Engraçado é como as coisas acontecem de uma hora pra outra, assim, sem explicação.

Kiba sentia-se com a corda no pescoço há um tempo: dois aluguéis atrasados, luz cortada e água para vencer pelo terceiro mês consecutivo. Uma pequena dívida aqui e acolá, tudo porque ele achou que conseguiria administrar a vida financeira sozinho com um salário um tanto duvidoso.

Então, quando o melhor amigo do colégio, Uzumaki Naruto, ofereceu-lhe a chance de saldar suas dívidas, Kiba não pensou duas vezes. Tudo o que precisava fazer, era ler o contrato diante de si, assiná-lo e comparecer a uma tal festa beneficente organizada pela Instituição Konoha para angariar fundos para a causa justificada.

Na hora, Kiba não se importou muito com ler as letras minúsculas que haviam no contrato. Ele apenas rubricou sua assinatura em cada página, tendo consigo a certeza de que todas as suas dívidas seriam pagas e de que ele receberia uma boa remuneração – Naruto garantira – desde que seguisse a sua parte do acordo.

No dia, Naruto responsabilizou-se por pegá-lo em seu apartamento e levá-lo para um dia de príncipe, com direito a uma sessão de limpeza de pele completa que o deixou se sentindo como um bebê; bronzeamento artificial por cerca de três horas que reavivou o tom dourado de sua pele e, por fim, cabeleireiro e maquiagem! Kiba não gostou muito da última parte, é claro, mas Naruto garantiu que aquilo era para uma melhor apresentação para os clientes em potencial.

Somente naquele momento, notando os outros rapazes presentes, que Kiba percebeu a estranheza da situação. No figurino, um rapaz de tez pálida e cabelos escuros vestia apenas uma calça de brim preta e nenhuma camisa. Possuía umas tatuagens tribais estranhíssimas que irradiavam do ombro e desciam até a metade das costas, mas que combinavam com ele.

Outro rapaz, de olhos perolados e cabelos longos castanhos também não vestia nada além de uma calça de couro preta. Tinha uma aparência bastante exótica apesar do olhar sisudo. E Kiba não pôde deixar de reparar os músculos delineados pelo corpo magro que lhe davam certo charme.

− Você é o próximo. Vista-se. – Uma pessoa da equipe de produção, alertou.

Até então, Kiba havia aceitado tudo sem questionar: a maquiagem exagerada com duas marcas vermelhas e selvagens sobre seu rosto, o perfume que incomodava seu nariz, mas vestir aquela bermuda rasgada?! Para quê?!

− Ei, você. Tatuado. – Chamou a atenção do rapaz de cabelos negros que tentava alinhá-los na frente do espelho. Ele apenas lançou um olhar de desprezo em sua direção. – Por que temos que nos vestir assim?

Uchiha Sasuke, descrente no que ouvia, apenas arqueou as sobrancelhas e revirou os olhos com ar de desdém. Mas o outro rapaz respondeu.

− Não leu o contrato que te ofereceram? – perguntou em uma clara retórica, já que Kiba obviamente não havia lido. – Isso aqui é um leilão, oras. E nós somos os itens leiloados.

Todo o sangue despareceu do rosto de Kiba. Ele ia matar Naruto! Ah, se ia!