Rebuilding life. escrita por Tetekah18


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês. E me desculpem não responder antes. Estudar exige certos sacrifícios, mas olha, estou aqui. Aproveitem a estória!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/753830/chapter/4

Em algumas semanas de aula, comecei a andar com Christian, Mason e Eddie. Mason é aquele tipo de garoto. Eu ainda não entendia porque ele andava conosco, mas Eddie era mais descolado. Eram melhores amigos e não dava para discutir, assim estava legal mesmo. Claro, tirando a parte que Stan deu um castigo a mim e a Christian. 

Já disse que odeio história?

Após a escola, Vikka me arrasto para uma cafeteria, certamente a única da cidade. Mark's, o nome que estava estampado na entrada. Sentamos em uma mesa próxima ao balcão. 

—O que vão querer?- pergunta uma mulher ruiva de meia idade, seu rosto simpático e cativo. Vikka salta do banco para abraçá-la. 

—Como o Bob está?- Vikka questiona.

—Ele está ótimo, graças ao seu irmão.- responde sorridente.

—Rose,- começa se sentando outra vez. -Essa é Oksana.- nos cumprimentamos rapidamente. -E aquele,- aponta para um homem com os cabelos começando a ficar grisalhos atrás do balcão. -é o Mark, o marido dela.

—Legal.- murmuro para preencher.

—O que vão querer meninas?

—Milk shake de chocolate.- olho chocada para ela. O inverno estava próximo do fim, mas ainda era frio lá fora. 

—É uma mania dela.- Oksana sussurra para mim. -O que você vai querer?

—Algo sem cafeína e quente está bom para mim.- respondo ainda olhando para Vikka que está conversando com alguém no celular.

—Um chocolate quente?- sugere.

—Ótimo.- respondo quase em um sobressalto. 

—Você poderia perguntar se ela teria como me entregar mais ervas para o chá.- se voltou para Vikka. E comecei a imaginar que tipos de erva teriam lá...

—Claro.- respondeu sem tirar os olhos do celular.

—Vikka, com quem você tanto conversa?- questionei depois que Oksana saiu.

—Ninguém importante.- desconversou com um sorriso bobo.

Conversamos um pouco. Vikka logo terminou o milk shake enquanto eu tentava esfriar o meu chocolate fumegante. 

—Vou ter que ir para a casa de uma amiga.- diz mexendo no celular.

—E como eu vou voltar pra casa?- sério que ela vai me deixar na mão?

—Não, é só ir na farmácia, Sonya logo está terminando o turno.- explicou com a cara no telefone.

—E você?

—Minhas amigas me levam.- respondeu simplesmente. Me dei por vencida e fui até o balcão pagar a conta. Haviam rosquinhas lá. Como eu não tinha visto? Pedi algumas para levar. Mais tarde comeria todas elas.

Segui para a farmácia. Sonya terminava de atender um cliente na caixa registradora. Quando ele saiu com o pacote, fui até Sonya.

—Rose!- me cumprimentou e olhou para os lados estranhando algo. -Cadê a Vikka?

—Disse que ia fazer um trabalho na casa de alguma amiga.- respondi dando de ombros e Sonya suspirou.

—Ok, espera aqui. Meu turno acabou, só vou me trocar.- disse indo para os fundos.

—Tá...- murmurei. O que mais podia fazer do que esperar? Claro! Começar a bater a ponta do sapato no chão...

Ela logo voltou e me levou até um Ford Escape mais antigo, mas ainda sim, é um bom carro.

—Esse é só seu?- pergunto surpresa.

—Não, é da casa, mas o Dimka não pôde me trazer hoje...

—Sei.- ficamos um tempo em silêncio. Agradeci milhões de vezes pelo aquecedor ligado.

—Que cheiro bom é esse?- Sonya pergunta depois de alguns minutos de silêncio.

—São rosquinhas.- disse e vi seus olhos brilharem mesmo concentrados na estrada. -Você quer?- ofereço por educação. Na minha cabeça só se passava: Negue! Negue! Negue! Negue! Negue!

—Sim.- respondeu com uma entonação de ânimo. Droga! Ela realmente queria. A contra gosto tirei uma das rosquinhas do saco de papel e entreguei a Sonya. Decidi comer logo no carro. Melhor dividir com a Sonya do que com a família inteira...

[...]

Sentada na sala, estava enrolando começar o trabalho entrando em qualquer site entediante depois de fazer minhas tarefas domesticas. Pelo menos eu não tive que explicar onde estava a Vikka, Sonya fez isso por mim. Olhando por esse lado, foi uma boa ter dividido minhas rosquinhas com ela. Uma buzina de um carro me assustar. Por sorte meu celular caiu no sofá. Eu já estava começando a odiar o motorista. Olena se apressou em ir até a porta secando as mãos no pano de prato. 

—Olá tia!- ouço uma voz masculina.

—Adrian, pra que essas malas?- ouço a voz surpresa de Olena e tento olhar a entrada.

—Vim passar uns dias com vocês.- o homem responde com voz risonha.

