[Jungle High School, formatura, 10:20 AM]

— Lucian Viktor Haid. – o novo diretor anunciou o nome do garoto no microfone.

Lucian se levantou do meio dos alunos que se formariam aquele ano. A brisa fria do inverno tentava adentrar o grande salão abarrotado de alunos e familiares, o jovem de cabelos médios andou até o palanque, sorriu ao sentir o canudo em suas mãos. Havia sobrevivido.

Em cima do palco, Lucian conseguia ver os rostos orgulhosos do pais que ao fim do dia se tornaram avós corujas com o pequeno Maximus, que dormia durante toda a cerimônia no colo de Heather.

A ruiva havia sido liberada do hospital quando Maximus nasceu. Lucian havia ganhado dinheiro o suficiente para não deixa-los sem garantia pelos meses que se seguiam, mas seus pais não queriam se separar do neto. Então a única maneira de deixar o filho independente preso a aquela cidade foi lhe dar um apartamento.

Lucian ficou feliz com a decisão dos pais, por mais que quisesse devolver o apartamento o quanto antes, não desejava ser bancado para sempre. Seu instinto de independência gritava dentro de si, agora com aquele canudo nas mãos, seria uma preocupação a menos para poder se mudar com a família.

Todos o abraçaram depois das fotos, o diretor continuava chamando os formando e aplausos eram iniciados todo momento, mas Lucian não ligava para nada daquilo vendo a sua maior preciosidade com os braços estendidos para si.

— Oi meu filho. – Lucian pegou o bebê de quase 8 meses no colo, seu sorriso radiava ao sentir Maximus sorrir para si, mesmo com seu sorriso banguela.

— Ele está muito orgulhoso do papai. – Heather observava a cena com amor nos olhos, não ter participado de sua formatura dos sonhos foi algo ruim, mas ver a alegria que Maximus trazia para sua vida compensava qualquer coisa.

— Parabéns, Lucian. – Uma voz distinta se aproximou, era Penélope. – Faz tanto tempo assim que eu não vejo esse homenzinho?

A morena retirou Maximus dos braços de Lucian abraçando o neném. Penélope voltava para a cidade constantemente para visitar James, que não havia apresentado nenhuma melhora, também continuava preocupada com o tio, mas ele se recusava a tomar uma decisão difícil.

Mesmo 1 ano após o ocorrido na ilha, as decisões de Storm os assombravam. Alguns haviam se recuperado mais rápido do que os outros, mas ainda assim, todos estavam presos no mesmo barco até agora.

— Não achei que você viria. – Lucian confidenciou.

— James iria gostar de me ver aqui. – Penélope devolveu o menino a Heather. – Era para ser o ano dele.

Todos refletiram por um segundo, era para James estar se formando também.

— Mas não foi para isso que eu vim. – A morena recolocou um sorriso no rosto. – Agora mais do que nunca temos recursos o suficiente para aumentar o departamento dos Anjos da Lei e meu superior só estava esperando você se formar para isso.

— Para isso o que? – Lucian perguntou confuso.

— Ele te quer na equipe.

Lucian ficou espantado com a notícia, o capitão dos Anjos da Lei já o havia tentado recrutar muitos anos atrás, mas Lucian preferiu terminar o ensino médio. Ele não conseguia acreditar que a oferta ainda estava de pé. Heather se alegrou com a notícia, era algo espetacular para os dois.

— Se você aceitar vão ganhar uma casa e Heather vai ser mantida fora dos radares, para sua segurança, mas existem muitos benefícios em se juntar a nós.

— É, nem brinca. – Heather abraçou o noivo. – Viu, Maximus, seu pai vai ser um agente especial agora.

[Jungle High School, formatura, 10:40 PM]

— Você conseguiu! Parabéns! – Aurora chacoalhava Derek pelos ombros com a notícia.

— Eu devo agradecer a você, você me fez manter a cabeça no lugar pra conseguir isso. – Derek mal conseguia manter o sorriso fora do rosto.

— Você vai estudar direito em Harvard, você conseguiu isso por si só. – Aurora rebateu. – Além de que eles estão quase que desesperados para ter você lá dentro, você foi o melhor.

— Mas agora sim começou o desafio de verdade, eu tenho tanto pra estudar. – Derek mantinha o sonho na cabeça. – Eu vou precisar me mudar e fazer novos amigos...é muita coisa.

— Não é quase nada. – Aurora deu um tapinha em seu ombro. – Você vai ver.

— Aurora Webber. – O diretor chamou a ultima aluna a se formar daquele ano. – Nossa aluna destaque de todos anos.

Aplausos acolheram a moça que suspirou uma última vez antes de subir no palanque, sua família aplaudia a sua vitória, todos seus irmãos orgulhosos de quem ela havia se tornado. Por um momento ela se permitiu sentir saudade de James, mesmo depois de um ano, ainda era difícil saber que ele não estava ali.

