Never too late escrita por Batsu


Capítulo 1
Uma segunda chance para errar direito.


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu tirei meu amorzinho, a Liz! *joga confetes*
Eu queria escrever tudo que ela colocou na lista, mas falhei miseravelmente. Esta foi a primeira fanfic que escrevi dos presentes e a primeira de hijioki que escrevi na vida. O que é irônico, porque não gosto de hijioki em Gintama, rs.
Essa fanfic dificilmente vai fazer algum sentido para você nunca jogou Fate/Grand Order ou que não conhece o lore dos personagens. Eu tomei 100% a gameplay dele como base, algumas ações do jogador foram adaptadas para melhor desenvolvimento da história.
Espero que gostem! ♥



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Havia pouquíssimo tempo que um novo Espírito Heroico juntara-se ao Chaldea. Sua invocação problemática levou sua contratante a perder as forças durante o procedimento, mas antes de cair inconsciente, ele a assistiu esboçar um fraco sorriso ao ouvir seu verdadeiro nome depois de selarem o contrato. Ela pareceu contente por tê-lo agora como servo.

Hijikata Toshizou podia lembrar-se de uma única pessoa capaz de sorrir tão gentilmente para ele além de sua nova mestre.

Vagando pelos corredores vazios daquele lugar frio, suas piores memórias surgiam na mente lembrando-o de seu cruel destino. Assistir a Capitã da Primeira Divisão da Shinsengumi morrer diante de seus olhos e ser incapaz de fazer qualquer coisa, sua última batalha, tudo ainda lhe era vívido demais, até mesmo a raiva de si e o desespero de seus últimos suspiros de vida. Hijikata ainda não sabia como ser um Espírito Heroico, sequer havia lidado com o acúmulo de informações que recebera depois de acordar naquele novo mundo. Seu único desejo era poder aliviar sua mente sobrecarregada no momento.

Seus passos perderam o ritmo ao aproximar-se do seu objetivo, parando por fim de frente à sala que havia sido mandado. Ele estranhamente sabia que a entrada se tratava de uma porta automatizada, o que dependia de determinado código para abri-la. E sem qualquer ação dele, a porta dividiu-se quase de imediato e revelou uma mulher de longos cabelos castanhos e mangas bufantes a sua espera.

— Você deve ser o novo Berserker, certo? — Um sorriso simpático desenhava seus lábios. — Sou a Da Vinci, servo classe Caster e responsável pela administração do Chaldea.

Depois de ouvir aquele nome, sua mente processou imagens de pinturas e entre outras obras de um mestre do renascentismo italiano, Leonardo da Vinci. Hijikata não sabia como, mas a conhecia muito bem.

— Vamos, vamos! Entre! — Ela moveu as mãos convidando-o para dentro. — Não temos muito tempo, depois que todos acordarem esse lugar ficará impossível! E não se preocupe, vou somente colher algumas informações pessoais suas como nome e Fantasma Nobre, assim posso juntar todos seus dados e montar seu status como servo. Isso facilita a seleção da nossa mestre antes das missões. — Sem que percebesse, ela estava atrás de si o empurrando pelos ombros. — Você fala? Temos muitos Berserkers que apenas grunhem, até hoje tenho dificuldades em lidar com o Lancelot e a Fran.

— Hijikata Toshizou. — Diante dela que não parava falar, aquela fora a melhor apresentação que ele conseguiu.

— Oh, minha nossa! Você deve estar muito confuso, que negligência da minha parte. Irei buscar algo que talvez te ajude, espere aqui.

A mulher lhe deu as costas e saiu pelo corredor de onde ele viera, as portas fecharam-se e outra vez Hijikata estava sozinho. Não que isso lhe incomodasse.

A sala possuía elementos antigos e outros tecnológicos, era uma bagunça entre papéis e criações não terminadas. Algumas telas ligadas pairavam sobre o ar passando informações que ele não conhecia e tudo ali refletia à mulher que acabara de conhecer. Inclusive um pássaro mecânico que parecia o observar de seu poleiro, não evitou uma careta quando o viu piscar.

Depois de alguns minutos sentado na poltrona que arrastara do canto da sala, Hijikata parecia ter aceito melhor sua condição. Nem tudo ainda lhe fazia sentido, mas tinha a certeza de que sua mestre era uma maga incrível para ter conseguido invocá-lo, ele gostaria de poder encontrá-la logo.

Em algum momento de sua espera, ele ouviu a porta abrir-se outra vez e não se deu o trabalho de virar imaginando quem era.

Mas para sua surpresa, não era a Caster que entrava.

— Bom dia, Da Vinci-chan! — Uma voz inesperadamente familiar soou pela sala alcançando-o em um arrepio. — Preciso de alguns itens para essa semana, você pode me ajudar?

