Pais e Filhos escrita por KL, Juh11


Capítulo 4
Capitulo 4




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Apesar de ainda serem cinco da tarde, Shikamaru já estava em casa. Mais especificamente deitado na grama de seu quintal olhando o movimento das nuvens naquele fim de tarde. Mais uma vez, ele passara o dia distraído e sendo improdutivo e, depois do almoço, Kakashi mandou-o tirar dois dias de folga para colocar a cabeça no lugar, agora que sabia que Temari estava chegando. Ela estava dois dias fora do prazo estipulado e isso estava o estressando também, além de saber que não seria um reencontro amoroso e tranquilo como costumava ser.

Tirou de seu bolso o maço de cigarros e o isqueiro, ascendendo um. Ele sabia como era importante para Temari, mas Gaara requeria a presença dela o tempo todo em Suna. Da última vez, ela tinha passado quase três semanas, estando o filho de Gaara prestes a nascer. Como uma boa irmã mais velha e uma tia babona, ela foi para lá acompanhar o parto e, claro, levar documentos de Konoha que não podiam ser enviados por e-mail. Agora o Kazekage a havia solicitado para ficar lá por dez dias, o que implicava em dezesseis dias sem a esposa, porém, esse já era o décimo oitavo dia sem ela e ele não sabia se sentia saudades ou alívio pelo assunto da gravidez inesperada de Karui ser postergado.

—Tadaima! –escutou a voz alegre de Temari anunciar.

Ele sentou-se no gramado, surpreso, vendo a mulher caminhando até ele com um sorriso de canto e seu olhar ferino, o leque preso às costas e os cabelos desalinhados, ainda que presos nos dois rabos de cavalo.

—Okaeri! –ele respondeu, esperando ela chegar um pouco mais perto e se levantou, depositando um beijo casto nos lábios secos – Você demorou, fiquei preocupado. –ele confessou, jogando o cigarro pela metade fora e a trazendo para seus braços.

—Deixe de ser molenga, Shikamaru! –ela exclamou, se afastando um pouco dele – Foram só dois dias! - Shikamaru revirou os olhos e tomou os lábios dela num beijo mais saudoso. -Eu também senti saudades do meu bebê chorão. –confessou em um murmúrio ao fim do contato entre as bocas.

Ele sorriu, ela saiu de seus braços, tomando o rumo da casa e o puxando pela mão. Ele percebeu como o andar dela estava leve e os ombros relaxados, ela até mesmo estava cantarolando. Temari estava de bom humor e isso o deixou repentinamente mais irritado. Passar um tempo com os irmãos e em sua vila natal parecia ter feito bem a ela, assim como chegar em casa e o encontrar ali, ela não tinha nem mesmo questionado porque ele estava em casa tão cedo, e ele não estava com a menor vontade de estragar esse momento.

Ele apenas a seguiu enquanto ela entrava em casa e rumava para o quarto do casal, desatando o leque de suas costas. Ele sentou-se na beira da cama, a observando.

—Shinki está uma graça. –ela comentou enquanto tirava a mochila e deixava ao lado do leque –É um doce de criança, nem parece que é tão novinho. Chora pouco, dorme a maior parte da noite com tranquilidade. Shijima está verdadeiramente impressionada.

O humor de Shikamaru piorou um pouco mais. Ótimo, Temari iria falar de bebês.

—Parece dar pouco trabalho. –ele comentou, apenar para não ficar sem dizer nada.

—Não é tão simples assim. –ela revirou os olhos para ele –Mas espero que quando tivermos o nosso ele seja parecido. Menos na aparência, Shinki é idêntico a Kankuro quando bebê. Não quero que nosso filho pareça com Kankuro.

