Say you won't let go escrita por Fe Damin


Capítulo 4
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!
Aquí está o capítulo 03 :)
Não vou mais nem me desculpar pela demora, porque vcs já devem até estar cansados, não? hauhaua (mas me desculpem mesmo assim)
Espero que gostem :)



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Astoria sentia a estranha sensação de que suas semanas eram pautadas pelos dias em que se encontrava com Draco. Aquele caso estava se mostrando muito mais complicado do que previra inicialmente. Seus outros pacientes já estavam quase todos encaminhados, pegava novos casos constantemente, porém o loiro continuava imutável.

Ela estava feliz com o pequeno progresso que fizeram na última sessão, porém, ao mesmo tempo, a reação do garoto lhe dava um incômodo aperto no coração. Tinha ali alguém jovem demais para a intensidade de emoções que ela viu estampadas nos olhos prateados, mesmo que por tão pouco tempo. Nada havia de felicidade, alegria, esperança. Ela só enxergava frustração, vergonha, culpa… e nada. Ela sentia que ele não esperava mais nada da vida, não acreditava que pudesse existir nada mais para ele.

Ele era o único, entre seus pacientes, que não a olhava com arrogância e a convicção de que tudo o que fizera era o certo e que faria tudo de novo. Por mais arduamente que ele tentasse esconder, a loira via o sentimento que o torturava por dentro e, de uma maneira muito pouco profissional, ela se pegou querendo fazê-lo se sentir bem.... feliz.

Antes de se forçar a pensar nos relatórios que tinha empilhados ali na mesa de seu escritório, onde trabalhava quando não tinha que atender nenhum de seus pacientes, ela imaginou por um instante se algum dia o veria sorrir.

—Pare de besteiras, Astória! - ela advertiu a si mesma - seu trabalho é decidir para onde ele deve ir, não sair fazendo ninguém feliz!

 

~~~~~~~~~~~~~~~~

 

Draco estava furioso com ele mesmo por cada um dos segundos em que abriu a boca para aquela bruxa que deveria procurar o que fazer. Se intrometer em sua vida já tinha ido longe demais. Ele manteve todas aquelas memórias tão bem guardadas no fundo de sua mente que bastou uma pequena rachadura na caixa que as continha para que tudo o assolasse de maneira atordoante. O escuro de seu quarto, naquela noite, não parecia mais seguro como antes. As sombras o lembravam de locais onde fora, pessoas que conhecera e atos hediondos que cometera.

Fazia semanas que as memórias não o atormentavam assim, mas nas duas noites seguintes, seu pouco sono foi invadido por pesadelos. Ele acordou cansado, suando frio, mãos ligeiramente trêmulas. Era quase sempre a mesma coisa que via em sua mente: o corpo do ex-diretor de Hogwarts caindo da torre de onde deveria tê-lo matado, os gritos das pessoas torturadas à sua volta e os corpos sem vida que encarou na batalha.

Não admitiria a ninguém que dormir era um problema, que tentava se manter acordado o máximo que conseguisse, mas o pior era o receio de que uma certa loira não deixaria isso passar. Draco nunca diria em voz alta, mas se sentia amedrontado pela maneira que ela parecia enxergar através dele. Não queria mais falar nada a ela, porém, ao mesmo tempo, algo bem no fundo o fazia desejar despejar tudo de uma vez e se livrar daquele peso todo, como se fosse possível…

E ainda restava a maldita história!

Permanecia curioso para saber o que havia acontecido a ela e, somado à tudo com o que ele não queria lidar, aquilo o irritava. Não deveria dar importância à coisas idiotas, mas o tempo ocioso proporcionava pouca distração… melhor se focar naquilo do que em seus fantasmas pessoais.

Lá estavam os dois na mesma rotina de sempre. Ele de braços cruzados e olhar distante que se focava em tudo que não fosse portador de olhos violetas, e ela engajada em mais um tentativa da conversa, sem encarar outra coisa que não fosse o loiro. O olhar atento era uma sensação quase física no garoto que - resoluto a não entregar mais nada - fingia muito bem não estar ouvindo e não estar morrendo de sono.

Ele percebeu a ruga sutil entre os olhos da garota, assim que ela entrou na sala pequena, e tinha certeza que ela notara a aparência menos impecável do que a habitual. Sem uma varinha ao seu alcance, ele não tinha nem esperanças de disfarçar de ninguém os vincos fundos e escuros que já marcavam a pele branca. No entanto, agiu como se não tivesse visto nada, ela não comentou também, então seguiu em frente com sua pose altiva.

