Amor Doce: "Complicated" escrita por Keila Lavigne


Capítulo 3
Sentimentos indesejados...


Notas iniciais do capítulo

Este é mais um capítulo de uma das histórias que me fizeram voltar a escrever, a sonhar de novo. Ele estava guardado há um tempinho e acho que vocês merecem isso...
Sintam-se a vontade para comentar! ♥



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Existem certos momentos, momentos específicos da sua vida em que todos os acontecimentos mais marcantes da sua insignificante existência simplesmente passam como um filme em sua frente. Há quem diga que sensações como estas só acontecem quando nos deparamos com o fim e esse é um ato inconsciente do nosso cérebro para nos mostrar o quanto fora boa ou não a nossa vida. Naquela manhã essa sensação com certeza me fez questionar se tudo o que havia feito até ali teria realmente valido a pena. Me chamem de dramática ou qualquer outro termo que se assemelhe a isso, mas o que queriam? A visão dos meus últimos segundos na terra eram, então, estas:
Castiel, seminu com os braços envolvidos em minha cintura, enquanto estou vestida somente, e TÃO SOMENTE com sua camisa do Nirvana preta cobrindo parcialmente o meu corpo, ou pelo menos algum pedaço de pele um pouco mais acima da minha bunda. Estávamos bem no meio da cozinha e os passos dos sapatos mais caros do que qualquer coisa que tenha no meu apartamento batendo contra a madeira do assoalho era quase como a trilha sonora de um filme de terror. Fechei os olhos esperando o pior.
Válerie: Cassy, chegamos, meu querido!
A mãe de Castiel apontou na cozinha. Seu sorriso se desfez no mesmo instante em que notou a nossa presença no meio da sua cozinha.
Válerie: Oh, vejamos o que temos aqui. – Válerie analisou a mim e logo em seguida ao seu filho dos pés à cabeça, até concluir. – Vocês parecem bem à vontade... Espero não estarmos atrapalhando... – Ela sorriu maliciosamente.
“Então... É isso?” – eu pensei.
Madison: Sério, mesmo? – Sussurrei para Castiel que respirava um pouco mais aliviado.
Castiel: Na verdade... Estão, estão sim. – Ele disse secamente se pondo em minha frente.
Válerie: Também sentimos saudades, meu bem. – Válerie apertou os olhos. – Venha Louis, vamos colocar as malas para dentro! – Válerie falou saindo do cômodo, empurrando o que parecia ser o pai de Castiel fora da casa que sem entender muito o que estava acontecendo sussurrava coisas para Válerie que respondia mecanicamente “Depois eu te conto”. É claro, quem gostaria de entrar na sua casa em pleno sábado de manhã e se deparar com a sua nora quase nua no meio da cozinha?
Madison: Que constrangedor... – murmurei pondo as mãos no rosto.
Castiel: Pelo amor de Deus, quem costuma chegar depois de dias de viagem sem nem avisar? Realmente, no lugar deles eu estaria constrangido. – Castiel apertou os meus ombros levemente, sorrindo.
Madison: Você não existe, Castiel. – Soltei um sorriso um pouco mais aliviada. - Agora vamos, eu preciso me vestir antes que seu pai volte e entenda o motivo de tanto alvoroço. – Peguei sua mão e o puxei em direção às escadas.
O que se usa depois de um momento tão intimista com a sua sogra? Bem, eu não tinha muitas opções para tentar me redimir a não ser o meu vestido da noite passada, então...
