Filhos De Marttino Encontros de Amor(Degustação) escrita por moni


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoas lindas. FELIZ Carnaval!!
Então, preciso avisar que dia 15 os dois primeiros livros da série Irmãos De Martino. vão sair daqui do nyah para irem para Amazon, e dia 28 saem os dois útlimos. Coração de Gelo e Recomeço.
Os filhos De Martino. continuam mais um tempo. espero que compreendam. novos livros e séries virão. Esses vão para Amazon.



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Afonso

   Ela come bem, não parece preocupada com peso ou fica tímida de comer na minha frente. Acho que talvez a pouca idade ou o modo espontâneo com que vive seja a razão para tanta liberdade.

   Essa liberdade é o que de algum modo me incomoda e não consigo compreender bem o porquê. Não somos tão diferentes assim, não deveríamos ser ao menos. Ela acredita nas mesmas coisas que eu, fez as mesmas escolhas.

   Deixamos o restaurante juntos, meia hora depois, eu pago a conta. Afinal estamos a trabalho.

   — Já sabe onde estamos indo?

   —Miradouro da graça. Marquei um encontro lá. É público, muitos turistas, melhor lugar para falar com uma fonte, eles se sentem sempre mais seguros em público.

   — Anotado. Podemos ir de eléctrico 28? – Sorrio com a pergunta.

   — Pensei que conhecesse bem Lisboa. – Foi o que ela disse. – Ninguém que mora aqui o chama assim. Amarelo é como o chamamos.

   — Demoro para pegar intimidade. – Ela responde dando de ombros. – Vamos ou não?

   — Se ele estiver chegando tudo bem, não vou ficar meia hora esperando, se tiver muita fila...

   — Então se apressa! – Ela caminha a passos largos na minha frente, o amarelo se aproxima e não tem fila no ponto, nos sentamos lado a lado. Ela no acento do corredor. – Adoro ver a paisagem.

   — Adoro respirar. – Rebato, ela cruza os braços, evito rir, não me importaria nada trocar de lugar com ela, mas acho que gosto de perturba-la um pouco em vingança ao tanto que me irrita. Dois rapazes estão no banco da frente, estrangeiros falando em inglês e apontando a paisagem.

   Manoela me olha um momento, tem qualquer coisa de desafio em seu olhar e no sorriso que toma seu rosto e quase me assusta.

   Sem que eu consiga me preparar para o que vem, ela fica de pé, toca o ombro do rapaz no banco da frente.

   — Oi, meu nome é Manoela, podemos trocar de lugar? Queria tanto olhar a paisagem pela janela, minha primeira vez em Lisboa. – O inglês é fluente e a cara de bobo do rapaz deve ser também. Num minuto desorganizado o rapaz da ponta está sentado ao meu lado, o da janela está na ponta e Manoela está feliz olhando a paisagem e rindo com os rapazes.

   Eu oficialmente não a suporto. É definitivo. Encaro a paisagem calado infelizmente não posso deixar de ouvi-la a conversar animada. Manoela faz meia dúzia de perguntas aos rapazes. O que está ao meu lado se debruça no banco da frente para dar-lhe atenção, ela ri e conta histórias como se os conhecesse toda uma vida.

   Me ponho de pé quando chegamos ao nosso destino, caminho pelo corredor em direção a porta e ela me segue apressada.

   Faço questão de ignora-la, mesmo que ela não parece ter notado. Manoela não cala a boca, vai dissertando sobre o passeio e as paisagens até pararmos sob a sobra de uma árvore diante da paisagem de Lisboa.

   — Um café? – Pergunto quando puxo uma cadeira para ela. Manoela faz que sim e logo somos servidos. Ela beberica o café encantada com a paisagem, o céu está azul e limpo, nem uma única nuvem na tarde quente.

   —Vamos ficar até o pôr do sol? – Ela pede levando o café aos lábios desenhados e coloridos por um batom claro. Que tipo de detalhe é esse? A cor do batom?

   — Não acho que ainda vamos estar aqui até o pôr do sol. – Respondo sabendo que não teria problema algum ficar e apreciar a paisagem por um momento.

