Ode aos desafortunados escrita por Angelina Dourado


Capítulo 27
Os Nobres e a Plebe


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Só passando para avisar que Ode está passando por uma revisão nos capítulos anteriores, nada que mude a história, é apenas correção de gramática e de algumas inconsistências com as moedas da época que já cheguei a comentar. Junto a isso estou acrescentando certa ''estética'' nos capítulos como podem ver agora! Espero que gostem!
Boa leitura!



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O outono se fazia presente com as folhas a deixarem a segurança dos galhos e pintando o chão com suas cores de terra e laranja, semelhante ao fogo que sinalizava a vinda dos dias mais difíceis do ano mais uma vez. Todos olhavam com atenção e cuidado conforme as árvores perdiam a beleza do verão e começavam a se preparar para adormecerem enquanto a neve substituía as folhas de seus galhos. Era um momento de trabalho árduo, as foices tendo que dar conta de conseguirem arrancar qualquer pedaço de trigo e cevada que ainda restasse, onde por mais que abarrotassem os silos até a borda o medo da falta de farinha crescia conforme os ventos tornavam-se cada vez mais frios.

Eles não estavam preparados para o inverno. Na realidade, todos os anos era a mesma sensação para todos de que quase nada era o suficiente para que se mantivessem completamente seguros com as reservas feitas. Mas para os dois andarilhos aquela sensação era ainda mais aterradora, visto que haviam perdido parte significativa de seus pertences, economias e mantimentos ainda no começo daquela estação, quando já deveriam estar com tudo em ordem. Foi uma surpresa desagradável, e por mais árduo que trabalhassem, não conseguiriam recuperar tudo que perderam em tão pouco tempo.

Infelizmente sequer seus lamentos poderiam ajudar. Por isso tudo o que faziam era apenas continuar andando, impassíveis e de olhares perdidos quanto ao amanhã.

Friedrich sentiu um vento cortante contra sua nuca, mas não se deu o direito de sequer estremecer, pois um único movimento em falso faria o homem diante de si perder por completo o olho já molestado pela catarata. Segurava uma lâmina fina e comprida, cortando com o cuidado de um joalheiro a membrana leitosa a tomar grande parte da esclera. Logo atrás dele sabia que a esposa olhava aflita para toda situação, murmurando alguma oração e pedindo ajuda divina, enquanto Loki segurava com firmeza a cabeça de Willas para que não se movesse durante a incisão. Precisava ignorar toda a tensão e agonia que o restante das pessoas daquele ambiente inspirava, focando-se somente na lâmina e na película que precisava retirar de forma cirúrgica. Quiçá fosse a quarta vez que fazia tal procedimento na vida, sendo que havia falhado em dois deles, por isso qualquer pressão a mais em cima de seus ombros não seria nada favorável.

— Com sua licença, seriam vocês os curandeiros errantes? – Um jovem rapaz aproximou-se de onde estavam, fazendo Loki o olhar somente com o canto dos olhos e franzindo o cenho pela interrupção, temendo que pudesse distrair o parceiro que trabalhava.

— Mau momento garoto. – Loki disse num grunhido, mas percebendo que o enxerido continuava a se aproxima deles. Ás vezes precisava lidar com figuras que somente chegavam para xeretar o que faziam, esperando ver qualquer jato de sangue como um animal carniceiro. Por vezes se perguntava se deveria começar a cobrar pela plateia, quiçá conseguisse uns trocados a mais. Mas apesar da ideia visionária, tinha certeza que Friedrich torceria o nariz por isso. – Melhor não se aproximar, ou arranco suas tripas com um prego!

— Vim á mando de Lorde Ainsley, senhor. – O rapaz disse de maneira firme, fazendo Loki olhar em sua direção com mais atenção, percebendo as roupas de vassalo que usava, sem grandes adornos além de um manto com as cores da família nobre, mas de tecido com uma qualidade superior de qualquer um dos ali presentes.

Loki. – Foi tudo o que Friedrich disse incisivo sem tirar os olhos do trabalho minucioso, como se dissesse somente naquele chamado ‘’Resolva logo isso ‘’. O druida prontamente se afastou do cliente com cuidado, indo em direção ao rapaz que não deveria ter mais do que quatorze anos, e que para sua infelicidade (e orgulho) já alcançava sua altura.

Dirigiu-se ao vassalo trocando o olhar carrancudo por uma centelha de dúvida a lhe dominar, temendo o que poderia o Lorde daquele lugar querer com eles. Aquele vilarejo tinha parecido um lugar tranquilo para que permanecessem por alguns dias, e Loki lamentaria muito ao ver que tinha errado em suas intuições. Já sentia o corpo estremecer e o pânico começar a tomar sua cabeça somente ao imaginar a Inquisição provavelmente o esperando á poucos passos dali.

— O que vossa senhoria deseja? – Loki indagou com o máximo de decoro que era capaz de colocar em suas palavras, mas sua postura anterior parecia que havia causado uma má impressão dado o passo para trás cauteloso que o vassalo deu quando ele se aproximou.