Madison: Isso vai ter que servir. – Constatei enquanto prendia os meus cabelos recém lavados em um rabo de cavalo em frente ao espelho do banheiro. Ainda tinham alguns resquícios de lápis na parte inferior dos meus olhos por mais que eu tivesse passado quase cinco minutos tentando tirá-los. De resto meu rosto estava limpo, sereno. Nunca tive dúvidas do poder de uma boa ducha logo de manhã. Passei um pouco de gloss sabor cereja nos lábios e tirei um Juicy fruits para mascar. Demorei 15 minutos para me arrumar, e é claro que depois de ter recusado insistentemente a companhia de Castiel para o banho ele não estaria sentado em sua cama me esperando para que descêssemos juntos como eu havia imaginado em minha cabeça durante esses 15 minutos que tive para pensar sobre o que fazer depois de uma cena tão assustadoramente ridícula. O plano era, descermos, de mãos dadas, talvez teria forçado Castiel a pentear os cabelos e passar o seu perfume amadeirado que tanto adoro, estaríamos com a cara mais lavada do mundo, como um típico casal adolescente que havia passado uma típica “noite de amor”. Afinal, os relacionamentos hoje em dia são tão mais “liberais”... Não era errado passarmos uma noite “romântica” juntos, ou era? Mas é claro, não seria tão fácil assim. Castiel já havia descido quando saí do banheiro e provavelmente, se bem o conheço já estava devorando qualquer coisa que visse pela frente na cozinha. Desci as escadas enquanto ouvia vozes vindo do andar de baixo.
A imagem que vi poderia ser de uma família perfeita, como aquelas que aparecem no comercial de TV, sim, poderia, se Castiel não estivesse com uma expressão completamente entediada enquanto os seus pais (ou Válerie) falava sobre algo enquanto enxia sua xícara de café e Jean-Louis lia algo no jornal. A mesa estava posta de maneira tão perfeitamente que custei a acreditar que aquilo havia demorado menos de 15 minutos para ser feita. Demoro quase 10 para preparar um café!
Madison: Bom dia... – Me aproximei deles dando passos hesitantes.
Válerie: Oh, minha querida, venha, junte-se a nós. – Válerie apontou para um lugar ao lado de Castiel na mesa. Os seus cabelos ruivos estavam um pouco mais ruivos do que da última vez que a vi, no evento artístico da Sweet Amoris, fazendo com seus dentes perfeitamente brancos brilhassem entre os seus lábios vermelhos devido ao batom.
Madison: Sim, sim, claro. – Obedeci fitando os meus pés enquanto ia para o lugar indicado.
Castiel, que até então mantinha os olhos fixamente presos nos seus cookies voltou-se sua atenção para mim. Quando sentei ele sussurrou algo como:
Castiel: Nada como um café da manhã em família para concertar as suas atitudes levadas recentemente, hein garotinha? – Castiel sorriu maliciosamente e pressionou a minha coxa por debaixo da mesa com uma das mãos. Me contive para não soltar um gemido e tirei discretamente suas mãos dali. O fitei repreensiva, ele deu de ombros e enfiou alguns cookies na boca.
Madison: Como vai, senhor Louis? – Voltei a minha atenção para o pai de Castiel tentando me recuperar do que acabara de acontecer.
Jean-Louis: Muito bem, minha querida. Um pouco exausto da viagem, mas nada que um final de semana em casa não resolva. – Ele bebericou em sua xícara de café e acrescentou: - E como vão seus pais?
Os meus pais! Não falo com eles desde ontem, esqueci completamente de avisar que cheguei sã e salva na casa de “Rosalya”. Preciso mandar uma mensagem assim que puder.
Madison: E-eles estão bem. Na verdade, perfeitamente bem. – Quando percebi que estava começando a gaguejar dei um belo gole de um suco amarelo que Válerie acabara de me servir.
Válerie: Que ótimo. Eu e Lou não vemos a hora de vê-los novamente. O que acha de um jantar qualquer dia desses?
Madison: Seria ótimo... – Piei apertando a mão de Castiel por debaixo da mesa na esperança de que ele dissesse alguma coisa.
É claro, isso não poderia ser pior.
Castiel: Tenho certeza que seria. Agora se não se incomodarem, eu vou levar a Madison para os seus perfeitamente bem preocupados pais. – Castiel apanhou mais um cookie e levantou-se da mesa.
Madison: Foi um prazer revê-los, senhor e senhora Collins. – Levantei abruptamente os cumprimentando.
Válerie: Tão cedo? Você nem tocou direito em nada...
Madison: Tenho certeza que está tudo delicioso, mas de qualquer forma não sinto muita fome pela manhã. - Implorei aos céus para que a minha barriga não roncasse em controvérsia, por que com certeza se ela falasse estaria me amaldiçoando agora.
Jean-Louis: É realmente uma pena.
