Stairs escrita por nathaliacam


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

História bem curtinha por causa de uma cena que não saía da minha cabeça enquanto eu trabalhava numa tradução. Deve ser porque a palavra "escadas" aparecia o tempo todo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/754076/chapter/1

Ele sorriu. Naquele momento, todo o encanto que Bella não havia sentido no princípio, apareceu. Bem ali, em sua voz rouca e segura.

Sentados na escada daquele prédio, numa escadaria sem propósito, que não dava para lugar algum (ou lugar algum em que alunos deveriam estar), ela começou a não se sentir mal pelo fato de estar matando aula. Não porque a aula era ruim e qualquer coisa seria melhor: ela começou a sentir-se de fato bem e alegre por ter escolhido estar ali com ele.

“E, cara, eu estava muito louco. Sério, muito louco,” ele riu, apoiando o cotovelo no degrau de cima, o corpo quase todo inclinado para trás. “Eu estava com uma menina nesse dia e tive que falar pra ela ir por cima, senão eu não ia dar conta.”

“E ela aceitou transar com você nesse nível todo de alcoolismo?”

“Aceitou,” ele deu de ombros, despreocupado. “Eu sou bom de cama, Bella.”

Ele era mais novo. Durante todo o tempo anterior, enquanto conversavam por mensagens e Edward mencionava sua vida sexual, ela acreditava ser mentira. Não mentiras propriamente dizendo, mas parte dela sabia que ele falava para impressiona-la. Para convencê-la mais facilmente a ir para a cama com ele.

Mas agora, aqui, vendo-o tão de perto, ela conseguia ver novamente a beleza que havia visto nas fotos. Quer dizer, ele não era tão alto quanto ela imaginava, nem mantinha o cabelo tão arrumado quanto em todas as fotografias, mas ele definitivamente era bonito assim, de perto. Os olhos dele tinham um tom diferente de verde, meio oliva.  E seu sorriso era fácil, frequente, malandro, juvenil.

E agora, aqui, ela conseguia acreditar em tudo o que ele dizia.

“Não duvido,” deu de ombros, “Mesmo assim. Não me parece muito agradável transar com um cara bêbado a esse ponto.”

“Você não conhece as vantagens fez.”

Edward a puxou para mais perto, e Bella estava na mesma posição que ele: novamente quase deitada sobre os degraus da escada, muito próxima ao homem sorridente. Ele tinha um dos dentes ligeiramente torto, mas isso não fazia a menor diferença, especialmente quando seus lábios se aproximavam dos dela e os sugavam com uma habilidade ímpar.

Sim, ele era mais novo. Mais novo, mas não menos experiente, pelo visto. Tudo bem que ele havia namorado uma pessoa por dois anos até oito meses atrás (segundo ele mesmo), mas o seu primeiro semestre na faculdade havia sido muito mais cheio de aventuras do que os outros seis que ela havia frequentado até agora (também segundo ele mesmo).

Ele era mais novo, mas os seus dezoito anos e onze meses exatos deviam ter sido de muito bom proveito, porque ele sabia beijar melhor do que ninguém. Ah, sim, ele devorava a boca dela inteira, e soltava suspiros delirantes vez ou outra, porque ficava bom demais. E, bom, ficava mesmo, ela não podia negar, e os suspiros que saíam de seus próprios lábios para dentro da boca dele eram prova disso.

A parte que Bella mais gostava era a de que ele não havia tentado toca-la com aquele jeito atrevido novamente. Edward pareceu estranhar um pouco quando, no primeiro beijo, tentou tocar o seio da morena por cima da camiseta preta que ela usava, e foi impedido. Ela pareceu estranhar, porque, pela reação do outro, aquele tipo de toque em primeiros beijos era comum na vida dele. Bom, ele havia pedido desculpas e voltado a beija-la com o mesmo entusiasmo, mas com mãos muito mais comportadas.

Isso quase fazia com que Bella quisesse dar a ele autorização para toca-la como bem entendesse. Quase.

E, quando ficava bom demais, ele se afastava, suspirava fundo e, sorrindo, ajustava-se por cima da calça, o desconforto explícito no contorcer de seu rosto. Edward lambeu os lábios e voltou a falar.

“Gosta do A.C.D.C.?”

“Hm. Sim?” ela respondeu incerta à pergunta que pareceu aleatória.

“Eu também. Minha veterana fala que as letras são meio machistas, e eu concordo com ela, mas não deixo de ouvir, saca?”

Ela mordeu o lábio. A diferença de idade parecia ainda maior do que os três anos que os dividiam quando ele falava gírias assim. Ela própria falava gírias, por Deus, mas descobriu ser uma verdadeira velha no que dizia respeito a esse tipo de coisa logo nas primeiras palavras trocadas com Edward via mensagem.