   — Minha mãe é doceira. – Ela não desgruda os olhos da vista. – Meu pai publicitário, uma parte da família trabalha nos vinhedos De Marttino. – Ela vai contando sem que entenda onde quer chegar. – Cresci filha única por muito tempo. Mamãe ia para a doceria, papai para a agencia, eu acompanhava um dos dois ou ficava com meus avós. Eles são especiais demais. – Ela sorri com a lembrança.

   Os olhos deixam a paisagem e me observam um momento, não esperava pelo olhar aquecido por boas recordações e eles enchem meu peito de qualquer coisa nova sobre ela, os cabelos caem para o lado, escuros e brilhantes, o sorriso doce se expande e seu olhar me deixa como chegou, sem aviso.

   — Quando estava com papai, eu via a rapidez de ideias, o mundo agitado e vivo, cores, vozes, pressa, energia. Quanto ia trabalhar com mamãe era diferente, oposto. Silencio perfumado de chocolate e frutas cítricas, os detalhes e a lentidão de preparar uma obra de arte comestível. Meus avós era só mimos e diversão, ser criança, correr pelos parques de Florença, tomar gelato na praça, assistir desenho animado enrolada em cobertas comendo pipoca. Tem dias que sou como papai, outros como a mamãe, quando o pôr do sol me convida, sou como ela, posso ficar aqui e ver o sol se pôr e nem por isso vou deixar de ser a pessoa que trabalho com afinco e energia. Eu apenas sei dividir o tempo.

   Ela leva o café aos lábios e fico sem uma resposta. Não me lembro de ninguém capaz de se abrir assim, sair falando sobre si, ela é única e talvez tenha sido isso a encantar Amália.

   — Ele está vindo. – Aviso quando diviso um rosto entre os turistas que fotografam a paisagem e conversam alto. Sempre me pergunto por que turistas falam sempre tão alto.

   Um jovem franzino de olhos grandes caminha fingindo distração entre as pessoas, tem pouco mais de vinte anos, usa roupas comuns e acena ao me ver. Faz um teatro ruim de quem acaba de encontrar um amigo por acaso, Manoela ri descaradamente da péssima apresentação.

   Ele aperta minha mão, meneia a cabeça em direção a ela e se senta olhando em torno.

   — Eduardo me pediu para vir. – Ele diz diretamente a mim. Manoela se mantém calada, não parece muito tensa.

   — Estou procurando uma pessoa. Talvez saiba de alguma coisa. Uma pista que me leve na direção certa.

   — Quem?

   — Não sabemos nada, apenas alguém que negocia obras de arte. – Aviso e ele balança a cabeça em negação. Olha em torno muito preocupado.

   — Não sei nada sobre coisas grandes assim. – Ele avisa e odeio que Manoela possa ter razão, esse mundo dos pequenos crimes da cidade, de roubo de bolsas e lojas não vai ser útil. Isso é sobre milhões de dólares.

   — Um amigo não pode ter recebido um bom dinheiro? Ninguém mudou de vida? Qualquer coisa pode ser uma pista. – Eu insisto. Ele nega. Me recosto na cadeira. Perda de tempo. Apenas isso.

   — Conhece alguém bom em desligar alarmes? – Manoela pergunta. – Abrir cofres?

   Ele cala um longo momento. Indeciso, torce os dedos, o personagem despreocupado em um encontro com velhos amigos vai embora e ele fica tenso.

   Pego uma nota de cem dólares e coloco sobre a mesa. Ele encara a nota e depois me olha.

   —Eduardo disse que você é de confiança. Que não vai abrir quem falou.

   — Não vou. – Digo por fim. – Pode confiar, nunca colocaria uma fonte em risco. – Ele balança a cabeça. Pensa um momento. Manoela abre a bolsa e entrega a ele um bloco de notas e uma caneta.

   — Um nome e um telefone, só isso. – Ele encara o papel em dúvida, então toma fôlego e escreve um nome e um número de telefone. Empurra de volta a Manoela.

   Não sei nem ao menos seu nome, mas aperto sua mão quando ele se levanta e nos deixa apressado, desaparece em meio aos grupos de pessoas e eu e Manoela nos observamos calados.

   Ela pega o papel e ergue olhando o nome. Me estende e gosto que tome essa atitude simples. Também sou obrigado a reconhecer que teve uma ótima ideia. Perguntar sobre um bom arrombador de cofres e especialista em alarmes foi esperto.