— Nosso digníssimo Lorde Thomas Ainsley requisita seus serviços de forma imediata.  

— Para o que seria se me for permitida a questão?

— Não possuo a permissão de dizer senhor, apenas de encaminhá-lo até o manso senhorial de vossa senhoria.

— Posso ao menos saber o porquê do pedido pelo nosso trabalho ao invés de qualquer outro médico? – Loki disse fazendo o vassalo hesitar por alguns momentos, mas acabando por responder mesmo com receio:

— Não há médicos disponíveis para se descolar tão longe, há muitos doentes nas grandes cidades... – Disse o garoto quase num murmúrio e Loki assentiu em silêncio, virando o olhar para o companheiro que já havia afastado a lâmina fina e olhava com atenção o olho de Willas que parecia satisfeito com o resultado.

— Dê-me um instante. – Loki afastou-se do vassalo que continuou em pé de maneira vigilante, indo em direção á Friedrich que já limpava com um pano úmido o material que utilizou enquanto conversava com o cliente por mais alguns instantes.

— [..] é difícil recuperar completamente a visão nestes casos, mas fiz o possível para afastar toda a película. – Friedrich dizia com seu tom sempre calmo, enquanto o homem piscava de maneira repetitiva e tinha os ombros acolhidos pela esposa que o aguardava.

— Se eu conseguir voltar a trabalhar meu filho, já é mais do que o bastante. – Willas respondeu parecendo satisfeito, mesmo que não tivesse tido moedas o bastante para pagar pelo procedimento nos dois olhos – o que foi de certa forma um alívio para Friedrich que teria um surto se fizesse mais de tal procedimento –. Loki esperou que o companheiro terminasse de recebê-los, até se aproximar de Friedrich que já notou na hora a urgência em seus olhos.

— Algum problema? – O alquimista indagou enquanto terminava de guardar tudo o que havia utilizado.

— Parece que o Lorde desse lugar não conseguiu ajuda de médico algum, então está aceitando o trabalho de qualquer curandeiro feito nós. Parece-me urgente.

— Deveras intrigante. – Friedrich comentou surpreso, ruminando por alguns segundos a notícia em seus pensamentos. – Nobres costumam pagar muito bem...

— E enforcar pescoços quando insatisfeitos. – Loki retorquiu em um resmungo, desconfiado como era.

— Sabe o que mais gosta de torcer pescoços? – Friedrich rebateu erguendo as sobrancelhas claras. – O inverno.

Loki não tinha como contestar contra aquilo, mas ainda assim cruzou os braços ainda insatisfeito com a ideia, olhando para o vassalo que os observava com atenção. O mais alto da nobreza que já havia tratado haviam sido cavaleiros, que já eram um tanto mais acostumados a viver entre a plebe. Se o druida já não possuía o costume de tratar o que não sabia, também evitava lidar com quem desconfiava até do último fio de cabelo.

— Os únicos nobres com quem já lidei na vida foram os que negavam seus títulos ou não pareciam subjugar por pouco. Mas não confio naqueles escondidos por baixo de seus estandartes. São orgulhosos, cruéis e por vezes mais traiçoeiros que as raposas, completamente cegos do mundo além de seus muros.

— Está apenas assustado com o desconhecido Loki. E sabe que a Igreja que está acima deles não permite execuções de motivos torpes.

— Apenas estou falando a realidade! E tua igreja já é nosso maior problema agora, que permaneça bem longe! – Disse contendo a voz para não ser ouvido pelo fâmulo que os aguardava. Sentia-se ofendido com a acusação do companheiro, mesmo que no fundo soubesse que era verdade temer o que não conhecia, enquanto Friedrich ressentia-se com o tom dele, mas ambos apenas cerravam os punhos e fechavam o cenho em silêncio, pois tinham que evitar iniciar uma briga entre eles naquelas circunstâncias em que eram observados de forma atenta.

— Sabes que se negarmos teremos que partir imediatamente, pois com toda a certeza os Ainsley  ficarão ofendidos. De uma coisa posso lhe dar razão Loki, nobres realmente são orgulhosos. – Friedrich falou de maneira firme, enquanto o companheiro negava-se a olhar em seu rosto pela teimosia. Se estivessem sozinhos, provavelmente estariam aos gritos um com o outro, mas naquele momento procuravam conter a intriga o quanto podiam.

— E tu sabes que se falharmos as consequências poderão ser piores.

— Não confias mais no próprio trabalho? Por que és sempre covarde com teu próprio ofício? – Indagou de maneira provocativa, fazendo Loki soltar um arquejo de perplexidade por tamanha audácia de Friedrich.

— Vai ser boçal assim no raio que o parta! Pra ver que nem os frades te quiseram! – Loki vociferou, dessa vez nem se importando se o vassalo ouviria ou não.

