Deidade escrita por KarelSan


Capítulo 1
Capítulo I: Ele


Notas iniciais do capítulo

♦ Esse é o capítulo em que vocês conhecem o Deus e seus feitos e suas intenções.



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"O que é comumente chamado utopia é demasiado bom para ser praticável;
 mas o que eles parecem defender é demasiado mau para ser praticável."

John Stuart Mill

 

Capítulo 1: Ele

            Dois anos atrás um jovem que aparentava ter 20 anos ou mais, apareceu sobre o céu se declarando deus. Não era difícil de acreditar só de olhar pra ele, ironicamente ele tinha um par de chifres vermelhos acima das orelhas, o esquerdo pra cima e o direito pra baixo indo até seu queixo, era negro, seus cabelos eram castanhos e caídos sobre os ombros, seus olhos eram amarelos como o sol e pareciam não estar focados em nada, seu corpo era coberto de tatuagens, algumas passavam até mesmo pelos seus olhos verticalmente.

            Mesmo com as evidências sobrenaturais, era surreal demais para acreditar que alguém que apareceu voando sobre o céu em todos os lugares do mundo simultaneamente estava se declarando deus. As autoridades do mundo inteiro não sabiam o que fazer, não havia protocolos para um ser como aquele. Sequer dava pra saber onde ele estava exatamente, a única pista que se tinha dele era seu corpo sobre nossas cabeças e sua voz de trovão. Alguns países acionaram seus exércitos e retiraram as pessoas das ruas. Desnecessário... Nada foi feito, ele apenas encarou e repetiu que era deus algumas vezes, tempo suficiente pra que fosse feita uma reunião de emergência das maiores nações do mundo naquela época.

O mundo estava em uma situação muito delicada, no que eles chamavam de “início da guerra”, o povo do planeta e até sua forma estava mudando, ambos por causa das bombas e das ameaças diárias. Todos viviam com medo de que a qualquer momento fosse a sua vez de morrer. Partes do planeta simplesmente desapareceram com as bombas atômicas e os continentes estavam muito diferentes de alguns anos atrás. Apenas 1/3 da população sobreviveu a esse desastre.

Em sua primeira aparição na mídia, Boh, como a criatura queria ser chamada, disse que o que via no mundo não era o que nós merecíamos e uma intervenção era necessária.

— “Seu mundo está morrendo. Vocês estão se matando, trocando vidas por pedaços de papel tão passageiros quanto vocês mesmos, tornando o meu mundo, a minha dádiva, em um território de morte e isso não será mais aceitável, de maneira alguma. Venho pra transformar, curar e, principalmente, unir os laços do mundo e todos que habitam nele... Eu sou Boh e irei salvá-los.”.

            Após o discurso, houve um grande estrondo no céu, parecia que estava tudo se partindo ou se movendo. E ele sumiu. Ninguém percebeu o que houve até algumas horas depois. Os continentes estavam unidos novamente, como na Pangeia. Ele falou em unir o mundo, mas não achamos que era literalmente. E essa foi a prova de que ele era realmente o que dizia ser e não havia alguém no mundo que pudesse discordar.

            Para ajudar na localização, nós fomos separados apenas por regiões, como coordenadas num mapa. As fronteiras significavam nada agora.

            A guerra piorou, os líderes nacionais começaram a se atacar, pois achavam que era algum tipo de arma vinda de algum de seus inimigos. Mas o que eles não conseguiam explicar era o fato de Boh usar uma linguagem que todos entendiam. Russos entendiam em russo, brasileiros em português e norte-americanos em inglês.

            A ameaça de mais bombas voltou. O mundo se tornaria novamente o palco de morte e destruição e ninguém sequer saberia o porquê. Sequer sabíamos o motivo inicial da guerra na verdade. Não havia esperança de sobrevivência dessa vez, não havia muitos lugares para bombardear e da próxima vez poderia ser bem aqui, na minha cabeça. Ou em algum dos meus amigos que estavam (agora não mais) do outro lado do mundo. O terror havia voltado às nossas vidas.

            No dia seguinte a sua aparição, houve novamente um estrondo, dessa vez numa base do exército que havia suspeitas de estar comportando uma das bombas aqui perto de casa. Todos correram pra rua olhar. Não havia mais nada lá. Simplesmente nada. Sem fumaça, sem destroços, mortos ou qualquer coisa. Só um espaço vazio que parecia ser mais uma quadra de esportes, só que sem travas, pinturas ou grades. Ele não deixou rastros e fez o mesmo por todo o planeta.

            Na semana seguinte todos os líderes nacionais foram surpreendidos com o que viram. Seus capitólios, prefeituras e sedes políticas também tinham sumido. Juntamente com quaisquer indícios de regras ou leis, tanto na internet quanto em papel. Os bancos agora tinham sido substituídos por Centros de Conselho e Ajuda (CCA), que de início ninguém entendeu bem pra que servia, mas era um lugar onde você poderia pedir ajuda caso tenha sofrido durante a Guerra ou só tivesse sofrido algum trauma que afetasse a sua vida. Era grátis e todas as pessoas foram convidadas a irem, a mídia espalhou a notícia fortemente nos dias que se seguiram. Nesse meio tempo, eu olhei as mudanças no mundo. Imaginei que fosse tudo se quebrar inicialmente e foi o que aconteceu, pelo menos das partes religiosas, que tentaram, de todas as formas, transformarem Boh numa representação do próprio Mal de sua religião. Ao mesmo tempo novas religiões surgiram, as que acreditavam que Boh era o verdadeiro deus que todas as outras tentavam representar de alguma forma e falhavam. Ambos os lados foram ignorados e ao verem o que a criatura trazia para o mundo, desistiram de tentar qualquer coisa e se acomodaram.

            Depois desses dois anos sumido, Boh reapareceu há 3 meses e o mundo que ele havia recentemente batizado de Danahs parecia realmente ter finalmente se estabelecido, mas havia aqueles que ainda não estavam satisfeitos com tudo isso, algo estava faltando, e eu era um deles.


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Notas finais do capítulo

♦ Espero que tenham se divertido com o capítulo. Não me deixem sem saber o que acharam e quais são suas expectativas para os próximos.



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