Accomplished Woman escrita por AliceFelton


Capítulo 12
Capítulo 12




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Eu estava lendo no meu quarto, enquanto Rose penteava suas madeixas loiras em sua penteadeira. Eram raros os momentos em que eu ficava sozinha com a minha irmã mais nova – normalmente estávamos acompanhadas de Remus ou de Petúnia. Sua mãos passavam a escova com ternura pelos cabelos, com uma paciência que eu nunca tivera.

— Você está linda. - eu disse

Ela parou seu movimento uniforme para me lançar um sorriso.

— Obrigada.

Me levantei da poltrona e fui até ela, abraçando-a por trás.

— Você também vai sair? - perguntei - Petúnia foi passar a noite com Arabella.

Arabella Figg era a melhor amiga de minha irmã, desde sempre. Assim como Petúnia, Arabella era fofoqueira e um tanto quanto desagradável.

Ela assentiu.

— Dorcas me chamou para jantar na casa dela. - ela respondeu - Eu devo dormir lá.

Dorcas Meadows era a melhor amiga de minha irmã, desde sempre. Assim como Rose, Dorcas era calma, sensível e extremamente adorável.

— Faz tempo que ela não vem passar a tarde aqui. - eu disse

Rose deu uma risadinha.

— Nós crescemos, Lily. - ela disse - Nós não passamos mais a tarde brincando em uma de nossas casas.

Dei uma risada.

— Eu nunca disse que vocês precisavam brincar! - protestei - Podem ficar aqui conversando…

Rose assentiu.

Fui até a minha cama e deixei meu livro sobre a mesa de cabeceira. Embrulhei uma flor que havia colhido no campo mais cedo e a coloquei cuidadosamente sob a minha pilha de livros. A pouca luz que entrava na janela fazia com que nosso quarto me parecesse extremamente deprimente.

— Você vai perder o assado de mamãe. - murmurei - Acho que ela colheu batatas e cenouras para a janta de hoje.

— Você sabe muito bem que eu não gosto de cenouras. - Rose cantarolou

— Eu pensei que você não gostasse de rabanetes. - eu disse

— Remus é quem não gosta de rabanetes. - ela disse

Ri.

— Vocês dois são muito parecidos. - bufei - Tanto cenouras quanto rabanetes são deliciosos.

Ela deu de ombros e me encarou por um segundo. Pelos seus olhos, eu percebi que algo muito mais profundo do que cenouras ou rabanetes passava pela sua mente.

— Diga logo… - eu disse

— O que? - ela sorriu

— O que você está pensando! - eu disse

Ela deu uma risada.

— Você vai brigar comigo. - ela murmurou

Parei na frente dela e cruzei meus braços, dando a entender que não a deixaria em paz até que me contasse seus pensamentos.

— Eu só estava pensando no quanto vou sentir sua falta aqui. - ela suspirou - Eu tenho o pressentimento de que você vai se mudar logo.

Franzi as sobrancelhas.

— Eu só não sei ainda se vai ser para Londres ou para Darcy. - ela acrescentou

Bufei.

— Você pode bufar o quanto quiser, você sabe que é verdade. - ela disse

— Rose, isso é tão complicado, eu…

— Eu nunca disse que não era complicado! - ela me interrompeu - Mas você já está bem crescida, Lily. É hora de começar a se responsabilizar pelos seus sentimentos.

Deixei escapar uma exclamação, boquiaberta.

— Se você quer tanto ir para Londres, faça suas malas e vá! Não deixe a nossa tia ser quem decide isso por você. - ela continuou - Mas se existe alguma coisa que está te prendendo em Austen, e eu tenho razões para acreditar que essa coisa é alta, gentil e tem lindos olhos castanhos, talvez seja a hora de você finalmente admitir isso.

A encarei.

— Você é sábia demais para alguém de dezesseis anos. - murmurei

Ela sorriu.

— Minha irmã me faz ler muitos livros. - ela piscou

Dei uma risada.

Ela se levantou, beijou minha testa e se dirigiu para a porta. Porém, antes de sair do quarto, ela se virou para mim novamente.

— Coragem! - ela disse

— Vai logo! - ri

Ela deu uma risada e desapareceu no corredor. Me sentei na cadeira em que minha irmã estivera segundos antes e encarei o meu reflexo no espelho.

— Ela está certa. - ela me disse

— Fique quieta. - murmurei e me levantei, também saindo do quarto.

 

 

Meus pais aproveitaram que Túnia e Rose estariam fora de casa e resolveram sair também. Eu me senti extremamente traída, considerando que estava esperando pelo delicioso assado que minha mãe havia dito que cozinharia para a janta.

Não seja melodramática, Lily!— ela havia dito - Seu pai e eu merecemos uma noite de folga. Farei o assado amanhã!

Em minha defesa, eu não estava sendo melodramática, eu estava com fome.

Remus e eu fizemos o melhor para assarmos batatas e sentamos na sala de estar para comer, algo estritamente proibido quando minha mãe estava em casa.

