Diário de um Mordomo escrita por The Mistoclis


Capítulo 3
E então, o que é que vai ser?




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Foi um bom jogo. Senhor Greenfield ganhou depois que errei uma jogada difícil e sobraram duas bolas fáceis para ele. Vou tomar um banho, quero que vá comigo até o bar hoje. Vamos conversar um pouco, beber algo, vai ser legal. 

Demorei? Espero que não. Acho que vou de colete e blazer hoje. Meu relógio de bolso está dois minutos atrasado, mas já arrumo. São quase nove horas. Blazer limpo, colete abotoado, tudo pronto. 

O bar é um lugar de alta classe. Tudo aqui é pelo menos o dobro do preço que seria em qualquer outro lugar, mas o ambiente vale a pena. Não tem pianista hoje, mas a musica é boa. Acho que é Pavarotti. Não gosto muito mas é bom para o ambiente. As banquetas no bar estão vazias hoje, melhor assim.  Me sento em um lugar mais próximo da parede e peço uma Grant'z. Uma das poucas bebidas escocesas que vendem aqui.  Já te falei que trabalhava na cervejaria do meu pai? Nunca gostei realmente, para ser sincero.

Bebo dois ou três copos e peço alguns amendoins. Pego os amendoins e vou para uma mesa. Fico observando o movimento. Um casal acabou de entrar. Ela está de vestido preto e ele usa um terno marrom. Não tem muita intimidade, devem estar tratando de negócios.

Espera, eles acabaram de se beijar. Eles realmente tem alguma coisa? Isso sim é uma surpresa. Não acha estranho essa situação? Eles ficaram distantes o tempo todo. Ele não parou para olhar pra ela, ela não sorriu para nada do que ele disse. Tenho pena deles.

Notou que o titulo desse capitulo é uma referencia à laranja mecânica? Eu já li uma vez. Deu vontade de montar uma gangue. O livro é bem violento. Se for o tipo de conteúdo que você gosta, sinta-se a vontade para ler. Eu gostei, pelo menos. O casal está saindo. Eles realmente vieram aqui, pediram um drinque e estão indo? As coisas devem estar indo bem, hein.

Por favor, entenda que foi sarcasmo.

Eu sei que é difícil entender o tom com que eu falo até por que eu sou um personagem de fanfic. É fanfic? Quer dizer, como pode ser 'fan'fic se eu sou um personagem original? O escritor não pode ser seu próprio fã.

Sim, esse é o tipo de coisa que eu fico refletindo quando bebo.

Enquanto estava perdido em pensamentos. Sinto uma mão encostar em meu ombro e alguém se aproximar por trás.

—Wall! - Diz Pietro.

—Pietro! Você por aqui?

—Sì, sì! - Disse em italiano. Puxou a cadeira em frente a minha e sentou-se,. Pediu uma cerveja a garçonete.

Pietro é uma das primeiras pessoas que entrei em contato quando cheguei. Nos conhecemos no aeroporto, quando cheguei. Ele trabalha com vendas de móveis, e é muito bom com isso. Tem 23 anos. Seus cabelos pretos sempre penteados para trás com gel. Se eu sou o esteriótipo de escocês, ele é o de italiano.

—Consegui vender praticamente uma casa inteira para um cliente importante e vim tomar algo pra comemorar! 

—Impressionante.

—Grazie. E você? O que faz por aqui?

—Eu costumo vir aqui as vezes, beber algo só para descontrair.

—Estou vendo. Fica ai sentado comendo amendoim. Pela descontração. 

—Eu me recuso a ir à uma balada ou qualquer outra coisa nesse nível.

—E teatro ou casa noturna? Aposto que iria gostar de algum cover do Sinatra.

—Nenhum cover supera o original, mon ami.

—Ainda arranhando no francês? 

—Tentando.

—Melhor tentar mais. - Disse, soltando uma risadinha.

Conversamos bastante por uma hora ou duas, até o momento em que ele precisou voltar para casa. Pediu um uber e se retirou do bar para esperar na calçada. Decidi voltar para a mansão também. 

A rua estava bem escura, mas minimamente iluminada. Já deveriam ser meia noite. Entro na mansão pela porta da frente e vejo que na sala de estar tem uma pequena figura deitada no sofá. 

Sophie estava dormindo, ainda com a roupa da escola.

Coloquei minhas luvas, a ergui nos braços e a levei até seu quarto. A deitei na cama, cobri com as cobertas e sai o mais rápido possível para evitar problemas com o senhor Greenfiels, mas quando saio do quarto e fecho a porta, percebo que ele estava me observando no começo do corredor.

—Ela estava te esperando voltar.

—Disse que eu iria demorar?

—Disse.

Me senti um pouco culpado, mas ela já tem idade para saber o que faz.

—Ela não tem muitos amigos na escola, Wall. Você é o garoto que ela mais tem contato.

—Eu sou apenas um empregado da casa, senhor.

—Ela conversa com o cozinheiro, com a faxineira e com o jardineiro. Ela não se importa se alguém é um empregado. Você sabe que sou um homem mais reservado em relação a isso, mas ela é jovem, sonhadora, feliz.

—Minhas obrigações vem em primeiro lugar, senhor.

—E jogar bilhar em segundo, o bar em terceiro. 

Ao ouvir aquilo, meu coração aperta. Nunca recebi uma repreensão antes, sempre tentei fazer tudo da maneira mais perfeita possível. Nunca imaginei que iria receber uma repreensão sobre isso.

—Estou aqui para administrar a casa e obedecer ordens. Se seu comando for para que eu me aproxime de sua filha, ficarei feliz em obedecer.

—Não quero que seja um comando. Eu já tive sua idade, rapaz. Você é muito duro consigo mesmo, não paquera, não sai para se divertir, não ri de verdade. Isso não deve ser saudável.

—Minhas desculpas senhor, mas não vejo isso como um problema. 

—Tudo bem rapaz. Pode ir dormir, boa noite.

—Boa noite, senhor.

 


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