Arte & Café escrita por Haruyuki


Capítulo 1
Arte & Café




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Olho para a estranha loja à minha frente. Uma porta de vidro escuro me impede de ver completamente o interior dela. Na parede ao lado direito, uma enorme e bela pintura de diversas flores a decora. Vejo rosas de diversas cores, lírios, girassóis, tulipas. Realmente algo muito bonito. Procuro por uma assinatura do artista, mas não encontro nada. Apenas o desenho.

O barulho de vozes me faz girar meu rosto para a área externa do café, onde diversos clientes conversam e apreciam um lanche. Solto um suspiro e me preparo para continuar o passeio com Makkachin quando acabo vendo algo que me faz prender a respiração. Ou alguém. Um homem de cabelos negros bagunçados, super fofo e com grandes óculos de armação azul. Makkachin late, não só me despertando, como também chama a atenção do rapaz, que me olha com surpresa. De repente, um latido diferente se escuta e vejo uma versão menor de Makkachin pular no colo dele.

“Por que não entra? Animais são permitidos aqui.” O homem inclina o rosto e sorri, e eu estou completamente ferrado.

“Posso me sentar com você?” Eu pergunto, notando-o fechar um caderno grande e o guardar em uma mochila.

“Claro. Estou sozinho mesmo.” Ele responde e eu imediatamente pego Makka pelos braços e entro correndo no estabelecimento.

Quando entro, o cheiro de café e paredes cheias de grandes desenhos em preto e branco de paisagens super detalhados me surpreende. Reconheço locais turísticos e populares de Paris, Londres, Rio de Janeiro, Nova York, Tóquio, Moscou, Pequim e muitas outras cidades, de acordo com as placas de identificação embaixo delas. Sinto algo familiar naquelas imagens, mas deixo de lado, não me importando muito com isso. Então vejo um desenho de por do sol em uma praia em preto e branco, e me pergunto se é São Petersburgo. Me surpreendo ao ver a placa com as palavras Hasetsu - Japão embaixo.

“Posso ajudá-lo?” Uma moça muito bonita de longos cabelos castanhos claros, usando um avental com a logomarca da cafeteria se aproxima, sorrindo apesar de estar sangrando pelo nariz.

“Ah, eu estou…?” Sou interrompido pelos latidos de Makka e do pequeno poodle marrom, que estão se cheirando.

“Ei, Yuuko. Você pode abrir a porta do jardim e deixar Vicchan e o novo amigo dele brincar?” O homem de antes surge, e eu engulo em seco ao vê-lo.

Aquele homem não só tem o rosto fofo, como tem o corpo mais bonito que eu já vi e as roupas que ele está vestindo só dão mais destaque as curvas dele. Calça jeans cinza, colada nos mais perfeitos quadris existentes; Camisa branca aberta com uma camiseta preta por dentro que revela uma cintura não muito magra. E então eu vejo o rosto dele melhor, adorando a cor da pele dele e dos olhos castanhos que olham com surpresa… ops.

“Algum problema comigo?” O homem diz, passando a se olhar.

“Não, me desculpe.” Digo, entre tosses. “Eu apenas fiquei encantado com a obra de arte na minha frente. Agora eu entendi porque este local se chama Arte & Café.”

Agora eu quero me enterrar vivo. Eu realmente tentei dar uma cantada nele?

Mas quando vejo seu rosto ficar bastante vermelho e a garçonete ao nosso lado morrer de rir, me pergunto se ainda tem um pouco de esperança para mim.

“Ai meu deus, Yuuri!!!” A garçonete, de nome Yuuko, grita. “Você recebeu uma cantada de Victor Nikiforov!!!”

E agora eu congelo.

“Vocês… Sabem quem eu sou?” Pergunto, secamente.

“É claro que sabemos! Eu e Yuuri acompanhamos sua carreira desde o início!” Yuuko diz, me assustando.

“Yuuko-chan…”

“Nós temos todos os seus livros e sempre estamos de olho por novidades. Yuuri aqui…”

“Yuuko!” Eu olho para Yuuri com surpresa, e percebo que a mulher ao meu lado se cala também.

“Com licença.” Digo, pegando Makkachin novamente e saindo imediatamente daquele café.

Só quando chego no meu apartamento e olho para as caixas ainda cheio de coisas minhas dentro, é que percebo que aquele homem chamado ‘Yuuri' não se apresentou normalmente para mim.

Eu me jogo no sofá, confuso com meus próprios sentimentos. Tanto com relação à ‘Yuuri', quanto ao meu passado como escritor.

