Ode aos desafortunados escrita por Angelina Dourado


Capítulo 23
O Roubo e o Recomeço


Notas iniciais do capítulo

MEUS AMIGOS VOLTEI! Chega de hiatus, guardem o arado, estoquem o vinho, peça folga ao senhor feudal e bora ler Ode aos desafortunados mais uma vez!
Começando essa nova parte da história com tudo pessoal, estou bem ansiosa com os próximos capítulos e espero agradar vocês com tudo que está para acontecer, uma boa leitura! ^-^



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 Friedrich acordou abruptamente ao notar alguém remexendo no bolso que tinha atado ao cinto, este do qual usava para guardar o dinheiro que quase não tinha. Os olhos se abriram de súbito e antes que pudesse raciocinar devidamente, o mais forte dos instintos o fez pegar a faca que possuía atada ao cinto e ir para cima do suposto ladrão. Repousou a lâmina no pescoço do meliante, seu rosto estando um misto de ira e pavor.

Era uma criança.

Sua face mudou completamente com tal constatação, ficando boquiaberto e afrouxando a arma no pescoço do menino. O cabelo castanho era sujo e mal cortado, o rosto sardento tomado de medo e com os olhos começando a lacrimejar. Pela reação, não era como outros delinquentes que já havia lidado, pois não parecia nada acostumado com revides e muito menos com o cuidado para não ser notado.

Suspirou com desgosto, guardando a faca novamente no cinto e empurrando o garoto que rolou pela grama, ainda lhe encarando repleto de medo.

— Vá, mas sabendo que o próximo não o dará a mesma chance. – Alertou de forma ríspida, o garoto se levantou cambaleando e saiu correndo pela floresta tão rápido que provavelmente sequer ouvira o que Friedrich havia lhe dito.

O alquimista sentia todo o temor e adrenalina que sempre apareciam após uma situação de perigo, ainda mais ele que parecia ser um alvo contante de adversidades. Contudo, não estava surpreso, nem por quase ser assaltado, ou pelo ladrão possuir ainda os dentes de leite, pois a violência e barbaridade tornara-se algo cotidiano ultimamente. Lamentou por tal constatação, pedindo a Deus por um pouco de paz naquelas terras.  A brutalidade naqueles tempos não possuía trégua alguma, onde somente havia se intensificado após a guerra e tornou-se uma verdadeira batalha sem política com a chegada da peste.

Era um pensamento ingênuo, mas realmente havia esperado que tais ventos de calamidade não chegassem até ele e Loki. Contudo, não apenas estavam despreparados para tal combate cruel, foram destroçados.

Especialmente Loki.

‘’É difícil não possuir absolutamente mais nada de quem já nos foi querido. ’’ Havia dito a ele nos primeiros instantes desde a reunião deles, quando tratava suas feridas e tentava dar um jeito nas roupas esfarrapadas que haviam sobrado ao druida. ‘’ Há um vazio constante, como se a pessoa não tivesse sequer existido, parecendo como... Uma miragem antiga da qual nunca irá se repetir.

Contudo, apesar de coisas serem lembranças que oferecem a sensação de nos tornar mais próximo deles, não é o que realmente importa. Pois toda memória que possuímos e guardamos no coração é o que se torna o verdadeiro objeto de valor. ‘’ Foi o que disse para acalentá-lo pela perda do manto que amava tanto, do qual até mesmo Friedrich havia se afeiçoado com a figura colorida por cima dos trajes de Loki. O druida pareceu se acalmar um pouco com tal pensamento, contudo não o bastante para que sarasse tal ferida. A situação era muito diferente, não era como Friedrich nos tempos de frade ciente que não podia possuir nada para si, tratava-se de algo que Loki havia cuidado com grande carinho por anos e foi arrancado de si de forma bruta e inesperada.

Loki podia ser um homem forte, não no quesito físico necessariamente, mas na capacidade de passar por cima das adversidades da vida. Ele caía, se levantava e sarava enquanto continuava a seguir em frente. Era a única forma que tinha para poder continuar vivendo, pois se parasse, quiçá não pudesse dar conta do próprio peso da vida. Friedrich já havia presenciado ele repetir o processo diversas vezes, contudo dessa vez realmente temeu que Loki não conseguisse mais prosseguir sua jornada.