Es stultior asino...— Friedrich murmurou com os olhos repletos de desdém, fazendo com que o druida sentisse a ira chegar até a ponta de seus cabelos mesmo não fazendo a mínima ideia do que ele havia dito. Loki chegou a abrir a boca para prosseguir com a discussão, mas ambos foram interrompidos em meio à briga:

— Senhores, Lorde Ainsley pediu para que eu voltasse rapidamente. – O vassalo alertou com um olhar incisivo, fazendo os dois homens se entreolharem preocupados apesar do impasse em que se encontravam.

— Sabes que já não temos grandes chances... – Friedrich disse após um suspiro de exaustão. Loki estremecia os lábios contendo a raiva que sentia, desejando negar o pedido agora somente pela contrariedade, mas ainda havia um pouco de razão em sua cabeça pegando fogo, e por mais desgostosa que fosse a realidade, ele sabia muito bem que aceitando ou não eles já estavam fadados á miséria.

Respirou fundo, revirou os olhos por rabugice, e por fim encarou o mancebo com o verde faiscando em seus orbes feito um bruxo.

— Iremos á tua companhia. – Loki declarou aos resmungos, pegando suas coisas sem encarar o parceiro nos olhos, com ambos seguindo em direção ao vassalo que pareceu aliviado com a decisão finalmente feita.

O manso senhorial situava-se no topo de uma colina, sendo todo o feudo dos Ainsley um local montanhoso e disforme, com elevações e ondulações por todos os lados, as choupanas parecendo se empilhar umas nas outras e com centenas de escadas de pedras por todos os lados ligando uma colina até a outra. A terra era tomada por fracas gramíneas já perdendo sua cor pelo clima gélido que se intensificava mais a cada dia, com muitos pedregulhos a serem percorridos pelas cabras de pelagem espessa que saltavam de um lado para o outro e devoravam qualquer coisa que conseguissem achar no frágil terreno, enquanto seus pastores tentavam acompanhar com menos habilidade andando de maneira equilibrista, fazendo com que Loki lembrasse dos dias de trabalho em sua infância e das centenas de vezes que já havia sido perseguido pelos bodes. Ao longe, podiam encontrar algumas videiras com poucas pessoas trabalhando ao redor, guardadas por cães e gansos que perambulavam por baixo delas, mesmo que não houvesse uma única uva a brotar naqueles dias cinzentos. Os aldeões ao redor tinham o mesmo aspecto da maior parte da plebe: cansados, de olhos opacos e famintos, passando por eles com expressões desconfiadas por não estarem acostumados com estranhos. Ao menos naquele lugar parecia ainda não haver a desolação da peste.

Ainda.

O manso servil e o senhorial eram separados por uma grande e espessa muralha de pedra negra, repleta de limo que lhe dava um aspecto ainda mais antigo e selvagem, além do fosso tomado de água lamacenta a impedir a entrada de todas as formas. Pelas ameias, perambulavam alguns poucos soldados a já olharem de maneira atenta o vassalo que retornava, mas focando seus olhares nos dois estranhos que jamais haviam visto, mas que já possuíam ordens para permitir a entrada. Logo se ouviu as correntes da ponte sendo abaixadas, e num baque de fazer a terra tremer ela caiu de forma a revelar por fim o que se havia por trás de toda aquela guarnição.

Foi inevitável a hesitação e pavor pairando sobre seus ombros assim que adentraram naquele lugar proibido para o tipo de gente que eram, passando os olhares aflitos e curiosos por todos os lados em direção aos cavalos sendo guiados por cavalariços e os cavaleiros passando por todos os lados. Naqueles dias o lugar estava especialmente cheio, com diversos fâmulos e aldeões andando para lá e para cá com sacas de trigo esperando para serem processados no moinho, ou levando a farinha já pronta para os diversos silos que estocariam para o inverno. No meio de toda aquela confusão, a dupla permanecia atenta para seguir o vassalo que os guiava até uma das entradas laterais do castelo, uma construção grandiosa e rústica que se sobressaia através da parte dorsal da muralha, com janelas grandes e de vidro escuro com grades tenebrosas as ornando.

Percorreram pelos corredores labirínticos usados pelos outros vassalos e servos da família, estreitos e escuros para que os fâmulos pudessem andar de um lado para o outro do castelo de forma rápida e sem que ferissem a vista dos Senhores com sua desnecessária presença. O vassalo os deixou no que parecia ser uma extensão entre as dispensas e a cozinha, enquanto procuraria alguém que pudesse passar a mensagem até o Lorde.

Permaneceram sentados entre sacas de farinha e grãos, num silêncio inquietante, estranhando toda aquela movimentação de pessoas para lá e para cá em um único recinto. Mas felizmente as mulheres que trabalhavam na cozinha eram simpáticas, e até mesmo ofereceram uma pequena porção da comida que sempre sobrava do jantar dos senhores, sendo aquela a primeira vez que comiam carne de verdade em dias, com o ressentimento entre eles se atenuando conforme o tempo passava e sobrando apenas alguns olhares sem jeito entre eles.