Válerie: Dê lembranças aos seus pais por nós, querida! – Exclamou Válerie enquanto nos afastávamos em direção a porta de entrada.
Castiel: Claro que ela dará! – Castiel anunciou antes de fechar a porta atrás dele.
Madison: Eu não conseguiria ficar mais um segundo lá... Obrigada. – Soltei um suspiro longo apoiando-me com as mãos nos joelhos como se houvesse acabado de enfrentar uma maratona de 2km.
Castiel: Você ainda não contou sobre nós aos seus pais? – Ouvi a voz de Castiel refutar secamente. Levantei os olhos e ele me olhava inexpressível.
Madison: Quando você fala “contar”, você quer dizer... “Contar”, contar? Ou...
Castiel: Isso é sério Madison. – Ele me cortou.
Madison: Parcialmente. A minha mãe já sabe. O meu pai é a questão...
Castiel: Se fosse em outro momento eu não insistiria tanto para uma garota falar de mim para os seus pais... Sempre achei isso uma perda de tempo. Mas as coisas são diferentes agora. – Ele disse se aproximando de mim. – Você não é qualquer garota, Madison. – Castiel enlaçou seus braços ao redor de minha cintura. Pude notar um discreto ruborizar em suas bochechas, então sorri.
Madison: Me dá alguns dias está bem? Dois, ou três. Eu preciso ter certeza de que ele não terá nenhum motivo para impedir o nosso namoro. Eu não posso nem imaginar o que faria se ele...
Castiel: Não pense besteiras. Venha, vou te levar para casa. – Ele me beijou suavemente e me pegou pelas mãos me conduzindo em direção ao seu carro.
Nunca teria descoberto o quanto a casa de Castiel ficava tão próxima a minha se não tivesse ido até lá aquela noite. De dia as coisas estavam mais claras, as ruas eram um pouco menos confusas, e já sabia exatamente por quais atalhos pegar para chegar lá o mais rápido possível sempre que tivesse vontade de vê-lo.
“Espero que agora que você conhece onde eu moro não fique batendo na porta aqui cedo da manhã. Não apareça lá antes das 11:00”, me alertou ele algumas vezes durante o decorrer do caminho. Castiel me deixou no parque próximo ao meu apartamento, foi a escolha mais sensata que tivemos nas últimas 24 horas. Se meus pais me vissem saindo de um carro com Castiel tudo iria por água abaixo. Nos despedimos rapidamente e eu fui para casa. Tinha uma leve tensão nos ombros. Estava receosa com o que me depararia quando chegasse em casa.
Madison: Olá? – Pus a cabeça entre a porta anunciando a minha chegada antes de adentrar por completo a sala de estar.
Lucia: Filha? Achei que você ficaria mais tempo na casa de Rosalya hoje... – A voz da minha mãe veio de dentro da cozinha. Ótimo. Eles acham que estava na casa da Rosalya.
Madison: Como não telefonei ontem a noite achei melhor vir mais cedo... – Dei alguns passos mais confiantes em direção a cozinha. Quando entrei vi a minha mãe lavando algumas louças na pia. – E o papai?
Lucia: Ele está com o nariz enfiado em algum livro, para variar. – Ela fez uma careta antes de voltar a sua atenção para os pratos novamente.
Madison: Vou para o meu quarto, trocar essa roupa. – Beberiquei um pouco de água antes de sair da cozinha.
Uma vida sem salto alto com certeza é uma vida feliz. É inexplicável a sensação de estar com os pés livres daquelas tiras prateadas e completamente desconfortáveis. Deitei em minha cama juntamente com o meu conjunto de moletom, calça e meias quando recebi uma mensagem de Rosalya.
“Como foi a noite? Ainda está na casa de Castiel? Me mantenha informadaaa”.
Sorri em imaginar o estado de Rosalya por estar há tanto tempo sem saber o que estava acontecendo. Desde que a conheço ela sempre foi uma curiosa de primeira, me arrisco dizer que até mais do que eu.
“Foi tudo maravilhoso. Não posso dizer mais do que isso...”