   — Seja quem for o ladrão de obras de arte, ele não faz o serviço, paga alguém para fazer, deve ter alguém em cada lugar, seu trabalho é vender as obras. – Digo a ela que parece em dúvida.

   — Pode ser, foi o que pensei, mas também pode ser que ele prefira trabalhar sozinho. Que faça todo serviço.

   — Acha? – Ela afirma.

   — Se eu fosse uma criminosa, se roubasse e negociasse no mercado negro, faria todo trabalho sozinha.

   — Não custa tentar. – Digo balançando o papel.

   — Acha que ele vai falar com você?

   — Não, claro que não, mas vamos tentar contrata-lo para um serviço. – Ela sorri, cheia de vontade de viver aventuras. No fundo sou um pouco assim, gosto da adrenalina da investigação, a cabeça fervilhando, a luta por informações exclusivas. Definitivamente, isso me faz vivo.

   Prefiro o mundo da politica, as sutilezas de meias palavras a serem desvendadas, as intrigas de bastidores, ninguém nunca está de um lado, são sempre rivais e amigos, depende de onde o poder está.

   — É um bom plano. – Ela concorda, depois passa os olhos pela paisagem e pega a bolsa. Tenta se erguer e seguro seu braço, seus olhos encontram os meus e solto apressado. – Não temos que ir?

   — Falta pouco para o pôr do sol. – Fico constrangido em admitir que me rendi aos seus desejos, mas ela não parece disposta a tripudiar, sorri voltando a se sentar, se vira de lado e permanece observando a paisagem e queria saber mais sobre ela. Queria saber tudo sobre essa garota que me confunde tanto e arranca de mim reações que não conhecia.

   —Já viu o pôr do sol no Taj Mahal? – Ela pergunta. – Meus pais estiveram por lá depois de casados, mochileiros em lua de mel, me contaram tantas vezes que uma vez fui em férias passar uns dias lá com meus primos. É lindo. Acho que um dos mais bonitos do mundo.

   — Imagino que sim, vi apenas em fotos. – Ela sorri.

   — No curso de fotografia eu era a pior aluna. – Os olhos dela desgrudam de novo da paisagem e ela me olha. – Não precisa colocar no seu relatório para Amália, eu disse a ela que não tinha esse talento.

   — Eu tenho. Sou um bom fotógrafo. – Qualquer curso de jornalismo ministra aulas de fotografia, eu não tinha muito interesse, mas gostei, andei com uma câmera por todo canto uns meses, depois acabei abandonando o hábito quando minha carreira seguiu outro rumo.

   — Podia fotografar esse lugar, é lindo. – Ela pega o celular e fotografa o céu começando a tomar novas cores, primeiro o azul vai perdendo a força e um leve tom de laranja vai surgindo junto com as luzes se acendendo nas casas abaixo.

    Depois de tirar apenas uma foto, Manoela dobra os joelhos e os abraça, fica em silencio com olhos perdidos e admiro sua capacidade de se encantar com o belo, perdi um pouco isso. Sentado ao seu lado, silencioso e tranquilo, me dou ao luxo de apreciar aquele minuto de perfeição.

   Observar a coloração do seu ir se transformando enquanto a bola de fogo vai descendo de encontro ao horizonte. É mesmo bonito e talvez mágico.

   Não percebo a noite dominar o ambiente até ser tocado no ombro. Minha mente viajando em um mundo distante e perdido. Sinto falta da inocência dos vinte anos.

   — Noite estrelada. – Ela diz e concordo. – Podemos ir.

   — Sim. Deve estar cansada. – Me coloco de pé ao seu lado.

   — Voltamos de amarelo? – Ela questiona.

   — Intima? – Brinco e Manoela ri afirmando. Ela se movimenta e os cabelos balançam, brilham refletindo as luzes do miradouro.

   Quando entramos no bonde, dou lugar a ela na janela, não quero arriscar a garota se atirando em estranhos. Passamos por bares, lojas baixando as portas e pessoas indo e vindo. Ela tem olhos ávidos.

   Saltamos perto do meu apartamento, Manoela parece sem pressa. Ficamos um diante do outro e se for honesto, não quero me despedir.