Ele escutou o suspiro exasperado que a bruxa deixou escapar e achou que estava prestes a ser admoestado mais uma vez, porém estava errado.

—Com você é um passo para frente e três para trás, não é mesmo? - o tom era melancólico.

Draco esperava frustração por parte dela, não esse viés de tristeza, de lamento por uma falha que nem era dela, era dele. Sempre dele. Por um segundo não conseguiu se conter e seus olhos vagaram em cheio no rosto da moça. Grande erro! Ela estava tão desarmada, tão sinceramente esperando que ele falasse, que a vontade que ele teve foi de se esconder, ou de gritar para ela que parasse com aquilo. Ele era uma decepção para todos, com ela não seria diferente.

Decepcionou o pai por não ser o bruxo corajoso, cruel e sem coração que esperava que fosse. Decepcionou o Lord das Trevas por ser um fraco na hora de executar os crimes que lhes incumbiram. Decepcionou amigos, professores…. sua mãe. Acima de tudo, decepcionou a si próprio! Naquele momento ele sentiu claramente que não se perdoava e queria que ela desistisse de fazê-lo tentar, era simplesmente exaustivo demais.

—Você nem me perguntou mais sobre o final daquela história.... - Astoria comentou e ele não pode deixar de torcer o nariz ligeiramente.

Se ela esperava que ele pedisse por qualquer coisa, tinha sorte de estar sentada, pois a espera seria longa. Draco achou que ela tinha desistido de continuar por esse caminho, mas escutou a risada debochada que já lhe era tão familiar, mesmo que ele não quisesse que fosse.

—Eu sei que você quer saber, loirinho - ela relaxou os braços que tinha apoiados sobre seus papéis, encostou em sua cadeira e continuou - hoje estou me sentindo muito generosa, então vou contar mesmo assim.

Foi muito difícil para Draco não rebater com um comentário ácido, mas já aprendera que com ela, até mesmo a abertura de uma ironia podia levá-lo para locais que não queria visitar.

—Como eu disse antes, a garotinha se perdeu… - ele a viu novamente mudar como das outras vezes que trouxe a história a tona, mas se forçou a não se importar, não se mostraria interessado - nos primeiros minutos ela nem se deu conta do que isso significava, nunca tinha saído sem supervisão, muito menos pelos locais onde andara, então nem chegou a sua mente que pudesse se perder. Quando as ruas simplesmente não voltavam a mostrar os familiares muros de sua casa, a menina sentiu um frio no estômago, talvez voltar para casa não fosse tão fácil assim.

Ele achou interessante como ela continuava a se referir como “a menina”, mordeu a língua para não fazer a observação em voz alta.

—Ela se recusou a chorar, pois desde cedo sabia que isso não levaria nada, andou e andou e andou até que um casal de senhores achou muito estranho uma garotinha sozinha pelas ruas de Londres quando já escurecia. - A loira fez uma pausa, passou a mão pelos cabelos curtos, num gesto ansioso que ele nunca a vira fazer - encurtando um pouco a narrativa, mesmo sem saber o endereço certo, a menina conseguiu, com a ajuda do casal gentil, chegar em casa,

—Eu… - Draco se interrompeu antes de vociferar o condescendente “eu estava certo”, mas era claro que a bruxa não deixaria isso passar.

—Você o que, pequeno Malfoy? - ela esperou que ele respondesse, mas a birra o fez permanecer calado - você estava certo, é isso?

Draco percebeu que ela não ia continuar em nada se ele não fizesse alguma coisa, ninguém mandou cometer esse deslize, então apenas anuiu com a cabeça, sem nem murmurar nada.

—Estava e não estava - ela deu de ombros como se aquilo não a afetasse, mas ele viu novamente outro gesto de inquietude ao notar que ela entrelaçava os dedos - o final feliz terminou quando ela chegou em casa. Sua mãe estava em prantos, o que partiu o coração da menina, mas foi o pai que acabou com qualquer resquício de felicidade que o dia tinha lhe dado. Lembra da janela que ela tanto adorava?

Mais uma vez uma pausa, onde ele voltou a balançar a cabeça em afirmação.

—Com um passe de varinha ela não existia mais, nem uma luz de fora entrava no quarto que antes ela amava tanto, e foi ali que ela teve que ficar por um bom tempo, até que tirasse ideias de repetir o que fizera da cabeça - ele a viu engolir em seco, o rosto adquirindo um véu de assombro que mexeu em algo dentro de si.