Ele sabia que Temari esperava que ele risse, mas ele não conseguiu fingir uma risada. Pelo contrário, sentiu um nó na garganta sem saber como falar para ela que o deles podia vir bem mais cedo que eles planejavam. Fazia já algum tempo que Temari falava com mais naturalidade em ter um filho, principalmente depois da gravidez da mulher de Gaara. Contudo, ele sabia que ela gostaria de esperar mais alguns anos, por vários motivos, e ele não discordava dela.

Temari pareceu não se atentar ao fato dele não esboçar reação de sua piada e rumou para o banheiro, deixando um olhar por cima do ombro para ele e a porta entreaberta, num claro sinal para que ele entrasse e tomasse banho junto com ela. E então ele ficou num impasse. Se simplesmente permanecesse no quarto sem ir, ela desconfiaria, afinal eram dezoito dias longe um do outro, e questionaria. Por outro, se ele entrasse teria que fingir que estava tudo bem para não estragar o momento.

Suspirou pesadamente e decidiu-se por fim. Ele estava com saudades da sua esposa e tentaria adiar o futuro mal humor de Temari por mais tempo, aproveitando um pouco com ela. Entrou no banheiro a tempo de vê-la entrar debaixo da água do chuveiro, nua, e suspirou em tesão. Eles podiam ser íntimos já há algum tempo e ele a ter visto sem roupa mais de cem vezes, mas ele nunca se acostumava com o efeito que ela tinha sobre si. Tirou suas roupas com um pouco de pressa e viu Temari sorrir, colocando a cabeça debaixo d’água e molhando os cabelos loiros.

—-x--

Temari sentou-se na beira da cama, o corpo enrolado na toalha e tirando a que estava nos cabelos para secá-los. Shikamaru, sentado debaixo do lençol com as costas apoiadas na cabeceira, bufou.

—Você fingir que nada aconteceu só está fazendo eu me sentir pior. –ele resmungou, corado e olhando para tudo, menos para ela.

—Não estou fingindo que nada aconteceu. –ela respondeu com tranquilidade, se virando para ele, a perna se dobrando para ficar em cima da cama – Essas coisas acontecem, Shika.

Ele resmungou algo que ela não entendeu, mas ela não deu muita atenção. Largou a toalha com que secava os cabelos e se ajoelhou na cama, indo até em cima dele, sentando-se sobre o seu quadril, Shikamaru soltou uma exclamação:

—O que você está...

—Relaxa, amor. –Temari pediu, se inclinando e beijando os lábios dele de leve.

—Não dá pra relaxar, Tema. –ele respondeu dramaticamente – Isso nunca aconteceu antes...

—Eu sei, Shikamaru. –ela respondeu, já perdendo a paciência – Mas não é fim do mundo! Você não é o primeiro e nem vai ser o último homem a broxar na face da Terra.

Shikamaru escondeu o rosto nas mãos de forma dramática, Temari revirou os olhos e bufou, saindo de cima dele. Ele se amaldiçoou em pensamentos. Nos primeiros minutos de contato pele a pele junto com a água e entre beijos, ele até conseguiu esquecer um pouco a situação. Mas no meio das carícias que trocavam, ele não podia parar de pensar que logo teria que contar para ela que sexo não seria só mais uma diversão para eles em um momento próximo e seu amigo resolveu o deixar na mão pela primeira vez na vida. Temari estava tentando encarar a situação com naturalidade desde o primeiro momento, mas ele não conseguia.

—Volta aqui. –ele pediu, mesmo que consternado com a situação.

Ela olhou-o desconfiada, estava já colocando uma camisola, lá fora já estava escuro e ele sabia que ela devia estar cansada.

—Você vai parar com o drama? –ela perguntou, terminando de pendurar a toalha.

—Só vem aqui. –ele pediu de novo e ela revirou os olhos antes de o atender.

Deitou-se no peito dele, Shikamaru a abraçou. Temari suspirou satisfeita, adorava o cheiro que despendia de Shikamaru, principalmente depois de um banho morno e sem o insistente e irritante cheiro de nicotina. Ela sentiu os dedos dele se embrenharem por seu cabelo e sabia que daquela forma logo dormiria, então resolveu falar para manter-se desperta:

—Você está preocupado com algo. –ela constatou em voz baixa.