   — Vai ligar para ele agora? – Ela questiona. – Acho que seria boa ideia, ninguém liga pela manhã para um criminoso encomendando um crime.

   — Como sabe?

   — Você passou a noite toda cometendo seus delitos, chega quando o dia está amanhecendo, se joga na cama para umas horas de sono e lá vem um idiota qualquer telefonando para te acordar? Não. Ideia ruim.

   — Está certo. Quer participar disso? Podemos ir até minha casa.

   — Ótimo. Eu cozinho, sou razoável. – Ela faz careta. – Nem perto da mamãe, mas consigo cozinhar uma massa. O que acha?

   — Pode ser. Passamos na mercearia antes, não acho que vá encontrar o que precisa. – Manoela balança a cabeça animada, passa o braço pelo meu quando começamos a caminhar e fico confuso demais. Primeiro por que gosto, segundo por que eu não consigo entender esse jeito livre dela.

   Ela é sempre perfumada, bonita, usa muitas pulseiras no braço, de couro e coloridas, brincos grandes, cílios longos, sorriso grande, riso fácil, ela é encantadora de tantas maneiras e tão sem pretensões.

   Manoela me aponta a mercearia, o braço ainda em torno do meu enquanto ela parece atenta a tudo a sua volta.

   — Eu pago. – Ela diz quando entramos. – No próximo jantar é sua vez.

   Não discuto, ela é rica, quer pagar e eu não gosto de gastar tempo com coisas pequenas como essa.

   Saímos carregados. Massa, tomates frescos e um vinho da família dela. Manoela escolheu e pagou, coisa estranha comprar o próprio vinho, mais ainda pagar tão caro por uma garrafa.

   — Esse é mais popular, feito para mesa e para ser vendido em todo lugar, um dia, quando for a Vila De Marttino vai tomar o melhor vinho de todos os tempos. Kiara. Feito para mamãe.

   — Sua mãe tem um vinho?

   — Tem, muitas mulheres da família têm. – Ela conta enquanto caminhamos para casa, eu carregando a sacola e ela andando na minha frente, de costas para poder me olhar.

   — Vai cair. – Alerto, ela ri ainda andando de costas.

   — Estamos conversando. – Manoela diz parando diante de mim e faço o mesmo. – Me acha maluca?

   — Completamente. – Aviso, ela se vira para ficar ao meu lado, de novo passa seu braço pelo meu e andamos lado a lado. – Amanhã eu pensei em pesquisar um pouco. Quero ver se existe um padrão.

   — Pode ser. – Ela abre a porta de entrada do edifício, me deixa passar e fecha, subimos juntos enquanto ela vai me contando sobre os vinhos De Marttino.

   Histórias bonitas de amor que se transformaram em vinho, uma família ligada a emoções, que valoriza laços matrimoniais. Diferente da minha mãe.

   Vamos direto para cozinha. Ela esteve uma manhã aqui e já age como se estive em casa, prende os cabelos, arranca os sapatos e começa a esvaziar as sacolas e abrir armários.

   — Uma panela para água. – Me pede e obedeço. – Quer telefonar enquanto vou preparando o jantar?

   — Vou fazer isso. – Pego o telefone.

   — Mas fica aqui. Eu quero ouvir tudo. – Concordo. Ela é inteligente. Pode me ajudar. – O que vai dizer?

   —Que sou um menino mau querendo abrir o cofre da mamãe recheado de joias. O que acha?

   — Que gosto de meninos maus. – Ela diz cada coisa. Fico sempre surpreso e constrangido.

   Meio constrangido eu pego o telefone. Ela parece dividida em me observar e cozinhar.

   Uma voz forte me atende no primeiro toque.

   —Tom?

   — Quem quer saber? – Ele pergunta.

   — Alguém me deu seu telefone, um amigo que prefiro não identificar.

   — O que esse amigo em comum disse?

   — Que pode me ajudar num trabalho. Um cofre, serviço fácil, sem grandes perigos, fácil de entrar e sair. Abrir um cofre.

   —Ligou para pessoa errada. – Claro, o homem não se entregaria assim por telefone.

   — Pena, o pagamento seria bom. Diamantes. Minha mãe devia ter me dado quando pedi, mas ela quer manter todas aquelas joias no cofre do seu quarto.