“Entendo.”

“Deu vontade de tomar uma cerveja,” ele deitou a cabeça para o lado, sobre o ombro, “Será que se a gente for no Boteco da Física vai ter?”

“A física tem um boteco?”

“É o nome do Diretório Acadêmico,” ele deu de ombros, “De vez em quando eles têm umas bebidas lá.”

“Ah.”

Bella sempre ouvira falar do “Boteco da Física”, mas achava que aquilo fosse algum tipo de festa. Festa, não podia ser, já que eles matavam aula numa manhã de fim de semestre. Não tinha cabimento uma festa no campus nessa altura do campeonato e a essa hora da manhã. Fazia sentido que fosse um Diretório Acadêmico, embora o fato de bebidas serem comercializadas (ou doadas? Não havia ficado claro na fala dele.) num lugar como aquele fosse deveras esquisito.

“Lá na Faculdade de Educação não tem isso.”

Edward riu. Edward, na verdade, gargalhou. Nesse momento, Bella, que apoiava-se no antebraço para ficar na mesma posição que ele na escada, gemeu desconfortável. Ele puxou-a para mais perto e a fez deitar-se em seu ombro.

“No seu país Faculdade de Educação?” ele disse irônico.

Ela devia ficar brava. De fato, deveria. Mas, virando-se para ele a fim de devolver a provocação com algum xingamento igualmente irônico, ela perdeu-se em suas intenções. Muito, muito próxima.

Beija-lo era mais interessante.

“Pena eu não ter conseguido abrir o portão pro telhado,” ele estalou a língua, e posicionou o braço esquerdo para apoiar a nuca de Bella, “Fiquei com a minha veterana lá em cima e foi foda.”

Bella arfou, contorcendo o rosto em surpresa.

“Você transou lá em cima?”

“Aham,” ele assentiu despreocupado, “Bota fé que foi bom demais.”

“Eu nunca faria isso. Boto fé que vocês são loucos.”

Edward franziu o cenho e puxou a morena para mais perto. Tocou seu queixo para mantê-la olhando em seus olhos e sussurrou:

“Isso é bullying.”

“Não. São só as gírias que você mesmo fala.”

Ofendido ou não, ele beijou-a novamente.

[...]

A caminho do trabalho, ela contava a Alice o que havia acabado de fazer. Após um mini-surto, a melhor amiga de Bella perguntou se os dois se veriam novamente. Equilibrando-se para não cair no metrô, a morena digitou rapidamente:

Não sei. Provavelmente não. Foi bom beijar na boca, mas não vou ficar em cima dele nem nada. Vamos ver.

Bella quase havia se esquecido do que conversava com Alice, por demais ocupada em balançar a cabeça no ritmo da música que gritava em seus ouvidos. O celular no bolso traseiro de sua calça jeans, entretanto, vibrou. Ela o pegou e sorriu ao ler as palavras de Alice:

Espera uns dias. Vê se ele volta a falar contigo. Pegador de verdade fica com várias, mas fica. Repete as que são boas. E outra, existem outros homens no mundo.

[...]

Dessa vez, apenas um fone estava pendurado no ouvido de Bella, e não gritava música alguma, e sim mais uma batalha das constantes guerras retratadas nos seriados que ela gostava de assistir. Sua concentração, entretanto, estava em sua maior parte no computador, onde ela digitava os dados coletados para o último relatório.

Ela piscou, o grito mais estridente de uma personagem apontava outra morte, e, no exato momento em que ela olhou para a tela do celular (que estava apoiado no calendário de mesa), uma notificação de mensagem com o nome Edward Fb (de Facebook) aparecia.

Cê conhece algum outro lugar discreto na facul? Pra gente poder se pegar amanhã de novo.

Ah! Baixa o Snap aí que eu quero te enviar uma coisa.

[...]

“Eu vou cair, Edward!”

“Não vai!” ele teimou, estendendo a mão pra ela, “Vou te ajudar, Bella. Anda.”

“Não vou subir aí. Eu vou cair com certeza.”

“Eu vou te ajudar. Vem! Eu custei pra abrir esse negócio!”

De fato. Eles não haviam conseguido achar outro lugar suficientemente “discreto”, então voltaram às escadarias. Hoje, entretanto, ele havia conseguido abrir o pequeno portão que dava para o bendito telhado. Com um suspiro, ela se levantou do chão, e entregou a mochila pra ele.

[...]

“Não vai chegar ninguém,” ele sussurrou no ouvido dela, “Fica tranquila...”

“Quem está ali embaixo consegue ver, Edward... Naquele corredor.”

“Ninguém passa naquele corredor,” ele revirou os olhos e empurrou o cabelo dela para o lado, fazendo-a fechar os olhos enquanto ele passeava os lábios por seu pescoço. “Confia em mim. Eu estudo aqui.”