Me mudei para Detroit recentemente. Depois de 30 anos vivendo na Rússia. Eu quero recomeçar minha vida do zero e esquecer meu passado. Meus fracassos que se tornaram mais importantes que meus sucessos. Eu preciso de um emprego melhor, e arrumar um lugar para deixar Makkachin. Solto um longo suspiro e fecho os olhos, dormindo ali mesmo.

~x~

Dias se passam e eu evito passar perto do Arte & Café. Me concentro em arrumar meu apartamento, finalmente o deixando organizado. Minha procura por emprego não me deu frutos ainda e estou ficando enjoado comida de restaurante.

“Makka, o que eu faço?” Pergunto, me abaixando para acariciar a cabeça dela.

Ela late alto 3 vezes e corre, pegando sua coleira de sair e eu solto um suspiro. 10 minutos depois, saímos de casa. Talvez um passeio seja o que estou precisando também. O que eu não esperava é que, se aproveitando de minha melancolia, ela me leva até Arte & Café.

“Victor?” Escuto Yuuri, e o vejo de pé na parte externa do café, me olhando com preocupação. “Você está bem? Se não for incômodo, eu gostaria de conversar com você e pedir desculpas por Yuuko.”

Deus, como ele é fofo!

“Não tem problema. Eu apenas fui pego de surpresa.” Digo, respirando fundo.

“Você quer entrar? Eu posso te servir um café e algo para comer e a gente pode conversar.”

“E o dono deixa você fazer isso?” Victor pergunta, passando a ir até a porta e notando que está com o sinal de fechado.

‘Yuuri’ destranca a porta e eu entro, vendo que realmente o café está vazio e um pouco iluminado.

“É a primeira vez que isso acontece, mas eu permito sim.” ‘Yuuri' sorri largamente. “E posso afirmar que é um serviço especial que apenas o mais bonito cliente pode receber.”

E novamente congelo, sendo pego de surpresa por Yuuri ser o dono daquele cafe. E ele me deu uma cantada?

“Eu não me apresentei ainda, não é?” Ele diz, me servindo café e entendendo um pote com açúcar e um prato com croissants. “Meu nome é Yuuri Katsuki e meu cachorro se chama Vicchan.”

“Hm.” Eu afirmo com a cabeça, colocando açúcar no café e misturando. “E você sabe que eu sou Victor Nikiforov.”

“Sim, eu sei de Victor Nikiforov, escritor de múltiplos best-sellers românticos.” Yuuri serve uma xícara de café para si e o olha. “Mas eu não conheço o homem por trás do escritor.”

Ergo minhas sobrancelhas, sendo pego de surpresa por ele.

“E por que você se interessaria em conhecer o homem por trás do escritor?” Pergunto, dando a primeira mordida em um croissant e logo exclamando. “Vkusno!

Yuuri sorri, bebendo mais um gole de café.

“Por que é ele quem estou interessado agora.” Yuuri solta uma risada, obviamente pela minha cara.

“Eu posso te contar sobre mim. Mas eu também quero conhecer Yuuri Katsuki.” Digo, e ele finaliza o café antes de me dar uma resposta.

“Justo. Você pode começar, já que eu tenho uma certa vantagem.” Ele fala, nos servindo mais café.”

“Você é da onde?” Pergunto, não perdendo a oportunidade.

“Hasetsu, uma pequena cidade litorânea japonesa.” Ele responde e eu franzo a sobrancelha.

Onde é que eu vi esse nome antes?

“Ali.” Yuuri aponta para algo à minha direita e eu me viro, vendo as paredes com as imagens e olho para a do por de sol, me lembrando.

“Uau, deve ser uma cidade muito bonita.” Comento, voltando a olhar para ele. “Como você sabia que eu queria saber?”

“Você perguntou.” Ele responde, dando risadas. “Eu sei que você é Russo e morava em São Petersburgo. Mas você nasceu lá mesmo?”

“Sim.” Respondo. “O que você gosta mais de fazer?”

“Eu gosto de cozinhar, desenhar, patinar no gelo, dançar, escutar música e observar ao meu redor.” Ele responde e eu…

Puta merda, quantas vezes vou ainda me surpreender com Yuuri Katsuki?

“Patinar no gelo?” Pergunto, após dar uma tossida.

“Existe um ringue de gelo em Hasetsu.” Ele responde, sorrindo timidamente. “Eu sei que até certo momento da sua carreira, você também gostava de patinar. Isso era evidente nos seus primeiros livros. Mas com o tempo, eu percebi que sua escrita mudou. Como uma máquina…”

“Cale a boca.” Victor grita, o assustando. “Você não sabe de nada do que eu passei, então não venha com essa baboseira de que me entende!”