—Mas e seus pais?- pelo que percebi, ela ficou chocada com a informação.

—Minha mãe não vai se importar em me encontrar na cidade ou aqui, se você deixar, é claro.- responde no mesmo tom.

—Pare de bisbilhotar.- Yeva ralha sentando em uma poltrona. Como ela chegou aqui sem que eu percebesse? -Não é da sua conta.- completa. Isso é ambivalente, poderia ser usado para o que pensei. Tenho que controlar meus pensamentos perto dessa bruxa. Decido sair pelos fundos pra não dar mais motivos pra bruxa velha e terminar minhas tarefas de uma vez.

[...]

Escovando o segundo cavalo. Mais dois e a tão esperada liberdade. Ou não. Ainda tem aquele trabalho de merda... Acabo gemendo em frustração. 

Vou fazer isso depois do jantar.

Sinto o cheiro irritante de cigarro. Torço o nariz em desagrado. Tinha tempo que eu não lembrava o que era isso, desde Wichita. Entretanto esse parecia diferente... 

—Mas olha que beldade. Não consigo acreditar em meus olhos.- viro na direção da voz. Um loiro de olhos verdes jade está fumando um cigarro. Seu estilo é relaxado, combina com ele. Apenas arqueio as sobrancelhas para ele. -Eu nunca a vi antes...

—Com certeza não.- respondo emburrada voltando ao meu trabalho. Todos os visitantes dessa casa tinham que me importunar?

—Qual o seu nome?- perguntou chegando mais perto e o cheiro esquisito ficou mais acentuado.

—Isso não é cigarro comum.- afirmo olhando para ele.

—Há! Isso?- diz erguendo o objeto na ponta dos dedos. -É só uma erva relaxante.

Ervas... lembrei do que Oksana havia pedido para Vikka.

—Será que tem dessas na estufa de Yeva?- perguntei maquinando. 

—Machonha?- perguntou confuso.

—Não custa olhar.- insisti enquanto ele ponderava.

—É, acho que vou passar lá.- disse começando seus passos preguiçosos para fora do celeiro. Tratei de largar a escova e ir atrás. -Você também vai?- perguntou sorrindo sacana com os olhos brilhando.

—Claro, vai que tem mesmo maconha lá? É uma chance pra deportar aquela velha...- respondi empolgada enquanto ele ria.

—Rose!- ouço a voz de Dimitri me chamar. Agora é merda. Bem pior que as merdas dos cavalos daqui. 

—Sim!- respondo me virando com cara de paisagem. Ele estava parado na porta do escritório dele. Quanto ele ouviu da conversa?

—Onde está Viktoria?- perguntou.

—Ela foi fazer um trabalho na casa de uma amiga.- ele respirou fundo em frustração.

—Algum de vocês pode me ajudar? Preciso examinar uns cavalos...

—Não posso primo, vou aproveitar a família.- interrompeu Dimitri. -Tem tempo que não vejo.- disse atenuando animação fingida saindo do recinto. Me pus em movimento para pegar a escova dos cavalos.

—Tenho que terminar minha tarefa e tenho trabalho da escola pra fazer.- dei minha desculpa fingindo foco total em passar a escova na anca do cavalo.

—Eu libero você dessa tarefa.- apontou para o cavalo enquanto cruzava os braços. Ele estava tão gostoso daquele jeito... Droga! Concentração. Eu não ia ceder. Além do mais, já tinha feito metade do trabalho. Portanto nada feito. Continuei a escovar o pescoço para colocar de volta na baia. -E te ajudo com o trabalho.- virei meu rosto em sua direção parecendo um radar. Isso sim era do meu interesse. Eu odiava história e fazer tudo sozinha seria um martírio.

—Feito.- falei fechando a baia sem pensar em maiores consequências. -O que eu tenho que fazer?

Tentou conter um sorriso. Ele ganhou a luta, mas não a guerra. Ho droga... Isso me lembra da porcaria do trabalho...

[...]

Salto da picape de Dimitri observando o haras a minha frente. Como nesse fim de mundo havia um lugar tão sofisticado como esse?

—Vamos?- pergunta parado ao meu lado com sua maleta de trabalho em mãos. Ao entrar, nos direcionaram para as baias. Tratadores e animais circulavam pela área de maneira organizada. 

—Temos dois cavalos doentes, mas eu quero que você comece pelo Citrino.- diz o nosso guia e caminhamos até uma baia específica. 

O cavalo estava em um canto, algo escorria do focinho dele. Dimitri nem mesmo entrou. Ficou observando por alguns minutos entre as grades da porta de entrada.

—Isolamento.- disse categórico. -Vou analisar o próximo cavalo antes de tratar dos exames dele. Tenho quase certeza que é contagioso.

Fiquei chocada olhando para ele. Como pode ser tão preciso sem nem mesmo encostar no animal? O homem que nos acompanha dá ordens à um tratador para retirar o cavalo e coloca-lo em isolamento.

—Qual o próximo?- Dimitri questiona seguindo o homem.