Shikamaru suspirou.

—Não é nada que você deva se preocupar por agora. –ele respondeu no mesmo tom –Durma um pouco, você deve estar cansada.

Ela bufou. Porém, apesar de curiosa e ligeiramente preocupada, ela sentia-se sonolenta, principalmente com os dedos dele acariciando seu couro cabeludo.

—Você não me escapa amanhã! –ela resmungou, a voz já embargada pelo sono.

—Tsc! –ela escutou Shikamaru exclamar, mas, se ele disse algo, ela não processou, caindo no sono

Acordou com beijos em seu pescoço e sorriu antes mesmo de abrir os olhos. Ela adorava ir para Suna e passar um pouco de tempo em sua vila natal com seus irmãos e agora com seu sobrinho. Mas a melhor parte de ir para lá era voltar para casa, para os braços e beijos de Shikamaru, que agora desciam por seu ombro em um carinho arrastado. Ela amava acordar daquela maneira, com os carinhos dele, após longos dias de saudade. Sentiu uma mão subir sutilmente por sua coxa, puxando o tecido da camisola pra cima, quando levantou o braço e enroscou os dedos nos cabelos da nuca dele, denunciando que estava acordada e receptiva às intenções dele. Shikamaru apertou sua coxa e ela virou, ficando de frente para ele e finalmente abriu os olhos, encontrou o par de olhos negros a fitando. Ela deu um sorriso terno para ele, que correspondeu. Temari se aproximou, selando um beijo saudoso. Shikamaru correspondeu, puxando-a para baixo de si, arrumando os corpos na cama e se encaixando entre as pernas dela enquanto ela laçava o pescoço dele com os braços.

—Oh! –ela exclamou quando ele quebrou o beijo, mexendo o quadril de encontro ao dele –Alguém resolveu colaborar dessa vez?!

—Que problemático, Temari. –Shikamaru resmungou, beijando seu queixo. –Assim você vai estragar o clima.

—Não está mais aqui quem falou! –ela disse prontamente, causando uma risada nele e em si própria.

Quando o riso cessou, ele a beijou de forma saudosa.

—-x—

Estender o tempo que ficavam na cama nas manhãs após voltar para casa não era incomum, mas Temari estranhou quando Shikamaru disse que estava de folga.

—Algum motivo especial? –ela perguntou, os dois tinham acabado de tomar banho e se trocavam.

—Não. –ele respondeu sucinto, mas ela percebeu a leve tremida na voz. Shikamaru não sabia mentir, não para ela, pelo menos.

Ela franziu o cenho e olhou para ele, mas ele desviou o olhar, aproveitando a desculpa de estar vestindo a blusa. Ele não disse mais nada e ela não insistiu, aguardando o momento que ele resolvesse contar de uma vez o que estava acontecendo.

—Ficamos demais na cama. –ela falou quando olhou para o relógio em uma risadinha –Está quase na hora do almoço... Você quer comer fora?

—Não. –ele respondeu, chegando até ela e a abraçando por trás –Estou com saudade da sua comida.

Temari sorriu, presunçosa, e assentiu, recebendo um beijo na bochecha dele. Se soltou do abraço, tomando o caminho da cozinha com o Nara em seu encalço.

Shikamaru sentou-se à mesa, observando enquanto ela começava a preparar as coisas para cozinhar e pronto para se ela pedisse algum tipo de ajuda, mas Temari notou todos os sinais de impaciência que denunciavam que Shikamaru estava preocupado e escondendo alguma coisa. Ela aguardou não tão pacientemente, lançando olhares inquisidores o tempo inteiro, que ele dissesse de uma vez o que era. Conversaram sobre Suna e seus irmãos e um pouco sobre Shinki, onde ela percebeu que ele ficou um pouco mais estranho. Colocaram a mesa e ela serviu os dois, sua vontade era jogar sua tigela na cabeça dele e mandá-lo dizer o que o perturbava.