“Victor, me desculpe...”

“Pare! Não quero ouvir mais nada!” Victor se levanta, e se prepara para sair quando de repente, Yuuri o agarra.

“Procure meu nome no Google.” E ele o solta.

Pela segunda vez, Victor deixa Arte & Café com raiva. Tanta raiva que ele ignorou as últimas palavras de Yuuri Katsuki por semanas. Isso até o café aparecer na televisão.

...

“Em um dos pontos mais tradicionais de Detroit, temos um local especial que junta arte e uma boa dose de café. Chamada de Arte & Café, a galeria e cafeteria criada pelo gênio da pintura Yuuri Katsuki é um dos locais mais visitados por turistas e locais. O artista, que com uma simples caneta preta e lápis, reproduz fielmente paisagens de locais descritos nos livros do escritor russo Victor Nikiforov, fonte de inspiração para seus quadros mais famosos, com exceção do retrato do por-do-sol de Hasetsu, primeira paisagem criada quando ele tinha 12 anos. Mesmo que boa parte das obras expostas serem alvos de denúncias de plágio, o artista nunca dispôs uma única obra sua à venda e se não fosse por profissionais que foram à galeria avaliar Pôr-do-Sol, ele nunca seria vencedor e muito menos indicado a concursos de arte. ”

Eu arregalo os olhos com o que escuto. Então, naquele momento, tudo faz sentido. Ele de repente se lembra das últimas palavras de Yuuri e, no celular, ele digita o nome Yuuri Katsuki. E abre logo a primeira página que encontra, do Wikipédia e me surpreendo com o que leio. Afinal, Yuuri katsuki é vencedor de 348 concursos mundiais de arte, com diversos de seus quadros. Ele também tem um acervo pessoal de 180 obras de sua autoria, sendo que 120 estão expostas em museus por todo o mundo. Essas obras foram cedidas para museus que doam publicamente para instituições de caridade. Muitos dos quadros restantes são baseados em trechos de livros dele, que para o japonês ‘são muito mais que livros. São universos que se mesclam ao redor dele, onde é capaz de observar ao vivo o que ele está lendo no momento’.

Yuuri Katsuki é tímido, e evita ser filmado enquanto trabalha, mas seu melhor amigo Phichit Chulanont, assistente e melhor amigo dele, já postou vídeos nas redes sociais de Yuuri. Nesses vídeos, feitos sem o conhecimento dele, ele está em um quarto semi-escuro e começa a pintar do nada. Esses vídeos foram usados como prova a favor dele nos casos em que outro artista, Ygnis Krishner, alegou que Katsuki plagiou suas obras. Inclusive a última obra criada pelo japonês, chamada Longing - Fique Perto de Mim.’ que foi bastante discutida por apresentar algo diferente. Uma pessoa de longos cabelos cumpridos claros presos em um rabo de cavalo, está de costas, olhando distraída uma grande janela para o céu.

Noto que há uma foto do quadro e a abro, aumentando o tamanho dela. E então, me arrepio com o que vejo. Porque sou eu, 8 anos atrás, entediado enquanto esperava por seu editor, Yakov, com o primeiro volume de seu primeiro livro, — Fique Perto de Mim - que logo virou seu primeiro best-seller na mesa à sua frente. E claramente ele pode ver o nome do livro da imagem. Agora eu me lembro que havia dado o tal volume para um garoto super-foto de cabelos e olhos negros que parecia estar sozinho no restaurante daquele hotel e estava sentado na mesa ao lado da dele. Victor lembra ter visto um caderno no colo do menino e um lápis na mão dele, mas não viu o que ele estava fazendo. E então, teve de pedir um novo livro daquele para Yakov e dizer que quer adicionar mais um capítulo para a história.

~x~

Olho para o relógio e checo o horário. 17h37m. Para a minha surpresa, Makkachin late e se aproxima de mim, carregando sua coleira na boca e a joga no meu colo.

“Você quer ver Yuuri e Vicchan?” Ele pergunta para ela, que late mais vezes, animadamente. “Eu também.”

E é isso que faço. Sigo com Makkachin até Arte & Café, que ainda se encontra aberto e aparentemente vazio. Makka late três vezes e logo, a cabeça de Vicchan aparece na parte externa e late também. E então, um homem de pele morena se aproxima e olha para mim seriamente.

“Victor Nikifofov.” Ele diz, e noto um tom de raiva na voz dele. “Demorou demais.”