É claro que eu podia, mas é claro que não o faria antes de vê-la insistindo um pouco sobre mais informações. Quem sabe poderia ganhar algo com isso? Talvez alguns descontos na loja do Leigh? Tenho certeza que essas informações poderiam me render pelo menos 40% de desconto na próxima compra. Vivo naquela loja, sou cliente á tanto tempo. Isso não seria nenhum pouco injusto...
“Você quer me ver insistir??? Não me faça ir aí e arrancar as informações de você!”
Era incrível como mesmo distante Rosalya poderia parecer ameaçadora quando queria. Não duvido nada que há qualquer momento ela pudesse aparecer na porta da minha casa com uma faca na mão e o celular em outra completamente decidida em me tirar todas as informações possíveis.
“Eu estou BRINCANDO. Irei te explicar tudo... Mas pessoalmente está bem?”.
“Está bem, rs”.
Conversei com Rosalya por mais algum tempo até pegar no sono. Não posso dizer que tive uma bela noite de descanso na noite passada. Boa parte dela passei nostálgica, observando Castiel dormir, na escuridão do seu quarto, ouvindo sua respiração tranquila e suave. Me perguntando como alguém poderia ser tão atraente e romântico. Castiel era inesperadamente romântico e injustamente irresistível.
Acordei com o visor do meu celular piscando insistentemente em meus olhos, vibrando em meu rosto. Alguém estava me ligando. Era noite quando acordei, a luz do celular era o único ponto de luz em todo o breu que estava o meu quarto.::
Madison: Castiel? – Respondi um pouco atordoada. Olhei novamente para o visor do celular para confirmar se era ele mesmo quem havia me ligado. – Castiel? É você?
Castiel: Eu te acordei?
Madison: Sim... Mas eu já ia acordar de qualquer forma. Aconteceu alguma coisa?
Castiel: ...
Madison: Castiel, o que houve?
Castiel: Eu e Lysandre... Brigamos. Ele está no hospital agora.
Madison: Vocês brigaram? Por que? Lysandre está bem?
Castiel: Você... Você pode vir aqui?
A voz de Castiel estava quase sumindo. Tive que me esforçar para ouvir o que ele dizia.
Madison: Claro. Onde você está?
Castiel: O mesmo hospital que Lysandre ficou internado da última vez. Eu...Eu não me lembro o nome agora.
Madison: Tudo bem, acho que ainda lembro onde fica. Fique onde está. Chego em 30 minutos.
Castiel: Está bem.
Desliguei o celular ainda sem saber o que pensar. Castiel e Lysandre? Brigando? Eu nunca poderia imaginar algo do tipo. Troquei rapidamente de roupa e calcei o primeiro par de tênis que encontrei no meio do caminho. Expliquei brevemente aos meus pais a situação dessa forma eles não me prenderiam em casa por mais tempo. Fui ao ponto de ônibus que ficava há poucas quadras dali e enquanto esperava o ônibus mandei uma mensagem para Rosalya.
“Lysandre está no hospital, você sabia disso?”.
Talvez houvessem maneiras melhores de dar para alguém uma notícia ruim por mensagem de texto, mas se existiam, naquele momento com certeza não passaram pela minha cabeça. Depois de 20 minutos eu já estava na frente do hospital que a pouco tempo passei os piores dias da minha vida. Flashbacks passaram em minha cabeça, o acidente de Lysandre, o barulho ensurdecedor dos pneus tocando no asfalto, a angústia que todos sentiram por vê-lo sangrando no chão, sendo levado na ambulância, e logo depois ficarmos cientes da sua perda temporária de memória... Um aperto no peito ao descer do ônibus me fez desejar terminantemente que tudo aquilo fosse um pesadelo. Que nunca mais tivesse que passar por aquilo de novo.
“Que besteira você fez desta vez Castiel...”, pensei enquanto entrava no hospital.
Avistei Castiel sentado na recepção com as mãos na cabeça. Ele parecia angustiado, senti meu corpo tremer por um instante temendo o pior.
Madison: Castiel? – Disse me aproximando. Seus olhos se levantaram em minha direção quando me ouviu. Eles estavam vermelhos, talvez um pouco inchados e buscavam os meus como que desesperadamente. Ele levantou-se e veio ao meu encontro.