Nos primeiros dias ele estivera completamente abalado, os olhos sem expressarem vida, a voz quase não sendo usada, olhando sem motivação alguma para o mundo ao seu redor. Não tinha fome apesar de o corpo tornar-se cada vez mais franzino, sua vitalidade havia desaparecido, recusando-se a prosseguir muitos passos longes. Era difícil conseguir enxergar mais uma vez o druida enérgico de olhos místicos a cantarolar pela Bretanha da qual Friedrich havia conhecido outrora.

Mas por mais difícil que fosse a situação e todo o sentimento de trauma que o abatia, Loki continuava ali, sabia que sempre estaria. Não só pela esperança que cultivava no peito, mas pelos pequenos gestos de Loki que mostravam seu despertar. Seja pelo esboço de um sorriso que Friedrich podia deduzir como algo cômico que passara por sua mente, nas vezes em que jogava gravetos para o cão alcançar, os momentos em que resolvia vasculhar a mata e cavar por raízes procurando recuperar um pouco de todo o estoque de poções perdidas. Ou quando pegava em suas mãos somente para brincar com os dedos entrelaçados, ou ao envolvê-lo por completo nos braços durante o sono depois de lhe beijar a fronte ou os lábios.

‘’Agora será muito mais fácil adormecer no inverno. ’’ Loki havia lhe sussurrado uma noite, ambos estando mais próximos e agarrados do que costumavam estar. Friedrich sentira-se exultante com aquilo, não apenas pelo cortejo, mas pelo brilho que havia retornado aos olhos esverdeados naquele mero instante.

Apesar do rosto ainda com algumas marcas remanescentes da agressão e um cansaço persistente que não parecia que iria se esvair tão cedo de Loki, agora quase se podia dizer que voltara a ser a mesma incógnita de louco, ator ou pagão de sempre.

Completo pagão, louco só ás vezes.

Friedrich não demorou a notar a ausência do companheiro após tão inesperado levantar. Imaginando que não houvesse outro lugar onde poderia encontrá-lo, rumou até o riacho próximo de onde estavam acampados de maneira estratégica, apesar de que com o incidente percebera como ainda estavam perigosamente próximos da estrada. Andou de forma cautelosa, preparado para dar meia volta caso o encontrasse em situação comprometedora – eis uma das partes mais complicadas da convivência na estrada, flagrava-se sem querer e com mais frequência do que o habitual um ao outro em posições nada glamorosas. – Como esperado o cabelo de fogo facilmente se destacou na paisagem, no qual Loki se encontrava sentado na beira das águas, fazendo desenhos na terra com um fino graveto.

Antes que fizesse notar sua presença, Friedrich somente observou em silêncio a forma do companheiro por um instante. Os fios ruivos dançavam com o vento, já compridos o bastante para que não se sustentassem mais em pé direito e formando ninhos estufados e bagunçados em sua cabeça. A luz da manhã parecia tornar os olhos esverdeados ainda mais brilhantes e com aquele ar místico que tanto fazia parte de sua pessoa, junto ao queixo pontudo que se delineava ainda mais pela barba que acompanhava sua forma, com as sardas formando constelações únicas sobre as maçãs do rosto e do nariz torto por tantos golpes já recebidos na vida. Sentado de forma tranquila com o corpo pequeno e parrudo, escrevia na terra molhada com certa delicadeza mesmo que com mãos fortes e robustas.  Somente ao vislumbrar o companheiro com atenção era o bastante para que Friedrich sentisse o peito tomar-se por um calor impetuoso, coisa que costumava reprimir e abominar de forma violenta, mas que agora apesar de ainda possuir certo estranhamento para com seus sentimentos passara a não condená-los mais. Deixava que escorressem por seu âmago, aprendendo a apreciar aquelas sensações de candura que Loki lhe proporcionava, tomando-lhe o fôlego como parte da alma.

Soltou o ar que prendia em determinado ponto, aproximando-se enfim de Loki no rio e lavando o rosto ainda sonolento na beira das águas. O druida não virou o olhar em sua direção, mas pode notar o sorriso singelo que se formou em sua face assim que se aproximou.