— Minhas desculpas por mais cedo, não foi correto ter lhe tratado de forma tão rude. – Friedrich proferiu quase num sussurro, espiando o companheiro com o canto dos olhos de forma constrangida. Loki sentiu que deveria dizer algo, também sentindo-se tolo com a situação anterior, mas deixando o silêncio se meter no meio dos dois até que pudesse pensar melhor no que dizer, ainda mais por uma ponta de mágoa ainda persistir em seu peito.

— Creio que somos dois culpados então. Pois eu que não deveria ter cismado tanto com uma situação que eu já sabia qual seria a resposta, por mais que eu não a apreciasse... – Loki declarou no mesmo tom confesso, onde por mais que esperassem dissipar aquele clima desagradável,  acabar com o rancor de anteriormente, apenas sobrava um sentimento estranho de impotência e melancolia que se colocava entre eles como uma barreira sem cor.

Como algo tão banal poderia levá-los a ira um com o outro quando imaginavam que nada era capaz de desestabilizá-los? Pois uma coisa era quando discutiam quando um esquecia alguma coisa na mata, ou ao questionar se não estavam perdidos, reclamar quando o fogueira era muito grande ou por furarem sem querer algum tecido. Mas não costumavam insultar um ao outro, ao menos não desde que uma amizade havia se firmado entre eles. Agora aquela sensação era estranha e deprimente, visto que todo o sentimento que depositavam um no outro levava a uma decepção lancinante quando descobriam os momentos mais torpes de cada um. Loki sabia que Friedrich era uma das pessoas mais respeitosas que já havia conhecido, mas não significava que ele sempre seria de tal maneira. E Friedrich também sabia o quão centrado Loki era com tudo ao seu redor, só que por vezes ele também podia perder a linha em que se guiava. Haviam superado muitas coisas que o mundo havia feito para desafiar a relação deles, mas desde a primeira conversa que tiveram eles precisavam descobrir se poderiam vencer os problemas criados por eles mesmos.

Outro vassalo se aproximava, dessa vez um homem alto e esguio de cabelos cacheados na altura do queixo, um olhar sério e estoico lhe estampava o rosto triangular.

— São os curandeiros? – O vassalo questionou com as mãos unidas. Ambos assentiram. – Graças a Deus! Acompanhem-me, sou Lance de Oliveshire e sirvo para Lorde Thomas Ainsley.

Voltaram a percorrer os corredores estreitos, mas percebendo que o caminho tornava-se agora cada vez mais iluminado por grandes janelas e vitrais, o teto adornado com desenhos arquitetônicos em madeira e as paredes esculpidas com arabescos nas pedras. Além de serem pegos de surpresa por dezenas de tapeçarias repletas de ilustrações belas e complexas, tapetes de peles de urso e lobo que eram prontamente desviados por eles que temiam passar com seus sapatos sujos. Loki se sobressaltou ao se deparar com algumas armaduras antes de perceber que estavam vazias, e por mais discretos que tentavam parecer por vezes era difícil não encarar os adornos em ouro e as armas de lâminas brilhantes a enfeitarem as paredes e os móveis em madeira nobre divinamente esculpidos. Estandartes com as cores e brasão da família pareciam estar por toda a parte, e toda aquela grandiosidade parecia fazer com que eles se encolhessem diante de tamanha pompa e magnitude.

— O caçula de vossas senhorias, tão jovem o pobre Emmet que há pouco fora batizado, padeceu há duas noites de uma enfermidade que parece ter acometido mais um dos herdeiros da família. A pequena River está piorando muito rapidamente. Os médicos da região não atendem os chamados, estão ocupados demais com a maldita peste, e acreditamos que a menina não aguentaria uma viagem até o mosteiro mais próximo para procurar ajuda dos frades. – Lance explicou com a voz repleta de ansiedade enquanto se aproximavam mais das escadas que levariam aos quartos.

— Oh, sentimos muito pela perda. Contudo, de que seria a doença que os acometeu? – Friedrich questionou de forma cuidadosa.

— Não parecia nada demais a princípio, as amas disseram que todos andavam resfriados esses últimos tempos, os três mais velhos haviam se recuperado em questão de alguns dias de cama. Mas Emmet prosseguiu com as febres e tosses pesadas, até mesmo parecendo perder o ar, ficando cada vez mais fraco e apático até seu pequeno corpo não ter suportado mais. River está agora da mesma forma.

— Deve ter ido para os pulmões. – Loki comentou quase num murmúrio. – Enquanto está na cabeça, é fácil de tratar um resfriado, o problema é quando a congestão desce nos pulmões.

— Seja o que for, esperamos poder confiar no trabalho de vocês. – O vassalo proferiu de maneira sóbria, antes de abrir a porta de um dos quartos onde um grupo de serviçais rodeava uma grande cama abarrotada de cobertores e peles, onde uma criança repousava e era vigida por uma mulher a sentar ao sue lado, onde pelas roupas finas de um azul escuro de veludo e véu de seda a lhe adornar o rosto deveria ser a mãe e Madame Ainsley.