Castiel: Você não sabe do quanto eu precisava disso... – Ele falou me abraçando. Ficamos alguns poucos segundos abraçados ali.
Madison: O que aconteceu? Me explica, por favor... Eu ainda estou sem entender. – Falei acariciando o seu rosto com as pontas dos dedos.
Castiel: Lysandre chegou completamente bêbado hoje depois que cheguei em casa. Ele estava falando tanta... Besteira. – Ele cerrou os punhos. – Ele me disse que havia o traído, por ter ficado com você. Me chamou de medíocre, me comparou ao babaca do representante de turma. – O tom de voz de Castiel estava completamente indiferente. E em seus olhos podia ainda sentir por trás de toda a angustia uma certa raiva contida.
Madison: Eu não estou entendendo... Lysandre... – Disse um pouco atordoada. Ainda sem saber o que estava acontecendo sentei em uma das cadeiras da sala de espera da recepção.
Castiel: Ele gosta de você. – Castiel me olhou inexpressível. O fitei confusa. Ele estava maluco, ele só podia ter batido com a cabeça. Duas vezes.
Madison: Você está dizendo que... Lysandre gosta de mim? Isso é loucura, Castiel. – Balancei a cabeça incrédula. – E-ele está bem? Você não o matou? O matou?
Castiel: Claro que não o matei!
Madison: Eu... Eu preciso vê-lo... Eu...
Castiel: Precisa?
Madison: Sim, Castiel. Eu preciso falar com ele. Explicar as coisas. Ele precisa de mim.
Castiel: Isso é uma piada? – Olhei para Castiel que me fitava descrente.
Madison: Castiel...
Castiel: Estou começando a achar que te chamar aqui foi um erro. – Castiel me olhou mais uma vez antes de sair de lá em direção aos corredores do hospital.
Madison: Castiel, volte aqui. Castiel! – Alterei o meu tom de voz fazendo com que as enfermeiras que até então conversavam entre si atrás da mesa da recepção me olhassem com um ar de repreensão.
“Que saco!”, pensei bufando. Encostei a cabeça sobre a parede que estava atrás de mim para tentar pegar um pouco de ar. As coisas ainda não estão claras em minha mente. Lysandre gosta de mim? E toda aquela história com a Rosalya? Agora eu consigo entender o nosso momento quase que intimista em frente ao colégio logo depois dele ter recuperado a memória. Ele me abraçou tão forte que eu podia ouvir as batidas do seu coração sincronizados com as minhas. E o que foi mesmo que ele disse?
Eu fui a responsável por fazê-lo lembrar de tudo. Será que isso tem alguma relação com os seus sentimentos por mim?
Flashback ON
Lysandre: Madison?
Eu estava tão surpresa em vê-lo que fiquei completamente muda.
Lysandre: Eu... Podemos conversar um pouco?
Eu fiz que sim com a cabeça, tremendo da cabeça aos pés.
Lysandre: Eu sinto muito Madison, por tudo.
Madison: M-mas por que você diz isso?
Lysandre: Eu estava tão envergonhado com a minha atitude, que nem consegui te procurar para conversar.
Meu cérebro começou a funcionar novamente.
Madison: Não diga bobagem...- Meus olhos começaram a se encherem de lágrimas.
Lysandre: Aquela noite no hospital... Você me fez lembrar da primeira vez que te vi... – Lysandre se aproximou de mim, senti as minhas pernas trêmulas. – Foi a partir desse momento que eu me lembrei do quanto você é... Importante para mim. – Um sorriso despretensioso brotou no canto dos seus lábios.
Eu fiquei imóvel, ouvindo tudo aquilo tentando assimilar cada palavra que ele dizia até que ele acrescentou.
Lysandre: Eu te machuquei... – Ele se aproximou e pegou o meu rosto com as duas mãos. – Não sei como fui capaz de te esquecer.
Madison: Lysandre...
Flashback OFF
???: Senhorita Madison? O que faz aqui? – Abri os olhos quando notei a presença de uma voz familiar.
Madison: Ah, doutor... É um prazer revê-lo. – O médico que cuidou do Lysandre na última vez que viemos me olhava um tanto intrigado, mas sorriu cumprimentando-me.
