Diário de um Mordomo escrita por The Mistoclis


Capítulo 4
Tarde no shopping




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Finalmente sábado. Nos últimos dois dias não agi diferente com Sophie. Sinceramente, não vejo necessidade nisso. Cresci muito bem por mim mesmo, ela também consegue.

Recebi ordens para leva-lá ao shopping.

Não costumo ir em muitos lugares sem ser o bar, o mercado ou a padaria. Recebi 100 euros para usar no shopping e poderia ficar comigo o que não usasse. Aceitei o presente e me preparei para sair.

Quando estava já vestindo meu colete, uma garota loira invade meu quarto correndo com um sorriso e se joga para me abraçar, nos fazendo cair na cama.

—Nós vamos sair hoje? É verdade? Você vai me levar pra sair? Sério?

Em meio aos gemidos de dor por ter batido minha cabeça na parede e por ter o peso de uma garota empolgada em cima de mim, consegui falar.

—Sim, senhorita. Fiquei incumbido de te levar para o shopping hoje. - Disse com as mãos apertando o ponto de minha cabeça onde a dor era mais intensa. 

Ignorando meu estado atual, Sophie sai de cima da cama e sai correndo do quarto gritando

—Vou me arrumar! Não demoro! Prometo!

Ela parece um pouco empolgada, diferente de mim. Pessoalmente, prefiro uma tarde em uma praça calma e tranquila, mas faz tempo que não a vejo animada. 

Fico esperando na garagem. Senhor Greenfield deixou usar o carro de passei. Uma BMW. Sophie não demora muito para aparecer. Está usando uma saia rosa, um par de tênis all star, uma camisa branca estampada e uma jaqueta jeans. Não esperava que alguém do nível dela fosse se vestir de forma tão simples. Ela senta-se no banco de trás na janela e eu assumo a posição de motorista. Conforme andamos pelo centro, vou apreciando a vista enquanto presto atenção no caminho. Sophie olha para os prédios e pessoas maravilhada.

—A quanto tempo não sai de casa, Sophie?

—Você me chamou de Sophie? 

—Sim, senhorita. - Digo com um meio sorriso. - Acho que hoje podemos aproveitar o dia um pouquinho mais.

—Bem... Eu vou para escola todos os dias então passo um pouquinho pelo centro. Mas sair para algum lugar assim... Acho que a ultima vez foi com minha mãe ainda viva.

—E a quantos anos foi isso?

—Cinco ou seis, eu acho.

—Estamos chegando.

Fui chegando pela Ariel Way até o Westfield London, o shopping mais próximo da mansão. Apenas meia hora de carro. Achei um bom lugar no estacionamento, mas meio longe da entrada principal, então fomos por uma das laterais. Quando estávamos perto da entrada, Sophie passou o braço por dentro do meu e ficou bem próxima de mim. Acho que estava um pouco nervosa, mas seu sorriso era brilhante.

O shopping é realmente grande. Muito bem iluminado, musica pop tocando no ambiente era o único defeito, mas acho que Sophie gostou. Passamos olhando por lojas de roupas, jóias, doces. Por algumas vezes Sophie entrou nestas e saia com um bombom já mordido, mas mesmo assim me ofereceu um pedaço. 

—Eles vendem de licor? - Questionei.

—Uhum. - disse de boca cheia.

—Vou comprar um depois do almoço.

—Vamos comer aqui?

—Sim, senhorita.

Continuamos andando até que chegamos em frente a uma loja de ternos. Ali foi onde atingi meu nirvana. Fui entrando como se aquele lugar me chamasse. Tantos ternos de marcas grandiosas. Fiquei encarando um em especial. Um completamente branco com gravata borboleta preta. Era como se olhasse para o espirito de Sean Connery em 007. Fiquei perdido naquela peça até que Sophie disse:

—Gostou desse?

—Muito. 

—Por que não leva?

—Custa 10 mil euros.

—Papai poderia comprar para você.

—Não se deve ficar pedindo presentes.

—E se eu pedir?

—Seria golpe baixo.

—Ótimo. - Disse sorrindo.

Não sai da loja de mãos vazias, comprei uma gravata borboleta vermelha por 20 euros. 

Continuamos andando por não muito mais de uma hora até que chegamos na praça de alimentação. Sophie optou por espaguete com molho de tomate e manjericão. Eu comi peixe com legumes no vapor. Foi muito bom sentir um tempero diferente do que provamos todos os dia em casa. Terminei a refeição leve e Sophie já estava satisfeita da massa pesada. Nos levantamos e ela quis comprar um refrigerante para continuarmos andando. As lojas não variavam muito de categorias: Roupas, doces, itens de decoração. Passei por uma loja de relógios, vi alguns relógios de bolso belíssimos, mas não levei nenhum. Ao longo do shopping tem alguns bancos para os clientes sentarem-se, e foi o que fizemos. Sophie já tinha algumas sacolas de roupas que eu carregava e eu apenas tinha a minha gravata borboleta.

—Por que não comprou mais nada?

—Não vi nada que me interessei.

—Nem um relógio de bolso? Ficou olhando para eles por um tempão.

—Mas o meu é especial. - Disse retirando o meu e o mostrando para Sophie.

—Ele é velho.

—Era do meu bisavô, que deu para meu pai. Quando eu consegui a vaga de emprego em Londres, ele me deu de presente.

—Você sente saudade de casa?

—Sinto.

—Planeja voltar?

—Não. Minha vida agora é aqui. O pássaro não fica no ninho para sempre.

—Eu não quero sair do meu ninho. - Disse encostando a cabeça em meu ombro.

—E não precisa.

—Você precisou?

—Sim.


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