Faces e Fases - Unmöglich und Illegal escrita por Khuscatoff


Capítulo 5
Vorbeischauen




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Capítulo V - Vorbeischauen

Este capítulo consiste em memórias de Joachim Hoffman. Aproveitem

~ 4 Março de 2018

Acordei lentamente, o sono que me embalava numa profunda inconsciência havia sido interrompido pelo despertador barulhento e levemente irritante. Eva se virou para o meu lado abrindo os olhos, me fuzilava com sua expressão irritada.

Eu sorri para ela e lhe beijei a testa. Me levantei logo apertando o botão para o aparelho parar de alarmar. Um longo bocejo foi dado de minha parte acompanhado de uma espreguiçadq breve. Olhei Eva quase adormecida na cama, se remexia de uma lado para o outro procurando novamente sua posição confortável. Apenas sorri vendo ela ali, inocente, muito diferente de como ela estava até as duas horas da manhã.

Me permiti uma ducha rápida, não tive tempo de lavar meu cabelo, não que isso importasse tantos, eu não gravaria naquele dia. Me vesti com uma blusa azul simples e um jeans, completando com um tênis preto. Peguei meu material e sai de casa logo ligando minha câmera.

— Bom dia — eu comecei falando com a enorme lente — Eu não tive como falar com vocês ontem, mas eu soube sobre Peter. Mais um de nós que acabou vestindo o paletó de madeira. — eu acabei por dar uma risadinha discreta, porém perceptível — Desculpe... — limpei minha garganta tentando logo mudar minha expressão embaraçosa para uma mais seria — Eu estou bem, vou trabalhar.

Desliguei a câmera a guardando em minha pasta. Dirigi com calma até a empresa, o caminho estava tranquilo, mesmo que com muitos carros cruzando as ruas. Pude chegar em meu local de trabalho em segurança.

Sai do veículo me direcionando até a porta principal, logo, antes de entrar, um ser ruivo e as vezes irritante se pôs ao meu lado.

— Como está Eva? — ele perguntou sempre sorridente — Resolveu aquele problema.

— Eva é uma mulher difícil, mas nada que uma noite bem quente que não aquiete os ânimos dela — sorriu e depois riu tentando se conter — Mas, ainda não sei se convenci ela. Ela vai passar o fim de semana com a mãe dela no interior.

— Ui ui ui, parece que ontem a cama pegou fogo — riu o ruivo. Eu apenas neguei rindo com a cabeça, não negava o fato da noite anterior ter sido quente, neguei a infantilidade de Logan — Mas, você tem certeza que não está mentindo pra ela?

Revirei os olhos frustrado. Me pus na frente do ruivo e segurei em seus ombros

— Repete comigo... Eu

— Eu — Ele continuou

— Joachim Hoffman

— Joachim Hoffman

— Não

— Não

— Estou

— Estou

— Traindo minha esposa — terminei mais rápido

— Traindo minha esposa — resmungou achando aquilo tudo ridículo — Okay, Okay, acredito em você.

Eu suspirei já irritado com Logan e fui a minha mesa tentar trabalhar sem pensar em tudo que me assolava no momento. Eu não conseguiu parar de pensar em Valentin, eu o havia conhecido a dois dias, e o rapaz estava em pânico total, ele não sabia como lidar com nossa situação.

Encontrei Valentin no Clube de Teatro que o mesmo frequentava, as pessoas do local olhavam torto para mim, ou até mesmo, confusos. Mesmo pelos olhares, eu sorria e acenava para as pessoas.

— Com licença — uma voz se faz atrás mim e me virei prontamente. A pessoa arregalou os olhos ao analisar o meu rosto — Você...

— Procuro Valentin Mohler — crispou os lábios. Mas a expressão mulher com quem falava ainda era de confusão — Sou o irmão dele. Gêmeos...

— Claro, claro — ela falou virando de lado. Sinalizou com as mãos para que eu a seguisse, e o fiz. Ela me guiou para uma sala de almoxarifado — Ele teve um acesso de ansiedade e não quer sair daí.

— Eu converso com ele — falei, minha expressão mudou para preocupação total.

— Obrigada, Sr. Mohler — ela saiu rapidamente, sua voz era cheia de inocência e ingenuidade por realmente ter acreditado que eu era gêmeo de Valentin. Uma parte de mim bem que desejou isto...