A túnica de Loki havia sido costurada novamente em diversos locais, estando repleta de pontos e remendos de cores distintas ao tecido original. A camisa de linho ficou desfiada, mas com um pouco de linha foi possível torná-la útil mais uma vez. Suas chausses foi preciso improvisar, cortando-as pela metade para ficarem como uma meia somente até o joelho, sustentadas por um fino pedaço de corda para que não escapassem. Loki teria de se contentar a andar sem sapatos por um tempo, além de lidar com a aparência mais maltrapilha. Ele não reclamava em voz alta, mas o alquimista sabia como ele era vaidoso e que provavelmente estava desconfortável de tal forma. Infelizmente, naqueles dias quase não possuíam dinheiro para se sustentarem, quem dirá para comprar novos tecidos e roupas.

— Tiraste a tala de teu pulso. – Friedrich comentou olhando com o cenho franzido para a mão esquerda de Loki onde seu pulso havia sido fraturado.

— Não está mais doendo, consigo mexê-lo de novo. – Respondeu fazendo movimentos circulares com o membro, deixando ainda mais evidente sua defesa. Mesmo assim o alquimista continuou com as rugas de preocupação se evidenciando na testa, uma mania que Loki sempre achara graça.

— Aprendi com a prática da medicina que muitas vezes a melhora só se faz completa quando estendida além do desaparecimento dos sintomas. Por vezes é o corpo tratado enganando-se, quando na realidade ele volta a exprimir suas dores quando abandonado o tratamento. – Explicou de forma altiva parecendo um doutor universitário. Quando Friedrich falava em tal tom a vontade de Loki revirar os olhos tornava-se comunal, e foi o que fez naquele momento. – És teimoso feito um bode.

— Oh não me fale em bodes, detestava ter de tomar conta da criação deles em minha juventude! – Loki bufou revoltado. – As amarras estavam me incomodando, por isso as tirei.

— As faço mais frouxas então. – Disse pegando na mão antes fraturada de Loki e passando os dedos com cuidado como se procurasse por mais algum ferimento escondido. Loki suspirou em derrota, olhando para Friedrich com seu típico olhar sacana.

— Que mais hei de fazer? Não vou contestar de tu que vens me tratando todo esse tempo. – Tal declaração tirou um singelo sorriso de satisfação de Friedrich, que voltou a observar de forma tranquila o que Loki fazia.

— Que escreves? – Indagou curioso.

— Alguns versos que me são conhecidos.

— Evoluiu muito na escrita, acho que deves ter levado menos tempo que eu tomei para lidar com as letras. – Friedrich o elogiou fazendo com que o rosto de Loki praticamente se iluminasse, os olhos faiscando de júbilo e os dentes arreganhados num sorriso de orgulho. – Apesar da falta de um ‘’u’ em ‘’daunce’’.

— Não pode simplesmente elogiar-me? – Questionou em falsa mágoa.

— Isso não lhe tira o mérito. Agora corrija, pelo bem da gramática. – Friedrich disse apontando para a palavra errada, fazendo com que o druida revirasse os olhos, mas realizando o que foi pedido.

Come ant daUnce wyt me in Irlannde

— Não precisava exagerar. – Friedrich disse rindo-se junto a Loki enquanto olhavam a grande letra em contraste com o resto do texto. – Já estivestes alguma vez na Irlanda?

— Nunca saí da Inglaterra, apenas meus pais nasceram lá. – Loki explicou sem tirar os olhos do verso, o rosto tornando-se reflexivo. – Já cheguei a pensar que poderia ser lugar para nós agora, mas não és tão simples, afinal sei por que eles saíram de lá. És um reino de muitas belezas, claro, mas há muita intriga entre seus nobres, com ainda mais pobreza e fome do que já enfrentamos por aqui. Mas aposto que deves saber dessas coisas melhor que eu.

— Só ouvi dizer sobre vários reis e lordes a disputá-la.

— Bem, o que digo é que provavelmente fugiríamos de um problema para encontrar outro. – Loki denotava mais uma vez a expressão apática e sombria que tanto o acometera aqueles dias, a tristeza tornando-se parte de seu coração novamente e o medo do futuro assolando sua alma. Friedrich sentia-se em pedaços ao vê-lo de tal forma, lembrando-se do que acabara de ocorrer quando acordou e pensando se deveria ou não relatar o acontecido a Loki. Não queria chateá-lo ainda mais, porém achava que deveria avisá-lo do ocorrido para ficarem atentos a uma possível volta do ladrão. Esperando atenuar um pouco a situação, segurou a mão de Loki com ternura, fazendo com que seu rosto virasse na sua direção e as íris se encontrassem, dizendo assim em silêncio que estava prestes a entrar num assunto delicado.