“Quem é você? Como assim demorei demais?” Pergunto, me assustando.

“Meu nome é Phichit Chulanont. Eu vou abrir a porta para você.” Ele apenas diz, pegando o mini-poodle e se virando. Logo, ele.destrava a porta e eu entro, notando não havia nenhum quadro nas paredes.

“O que aconteceu?” Pergunto, surpreso.

“Eles levaram os quadros. Todos eles. Aquele maldito Krishner ganhou o processo de plágio e agora todos os quadros, até os que foram cedidos pelos museus, devem ser destruídos.” Phichit diz, e noto que uma lágrima escorre pelo rosto dele. “Yuuri também tem que pagar uma indenização milionária por danos morais que totaliza milhões de dólares. Como se ele tivesse todo esse dinheiro.”

“Mas… Yuuri é o verdadeiro pintor!” Eu exclamo, começando a sentir raiva surgir em mim.

“Não importa. O juiz determinou e Yuuri tem que obedecer, se não quiser ser preso.” Phichit se afasta de mim e abre uma porta. “Venha. Vamos ver se Yuuri abre a porta para você.”

“Como assim?” Pergunto, deixando Makka brincando com Vicchan.

“Ele… se trancou no seu quarto desde então. Já faz dois dias e ele não comeu nada. Aposto que ele não dormiu também. Ele teve um ataque de pânico quando recebeu a sentença. Um dos piores que ele já teve durante os anos em que convivi com ele. Yuuri Katsuki é um artista talentoso, mas seu cérebro criativo também carrega uma grande quantidade de ansiedade, baixa auto-estima, dúvidas e depressão. E agora eu tenho medo de que ele piore.”

“Você quer dizer…”

“Ele pode querer se suicidar.” Phichit diz, me apavorando.

Subindo as escadas, noto que há papéis com desenhos, colados na parede. Me reconheço nos desenhos, surpreso ao ver que são das duas vezes que me encontrei com Yuuri. São desenhos altamente detalhados e me surpreendo ao ver que até quando eu estava com raiva, ele me desenhou perfeitamente.

“Não se você sabe, mas ele nunca desenhou ninguém e quando descobriram recentemente ‘Loging - Fique Perto de Mim’, ele ficou receoso e parou de desenhar. E só melhorou quando te viu. Ele passou a te desenhar, como um louco apaixonado. Mas o desgraçado estragou tudo.”

“Qual o motivo dele fazer isso com Yuuri?” Pergunto, vendo que Phichit para na frente de uma porta fechada e apenas nega com a cabeça.

Ele bate na porta duas vezes.

“Yuuri.” Ele diz, soltando um suspiro. “Eu trouxe Victor.”

E para a surpresa de nós dois. Escutamos passos se aproximando da porta.

“Victor?” A voz rouca de Yuuri se escuta, em um tom baixo.

“Yuuri. Sou eu.” Digo, arrasado.

“Me desculpe. Eu não posso ver você agora.” Ele diz, e eu o escuto soluçar.

“Vou deixar vocês dois à sós.” Phichit se afasta, logo descendo as escadas.

“Me desculpe, Yuuri. Eu não percebi.” Digo, me sentando de costas para a porta.

“É claro que você não ia perceber de imediato.” Escuto, do outro lado da porta. “Por isso que eu pedi para você colocar meu nome na internet.

“Yuuri, eu estou preocupado com os seus quadros. São anos de trabalho duro e dedicação.” Digo, passando a mão esquerda pelos meus cabelos prateados. “Por que isso está acontecendo com você?”

“Vingança.” Escuto, e arregalo os olhos. “Afinal eu tomei o lugar dele durante as competições americanas de arte. Eu tentei não dar muita atenção, mas ele subornou um juiz e como resultado, ele tomou minhas pinturas e eu tenho que pagar para ele. Eu sou grato que todos os donos de museus e pessoas que apreciam meu trabalho estão do meu lado. Mas não é o suficiente. Eles levaram Longing, Victor.”

“Sou eu, não é? 8 anos atrás?” Pergunto, olhando para as paredes cercadas com os desenhos.

“Sim.” Ele responde e de repente, escuto a porta ser destrancada e aberta, para a minha surpresa.

Fico de pé em um pulo e me viro, o olhando. E meu coração se entristece ao vê-lo completamente pálido, com o rosto palido e olhos inchados de não dormir e chorar muito e obviamente fraco.