Hijikata sentiu todo o turbilhão de lembranças retornar a sua mente de uma só vez. Seu corpo por inteiro paralisou-se perante aquela voz, seus dedos que antes batiam ansiosos sobre o braço do assento, agora tremiam. Ele não encontrou uma reação. O que ela faz aqui?, perguntava-se repetidamente.

Ele escutou os passos leves dela adentrar a sala ainda sem notá-lo ali, e algo intenso o tomou por completo, uma sensação que o recordou de como era estar vivo outra vez. Hijikata levantou-se da poltrona, girando o corpo para a entrada. Não lhe restava dúvidas de que era mesmo ela ali, jamais confundiria sua voz, porque ele a ouvira até nos delírios de seu óbito.

Ela cessou os passos quando também o viu, Hijikata pode ver suas pernas vacilarem, mas ele continuou e não pararia até alcançá-la.

O samurai que sempre tivera os olhos intensos de um animal, não podia desviá-los dos dela, agora carregados de lágrimas, porém ainda tão doces. Precisamente como da última vez que os vira.

A dois passos de encontrá-la, suas mãos estenderam-se vagarosamente em sua direção, e estando enfim a sua frente, ele a tocou os ombros primeiro.

— Hi-Hjikata-dono...? — Sua voz falha saiu em um murmúrio, esforçando-se em segurar o choro.

Ainda havia tanto que não entendia daquele mundo, podia não ser ela. Talvez fosse um clone. Talvez fosse um projeção. Sua mente não era capaz de reconhecer aquele encontro como uma mera coincidência, estava ciente de outros servos por ali, mas por que logo ela?

Ele não mais mantinha o contato visual, suas mãos sentiam o tecido do tão familiar haori da Shinsengumi que ela ainda usava. Hijikata sentia a necessidade de provar a si mesmo que ela era real. Seus olhos percorriam seu corpo extasiados, procurando alguma falha, algo que estivesse ali que não fosse dela antes.

— Hijikata-dono! — Ela segurou-lhe as mãos perto do pescoço para ganhar seu olhar outra vez. — Sou eu, Hijikata-dono.

Okita Souji sorriu e ele sentiu seu coração aquecer-se pela primeira vez desde que abrira os olhos naquela era. Uma lágrima escorreu pela extensão de seu rosto e Hijikata a enxugou com um dedo, em seguida envolvendo a face da menina com a mesma mão. Okita entreabriu a boca para falar, mas foi surpreendida com o dedo dele roçando seus lábios inferiores, intrigado demais para deixá-la continuar.

Se aquela Okita fosse um clone ou uma projeção, ele deveria admitir que os detalhes haviam sido muito bem trabalhados.

Cada toque parecia afundá-lo mais na imensidão de sua íris. Sua outra mão brincava com a franja solta da companheira, certificando-se de que seus fios mantinham o mesmo tom róseo de que se recordava.

Hijikata ainda não havia se pronunciado. Ele certamente tinha muitas dúvidas e muito o que dizer, mas estava tão feliz que não era capaz de encontrar palavras no momento. Depois de conferir que tudo nela lhe era real o suficiente, suas mãos cercaram o rosto de Okita, puxando-a para seu peito em um abraço sincero. Ele inclinou-se repousando seu rosto sobre a testa dela, não evitou tocá-la ali com os lábios e sentir seu aroma doce, que por sinal, ainda o lembrava flores de cerejeira.

Ele jamais demonstrara afeto pela garota quando vivo, arrependimento o qual carregou consigo até seu fim. Okita partira antes, de repente, não houve qualquer despedida entre eles. Mas aparentemente o destino resolvera lhe dar uma segunda chance invocando-o do Trono de Heróis para aquela guerra.

Hijikata que por muito tempo negou qualquer sentimento que atrapalhasse o caminho que escolhera como único em sua vida, havia se assustado consigo mesmo deixando que impulsos o guiassem assim. Ele não admitiria, mas vê-la com o haori azul naquele lugar ainda tão estranho não apenas o deixara feliz, ele sentiu-se confortável, porque a associava com sua própria casa.

Mas era mesmo ela ali, estava debaixo de seus braços, repousando em seu peito. Haviam sincronizado a respiração, inalando juntos por alguns instantes, como uma vez fora, quando vivos.

— Hijikata-dono, você está me sufocando.

Definitivamente era ela.

— Tch, você continua irritante. — Soltou os braços dela, afastando um passo para trás.

O samurai assistiu a companheira fungar, esfregando os olhos com as costas das mãos ainda emocionada com o imprevisto de encontrá-lo. Desconcertado, Hijikata acariciou a nuca sem saber o que fazer depois de ter agido tão impulsivamente. Afinal, nada do que fizera instantes atrás era de seu feitio, até mesmo Okita pareceu surpresa com aqueles toques.

