que Loki criava, aproveitando a oportunidade para procurar plantas e flores selvagens, criando os medicamentos e por vezes até se dando a liberdade de incrementá-los com seus próprios saberes.

Até mesmo se arriscou tentar colocar seus estudos alquímicos em prática, finalmente os retirando do papel depois de tanto tempo. Entretanto, não sabia se era falta de prática ou se haviam tantos erros assim em seus cálculos, pois não conseguira qualquer tipo de reação nas ocasiões em que tentara. Mas reação nenhuma era melhor do que um experimento explodindo em seu rosto, coisa do qual Friedrich queria obviamente evitar. Restou-lhe riscar linhas inteiras de seus escritos, reescrevendo alguns trechos entre as linhas e nas bordas do papel para corrigir o experimento, pois não havia mais folha em branco da qual pudesse escrever.

Quando Loki voltava, com pequenas caças como coelhos e pássaros, ambos se punham a retirar a pele e limpar a carne. Porém eram animais pequenos e delgados, que davam apenas para o próprio sustento deles, sem haver qualquer expectativa de negócio. O druida voltava mais decepcionado a cada caçada, começando a ficar mais nervoso e se manter por mais tempo no coração da floresta na esperança de encontrar algo melhor. Friedrich sentia pena pelo companheiro não alcançar as expectativas daquela primavera, e também falta dele, que por não desistir ficava cada vez mais distante.

As noites em que ficava sozinho foram as piores para Friedrich. Sem Loki e até mesmo sem o cão que saiu em sua companhia, o loiro permanecia solitário na calada da noite. Deitava-se segurando uma faca, olhando desconfiado para todos os lados do breu, atento a qualquer ataque de animais selvagens ou pessoas. Também se acostumara mal, não conseguindo dormir sem sentir as costas do outro contra as suas. Ficava apenas segurando o manto deixado por Loki, como uma parca lembrança de sua presença e do seu cheiro arbóreo que lhe enfeitiçava.

Não imaginava que a falta do outro o abalaria tanto. Sentia-se soturno sem o outro a gracejar por aí, desanimado ao não tê-lo para conversar, sozinho ao não vê-lo ao seu lado. Olhava para as folhas e só conseguia pensar em seus olhos, achando que o verde das árvores não se comparava a beleza de suas belas íris. A fogueira o lembrava das madeixas ruivas dele, do qual tinha o imenso desejo de sentir os fios em seus dedos sempre que o tinha por perto. Ali constatou que mesmo longe um do outro ainda sentia a mesma ânsia de possuí-lo.

Eram detalhes da qual sempre haviam lhe chamado a atenção, mas que nos últimos meses foram atenuados por todo o medo que sentia por causa do que havia se passado no mosteiro. Entretanto, agora com a descoberta de Loki sobre seu problema e o alívio daquele peso compartilhado, Friedrich teve espaço em sua mente para dar-se conta dos próprios sentimentos. Emoções que quando percebidas sempre procurava estancar, mas que ainda assim assombravam seus pensamentos dia e noite.

Queria pensar que era a mesma falta de um grande amigo ou irmão, porém Friedrich naquele ponto não era tolo o bastante de acreditar em tal fantasia. Loki o havia atraído desde o princípio, com sua aparência única, de olhos de gato e cabelos de inferno, do seu humor ácido e inconsequente, da ternura que tinha pela vida. Tudo do druida parecia ter sido feito para enfeitiçá-lo, por mais que Friedrich tenha lutado contra seus desejos, apenas o desejava com cada vez mais ardor.

Tentava implorar a Deus que o livrasse daqueles pensamentos regados de pecado, porém aquele sentimento se intensificava em proporções do qual Friedrich nunca havia sentido antes, começando a temer pela insistência desses anseios. Todo aquele afeto o fazia se afetar ainda mais por Loki, sendo que aqueles dias de tensão da caça o levou a se preocupar com dor em seu coração, ao ver o companheiro se arriscar tanto sem ganhar qualquer recompensa do destino.

Altissime, omnipotens, bone Domine. Rezar era a única saída que encontrava para ignorar tais pensamentos.

Friedrich podia ter saído da vida monástica, mas continuava católico de qualquer forma. Não sabia que tipo de peça o Demônio queria pregar-lhe, temendo as proporções que tais desejos tomavam em seu âmago. Contudo, lhe restava apenas rezar e implorar para que o Senhor o ajudasse a passar por aquela passagem escura e sinuosa. Seria forte e devoto como sempre, como ele aprendeu a ser desde o princípio.

Estava terminando de afiar algumas lâminas, quando sentiu uma movimentação vinda do interior da floresta. Levantou-se, não largando a faca que segurava e encarando o interior das árvores com desconfiança. Tenso, acabou levando um grande susto ao se deparar com o grande cão que já conhecia muito bem, que chegou aos trotes e abanando o rabo de felicidade.

— Olá Encardido, por onde você e Loki andaram? – Acariciou a cabeça grande do cão que bateu a perna de trás pela coceira. Friedrich olhou para os lados em busca do companheiro, estranhando ao não encontrá-lo em lugar algum, começando a sentir um aperto no peito e ficando preocupado com o desaparecimento dele.

Deu um grito quando do nada sentiu ser erguido pela cintura e rodopiado, mas logo relaxou ao ouvir a risada alta e icônica de Loki, em seguida se deparando com a visão de seu rosto coberto de sardas vestindo um enorme sorriso.

— Louco! Quase me matas de susto! – Reclamou apesar de também sorrir, se segurando para acabar não mostrando os dentes.  – O que te fez agir com tamanha selvageria?

 – Vitória Friedrich! Vitória que me faz tão contente! – Respondeu o druida todo saltitante, apontando para um saco deitado no chão com uma mancha de sangue o maculando. – Encontrei um cervo em terras inóspitas meu caro, disse-te que era bom caçador! Pois então aqui está!

Loki o abraçou de felicidade, rindo-se enquanto relatava de forma atropelada suas aventuras e falava dos planos que fariam ao vender a carcaça. Friedrich apenas escutava-o e o mantinha por perto, aliviado por sua segurança e inebriado por sua aura cheia de vida e daquele sorriso que o embriagava. Ele tentava, realmente tentava, mas Loki era a sua maior armadilha onde por vezes não gostaria de escapar.

Que Deus tivesse piedade.


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Notas finais do capítulo

Tradução do latim: Altíssimo, omnipotente, bom Senhor.
Espero que tenham gostado, comentem o que acharam e nos vemos nos próximos capítulos! ^-^



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