“Eu era apenas um menino que não entendia nada. Apenas que o anjo na minha frente era bonito demais para não ser posto no papel. Quando você me notou, eu já tinha te desenhado, e faltava o ambiente. Quando você me deu o livro, eu estava confuso e não conseguia ler, porque era em russo. É claro que eu aprendi a linguagem e quando eu li, eu me encantei. Eu pude sentir que a história estava viva ao meu redor. E então eu soube que a edição publicada recebeu um capítulo bônus e eu li em uma livraria, logo notando que eu lhe inspirei aquele capítulo.”

“Yuuri, você ainda tem o livro?” Pergunto, notando que posso reverter a situação.

“E claro.” O japonês se afasta e eu decido esperar por ele, que logo volta com o livro em questão. “Aqui está.”

“Eu preciso dele emprestado por um tempo. Prometo a você que o devolverei em breve.” Digo, e ele me olha confuso.

“Ok.” Ele diz, limpando o rosto com as mangas cumpridas do suéter azul marinho.

“E, se não for problema, pode fechar os olhos?” Pergunto, e ele abre um pequeno sorriso, obedecendo.

Imediatamente, me aproximo dele e coloco a minha mão direita nas costas do pescoço dele, o beijando. Sinto que ele agarra minha camisa com as duas mãos e me afasto, notando os olhos castanhos brilhantes dele me olhando.

“Podemos conversar melhor depois sobre isso?” Pergunto, encostando nossas testas.

“É claro.” Ele diz, sorrindo novamente. “Eu te amo, Victor.”

“Eu sei. Suas paredes já me disseram isso.” Brinco com ele, o vendo dar uma gargalhada baixa. “Mas sabe? Eu acho que desde o momento em que eu te conheci mesmo, aqui no Arte & Café, eu me interessei por você. E agora eu tenho certeza. Eu amo você também, Yuuri Katsuki.”

Ele me abraça, me agarrando agora nas costas. Eu retorno o abraço e logo me afasto, tocando no rosto dele.

“Me machuca ter que te deixar assim, mas eu preciso resolver algo o quanto antes.” Digo, o beijando novamente. “Mas não se preocupe, vai dar tudo certo.”

Nos despedimos e eu saio do café com Makka e o livro, já fazendo uma ligação.

~x~

No dia seguinte, à tarde, alguém bate na porta da galeria. Da janela, Yuuri nota que há um caminhão na frente, quando ele destranca a porta, vê homens carregando suas pinturas para dentro. Quando ele olha para ‘Loging’, ele entende o que aconteceu.

“Victor. Ele conseguiu provar.” Ele diz, caindo de joelhos e chorando de alegria.

Quando chego na livraria, vejo que as pinturas estão sendo colocadas para dentro da galeria. Quando olho para dentro, vejo Yuuri no chão, chorando, e sigo até ele, me ajoelhando e o abraçando. Escuto por entre soluços ele me agradecer e quando acabam de descarregar, eu me levanto e o puxo para cima, o erguendo.

“Como?” Yuuri pergunta, me olhando.

“Eu apenas juntei o livro e fotografias minhas naquele dia. Isso foi o suficiente para provar que era eu na pintura.” Digo, o sentando em um dos bancos do balcão e fecho a porta da galeria. “Bem, todas acusações contra você foram retiradas, e Krishner tem que pagar 30 milhões de dólares para você.”

Eu me aproximo de Yuuri, colocando o livro no balcão e o olho. O pego no rosto e lhe dou um beijo, que ele logo me retribui.

~x~

Dias depois, Arte & Café abre suas portas para o público. Graças à Yuuri Katsuki, minha inspiração para escrever retornou com força total. Meu livro ‘Fique Perto de Mim’ ganhou uma edição especial com artes de Yuuri Katsuki e uma continuação. A edição especial fez tanto sucesso que outros livros também ganharam artes.

Era uma vez um garoto nascido na Rússia, filho de pais tradicionalistas. Sob educação rigorosa, o menino cresceu e se tornou um adolescente que sempre questionava para todo mundo sobre o modo de educação e, se vendo ignorado, se revoltou e decidiu causar confusão ao deixar seus cabelos claros crescerem e usar maquiagem de sua mãe. O menino cresceu sendo rejeitado por todos ao seu redor e confuso, decidiu registrar suas mágoas em um diário, onde ele diz gostar de garotos e não garotas. Sua mãe achou o diário e depois de uma surra, ela o expulsa de casa. Sozinho, ele vira um adulto, trabalhando como professor de uma escola de ensino fundamental.— Assim é como o livro de Yuuri termina, mas no verdadeiro, há um novo capítulo, onde o menino, agora homem, se torna amigo dos outros professores, inclusive de um que é tímido e super-fofo.

~ Fim ~


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