O seu figurino consistia em uma coleira de couro preta com spikes e uma corrente presa à ponta, uma bermuda de brim bege rasgada e garrinhas. Kiba mal acreditou quando Yamanaka  Ino, maquiadora e responsável pelo figurino, colocou aquelas  unhas postiças em seus dedos.

“Somado aos seus caninos afiados”, dissera ela, “isso vai te dar um ar meio selvagem. Os clientes vão pirar!”

Ela mesma parecia estar pirando com os gritinhos que deu ao vê-lo sem camisa e daquela maneira. Kiba tinha que admitir sim que estava muito sexy, mas isso não mudava o fato de que queria matar Naruto, sujeito o qual ele imprensava agora na parede enquanto Neji e Sasuke seguiam na frente para suas apresentações.

− Seu filho da puta ordinário! Como não me disse que queria me leiloar?! – Ele praticamente rosnava, o que dava mais luz ainda ao personagem selvagem que deveria interpretar.

− Calma, Kiba, calma! – Naruto pediu, espalmando as palmas das mãos no peito desnudo do amigo. – Você disse que tava numa pior, caramba! Eu só quis ajudar!

− Ajudar! – esbravejou. – Porra, Naruto! Cê tá leiloando o meu corpo! Me vendendo!

Fazer drama era uma das coisas nas quais Kiba se destacava mais. Motivo pelo qual, durante o colégio, ele havia sido membro do clube de teatro.

− Não seja exagerado, ‘te bayo! – Naruto conseguiu afastá-lo. – Não é nenhum encontro depravado! Apenas uma noite de companhia, um jantar e pronto. Você só tem que ser sociável e é ótimo nisso!

− Eh? Apenas sociável? Então pra que isso tudo?! – Kiba apontou para si mesmo e a caracterização exagerada. – ‘Tô parecendo um palhaço, Naruto!

− Apenas para ganhar destaque, oras! Vocês precisam conseguir se vender!

Kiba não comprou muito a ideia de Naruto, mas devia ter lido as letrinhas miúdas do contrato antes de se meter nessa roubada! Suspirou. Agora não tinha mais como voltar atrás.

− Vamos, Kiba, não está fazendo mal a ninguém! Provavelmente uma das velhacas vai querer sua companhia. Depois do jantar e de acompanhar ela em um passeio de limusine, vai ganhar sua bolada e viver bem uns bons meses!

Kiba considerou bem o que Naruto havia dito. Talvez ele tivesse razão no fim das contas. Deu de ombros ao ouvir um homem lhe chamar, um tanto impaciente.

− Vai lá, e depois me conta como foi! – Naruto o encorajou.

Kiba não era de dar pra trás.

X

A apresentação dos três foi um show de exageros, exacerbando todas as suas qualidades. Kiba chegou a jogar as garrinhas para frente e rosnar, arrancando suspiros e assobios do meio da plateia.

Os lances começaram, primeiro por Sasuke, a princípio baixos e subindo aos poucos. As senhoras começaram a disputar o jovem herdeiro Uchiha até chegarem ao cúmulo de cem mil ienes! Kiba achou um absurdo. Levando-se em consideração que dez por cento do valor total ia para eles, fazia todo sentido que tentassem chamar atenção exagerada.

O segundo, Neji, foi leiloado por duzentos mil ienes, pois os seus olhos perolados eram motivo de grande atração.

Por fim, na vez de Kiba, os lances começaram: mil ienes a princípio, subindo para dez mil, cinquenta e por fim duzentos e noventa mil dado por uma mulher especialmente alta com um casaco de tigresa—Kiba já estava imaginando o que faria com sua parte do dinheiro, quando uma voz forte se sobressaiu à todas as outras. Conhecida por ele, porém.

− Um milhão de ienes.

O silêncio foi famigerado. O homem de óculos escuros e terno permaneceu sentado, a placa erguida.

− Um milhão de ienes! Dou-lhe uma!

Kiba não sabia o que dizer.

− Dou-lhe duas!

Era Aburame Shino.

− Vendido por um milhão de ienes para o jovem cavalheiro!

Seu ex-namorado do colégio e, aparentemente, um dos maiores magnatas do Japão.