— Sermos abandonados em casa tem certas vantagens. - Remus murmurou

Assenti.

— Eu ainda tenho esperanças de que Petúnia se case logo, dessa forma temos menos uma pessoa vivendo sob este teto. - eu murmurei

Remus riu.

— Seu amor pela nossa irmã sempre me surpreende.

Dei uma gargalhada.

— Eu a amo! - eu disse - Eu só não gosto muito dela…

Remus continuou rindo.

— A mamãe fala muito com você sobre casamentos? - perguntei a ele

Ele suspirou.

— Não muito. - ele disse - Eu acho que ela já se conformou com o fato de que eu não sou o mais galanteador dos rapazes.

Sorri

— E é diferente. - ele disse - Não é uma vergonha para um homem nunca se casar.

Suspirei.

— Isso é tão injusto. - murmurei

Ele assentiu.

— Mas você gostaria? - perguntei

Ele deu de ombros.

— Se eu conhecesse a pessoa certa… - ele disse

— Você acha que existe uma pessoa certa para cada um? - perguntei

Ele riu.

— Você está muito profunda hoje. - ele disse

— Eu leio muitos livros. - sorri, me lembrando de Rose

Ele sorriu.

— Eu gosto de acreditar nisso. - ele disse - Que existe uma pessoa que faz com que a gente sinta coisas completamente diferente de tudo o que já sentimentos antes. Alguém que mesmo com seus defeitos é perfeito para nós.

— Isso é lindo. - eu disse

Ele assentiu.

— Você já se sentiu assim? - continuei

— Não. - ele sorriu - E você?

Suspirei.

Antes que eu respondesse, porém, ouvimos a porta da cozinha se abrir com um estrondo. Nos entreolhamos e nos levantamos com um salto. Peguei o atiçador de fogo da lareira e corri para a cozinha, pronta para me defender do invasor. Porém, fiquei em choque ao ver quem, de fato, havia invadido minha casa. Na cozinha estava Rose, que chorava descontroladamente com seu vestido rasgado e seu cabelo bagunçado, e James, que sangrava pelo supercílio e pelo lábio e parecia prestes a desmaiar.

— O que aconteceu?! - exclamei

Remus apareceu atrás de mim e ficou tão espantado quanto eu. Rose saiu correndo escada acima, sem falar uma palavra.

Remus suspirou.

— Eu vou falar com ela. - ele disse

— Eu ajudo James. - eu disse

Ele assentiu e correu atrás de Rose.

Cuidadosamente, coloquei um dos braços de James sobre os meus ombros e o levei até um dos sofás da sala. Voltei para a cozinha para pegar um pano molhado e um unguento que minha mãe preparava para passar nos nossos machucados desde que éramos crianças.

Me sentei junto a James e passei o pano no seu rosto.

Ele arqueou os ombros e gemeu de dor.

— Eu sinto muito. - eu disse

Ele deu um sorriso fraco.

— Está tudo bem. - ele disse

Assenti.

— James… - murmurei

Ele suspirou.

— O que aconteceu? - perguntei

— Eu estava voltando para casa. Eu tinha ido devolver um livro na biblioteca. - ele começou - Resolvi pegar o caminho mais longo, para passar aqui para uma visita.

Sorri.

— Rose passou por mim no caminho, ela parecia feliz. - ele continuou - E então…

— E então? - eu disse, me aproximando mais dele.

— Eu olhei para trás e ela estava sendo carregada por Lucius Malfoy.

Arfei e ele assentiu.

— Eu fui atrás dele e ele levou Rose para sua casa. - ele disse - Lá, ele a colocou em uma cama. Ela não parava de chorar e ele começou a mexer no vestido dela. Eu invadi o quarto e lutei com ele. Lucius é bem forte.

— O Lucius fez isso em você? - eu perguntei, passando a mão pelo seu machucado. James estremeceu ao mesmo tempo em que parecia apreciar o meu toque.

De perto, estava muito pior do que parecia. Manchas roxas começavam a surgir em diversos locais do seu rosto, e o sangue não parava de sair dos dois cortes.

— Ele ficou bem machucado também, caso você esteja se perguntando. - ele disse

Assenti.

Eu não conseguia assimilar direito o que James havia acabado de me contar. Eu só conseguia sentir uma raiva, que crescia cada vez mais dentro do meu peito.

— Ele não conseguiu fazer nada com ela. - James disse - No que se trata de sua virtude.

Bufei.

— Lily, é ridículo que a sociedade se importe com isso. - ele disse - Mas eles se importam. Se alguma coisa tivesse acontecido ela não só estaria traumatizada, mas provavelmente nunca conseguiria se casar. Você sabe que isso é importante para ela, assim como para sua mãe.

Senti uma lágrima quente escorrer pela minha bochecha.

A raiva no meu peito parecia ter se tornado um grande animal, feroz e violento.

— Obrigada. - eu disse - Por ter ajudado ela.