—Ele te deixou presa no escuro? - antes que pudesse perceber, já tinha vociferado a indignação. Imaginar uma pequena Astória, que só queria sair para brincar, trancada sozinha num quarto sem luz, apertou um nó em seu estômago que o fez esquecer da resolução de manter-se calado novamente. Provavelmente se arrependeria mais uma vez, mas isso era para se pensar depois.

—Não inteiramente, tinham algumas velas - ela tentou esboçar um sorriso, mas até ele sem estudo algum para interpretar pessoas, vira que era falso.

—Você era só uma criança! Não sabia que estava fazendo algo errado….

Quando ele viu os olhos dela se iluminando de novo com aquele ânimo que sempre a envolvia, Draco percebeu que mais uma vez ela enxergara demais,

—Exatamente, você também era só uma criança! - o assunto não tinha mais nada a ver com criancinhas que saiam escondidas de casa e ele não gostou nem um pouco - talvez não ultimamente, mas seu pai começou desde cedo a dominar todas as suas vontades e ações.

—E eu deixei! - de alguma forma ela achava os botões certos para fazê-lo reagir, o loiro chegava achando que conseguiria se manter impassível e ela chegava pelas beiradas e entrava no fundo de sua mente.

—É como eu falei, você era uma criança! Que filho não quer impressionar os pais? Principalmente aquele que não lhe dá a atenção devida. Não vá me dizer que Lúcio Malfoy era um exemplo de paternidade.

Draco não queria pensar no olhar frio que recebera a vida toda, das palavras rudes e decepcionadas que o pai atirara sobre ele até mesmo quando tudo já estava terminado.No entanto, as memórias foram surgindo, se perdeu no meio delas, calado pelo som silencioso do eco que faziam em seus ouvidos.

—Vamos lá, Draco, me de qualquer coisa! - o silêncio dele preencheu a sala e a loira não aceitaria isso - preciso pelo menos de uma justificativa para os meus superiores, se os meus relatórios continuarem a voltar vazios, você vai para a nova versão de Askaban.

Aquilo deveria ter soado como uma ameaça, mas ao sair do torpor que o acometera, tudo o que o garoto conseguira percerber foi um misto de apreensão com preocupação. Não fazia o menor sentido para ele.

—Por que você se importa tanto? - ele precisava entender a razão daquela pessoa à sua frente insistir fervorosamente no que ele já sabia ser um caso perdido.

—Já repeti milhões de vezes que é o meu trabalho! - Draco já era versado o suficiente nas nuances do rosto dela para suspeitar que estava mentindo, mas se recusaria a vasculhar as implicações disso.

—Você não tem outros pacientes para se preocupar? Pode se focar neles - seria a melhor resolução para ele, tudo o que ele queria era que aqueles olhos violetas se focassem em algo que não fosse nele.

—Por que você se importa tão pouco? - ela rebateu, frisando o cenho, uma nota de indignação entremeando sua voz que antes sempre parecia tão neutra.

—Com o que eu devo me importar? - ele deu de ombros, genuinamente sem resposta.

—Que tal sua vida? Seu futuro? Sua família, amigos? - ele notava que a cada nova sugestão, ela procurava por uma reação de sua parte, mas não conseguiu a que queria.

Ele apenas riu, irônico. Aquela mulher sentada à sua frente só podia viver dentro de um mundo de faz de conta, daqueles que os trouxas tanto gostavam, pois imaginava os absurdos mais sem sentido.

—Hoje descobrimos que a otimista é você, loirinha - ele não tinha nem um pingo de humor ou satisfação na voz

—O que quer dizer com isso? - se o garoto fosse mais entendido no assunto, saberia que a bruxa tinha encontrado uma bela isca para usar com ele, pois a pergunta não veio sem motivo.

—Para eu poder me importar, deve existir alguma coisa para ser objeto de tais pensamentos - a voz dele não denunciava nenhuma emoção, porém no fundo ele sentia um vazio que incomodava além do que ele imaginara antes - eu me importei demais com a minha própria vida e basicamente foi o que me trouxe até aqui. Que futuro eu tenho? Você acha que eu serei o funcionário do mês no Ministério, um jogador de quadribol ou um mestre de poções?

Ele destilava toda a amargura restante das escolhas erradas que fizera, as palavras saiam lentas e baixas, mas de alguma forma não conseguia mais contê-las. Era o efeito que a loira sempre conseguia: bastava fazê-lo começar a falar.

—Você pode ser todas essas coisas se quiser! - a garota insistiu, uma expressão confiante no rosto.

