A cada marcha exercida sob o assoalho translúcido, um cardume multicolorido dispersava-se e o piso projetado para desempenhar um viveiro de pequenas espécimes aquáticas apresentava um esplêndido alvoroço. Além da pavimentação moldada perante aquários, nas paredes também destacava-se tal estrutura incomum, embora contivesse predadores em cativeiro, ainda possuíam uma aparência deslumbrante. O palácio dos Delphins igualava-se a uma moradia submersa, pois a maioria de suas construções fora arquitetada em vidraçaria blindada e uma demasiada quantidade de água. Para o chanceler Fergus Delphin, a beleza do fundo do mar sempre lhe trouxera a sensação de comodidade, por esse motivo o domicílio de seu clã foi edificado de maneira excêntrica. O anfitrião dos Delphins cessou sua caminhada ao atingir o cômodo onde encontrava-se a sua repartição. Ainda rodeado de aquários ornamentando todo o ambiente, ele pôs-se diante de um tanque cilíndrico e contemplou o criadouro de cnidários que habitavam ali. As medusas bailavam imersas no líquido azulado que preenchia o reservatório, naquele instante o soberano perdia-se em devaneios que faziam esquecer-se de seus fracassos da decorrida guerra pelo Santo Graal. O mago possuía total sossego em sua sala, embora a linhagem fosse numerosa, a própria mansão compensava com sua amplitude e inúmeros aposentos, Fergus passaria horas prezando a própria decoração e suas mascotes marinhas se não fosse por seu lacaio.

LACAIO: Perdoe-me a intromissão, mas devo lhe informar que os preparativos para o ritual estão concluídos.

FERGUS: E quanto ao catalisador?

LACAIO: Há dois exemplares, gostaríamos que decidisse qual deles iremos empregar.

FERGUS: Pois bem. Avise que estou a caminho.

LACAIO: A propósito, senhor, ainda não elegeu qual de seus descendentes irá representar os Delphins nessa guerra.

FERGUS: Já tomei minha preferência, em breve anunciarei formalmente.

LACAIO: Acredito que seguirá nossa conduta de monarquia e proclamará sua filha mais velha como nossa delegada.

FERGUS: Essa foi uma tentativa de interferir em minha decisão?

LACAIO: De forma alguma, senhor. Confio em vossa sabedoria para alcançarmos a vitória dessa vez.

FERGUS: Dessa vez? Não admitirei que prossiga com tamanha insolência!

LACAIO: Per-Perdoe-me... Não foi minha intenção mencionar sua derrota na guerra passada...

FERGUS: Derrota? Seu desaforado... ❝AEQUOR CARCEREM!❞