James assentiu e segurou minha mão. O animal dentro de mim, no entanto, fez com que eu retirasse minha mão com rigidez.

— É claro… - eu disse, furiosa

— O que foi? - ele perguntou

— Por que você salvou Rose? - eu disse, me levantando - Admita que você, mais uma vez, só estava pensando em como me conquistar!

James suspirou.

— Lily, eu sei que você está com raiva… - ele disse, com voz doce

— EU ESTOU FURIOSA! - gritei

James deu uma risada e se levantou também.

—  Eu salvei sua irmã porque era a coisa certa a fazer. Eu nunca deixaria isso acontecer com ela, ou com qualquer pessoa, se eu pudesse evitar! Você precisa descer desse pedestal, Soberana Lily. Nem tudo na vida é sobre você!

Continuei encarando-o.

— Você ainda acha que eu sou um monstro. - ele disse, e eu nunca havia visto tanta frieza em seu olhar - Não importa o que eu faça, você sempre vai acreditar que eu sou completamente podre por dentro, não é? A verdade é que você me despreza e nada nesse mundo vai lhe fazer mudar de ideia. Eu cansei, Lily.

— Já não era sem tempo. - eu murmurei

James de uma gargalhada.

— Por favor, diga a Rose que eu sinto muito pelo que aconteceu com ela. - ele disse - Ela e o resto da sua família são muito bem vindos em Darcy sempre que quiserem me visitar. Infelizmente, não pretendo voltar aqui tão cedo.

Ele fez um leve aceno com a cabeça e desapareceu pela porta afora.

Suspirei e olhei para a escada, onde Remus estava parado.

— Como está Rose? - perguntei

— Dormindo. - disse ele - James te contou o que aconteceu?Assenti.

— Mamãe vai ter um infarto quando descobrir. - murmurei

— Pelo menos, o mais grave não aconteceu. - disse Remus

Concordei.

— Ela deve ter ficado aterrorizada.

Remus assentiu.

— Ela vai ficar bem. - ele disse, com um tom também frio.

Mais lágrimas escorreram pelo meu rosto.

— Você também está bravo comigo? - perguntei

— Eu não tenho nada a ver com isso. - ele disse

Fui até ele.

— O que foi, Remus? - perguntei, com firmeza

— Por que você tratou James daquela forma? - ele perguntou - Por que você se auto-sabotou daquela maneira?

— Remus, a questão de Rose é infinitamente mais importante do que minha briga com James…

— Eu sei que é! - ele gritou - Mas Lily eu não entendo como você consegue ser tão estúpida!

— Ei! - exclamei

— Você está completamente apaixonada por James e fica colocando obstáculos no caminho! Sem motivo algum! Você tem medo de ser feliz? Você gosta de se tornar cada vez mais amarga?

— Você está sendo maldoso, Remus! - eu disse

— Não, eu estou falando a verdade! Você que se recusa a aceitar isso.

Bufei.

— É claro que você é o dono da verdade. - eu disse - O Remus perfeito sempre sabe de tudo.

Remus deu uma risada cínica.

— Além de todas as suas outras qualidades, James provou também ser um homem decente ao salvar Rose. Ele a salvou porque era a coisa certa a fazer, mas ele só estava no lugar certo e na hora certa para fazer isso porque tinha apenas uma coisa em seus pensamentos. Essa coisa fez com que ele decidisse voltar para casa pelo caminho mais longo. E eu acredito que você saiba que coisa é essa.

Continuamos nos encarando por alguns segundos. Era quase possível ver as faíscas de raiva saindo dos olhos dos dois. Remus, então suspirou, e deixou escapar uma lágrima.

— Boa noite. - ele disse, se virando e subindo para o segundo andar novamente.

Tratei de arrumar a sala e a cozinha, limpando o pouco de sangue que James havia deixado pelo chão. Escutei atentamente os barulhos de fora, mas não ouvi nem um sinal que indicasse que meus pais estariam de volta logo.

Subi para o meu quarto e me surpreendi ao ver que Remus havia empurrado a cama de Petúnia para junto da de Rose. Olhei para a minha própria cama, solitária, e me enfiei junto dos dois. Senti minhas próprias lágrimas correndo e a mão de Remus se entrelaçou na minha.

— Vai ficar tudo bem. - ele sussurrou - Com vocês duas.

Assenti. De uma coisa eu acreditava estar certa, James e eu nos encontraríamos no dia seguinte.

Como era de se esperar, minha mãe quase morreu do coração quando contamos a ela sobre o que havia acontecido. Petúnia também ficou extremamente preocupada. Nós ficamos em casa com Rose por uma semana, tratando de levantar seus ânimos. O pior já havia passado.

No entanto, os dias seguintes se passaram e James permaneceu distante. A cada movimento na rua e batida na porta, meu coração se alegrava um pouco, mas em seguida logo murchava ao ver que não se tratava de quem eu estava esperando. Então, comecei a perceber que talvez eu tinha de fato me auto-sabotado e, assim, perdido James.


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Notas finais do capítulo

E agora José?



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