Doutor: Algum problema? Não está se sentindo bem?
Madison: Na verdade eu estou... Bem. Lysandre está aqui novamente. Achei que o senhor já estivesse ciente do que aconteceu.
Doutor: Eu acabei de sair da sala de cirurgia... A amnésia do Lysandre voltou?
Madison: Eu não sei. Você poderia me dizer como ele está? Eu realmente não sei muito. Estou preocupada.
Doutor: Claro. Eu vou procurar me informar. Venho assim que tiver mais informações sobre o quadro clínico dele. – Ele sorriu complacente. Consenti com a cabeça.
O médico de Lysandre saiu em direção as enfermeiras que conversavam distraídas. Tirei um Juicy Fruits da bolsa e comecei a masca-lo enquanto tentava imaginar o que eles conversavam. Uma delas, Socorro, se não me falha a memória, lhe entregou uma prancheta, ele folheou alguns papéis enquanto os analisava atentamente. Logo em seguida as cumprimentou discretamente com a cabeça fazendo-as soltar gemidos entusiasmados. Fingi procurar algo em minha bolsa quando percebi que ele estava vindo em minha direção.
Doutor: Ele está bem. O doutor Francis está cuidando dele. Não se preocupe, ele está em boas mãos. Ele está no mesmo quarto que ficou da última vez. Se quiser, posso acompanha-la.
Madison: Eu agradeço, doutor. Mas não se preocupe, depois de tudo o que aconteceu, acho difícil me perder... Ainda me lembro exatamente onde fica o quarto. – Levantei da cadeira e o cumprimentei com veemência. Ele sorriu em retribuição e sumiu das minhas vistas.
Após atravessar a recepção e pegar o elevador, me vi em frente ao quarto onde Lysandre ficara da última vez internado. Bati três vezes na maciça porta de madeira, entrando logo em seguida. Nada mudou. Nem mesmo a gardênia disposta em um criado-mudo no canto do quarto. Lysandre estava dormindo na mesma cama que fora sua companhia durante dias. Sua expressão era serena, limpa. Parecia estar bem, apesar do leve arroxeado disposto em um dos olhos. Meu coração ficou mais leve depois de vê-lo ali.
Madison: Lysandre... –Piei hesitante enquanto me aproximava. – Não acredito que você fez isso... Não acredito que brigou com Castiel... Por mim. – A última palavra viera acompanhada de um nó preso em minha garganta. Fiz movimentos circulares com as pontas dos dedos em minha garanta numa tentativa de desfaze-los. Sem sucesso.
Me assusta a ideia de ser uma pedra no caminho dos dois. Uma nova Debrah. E se Castiel e Lysandre acabarem como da última vez? Afinal, Nathaniel não era o melhor amigo de Castiel, mas eles também não se odiavam.
Lysandre: Madison? – Fui interrompida por Lysandre que me trouxera para longe dos meus devaneios.
Madison: V-você acordou. Como se sente? – Segurei institivamente sua mão que parecia procurar algo entre os lençóis da cama. Ele ainda estava um pouco zonzo.
Lysandre: Como acha que estou? – Ele olhou para a minha mão e desviou logo em seguida o olhar que encontraram os meus.
Madison: Um pouco dolorido? Castiel parece ter um soco bem...
Lysandre: Melhor do que nunca. – Ele apertou levemente a minha mão e sorriu. Sem saber muito o que dizer, sorri com cumplicidade. Eu deveria dizer que ele precisava parar. Parar de sorrir como se eu fosse alguém especial. Eu estou com Castiel, afinal de contas. Ele é o melhor amigo dele. Ou era. Ou deveria ser. Mas de alguma forma eu não queria. Não queria decepciona-lo. Não queria dizer que não gosto dele, que não tenho sentimentos por ele, se no fundo, eu sei, sei que tenho.


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Notas finais do capítulo

É inquestionável, Maddie sente algo por Lysandre e este sentimento indesejado é tão arrebatador quanto o que sente por Castiel. Quando o amor e a dúvida se misturam no meio do caminho apenas o que é verdadeiro conseguirá permanecer. Até quando Madison sobreviverá a seus sentimentos ainda incertos?



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