Virei meus olhos para a porta e bati de leve. Não obtive nenhuma resposta, bati mais uma vez chegando perto da Madeira e dizendo que era eu que ali persistia. Em poucos segundos pude ouvir a tranca se mexer, a maçaneta pendeu para a esquerda e a porta se abriu.

Eu entrei com cautela, Valentin me deu espaço para passar e logo fechou a porta. Pus a mão no rosto dele e levantei sua cabeça. Seu olhos estavam vermelho expressando tamanho medo e agonia que sentia no momento.

— O que aconteceu? — perguntei singelo

— Eu fui chamado pro exército...

Eu não sabia o que dizer, sabia que Valentin não poderia recusar o chamado do Exército Alemão, ele poderia ser preso se recusasse

— Valentin, eu...

— Peter... Eles mataram Peter — desabafou segurando o choro — Eu estou com medo, Joachim, não posso aguentar tudo isso. Eu não quero morrer.

Eu dei um pequeno sorriso compreensivo e abracei ele.

— Você não vai morrer — consolei — Eu não vou deixar que te matem, tá bom? Eu te coloquei nessa e sou responsável por suportar tudo isso. Olhe só, você vai pro exército, vai aprender a de defender...

Ele se manteve calado por alguns instantes, pude sentir algumas lágrimas caírem pesadamente nos meus ombros enquanto ele chorava em silêncio. Acaricie suas costas transmitindo uma calma que nem eu sabia de onde vinha.

— Como você aguenta? – indagou num murmúrio

— Sabe quanto tempo eu estou metido nisso? — questionei mesmo que Valentin não respondesse — A um ano e três meses, eu já passei por coisa que você jamais saberia como lidar. Eu e Hei... — parei um segundo, não poderia dizer o nome dele alto — e minha fonte estamos juntos nisso a muito tempo. A pior parte já passou.

Valentin assentiu enxugando os olhos

— Agora vamos manter o bom humor, vamos sorrir que tudo isso vai ser resolvido. Eu descobri quem nos clonou e o por que?

— Quem? — olhos olhos brilharam em dúvida

— Weiss Biotechnology. — Eu falei sério — O motivo eu só posso contar amanhã à noite, ainda vou falar com a minha fonte. Ela vai me explicar melhor o por que, alguma coisa envolvida com história.

Valentin apenas assentiu com a cabeça sem nada dizer. Sorri de volta para.

— Você vai ficar bem, Okay? — falei

Ele apenas sorriu em resposta, eu enxuguei uma última lágrima no seu rosto antes de sentir meu celular vibrar no bolso da minha calaça. Não era o meu celular, era o celular que os clones usavam para se comunicar. Ergui um dedo pedindo tempo para Valentin e peguei o aparelho.

"H.K"

— Diga — pedi rapidamente quanto atendi

— Três Horas, suco de framboesa, headband amarela. Três vezes. Celulares ficam na sua casa, não traga-os. — minha fonte falou ao telefone antes de desligar sem que eu pudesse sequer responder.

Olhei o horário no visor do celular, eram 2:15 PM, suspirei irritado.

— Tenho que ir, Valentin — falei para ele e acariciei seus cabelos brancos — Me prometa que você vai ficar bem.

Ele apenas assente com a cabeça novamente

— Me prometa, Valentin — eu digo mais firme

— Vou ficar bem, prometo — ele murmuro quase que para si só. Dou um sorriso lento e o ajudo a levantar. Com os meu braço em sua cintura e os deles abraçado em seu próprio corpo, saímos daquela sala apertada do almoxarifado. Ele se vira pra mim devagar — E você? Vai ficar bem?

Eu penso naquilo por um minuto e hesito. Pensei em tudo que eu havia passado. Já havia matado três pessoas desde que descobri, tive uma perseguição de carro, encobri tudo da minha esposa. Minha esposa, há dois anos eu a chamo de esposa, eu passo por isso faz um ano e meio. Suspirei

— É... — eu hesito mais uma vez — Eu vou ficar bem.

...

Cheguei na casa parcialmente abandonada e bati na porta três vezes, como mandado. Minha mão pesava carregando a sacola com um galão de suco de framboesa e a headband que ele havia pedido. Não me pergunte onde eu consegui comprar essa headband, eu conhecia lugares estranhos.

— Heiko — bati na porta mais três vezes — Sou eu, Joachim!