   — Cofre? Abrir um cofre?

   — Apenas isso, abrir um cofre e dividir o que tem lá.

   — Podemos marcar um encontro. Frente a frente conversamos.

   — Tenho pressa. Amanhã?

   — Só me dizer a hora e o lugar. – Pego papel e caneta e anoto. Desligo e Manoela parece animada.

   — Ele aceitou um encontro?

   — Você não vai, ele pode desconfiar, melhor eu ir sozinho, fica com o endereço e se me demorar...

   — Nem pensar, vou com você, fico de longe assistindo o encontro. – Ela pode estar certa.

   — Pode ser. Quer ajuda? – Mudo de assunto. Manoela afirma. Me entrega meia dúzia de tomates e preferia mil vezes ter parado em algum lugar para comer.

   — Tenho que ligar para casa e pedir aos meus tios que me mandem um pouco de bom vinho. – Ela me estende a garrafa. – Abre enquanto preparo a massa.

   — Sabe que ficar mandando em mim não torna nossa relação mais fácil?

   — Uhm! Já temos uma relação. Nem beijo teve e já pensa em nós assim. Muito atirado você.

   Me falta voz, ela acha que estou partindo para um tipo de assedio? Isso... eu não... claro que ela é linda, mas não faria algo assim.

   — Não me entenda mal, não é nada disso.

   — Que pena. – Ela ri. – Afonso, se solta um pouco, isso tudo é brincadeira. Estou só provocando. Que acha de me servir uma taça de vinho?

   Aceito, ela tem razão, estou muito travado, nunca trabalhei com alguém, nunca nem perto de dividir espaço com uma garota que não tenho uma relação amorosa. Isso me confunde um pouco.

   — Podemos colocar aquele meu velho plano em prática se esse caminho que estamos tomando não der certo.

   — Não. – Digo a ela mesmo achando agora que a ideia é bem aceitável. Parece tolo, mas meu ego não me permite admitir que ela pode estar certa.

   — Não tem um informante na policia? Eles estão no encalço, podem ter pistas. Por que estamos caçando uma matéria assim?

   — Só obedeço. Me deram a pauta e não posso me negar. Não vejo por que alguém perderia tempo com algo assim. Melhor seria procurar um filme de ação.

   — Vida real é mais divertido, mas aposto em algum ricaço que foi roubado e quer saber quem foi. Algum amigo pessoal dos donos da revista. É sempre assim. – Manoela tem razão. É bem possível, de qualquer modo, não muda nada. Ela anda pela cozinha descalça, sensual e risonha. Com uma taça de vinho que beberica de vez em quando. – Que acha de colocar uma música? Sou movida a música.

   — Jazz?

   — Para animar, não dormir. – Ela faz careta, larga tudo que está fazendo. Ainda mantem a taça na mão quando leva a outra mão a cintura e me olha séria. – Quer parar de se comportar como um velho. Tem vinte e oito anos, meus primos têm sua idade e vivem como eu, são felizes e animados como eu e gostam das mesmas coisas.

   — Manoela... – Eu acho que nunca estive diante de alguém tão irritante. O que ela tem com meus gostos musicais? Mesmo que eu não goste de jazz, por que realmente não gosto, nem sei por que disse isso, mas mesmo se gostasse o que teria demais? – Você não consegue ser menos invasiva?

   — Não. Eu sou jornalista. – Ela diz com simplicidade. – Quer me contar sobre seu passado?

   — Vai queimar a massa. – Aviso e ela solta uma longa risada, olhamos os dois para a panela cheia além da metade de água fervendo. Levaria umas seis horas no mínimo para queimar essa massa. – Água evapora. – Tento argumentar.

   — Sim senhor, chefe. Vou ficar de olho.

   Linda e intrometida. Isso vai mesmo ser complicado. Ao mesmo tempo que me tira do sério, eu quero que fique perto, além disso, está na cara que ela é tudo, menos alguém que vá seguir regras e sei que Manoela vai aprontar alguma.

   Ela pesquisou sobre mim, acho que vou fazer o mesmo, saber mais sobre essa garota. Redes sociais ela disse. Quem sabe faço um perfil?


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Notas finais do capítulo

Beijossss



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