— Com licença vossa senhoria, encontramos os curandeiros da qual os servos comentaram pela manhã. Aparentam ter experiência com o caso da senhorita Ainsley. – Lance declarou segurando as próprias mãos, curvado em uma leve reverência em direção à senhora de olheiras fundas a macularem o rosto repleto de delicadeza a segurar a mão de uma criança pálida feito neve se camuflando nas cobertas brancas da cama formosa. Madame Ainsley espiou com o pescoço esticado pela dupla a esperar na porta, com um olhar enigmático que era difícil saber se de desconfiança ou desdém.

— Estão mais para feiticeiros, ainda mais o com cara de duende. – A mulher disse, fazendo com que Loki enrubescesse sabendo que era dele que se tratava a infame comparação.

— Creio ter escutado pela vila a alcunha grosseira de ‘’druida’’, minha senhora. – Lance explicou, com o olhar de Madame Ainsley focando-se no ruivo de forma incisiva, fazendo um arrepio de pavor passar por toda a coluna do pequeno homem.

— É melhor que realmente sejas. – A madame disse num tom severo enquanto acariciava o rosto febril da menina a respirar pesadamente. Sua fala fora deveras surpreendente para ambos, onde apesar de não haver decoro para com heresias, também denotava certa pressão para que fizessem um trabalho tão bom que seria digno de ser chamado de bruxaria. Se aquele seria ou não um caso desafiante, não deixava de ser somente o trabalho que ambos desempenhavam, por isso pedindo a licença de Madame Ainsley, puseram-se a verificar o estado da pequena senhorita River.

Escutando o peito da criança, os chiados presentes na respiração pesada denotavam a presença da doença em ambos os pulmões. Estava pálida feito um fantasma, os cabelos oleosos pela febre alta e soltava a cada pouco uma tosse sôfrega vinda do fundo da garganta repleta de muco. Friedrich pediu por panos úmidos e uma infusão com louros para ajudar na congestão, enquanto Loki procurava nos poucos mantimentos que ainda lhe restava algum agrião sobrando.

Assustavam-se com o desespero da menina que não conseguia respirar por conta da doença, sendo preciso bater com força demasiada em suas costas para que expelisse todo o muco preso em suas vias quando nem um sopro conseguia passar por seu corpo, até mesmo a colocando de cabeça para baixo para ajudar a descer toda a congestão presa em seus pulmões.

— Para um caso grave assim, seria melhor se eu ainda tivesse aquelas folhas de pulmonárias. – Loki comentou temeroso com os olhos dos serviçais ao redor, enquanto Friedrich ajudava a garota sustentar o corpo exausto para inalar a fumaça da infusão.

— As folhas de Nossa Senhora?

— Tem esse nome também. É tão perfeita para o caso que a própria planta se parece com pulmões, uma espécie de sinal da própria natureza. – Comentou enquanto desfazia as folhas em água quente para que a menina pudesse beber, rezando aos deuses sem nome que apenas aquilo pudesse ser o bastante para River, pois não tinha quaisquer palavras de reparação que fossem o bastante para dizer aos Ainsley caso não funcionasse. Na realidade, nunca havia, pois qualquer palavra era insuficiente quando o pior acontecia.

— Tente pedir á eles, quem sabe consigam em algum lugar. Assim como os louros. – Friedrich sugeriu enquanto trocava as compressas na cabeça de River, com as serviçais rondando o lugar para trocar a água e os panos a cada instante, uma situação estranha e até mesmo incomoda para eles que geralmente trabalhavam sozinhos.

— Não são tão comuns quanto os louros Freddie, é algo que só médicos e curandeiros como nós guardamos. Mas as que eu havia comprado de herboristas na primavera foram levadas junto com todo o resto. – O druida disse desanimado, estendendo a xícara com o chá preparado para a menina que fez cara de desgosto.

— Oh River, sei que este chá não possui o melhor gosto, mas é para que possa a voltar a correr lá fora com seus irmãos. Isso, boa garota. – Friedrich conversou calmamente com a menina que apesar de relutar um pouco mais, acabou acatando o pedido com caretas de nojo a cada gole. – Não custa pedir Loki, se acredita ser a melhor solução, confio em teu julgamento.

Loki aquiesceu, mesmo estando desconfortável naquele ambiente tão estranho para ele. Quando Madame Ainsley retornou para verificar a filha, o druida realizou o pedido com o máximo de cordialidade e servidão que era capaz de exprimir. Prontamente a mulher acatou o pedido ordenando aos servos para que encontrassem a planta em algum lugar, fossem em suas próprias terras ou viajando até outro lugar se fosse necessário.