— Falando em problemas... Acordei com um mancebo a tentar surrupiar meu bolso de moedas. Nada de mais como pode ver, assim que despertei o pobre coitado saiu em disparada, mas creio que devemos ficar alertas, quem sabe mudarmos o acampamento. – Friedrich relatou com Loki o ouvindo atento, sem mudar a expressão e permanecendo introspectivo por um instante.

— Apesar do grande infortúnio que me ocorreu, sei bem que malfeitores e mercenários não são mais meu maior problema. Temos que ir embora, mas não sei para onde. – Loki deu um longo suspiro, olhando para Friedrich de uma forma misteriosa, não podendo se saber ao certo o que ele pensava. Parecia temer o que dizer, e movendo os lábios vez ou outra como se fosse dizer algo, mas desistindo no processo.

— O que teme? – Friedrich indagou já repleto de aflição pelo comportamento esquivo do companheiro.

— Ah diversas coisas, um pouco de tudo. Coisa de procurado da justiça sabe... – Loki respondeu com um sorriso amarelo tentando em vão desviar do assunto. O alquimista continuou a lhe fitar com preocupação, passando a mão em seus fios ruivos com uma ternura que lhe arrepiou o corpo e lhe fechou a garganta por conta do que pensava.

— Então que lhe assustas agora? – Indagou com calma, olhando-o com tamanha serenidade no azul límpido que Loki sentiu-se tentado a lhe responder. Hesitante, mordiscou os lábios por um momento antes de relatar a confusão de seus pensamentos.

— Tens certeza que não possuis qualquer dúvida quanto a nós? Temo que tenhas tomado a decisão pelo calor do momento e que venha a arrepender-se posteriormente. – Disse de forma apressada, observando a expressão inabalável de Friedrich que não respondeu nada a princípio, esperando por uma formulação melhor de suas ideias para que pudesse opinar devidamente. – Digo, sei que não tens dúvidas quanto ao que sente. Isso realmente me toca, entretanto... Antes de nos reencontrarmos passei as semanas refletindo nossa situação e os perigos que ela pode causar, todos os riscos que sofremos somente por nossa união. Pensei em cada detalhe e me vi convicto o bastante para passar por qualquer das adversidades que colocarem entre nós, pois agora sei que faria de tudo para permanecer junto á ti.

Porém, não sei se tu pensaste o mesmo além de suas intrigas morais e espirituais... Não que eu não as considero, compreendo o que lhe afligia e me alegro por saber que pôde passar por tamanho desafio. Todavia tenho dúvidas se estás ciente do risco a mais que sofreremos e da perseguição que teremos de enfrentar... Não quero que estejas despreparado, que sofra ou veja que tal sacrifício não vale a pena.

— Entendo. – Friedrich disse simplesmente, aproximando-se ainda mais dele, o bastante para que Loki sentisse o cheiro de sabão e folhas impregnado em sua pele. – Contudo, afirmo que não há o que temer quanto a isso. Podemos ter tido experiências distintas durante nossa separação, mas não fui relapso em não pensar em tudo que nos envolve ao redor. O que acontece Loki, o motivo de eu tomar tais riscos de forma tão deliberada e certeira após me desprender de minhas amarras internas, é por que eu mesmo não passo de uma ameaça ambulante e já conheço muito bem tal destino. Por isso não vejo problema de me expor em mais outro risco, pois trata-se de tu. Para mim nós valemos a pena, e ao olhar em perspectiva tudo o que passamos tenho a certeza que não quero me ver em outro lugar que não ao teu lado.

O rosto de Friedrich enrubescera ao dizer tais palavras, não sabendo certo se pelo embaraço de expor seu coração de tal forma ou se pela emoção que colocara em seu tom. Loki sorriu de forma solene e sincera, olhando-o com tal brilho nas esmeraldas que fazia com que o outro desejasse mergulhar em seu interior. De forma ousada e movida pelo coração aos pulos que tinha no peito, o druida enlaçou sua cintura, tornando os corpos já próximos ainda mais perto um do outro, tomando-lhe os lábios de forma afoita e exaltada que ainda não haviam experimentado durante aqueles dias de recuperação.