—Não é otimista, é iludida! - o humor ácido não o divertia, aquelas palavras da moça não soariam possíveis nem que ele nascesse de novo - ninguém vai querer um Malfoy por perto depois de tudo o que aconteceu, e que família? A que está praticamente toda presa e nunca deu a mínima para mim?

Ele viu o rosto da loira se contrair com cada rebatida que ele dava. Não gostava de perceber que ela se condoía com as verdades de sua vida. Sentia algo se apertando dentro de si e não queria se importar, nem com ela, nem com ele.

—Você ainda tem a sua mãe! - aquela teimosa não desistiria sem muito tempo de briga, ela se recuperava rápido dos argumentos dele, e a energia em sua voz fazia parecer que não tivera nem um segundo de dúvida de nada o que dizia.

—Sim, mas ela vai superar. E depois de anos como esses, foi fácil descobrir que ninguém é amigo de ninguém. Não quando se trata de pessoas como eu.

Por mais que ele amasse sua mãe, Draco sentia que seria melhor se Narcisa se desprendesse das pessoas em sua vida que não a trariam nada de bom e ele com certeza era uma delas. Não tinha nada a oferecer a ninguém, Quanto aos amigos, não precisava nem dos dedos de uma mão para contabilizar aqueles que lhe ofereceriam algum apoio. Aliás, que amigos? Durante a vida teve apenas seguidores que iam atrás, não dele, mas de seu sobrenome. Na época, lhe parecia o suficiente ter um bando de “súditos”, porém o tempo se encarregou de lhe mostrar que isso não era o mais importante.

Não adiantava, entretanto, já tinha passado tempo demais para que ele se consertasse nesse ponto.... e em tantos outros.

—Quem é que tem amigos então? Pessoas como Harry Potter? - ela levantou a sobrancelha em desafio, não se intimidando nem um pouco de mencionar o nome que o Malfoy poderia passar o resto da vida sem ouvir

—Tinham que chegar nele alguma hora…. - ele bufou passando, sem perceber, os dedos pelo cabelo costumeiramente alinhado, que já não permanecia tão aprumado assim.

—Ele passou pela mesma guerra, mas lutou do lado contrário. Pelo que dizem por aí, os amigos ajudaram bastante.

—Ele sempre foi rodeado deles - revirou os olhos ao lembrar dos tantos rostos que seguiam o garoto durante os anos de convívio, a maioria sempre feliz com a presença dele.

—Isso te dá inveja?

Ela tocara num ponto certeiro. Tinha inveja do garoto que sobreviveu? Sempre mantivera uma resolução de não pensar nele. O detestava e pronto. Porém, os dias que se seguiram à guerra deram outra perspectiva às coisas e muito tempo livre para sua mente. Será que parte de suas ações na escola foram motivadas por algum sentimento de querer parte do que ele tinha?

—Por mais merda que eu tenha na vida, não trocaria pela dele - ele se deu conta disso pela primeira vez - mas…

—Sim?

—Mas até que algumas coisas não seriam tão ruins…

Se ele fosse mais honesto consigo, admitiria que a ideia de ter pessoas à sua volta que realmente se importassem com ele era um tanto atrativa, mesmo que ele soubesse que era uma vida que nunca o pertenceria.

—Você ainda tem tempo de mudar o que não gosta na sua vida, Draco. Só precisa entender que existe chance de um recomeço - a voz dela soava tão gentil, o rosto todo demonstrando uma compaixão que ele não merecia, principalmente com o nome dele aparecendo naqueles lábios delicados nos quais ele não deveria pensar.

—Você não sabe o que eu fiz, senão, não estaria dizendo isso! - ela não entendia a extensão de todas as atrocidades em seu histórico. Ele podia não ter matado ninguém diretamente, mas por omissão e covardia, sua lista era sem medida.

—Por que você não me conta então? - sem que ele esperasse por isso, ela levou a mão em sua direção.

O garoto sentiu a ponta dos dedos dela tocando os seus e, automaticamente, puxou o braço para longe. Aquilo não era nada, uma besteira, mas sentiu-se atingido pelo contato, quase como se estivesse sendo queimado. Nos poucos segundos que durou, ele pôde perceber que ainda havia a maciez que ele lembrava naqueles dedos.

A interação foi o que ele precisava para perceber que já tinha ido longe demais. Se deixara levar pelos argumentos, pela doçura daquela voz. Não podia dar a mão à Astoria Greengrass, pois algo o dizia que se o fizesse, em pouco tempo estaria disposto a entregar muito mais, sem que ela nem se esforçasse muito para isso.

