Diário de um Mordomo escrita por The Mistoclis


Capítulo 5
Tarde no shopping - Parte 2




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Continuamos andando pelo shopping. Sophie mantinha o braço cruzando por dentro o meu, bem próxima à mim. Confesso que aquilo me deixava desconfortável, mas era bom fazer ela se sentir bem.

Minha outra mão já estava ocupada com algumas sacolas.

As pessoas nos olhavam conforme passávamos, mas Sophie não reparou. Nossa diferença de altura é gritante. Eu tenho por volta de 1,84 e ela bate no meu peito. Devem achar que somos um par.

Duas garotas se aproximam, uma ruiva e uma morena, alternando o olhar entre mim e Sophie. Quando estamos mais próximos, elas exclamam:

—Sophie?!?! 

—Emilly! Elaine!

Pelo jeito, elas já se conheciam.

—Quem é o grandão? Seu namorado?

—Não, ele é meu mordomo.

As garotas devem ter levado como uma brincadeira.

—Nossa, vai deixar ela te chamar assim? - Disse a ruiva, olhando para mim.

—Deve haver um engano, senhorita. -Disse explicando-lhe - Eu sou Wallace Chrisholm, mordomo da mansão Greenfield, ao seu dispor. - Disse pegando sua mão e a beijando cordialmente. 

—Nossa! - Riu sem jeito - Eu sou Elaine e essa é Emilly. Somos da sala de Sophie.

Emilly, a morena, prontamente esticou sua mão, quase implorando para que eu repetisse o gesto, e assim o fiz.

—Encantado.

Não pense que sou um galanteador, mas qualquer tentativa de impressionar as colegas de Sophie, eu irei aproveitar.

—Sua familia tem um mordomo? Eles são caríssimos!

—Sim, Wallace veio da Escócia. 

O blefe de Sophie aparentemente deu certo. As meninas pensaram que um mordomo importado deveria ser mais caro que um britânico. Suas caras de espanto mistas a um sorriso entregaram isso.

—E você leva ele pra sair sempre? Ele é ocupado?

—Sim, ele é muito ocupado. 

—Mas qualquer dia vamos combinar de sair juntos.

—Vou pensar no seu convite, Emilly. 

Me mantive quieto.

Apos alguns minutos de conversa jogada fora, Sophie disse que estava na hora de irmos embora. As garotas se despediram e seguimos o rumo para o estacionamento. Ela se soltou do meu braço e não disse nada até chegarmos no carro, quando finalmente eu perguntei:

—Por que está tão calada? 

—Não era pra beijar a mão delas.

—Minhas sinceras desculpas, senhorita. Só estava sendo cordial.

—E por que não é cordial comigo?

—Por que eu não preciso impressionar você.

—Como assim?

—Vi uma oportunidade da senhorita esbanjar ter um mordomo e me aproveitei da situação para causar inveja nelas por você ter um mordomo tão atencioso.

—Mas que não é tao atencioso quanto aparenta.

—Como não?

—Você nunca é legal comigo! É sempre esse robô que não liga pra mim e não me tocaria se tivesse opção! - Gritou.

—Eu te coloquei na cama quando você adormeceu no sofá e te cobri com as cobertas. - Respondi calmamente.

Apos alguns momentos de silencio, Sophie questionou boquiaberta.

—Você o que? -Disse ficando vermelha.

—Te coloquei na cama.

Ficou quieta por mais alguns instantes me olhando fixamente até que avançou em mim e me abraçou. Meu instinto de manter os braços rente ao corpo, como sempre, se manteve.

—Achei que tinha sido meu pai... - Ela confessa com o rosto colado no meu peito.

—Não... Fui eu mesmo.

Meus braços continuaram abaixados por alguns momentos, mas finalmente ergui uma das mãos e a abracei de volta. Foi a primeira vez em dois anos que o fiz. Ela me abraçou mais forte.

Quando nos soltamos, ela, com o rosto baixo, limpou uma lagrima de sua bochecha. Eu me mantive sério.

—Vamos pra casa? - perguntei.

—Vamos! - Respondeu sorrindo.

Abri a porta da parte traseira do carro para ela entrar.

—Quero ir na frente.

—Como desejar.

Fechei a porta traseira e abri a dianteira. Sophie entrou no carro radiante de felicidade. Não pude deixar de sorrir um pouco ao ve-la nesse estado.

Entrei no banco do motorista e comecei a manobrar no estacionamento.

—Sua barba tá crescendo.

—Está? - Perguntei passando a mão no queixo e olhando para o espelho. Realmente era possível sentir alguma coisa ali. - Realmente, faz tempo que não a aparo. Vou tirar amanhã de manhã.

—Por que não deixa?

—Não sei se seu pai iria gostar.

—Eu iria.


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Notas finais do capítulo

"Você é eternamente responsável por aquilo que cativas" - O Pequeno Príncipe



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