 Era um ósculo tomado pelo anseio necessitado de ambos, uma saudade nunca antes suprimida, onde arrepiaram-se ao sentir o calor e a umidade de seus lábios, as veias pulsando com ardor em todo o corpo tomado pela vontade de sentir o gosto do outro. Friedrich tomado pelo momento enchera as mãos com os cabelos de Loki, apertando-os contra seus dedos levemente, fazendo com que o druida intensificasse o beijo provando Friedrich com sua língua. Ao sentir tal experiência desconhecida, o alquimista conteve-se um momento, desajeitado, estranhando o contato e tendo dúvidas quanto ao que deveria fazer na hora. Afastou-se de Loki, com a expressão acanhada e não olhando direto nos olhos que tanto lhe hipnotizavam.

— Desculpe-me, e-eu nunca... Quero dizer, não estou habituado com tal contato... – Friedrich quase murmurou as palavras, arriscando fitar o parceiro que lhe lançou um sorriso solícito que o fizera ruborizar ainda mais com a situação. Nunca havia tido contato com tais gestos íntimos, sequer já tinha discutido com alguém, pois não era o tipo de coisa que se falava entre as pessoas, só ouvia falar sem grandes detalhes e por vezes lera algumas menções em poemas que não eram recomendados para que os monges lessem. Sequer conseguia pensar se já havia visto um beijo entre duas pessoas, será que teria visto? Mesmo que tivesse, provável que tenha evitado observar, pois um casal nem deveria fazer tais coisas em público (e somente quando casados, diga-se de passagem).

— Ei, não há de que se acanhar. – Loki disse-lhe calmamente quase que num sussurro, tocando seu queixo e o incentivando a erguer novamente o rosto. Sentiu-se estremecer ao ter as esmeraldas tão próximas de si e os lábios de Loki tocarem os seus mais uma vez, tomando-se por um nervosismo que antes não possuía ao desconhecer a própria inexperiência. O druida mudou sua postura ao pousar uma das mãos atrás da cabeça do loiro, tocando os fios com candura, beijando-o com cuidado e guiando-o até alcançar o ritmo certo. Mesmo desajeitado no início, quando se vincularam de vez o ósculo intensificou-se ao ponto de sentirem as vísceras tomarem-se por fogo e o ar faltar-lhes dos pulmões, com os dois afastando-se novamente somente quando se cansaram demais pelo contato tão intenso.

Os olhares ainda permaneciam próximos, tímidos e sorridentes um para o outro, beijando-se de maneira casta uma ou duas vezes, pois não queriam terminar com o momento tão brevemente.

— Será mais fácil pervertê-lo do que imaginei. – Foi a fala de Loki com seu sorriso sacana que fez com que se afastassem de vez, deixando Friedrich boquiaberto com a ousadia e o afastando de si, mesmo que ele próprio tentasse conter alguns risos causados pelo júbilo que o inebriava.

— Oras, tenha um pouco de decência! Agora ande, deixe-me ver teu pulso. – Friedrich tentava esconder o rosto ruborizado não encarando o companheiro, mas acabando por ceder olhar a expressão de vigarista que tanto amava.

— Pelo jeito certas coisas não mudam. – Loki revirou os olhos por desdém, mas oferecendo o braço ao alquimista mesmo assim. Ambos compartilhando um olhar misto de paixão e companheirismo, agradecidos pela paz que traziam um ao outro.

Que nunca mudasse, era o que pediam em suas próprias crenças.


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Notas finais do capítulo

Tava na hora desses dois terem um pouco de paz não é mesmo? De certa forma, claro, as coisas nem sempre tão muito bem na idade média. Como sempre pessoal, se gostaram deixem um comentário! Deixem a autora feliz e ainda mais motivada pros capítulos, obrigada ^-^
A propósito, agora em paralelo com Ode estou escrevendo uma outra história, que será mais curta e em torno de 12 capítulos, para quem se interessar os convido a darem uma olhada também:
https://fanfiction.com.br/historia/774379/Eu_sou_voce_Nos_somos_ele/



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