Derek sofria um regresso todo mês quando o dia da morte de Somchai se aproximava, ele havia perdido tanto naquele dia. Mas junto de Aurora e Jocelyn, ele conseguiu superar. Ele sabia que por mais que houvesse perdido tanto, ele havia ganhado uma nova perspectiva.

Somchai o havia salvado da explosão. Ele queria que Derek continuasse vivo e era isso que ele estava determinado a fazer, viver o máximo que podia.

Aurora se jogou nos braços do irmão mais velho ao descer do palco, sua família a parabenizava. Ela se sentia pronta para mudar o mundo, mas o melhor de tudo isso era ter o apoio de sua família.

— Não estou nem um pouco surpresa com isso. – Heather comentou se aproximando da amiga.

— Eu soube que você passou nos exames. – Aurora se alegrou ainda mais.

— Eu fiquei um pouco mal porque Maximus nem fez 1 ano ainda, mas eu amo isso. – Heather suspirou apaixonada. – Ele é um bom menino, vai entender que a mãe dele também tem sonhos.

— Nos primeiros 5 anos são mais estudos, então ele não vai sofrer tanto com a sua ausência. – Aurora concordou. – Além disso, você tem toda uma família pra te apoiar.

— É, eu tenho mesmo. – Heather olhou a sua volta. – Quem diria que Medicina seria tão difícil.

— Ah, fica quieta.

Aurora e a amiga foram se juntando a os outros formando daquele dia. Eles tinham muito do que comemorar.

[Mansão dos Nivans, comemoração, 2 1:39 PM]

— Heather de novo não. – Lucian reclamou com a noiva. – Ele está bem.

— Eu só vou ligar pra saber se eles já deram banho nele. – Heather explicou enquanto discava o número do padrasto no telefone. – É rapidinho.

— Como o senhor Carpenter aguenta isso? – Pietro estava impressionado. – ela já ligou 5 vezes pra ele.

— Teria ligado 10 se eu não sumisse com o celular dela. – Jocelyn bebeu o líquido de seu copo.

Todos estavam sentados envolta de uma mesa de cristal conversando. Sem brigas, sem xingamentos, até mesmo pareciam adultos.

— Ela é uma mãe preocupada. – Aurora tentou defender. – Isso deve passar eventualmente.

— Ah, vai nessa. – Derek revirou os olhos. – Minha mãe era assim e não mudou muito.

— Ela não te liga 10 vezes por dia. – Natalia observou enquanto comia mais um pretzel.

— Ela liga para o meu pai, dá na mesma. – Derek explicou.

— Até parece minhas clientes. – Pietro se divertiu ao pensar na comparação.

— Mas elas te ligam porque querem ir pra cama com você. – Natalia o olhou feio. – Não estão cuidando de você.

— DR!DR! – Jocelyn começou a torcer. – Não é como se o gorila aqui fosse aceitar.

— Pessoal, olha quem está na TV! – Heather gritou da sala de estar e aumentou o volume.

Todos se dirigiram para o cômodo vendo o rosto de Claire na tela. Ela usava um capuz e parecia fazer compras em uma feira, seu cabelo estava maltratado, ela tinha ferimentos em alguns lugares do corpo e parecia assustada.

— O que diabos essa menina foi fazer no Japão? – Pietro questionou.

— É um dos poucos lugares que o número de protetores é baixo. – Aurora respondeu. – Desde a Revelação, eles tem expulsado Protetores de lá.

— Era o lugar menos provável de acharem ela. – Jocelyn mordeu a bochecha olhando para a foto da menina.

Sentia saudade da amiga, por mais que a mesma tivesse feito coisas horríveis com todos eles.

— Eu sabia que essa Revelação não ia dar certo. – Derek comentou. – Não importa quantos planos de inserção o governo faça, sempre vamos ser monstros para eles.

— Nos somos diferentes. – Natalia defendeu. – Não monstros.

— Só você vê desse modo. – Heather encarava o telefone.

O grande sonho de que pudessem viver com a humanidade havia acontecido, mas a reação dos seres humanos foi contrária ao esperado. Eles salvaram o planeta Terra e eram tachados como erro da natureza.

— Não importa a opinião deles. – Lucian relevou. – O que importa é que estamos aqui, juntos.

Todos sorriram por um instante, se eles tivessem o apoio um dos outros não precisariam se preocupar, eles haviam sobrevivido há aquele ano e sobreviveriam a tudo o que viesse. Eles eram os Protetores mais prestigiados da década, tinham do que se orgulhar.

— Quanto sentimentalismo. – Pietro falou alto atrapalhando o momento enquanto segurava um copo de Whiskey Cavalier. – Vamos voltar para a mesa.

Eles riram do ato do amigo. Mas todos sabiam, que alguns nem sempre superavam.