Passaram quase toda a noite vigilantes com a saúde frágil da criança, que hora despencava de forma preocupante ou se estabilizava ao ponto de poderem suspirar de alívio. A febre nunca abandonava por completo o corpo pequeno, mas ao menos sua respiração havia deixado de ser tão pesada. Jamais eles estavam completamente sozinhos, servos e aias os rondavam a todo instante e trocando os turnos, pois também tomavam conta da menina e ficavam de olho com o que eles faziam. Eles decidiram por cuidar da criança em turnos na parte da noite, com Friedrich deixando que Loki adormecesse recostado nas paredes de pedra a primeira parte da madrugada enquanto o druida pegava o fim da noite e começo do amanhecer.

River não conseguia dormir por muito tempo por conta de suas tosses quase ininterruptas, choramingando em alguns momentos ou pedindo pela mãe que precisava ser chamada vez ou outra. Friedrich calmo e paciente como sempre acabou lidando melhor com a criança que o fazia lembrar-se das irmãs mais novas, lhe dando uma nostalgia triste enquanto conversava com River para distraí-la de seus incômodos. Loki já precisava da ajuda das aias para acalmar a menina algumas vezes, mas no final ao conquistar a confiança da garota acabou até lendo um livro que a menina acabou oferecendo para que ele lesse, sentindo uma pontada de orgulho por conseguir ler os versos de Beowulf sem vacilar e apreciando a oportunidade de aprender mais uma história para contar por aí.

Haviam deixado a pequena senhorita estável, mas seus pulmões ainda chiavam como apitos, temendo que em algum momento os chás para a febre não funcionassem mais e sua saúde começasse a declinar mais uma vez. Mas quando River conseguiu dormir, foi permitido que descansassem num dos quartos de fâmulos vazios, um lugar estreito com nada além de uma mesa de madeira rústica e um colchão de palha, mas para eles sempre acampando ao ar livre parecia um grande luxo. Apertaram-se na pequena cama que tinha disponível, onde antes Loki precisou segurar o próprio riso quando haviam sido questionados se poderiam se incomodar em dividir o espaço.

— Espero que possamos salvá-la. – Friedrich comentou estando com o rosto sonolento e voz afetada. Sentaram-se um ao lado do outro no colchão encostado na parede, onde apesar do cansaço sentiam que poderiam ser chamados a qualquer momento por conta de uma emergência.

— Poderíamos se eu pudesse ter todos os ingredientes de todas as ervas do mundo ao meu alcance. – Loki deu um suspiro de exaustão e desânimo, enquanto o pescoço pendia cada vez mais para o lado. – É terrível saber como vencer uma batalha, mas estar sem qualquer arma em mãos para poder guerrear. Quantos eu já perdi por conta da falta de algo tão simples quanto uma folha...

— Vão conseguir trazer a pulmonária, tenho certeza disso. E tu és o curandeiro mais habilidoso que já conheci em minha vida, merece o nome de druida que leva, pois teus segredos são maiores que qualquer feitiçaria.

— Mesmo sendo um covarde? – Loki alfinetou por mais que tivessem aliviado parte das desavenças de outrora. Friedrich mordiscou o próprio lábio agoniado, sentindo uma parcela de culpa pelas próprias palavras e um pouco de ira pela provocação rancorosa do ruivo.

— Realmente não quis dizer isso, até por que eu próprio também sei o que é sentir medo. – Friedrich abraçou os próprios joelhos fitando um filete de raio de sol a passar pela pequena janela disponível. – Foi algo tolo dito num momento de desespero, assim como acredito que devem ter sido suas palavras rudes. Por vezes magoamos um ao outro, mas se não resolvermos nossas intrigas seremos levados á ruína.

— Está certo quanto a isso. – Loki comentou tocando com delicadeza o ombro do companheiro que virou os olhos exaustos em sua direção. – Os últimos dias foram empilhados por dificuldades que tivemos de passar, contudo temos de tomar cuidado para que a crueldade do mundo não envenene nossos corações.

O silêncio pairou sobre eles por alguns momentos, não mais desconfortável como outrora, mas leve como o pouso de um pássaro sob um galho. Friedrich tomado por tantas emoções transbordando em si aninhou-se no companheiro procurando pelo calor e segurança de seus braços, sentindo o druida apertar-lhe de forma impetuosa como se temesse que acabasse perdendo-o.

— Sabes que amo-te, mesmo quando tudo conspira para o contrário. – Loki disse com um singelo sorriso no rosto, Friedrich olhou com anseio as esmeraldas que cintilavam para ele. – E se os frades não o quiseram, sabe muito bem que o desejo.

— Está apenas tentando se redimir de tua insensibilidade. – Retrucou com um ar desconfiado.

— Realmente sinto muito, já lhe afirmei. Contudo... O que me dissestes em latim?

— Melhor pararmos de revivermos isso. – Friedrich desconversou imediatamente, fazendo o druida revirar os olhos. – Mas mesmo após tanta coisa meu amor por ti também continua atado ao meu ser. Acredito que o que possuímos é tão teimoso quanto nós.

 Loki riu da comparação, afundando o próprio rosto na cabeleira cor de trigo do companheiro, sentindo o cheiro de terra e sabão impregnado em sua pele, tendo o rosto de Friedrich a se refugiar na dobra de seu pescoço. Ambos só conseguindo descansar por fim ao se encontrarem na familiaridade do toque um do outro.