—Esmeralda.

—Todos os cavalos tem nome de pedras preciosas?- questiono confusa.

—É uma particularidade do senhor Mazur.- me responde. Então aquele psicopata é dono disso aqui? E então o homem continuar para Dimitri. -A égua não está se alimentando desde esta manhã.- termina a frase abrindo a baia. Dimitri põe a maleta perto da porta e abre pegando um estetoscópio e as luvas. -Preciso voltar ao trabalho. Você sabe onde fica o isolamento.

Dimitri foi até a égua examinando-a. 

—Tem algo preso na garganta.- diz colocando o estetoscópio de volta na maleta e trocando sua luva por uma maior, que chegava aos cotovelos. -Preciso que você segure a égua.

—Tudo bem.- murmurei me apressando em segurar a lateral do cabresto. Dimitri abriu a boca da égua para conferir. Tive que fazer força para a cabeça dela ficar no lugar.

—Espere aqui.- disse se afastando e pegando algo metálico. Ele abriu mais uma vez a boca da égua e pôs o utensílio para manter a boca aberta. Desviei o olhar quando Dimitri começou a por sua mão na goela do animal. Era nojento.

[...]

—Como você consegue?- perguntei quando voltamos para o carro.

—Consigo o que?- retrucou confuso enquanto seguia para a clínica. 

—Com alguns minutos você praticamente já sabia o que ele tinha.- falei como se fosse algo sublime, e talvez fosse. Ouvi sua risada abafada e virei a tempo de ver o seu sorriso. Ele ficava perfeito com ele.

—Eu me dediquei bastante a minha profissão. E com a prática... É normal achar um padrão...- respondeu passando a mão livre pelo pescoço. Vejo algo em sua pele...

—É uma tatuagem?- penso alto.

—Há, sim...- ele parece ficar, sem graça? -Eu faço uma tatuagem pequena com um X toda vez que um paciente morre em minhas mãos...- observo-o admirada. Ele parecia ser perfeito.

—Isso é incrível...- disse com um fiapo de voz.

—Você acha?- me pergunta como se fosse uma criança que pensou ter feito coisa errada. Senti minhas bochechas corarem com seu rápido olhar enquanto sentia meu coração palpitar.

—Acho.- respondi me virando para a paisagem. O que eu estava sentindo?

[...]

Passamos pela clínica no caminho de casa. Ele me apresentou sua chefe, Galina. Ela era uma bela mulher, eu daria uns trinta anos. Isso exagerando sua idade. Eu percebia pelas ações de ambos que nada passava de uma amizade, mas algo me incomodou lá no fundo. Eu não entendia o porquê disso. Devia estar ficando doida. Ao chegar a casa, segui para um banho. Estava imunda cheirando a cavalo. Eca!

O jantar foi regrado às histórias que Adrian contava sobre ele. A maioria estava rindo. Eu apenas revirava os olhos quando alguns de seus galanteios eram dirigidos a mim. Depois de ajudar Vikka a deixar a mesa limpa, segui para o meu quarto para pegar meu material. Olena me permitiu usar o computador da sala de estudos da casa para a pesquisa.

Me sentei na cadeira giratória, liguei o computador e me abaixei para alcançar a minha mochila que caiu embaixo da escrivaninha.

—Sobre o que é seu trabalho?- a voz de Dimitri reverberou pelo ambiente. Meu coração acelerou e bati minha cabeça na escrivaninha numa tentativa falha de recobrar a postura.

—Ai!- reclamei o mais baixo que pude tentando não xingar.

—Está tudo bem?- perguntou. Vi seus passos chegarem cada vez mais perto e dei um jeito de me sentar.

—Sim, está.- me apressei em dizer.

—Vai pesquisar sobre o que?- perguntou estendendo uma das canecas. Elas estavam tão quentes que podia ver o vapor subir.

—Guerra fria, Estados Unidos e URRS.- respondi revirando os olhos.

—Você não quis dizer URSS?- disse com as sobrancelhas arqueadas. Sua feição tinha um toque de diversão.

—Eu falei isso.- retruco parando de soprar o chocolate quente.

—Você realmente precisa de ajuda...- murmurou balançando a cabeça para os lados. Agora sim dava pra ver que estava se divertindo as minhas custas. 

—Vai me ajudar ou não?- questionei na defensiva.

—Vou.- respondeu puxando uma cadeira que tinha perto da porta. Eu nem havia percebido ela ali. Ainda estava de cara feia. Bem, pelo menos até dar um gole naquele chocolate quente. Estava melhor do que o do Mark's.

—O que você faz de diferente? Está muito bom!- soltei olhando fixamente para a caneca.

—Você não ia fazer o trabalho?- perguntou irônico. Apenas dei de ombros tomando mais um gole do líquido quente. Agora sim o meu sofrimento começa. Bem, pelo menos eu tinha o chocolate quente e estou torcendo para o Dimitri não ser o metódico que parece.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não esqueçam de votar e dizer o que achou!
Beijos da raposa!
Teka. :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rebuilding life." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.