Ele não sabia se a bruxa tinha o mesmo efeito em todos os pacientes e não gostou de perceber um certo descontentamento ao pensar que poderia ser o caso. Entretanto, para ele era como se ela conseguisse se esgueirar por entre cada brechinha que ele deixava desprotegida. Draco tinha que se cuidar para não ter a mente invadida ou, ainda pior, algo mais significativo que ele achava que já nem tivesse mais.

—Cansei de falar por hoje - ele se retraiu totalmente, fechou a cara e deu o encontro por terminado.

—Temos mais alguns minutinhos - Astória tentou continuar na onda de vitórias que estava tendo naquela tarde, usando de seu melhor tom motivante, porém teria que se dar por satisfeita, pois o loiro apenas bufou.

—Você é uma intrometida.

—Não, sou uma ótima profissional - ela não se deixava abater por provocações bestas.

—Chame como quiser, loirinha - a raiva que o garoto já direcionava a si próprio permeou na acidez com a qual se referiu a ela.

—Farei isso, até a próxima, loirinho.

A bruxa não esperou mais um segundo sequer, num piscar de olhos ele estava sozinho e não demorara muito para ser mandado para sua cela disfarçada de quarto. Draco, no entanto estava muito inquieto, geralmente se jogava na cama e analisava novamente as manchas no teto quando terminava uma sessão. Sempre se parabenizando ou se repreendendo por seu comportamento, mas dessa vez superara as expectativas do desastre.

Depois de andar em circulos por alguns minutos tentando espairecer, se encaminhou ao seu banheiro minusculo e jogou uma boa quantidade de água gelada no rosto. Levantou os olhos ainda anuviados pelas gotas em direção ao espelho. Um homem extremamente pálido e cansado o encarava de volta, ele quase nunca enfrentava o próprio reflexo, evitando ver o resultado do que se tornara, porém até a ele a imagem pareceu sem vida.

O que doía mais era que ele não sabia o que fazer sobre isso.

—Até a proxima, loirinho…. - ele imitou as últimas palavras da loira, chacoalhando a cabeça - que porra você está fazendo, Draco? Seu idiota - ele brigava olhando para seu reflexo, tantos dias de solidão tinham surtido um efeito adverso sobre o fato de que agora não eram raras as vezes em que se pegava falando sozinho - ela provoca e você responde, e um toque te coloca pra fugir como uma criancinha? Decepcionante…. - ele espirrou a água que tinha nas mãos no espelho, se escondendo de si mesmo antes de dar as costas para o garoto vazio que enxergava.

Foi aí que se deu conta que estava mimetizando as palavras do pai. Aquilo que ouviu a vida inteira: como era uma decepção, fazia apenas coisas idiotas. Se recusava a ser Lúcio Malfoy! Queria a maior distância possível da presença que o prendeu durante toda a sua vida. Mas como ele poderia se livrar do assombro que era o pai estando ali dentro sem nenhuma defesa possível?

Mais uma vez a figura da garota de olhos violetas lhe voltou à mente, mas dessa vez ela era três anos mais nova e o convencia a quebrar as regras estabelecidas por seu pai, de forma que nunca fizera antes. Ela lhe dera incentivo naquela noite, e estivera certa: ele teve uma noite muito mais agradável do que esperava ter. Será que ela poderia estar novamente certa? Existia alguma esperança para ele?

Draco chacoalhou a cabeça, tirando aquelas noções descabidas da mente. Não precisava de otimismo cego nem de ilusões, mas havia algo que o faria se sentir melhor. Sem parar para pensar duas vezes, ele se dirigiu ao pequeno conjunto de apetrechos para cartas que tinha a disposição, sem que os tivesse usado alguma vez. Assim conseguiria por as mãos na única prova que possuía de que em um dia distante, em outra vida, ele desafiara as regras e fora feliz.

Em poucas linhas ele escreveu a mãe, perguntando como ela estava e pedindo o envio de um certo bilhete que recebera de uma loirinha quando a vida ainda não tinha se desmoronado à sua volta.


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Notas finais do capítulo

Como eu adoro o embate desses dois! É tanta teimosia dos dois lados,mas eu espero que a Astoria ganhe! hauahua
Dá pra ver que o Draco já não consegue se livrar tão fácil dela, né! E pensa mais do que devia na moçoila.... no que será que vai dar isso?
Mais alguém aí quis abraçar a mini Astória com aquele pai do mal?? Tadinha... ainda bem que ela superou isso.
Bom, não esqueçam de me dizer o que acharam lá nos comentários.
Bjus e até o proximo capítulo



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