Era um bom argumento. Naquele momento, ela achou melhor se concentrar no que podia acontecer de bom e na experiência louca que estava vivendo. Afinal, era muito mais interessante observá-lo se divertir ao baixar sua blusa e explorá-la nos seios, enquanto levava a mão dela ao volume em suas calças, do que se preocupar com qualquer velho da limpeza que pudesse passar no corredor do outro lado do prédio que dava visão para onde eles estavam.

[...]

Ela esperou pelas mensagens dele no trabalho mais tarde. Mas ele não apareceu. Quer dizer, quem apareceu foi ela. E ela foi quem deixou implícito que toparia o que disse que “nunca faria” numa próxima oportunidade.

E aconteceu. Algum tempo depois, quando ele não estava assim, tão presente, mas aconteceu. No mesmo lugar, com muito menos preocupações, mas com roupas demais. Ela fora esperta o suficiente para usar um vestido e uma calcinha que fosse fácil de afastar, e ele uma calça escura para prevenir quaisquer acidentes.

Quando Edward finalmente estava dentro dela, Bella se permitiu fechar os olhos aproveitar. Mais interessada na experiência do que na pessoa em si, ela se deixou movimentar e se encontrar nos movimentos dele. E no sorriso. Sorriso aberto, sorriso gentil, sorriso abusado e satisfeito.

Aquilo era satisfação.

[...]

O tempo passou novamente, e, dessa vez, Edward foi não aquele que não teve interesse em procurar por Bella. Não querendo dar o braço a torcer, ele não cedeu à vontade que teve de chama-la para conversar nas madrugadas em que a via online no WhatsApp. Agora que o semestre havia acabado, ela deveria estar muito mais aliviada e se permitindo dormir mais tarde.

Bella merecia, depois de todo o estresse pelo qual havia passado. Estresse este que havia sido o motivo pelo qual os dois haviam se conhecido, em primeiro lugar. Talvez, se aquela professora megera não a tivesse tirado do sério e elevado seus nervos a ponto de fazê-la chorar até soluçar, e seguir o conselho de uma amiga de mandar um Spotted num página da faculdade no Facebook, os dois jamais teriam se conhecido.

Edward suspirou, clicando na foto de uma Bella sorridente, e observando suas feições. Ele não devia estar pensando nisso.

Odeio me apegar tão facilmente às pessoas.

[...]

Mas é claro que Bella havia pensado nele também. O suficiente para fazê-la concluir que estava demais e não era saudável. Ela não se importava com ele, repetia insistentemente, por vezes acreditando. Se importava com a experiência, e isso era, de fato, verdade. A magia de Edward vinha nas experiências que ele a havia proporcionado, na quantidade de sim’s improváveis que ele a mostrou ser possível dizer.

Bom, ela havia se lembrado do aniversário dele (que era no mesmo dia de Rosalie, o que fez tudo muito mais fácil, já que numa das conversas no primeiro dia em que foram à escadaria, ele havia dito a data e ela imediatamente assemelhou com a amiga antiga) e mandado uma mensagem. Ele pareceu agradecido pela lembrança, mas a conversa não se demorou mais do que deveria.

É isso, ela pensou, baixando o celular depois de dizer um “aproveite seu dia!” e olhando para a paisagem do lado de fora do ônibus que a levava para o trabalho, Não tenho mais desculpas para procurá-lo. Ali, ela concluiu ser o fim de Edward em sua vida.

[...]

E foi. Por mais de um mês, aquele foi o fim. Até que, numa das insones noites de férias de trabalho e faculdade, Edward apareceu enquanto ela dormia na casa de Alice. Apareceu quando ela já se preparava para bloquear o celular e se entregar ao sono, apareceu quando a amiga lia no escuro, deitada na cama ao seu lado.

Tava pensando. Tava a fim de te encontrar. Haha

Bella soltou uma risada numa lufada de ar. E sentiu-se irritar por não conseguir não responder, não manda-lo dormir, por perder o sono e por correr para o banheiro quando ele solicitou novamente o uso do Snapchat.

E Edward, do outro lado da cidade, se remexia feliz na cama. Sorrindo para o celular no escuro, sentindo a animação em todas as partes de seu corpo, enquanto Bella respondia da maneira meio fria e tímida que era só dela. Foi bom não ter conseguido resistir naquele dia. Pelo visto, ele não era o único.

Fazer diferente. Se não isso, qual seria o propósito de escadarias, telhados, Snapchat às escuras, resistência e Bella?

Loucuras. Se não isso, qual seria o propósito das escadarias, telhados, banheiros e Edward?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me conta o que você achou ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stairs" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.