Ele não pode evitar. Sentiu-se controlado pela voz dela assim que a ouvira, e quando seus olhos encontraram-se, Hijikata não mais respondeu por si mesmo. Contudo, agora que todo êxtase o deixara, ele não podia evitar sentir-se embaraçado.

— Okita Souji, um Espírito Heroico. Quem diria, huh? — disse em um meio sorriso ao vê-la enfim recuperar-se.

— Classe Saber! — respondeu orgulhosa, mas algo pareceu recorrer à mente da garota que desfez seu sorriso rápido. — Então... você é o novo Berserker, certo? Doutor Romani nos contou às pressas ontem enquanto corria com a Mestre para a enfermaria.

Em sua maioria, Berserkers eram monstros que morreram tragicamente tomados de ódio e desespero, se Hijikata pertencia àquela classe, ele sem dúvidas não tivera uma vida tranquila depois que ela falecera. Saber disso a desconsolou.

— Vamos, deixe isso para lá. — Gostaria sim de conversar sobre tudo com ela, mas agora não era o momento. — Você sabe onde aquela mulher foi? Ela ficou de me ajudar e sumiu, que inconveniente.

— Oh, tinha me esquecido desse seu lado! — Okita tapou um sorriso maldoso com a destra. — Hijikata-san, por favor tente não seduzir nenhuma mulher por aqui. Você pode acabar morto.

— Não estou interessado nela, como você é irritante.

Hijikata deu as costas para a garota, a fim de acomodar-se outra vez na poltrona da sala e esperar pela Caster, mas ela parecia determinada em atormentá-lo. Okita o seguiu e recostou-se ao estofado, conferindo a lista de itens que tinha em mãos.

— A Mestre pediu que eu resolvesse isso para ela com a Da Vinci-chan, e pensando bem, são todos itens requisitados por Berserkers.

Hijikata comprimiu os lábios, lembrando-se dos momentos de sua invocação e o sorriso satisfeito de sua contratante.

— Que tipo de pessoa é nossa Mestre?

— Gudako-chan?! — Okita colocou-se em frente ao companheiro, com os olhos ainda inchados de minutos atrás, mas de volta ao seu bom humor constante, o qual Hijikata se lembrava com esmero. — Oh! Ela é uma Mestre atenciosa e esforçada, sempre procura nos ouvir.

— Você alguma vez... bem, contou sobre nós?

— Sempre falo sobre você, Hijikata-dono. — Ela desviou o olhar, acanhada de admitir tal fato.

Não foi preciso saber mais para que o samurai ligasse os pontos. Não era uma coincidência ele ser invocado ali, ou Okita aparecer logo após Da Vinci o deixar, havia sido planejado com antecedência por uma mente diabólica e cruel, a mente de sua nova mestre. Aquela garotinha esforçou-se tanto para trazê-lo até aquele mundo, e então os juntou muito provavelmente apenas pelo olhar triste que Okita Souji carregava ao contar dele, porque ela gostaria que fossem felizes, mesmo que como Espíritos Heroicos. Hijikata sorriu, estava impressionado.

— Não sorria assim, é assustador, Hijikata-dono.

— Irritante!

— Não sou! — Ele virou-se apenas para encontrá-la com as bochechas infladas. — Vice-Comandante, você deveria me respeitar. Estou aqui há mais tempo! Exijo o mínimo de respeito de um servo em um ranking tão baixo como você.

Hijikata respondeu com um suspiro.

Talvez ele sentira terrivelmente a falta dela por essas e outras, Okita completava sua impertinência. E agora que a reencontrara depois de seu fim, ele poderia se permitir aproveitar sua presença como nunca antes. Sua estima pela garota era maior do que gostaria que fosse, mas isso estava fora de seu controle há muito tempo. Era tarde demais para ele evitar esse erro. E já que lhe fora dada uma segunda chance, ele estava determinado em não desperdiçá-la depois de reencontrá-la naquela manhã.

Assim que tivesse a oportunidade, agradeceria sinceramente sua contratante, porque em primeiro lugar, havia sido ela quem o dera a segunda chance de errar direito essa vez.


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Notas finais do capítulo

Espero não ter ficado ooc demais, devo dizer que prefiro bem mais okinobu, mas eu adoro eles também e no meu coração multishipper tem lugar pra todos os ships de F/GO! ♥
A história foi revisada, mas caso encontrem erros peço gentilmente que me avisem para que possam ser consertados o quanto antes. Sugestões e críticas são bem-vindas, por favor comentem a opinião de vocês, é muito importante para mim!