O descanso havia sido curto, Friedrich sequer havia conseguido adormecer mesmo com todo o cansaço lhe tomando o corpo, provavelmente sendo mantido desperto somente pela ansiedade que o percorria. A febre de River havia retornado, não possuindo mais forças nem para tossir toda a mácula de seus pulmões. Madame Ainsley começou a ficar mais tempo ao lado da cama da filha, segurando sua mão frágil e sem cor. Até mesmo o Lorde viera uma vez verificar o estado da criança, alarmando todos os serviçais e os curandeiros que não esperavam pela vinda do senhor. O homem alto de barba bem aparada caminhou em silêncio até a cama da criança, passando as mãos pelo lençol e repousando por fim na cabeça quente da menina. Uma visita curta, mas que denotava a preocupação cada vez mais latente.

O rosto de River estampava um olhar que tanto Loki quanto Friedrich já conheciam muito bem, as feições já exaustas de tanto sofrerem permaneciam apáticas á espera de algo que pudesse levar todo aquele sofrimento embora de uma vez, um silêncio cada vez mais aterrador que suplicava pelo fim. Havia morte em seus olhos, e quando ela aparecia poucos eram os bravos capazes de levar a luta dela com a vida.

Loki estava nervoso, andando de um lado para o outro de forma inquieta, os olhos arregalados por cima das sombras de exaustão, com o verde vibrante percorrendo todas as direções como se procurasse alguma solução milagrosa. Não havia mais o que ser feito, eles tentaram de tudo e somente por um curto período conseguiram conter a doença. Mas ele não conseguia lidar com tamanha derrota, não quando era algo que havia aprendido a lutar, perder mais uma pessoa pelo simples fato de não possuir os recursos para salvar sua vida era avassalador demais para ele que tanto prezava pela saúde. Friedrich tentava acalmá-lo, mas o máximo que era capaz de fazer era convencê-lo de sentar-se e observar em silêncio a queda de River.

Somente após a ceia finalmente um dos servos havia encontrado na região alguém que possuía um punhado de pulmonárias, um ramo pequeno que havia sido doado pelos frades de longe há muitos meses. Loki se sobressaltou no instante que ouviu isso e prosseguiu com a trituração e preparação das folhas, enquanto Friedrich tentava reanimar a garota para que ao menos conseguisse beber a poção. Aquela noite ninguém pregou os olhos um segundo sequer, atentos a cada movimento que a menina fazia, repetindo a dose do remédio outras duas vezes durante a madrugada. Todos temiam que pudesse ter sido tarde demais, e que a doença havia se apossado por completo dos pequenos pulmões.

Foi uma noite inquietante, repleta de medos e expectativas. Não havia sido nenhuma melhora milagrosa, estas eram raras demais para o gosto de todos, mas ao menos River dava alguns sinais de que sua doença já não avançava, com a febre por fim diminuindo e permitindo que conseguisse dormir com um pouco de paz. Um sentimento de alívio pairou sob todos os presentes, que já estavam tão transtornados pela perda do caçula com a mesma moléstia. Enquanto os curandeiros sentiam a satisfação pelo trabalho bem feito, algo difícil de alcançar naqueles dias de peste.

Permaneceram por mais dois dias vigiando River e dando as ervas que auxiliavam em sua melhora. Apesar de ainda acamada, ao menos a menina já retornava a falar vivamente e a pedir para que recitassem Beowulf para ela que queria saber o final da história. Foi-lhes permitido partir quando a garota já conseguia dar algumas caminhadas curtas pelo castelo, não sem antes deixarem claro como deveriam ser feitas as poções que ela deveria tomar por vários dias ainda até se recuperar por completo.

O ânimo que há muito se tornara tão difícil de aparecer em suas almas, havia retornado por fim com a prova de que o trabalho exercido por eles ainda era capaz de resolver até o mais desafiante dos casos. Desde a chegada da peste, toda a medicina que prezavam e sabiam parecia ter se tornado um antro de conhecimentos vazios que de nada serviam para ajudar os mais desafortunados. Mas por vezes ocorria mais uma vez aqueles lampejos de vitória que provavam que ainda havia um propósito naquilo que realizavam, trazendo a esperança de que quiçá um dia também fossem capazes de curar até a mais mortal das pragas.

Mas também havia misturado a toda aquela vivacidade de suas emoções outra alegria menos nobre do que o júbilo da cura, mas que naqueles dias miseráveis era inevitável sentirem-se exultantes por isso.

— Gloria ao nosso Rei Eduardo III. – Loki disse jocoso enquanto admirava a silhueta do monarca estampada na libra de ouro, sequer podendo se lembrar da última vez que havia visto uma em sua frente.

— E que Deus salve a Inglaterra. – Friedrich completou a saudação, enquanto ambos andavam pela estrada com feições sorridentes ao ouvirem o tilintar da bolsa de moedas. – Mas guarde logo isso, já nos bastou um assalto nessa temporada.