— Você está atrasado — gritou ele de dentro da casa, eu sabia que ele tinha o ouvindo encostado na porta — Você sabe que eu odeio atrasos.

— Atrasei dois minutos! Sério isso!? — briguei e chutei a porta, mesmo sem poder ver, sabia que ele tinha levando um susto e dado um pulo — Abre logo! Está frio!

Pude ouvir ele resmungar em outro idioma, Grego talvez. Logo o som das trancas se abrindo se tornou mais audível. A porta se abriu rapidamente e fui puxado para frente. Antes que eu pudesse fuzilar meu clone com os olhos, a porta se bateu num estrondo atrás de mim.

— Pare de ser paranóico, Heiko — briguei me levantando. O encarei e estendi a sacola bem a vista — Aqui suas coisas. Eu demorei para achar essa Headband, pra que diabos você quer ela?

— Acho headbands bonitas — ele disse amarrando o pano amarelo no pulso — São estilosas.

Olhei para casa que estava uma tremenda bagunça. As coisas estavam fora do ligar e tinham roupas jogadas. Heiko, diferente de mim, do falecido Peter ou até Arkadius, era completamente desorganizado. Bufei e o encarei, seus dedos estavam sujos de salgadinhos e seus cabelos negros complemente bagunçados. Tinha olheiras enormes abaixo dos olhos.

— Você é muito teimoso — eu o puxei pra orelha, literalmente e o arrastei pela casa. Ele gritou comigo tentando se soltar. Eu não era muito mais velhos que ele, mas era.

Heiko era o mais novo dos clones, por algum motivo, ele fora inseminado alguns anos depois dos outros. Ele ainda estava na escola, apesar de morar sozinho. E eu? Já havia terminado minha faculdade a três anos, me casado e formando minha vida. Ele era apenas um clone de dezessete anos que conseguiu descobrir toda a façanha por trás da gente. Preguiçoso e teimoso, porém genial.

— Heiko, olhe esse lugar? Está uma bagunça só? — o soltei indicando as coisas com a mão — Quando foi a última vez que tomou banho?

— Faz uns três dias — ele responde como se fosse a coisa mais normal. — Por que?

Revirei os olhos

— Nojento...

Depois de muita bronca. Heiko havia me explicado o motivo de nossa origem e clonagem e aquilo havia me assustado de uma maneira inimaginável. Era assustador e eu não poderia crer naquilo. Parecia coisa de seriado ou de filme, eu realmente não achava que uma coisa como essa poderia acontecer em pleno século XXI.

— Tem que contar quando chegar na cidade logo! Okay? — ele pediu quando eu saia — me prometa, Joachim.

— Tá bom, eu prometo — sorri e antes que pudesse dizer alguma coisa, Heiko fechou a porta na minha cara. Bufei — Grosso.

Desci os degraus em pulinhos e adentrei o carro. Chovia e já era escuro, mas sabia que conseguiria chegar em casa em segurança. Acelerei o carro pegando a estrada, liguei minha câmera sorridente pronto pra me comunicar com meus "irmãos"

— Oi pessoal. Estou voltando pra Berlim, podemos nos encontrar no Alojamento Hétero de Valentin. — dei uma risada — Tenho informações super importantes para dar sobre a Weiss Biotechnology. É arriscado demais para eu dar certas informações através dessa câmera. Imagina de HK achasse, ele com certeza arrancaria meu fígado fora — ri novamente diante daquele pensamento hilário — Nos vemos na ca...

Gritei, os pneus chiaram, a câmera balançou. Tentei manipular o volante falhando. O carro virou batendo contra o ferro que impedia que os carros entrassem na floresta, mesmo sendo inútil para o caso. O carro capotou, a câmera captou perfeitamente o meu corpo se debatendo e chacoalhando no banco.

O carro adentrou um lago. Jatos de água entravam pelo Ar-Condicionado e pela janela. Comecei a chorar assustado. Tentei tirar o cinto, sem sucesso. Eu estava em pânico. Batia contra a porta do carro tentando abri-la, impossível, a pressão e força da água impediria do alemão abrir a porta. Solucei com medo, se ergueu tentando respirar os últimos centímetros de ar que me restava. Eu tentava rasgar seu peito, batia contra o volante do carro esperando que algum milagre o acontece.

Infelizmente não aconteceu.

Se mexeu por alguns últimos segundos e colapsou, parou de se mexer. Estava morto...


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Notas finais do capítulo

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