— Sei que não somos as pessoas mais sortudas Freddie, mas acho que deve existir um limite de desgraças para nós. – Disse Loki guardando as moedas em uma de suas bagagens. – Eis aqui a prova de que ainda não estamos no fundo do poço.

— A mérito de quem a lhe convencer aceitar tal trabalho? – Indagou Friedrich com um sorriso sagaz e tom petulante, enquanto as feições do druida se desfaziam no mesmo instante numa expressão franzida de descontentamento.

— Não importa quantas vezes nos acertamos esse assunto ainda vai voltar várias vezes, certo? 

— A disputa e a teimosia nos perseguem meu caríssimo Loki. – Respondeu sem desfazer as feições provocantes, fazendo com que o ruivo lutasse para conter um breve riso pela declaração sincera.

— Clérigo maldito. – Loki resmungou enquanto tentava não mostrar o singelo sorriso que desenhava seu rosto no momento.

— Herege infame. – Friedrich retrucou. – E é melhor que comece a aprender alguns insultos em francês a partir de agora.

Oui, monsieur. — Loki declarou lançando seu olhar vigarista para o companheiro que também dividia as mesmas feições instigantes. Todavia, já não havia como conterem os risos que tomaram parte do ambiente enquanto perambulavam pela floresta mais confiantes do que nunca. Isso até serem interrompidos por um espirro surpresa vindo do druida.

— Raios... – Resmungou limpando o nariz com a manga da túnica.

— O que dizia quanto a nossa sorte antes? – Friedrich indagou jocoso, enquanto tocava a fronte do companheiro apenas para verificar se havia algum sinal febril.

— Que sempre pagamos um preço por ela pelo jeito. – Loki murmurou desgostoso enquanto fungava.

— Querendo ou não, uma hora aparece o momento de o médico ter de ser cuidado. – Friedrich comentou retirando um lenço de sua bagagem e oferecendo ao ruivo que aceitou prontamente.

— Se for uma companhia agradável não hei de reclamar. – Disse Loki tentando dar um olhar provocante em meio ao rosto vermelho e olhos marejados do resfriado, mas acabando por dar mais um espirro e fazendo o alquimista revirar os olhos com um sorriso curto no rosto.

 – Não prometo ser agradável, mas farei de tudo para ajudar o pobre enfermo a se recuperar. Por enquanto é melhor adiarmos os planos quanto à viagem. – Friedrich disse pegando Loki pela mão para fazê-lo parar de andar um pouco, tirando a bagagem de suas costas e procurando por alguma coisa que pudesse ajudá-lo com os sintomas.

— Sou alguma espécie de piada para vocês? – Loki indagou incrédulo em direção aos ares, mas não recebendo nenhuma resposta mais elaborada dos deuses que não fosse mais um espirro.

— Parece que o feitiço virou contra o feiticeiro. – Friedrich comentou aos risos, mas seu escárnio pouco tempo durou, visto que também acabou sendo pego de surpresa por um espirro, fazendo com que o ruivo risse de sua igual situação. – Não me faça essa cara!

Friedrich ralhou descontente enquanto limpava o rosto com mais um lenço que encontrara, mas agora já era tarde demais para que impedisse os risos quase teatrais do companheiro que se divertia mesmo com a situação péssima que somente atrasaria os seus planos. Mas aquela era a forma que Loki havia aprendido a lidar com a vida, onde por vezes o riso era uma reação melhor que qualquer desgosto.


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Notas finais do capítulo

O ''procedimento cirúrgico'' realizado no início do capítulo por Friedrich, nem preciso dizer que na maior parte das vezes dava muito errado né? Mas lá pra de vez em nunca poderia dar certo se o paciente não recebesse uma infecção de brinde. A catarata poderia ser empurrada para trás do olho como feito no capítulo, ou sugada com uma espécie de seringa após de cortada.

Resfriados incomodam a humanidade desde seus primórdios, não sendo especialmente perigoso ao contrário de outras doenças, então não se assustem com Loki espirrando, por mais que já traumatizei bastante vocês com a medicina medieval por aqui hehe. O problema e risco de morte apenas aparecia quando os mais frágeis, especialmente as crianças, acabavam por desenvolver pneumonia que aí sim era muito mortal na época.

Beowulf é um dos poemas épicos medievais mais importante já escrito. Pra vocês terem a noção da importância ele foi a principal inspiração para Senhor dos Anéis, além de grande parte das histórias fantásticas que conhecemos hoje em dia com dragões, magos e grandes guerreiros. Não se sabe sua autoria, e infelizmente há indícios de que os textos que temos disponíveis hoje em dia são apenas uma parte de um poema muito maior que infelizmente foi perdido com o tempo.

Para quem ficou curioso com o xingamento em latim e quer aprender a brigar com classe, a tradução é algo próximo de ''És estúpido como um asno''.

Como sempre, comentem o que acharam! Até a próxima.



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