—Encontrei Chouji na entrada da vila quando estava saindo para Suna. –ela comentou levando os hashis a boca como quem não quer nada, quando, na verdade, queria usar o fato do melhor amigo de seu marido estar estranho para chegar ao fato que seu dito marido também estava.

Shikamaru tossiu e ela demorou um momento para perceber que ele tinha engasgado. Levantou as duas sobrancelhas e levantou, um tanto preocupada e foi até ele, oferecendo o copo de chá para que ele tomasse um gole, batendo de leve nas costas dele.

—Tá-tá tudo bem. –ele afirmou, bebendo um gole do chá que ela lhe estendia. –Tá tudo bem. –ele reafirmou, tossindo mais uma vez antes de afastar com delicadeza a mão dela e respirar fundo –Tudo bem.

Temari levantou uma sobrancelha, encarando os olhos lacrimejados. Assentiu, voltando para seu lugar. Shikamaru estava um pouco ofegante e a encarou ainda com os olhos um pouco esbugalhados, parecia tentar decifrar um enigma em sua mente. Ela bufou, e cruzou os braços.

—Fale. –mandou já no fim de sua curta paciência.

—O que? –ele perguntou –Eu-Você, você dizia que encontrou o Chouji... Algum problema com ele?

—Ele estava estranho, assim como você. –ela falou de forma direta. –Então fale de uma vez o que está acontecendo.

Shikamaru não respondeu de imediato, encarando o rosto dela. Ela pensou por um momento se ele estava fazendo seu gesto característico quando está pensando em um plano por debaixo da mesa, pois ela não via ambas as mãos. O ar em volta deles pareceu ficar denso. Ela levantou as sobrancelhas e lançou lhe um olhar ameaçador. Shikamaru suspirou, parecendo se sentir derrotado.

—Karui está grávida. –ele falou sem olhá-la.

Temari franziu o cenho, não entendendo o que aquilo poderia ter a ver com o nervosismo de Shikamaru.

—Parabéns para ela e Chouji. –ela disse irônica – Agora pare de desviar o assunto e diga logo o que está te perturbando.

—Isso me perturba, Temari. –ele respondeu – Karui está grávida, Chouji vai ser pai.

—E o que isso influencia em sua vida, Shikamaru? –ela perguntou ainda sem entender – Como você disse, quem vai ser pai vai ser o Chouji, não você.

—Oh! –ele exclamou – Isso me influencia porque eu em breve também terei que ser pai, não?

Temari o encarou novamente, totalmente perdida. Um momento se passou.

—Desculpe? –ela questionou.

Shikamaru bufou, ela percebeu que ele suava frio.

—O Tratado, Temari. –ele respondeu como se fosse óbvio.

—Que Tratado, Shikamaru? –ela perguntou exasperada.

—O Tratado InoShikaChou. –novamente, ele respondeu como se fosse óbvio.

Novamente, o silêncio se abateu sobre o casal. Temari o encarava, entre confusa e nervosa, tentando entender que diabos Shikamaru estava falando. Shikamaru passou a mão nos cabelos, suspirando de forma pesada.

—Eu não sei do que você está falando. –ela declarou por fim.

—Como não sabe? –ele perguntou, uma leve irritação escapou no tom da sua voz –Te contei sobre isso quando cuidávamos do Exame Chuunin.

—Isso faz algum tempo, não? –ela perguntou irônica. –Pare de dar voltas e diga de uma vez do que se trata isso, antes que eu te faça voar até o teto!

Ele a encarou. Pareceu perceber que ela não tinha ideia de fato do que ele estava falando e gemeu. Por que as coisas tinham que ser tão difíceis? Seria tão mais fácil se ela se lembrasse e só o mandasse pelos ares de uma vez antes de ir atrás da cabeça de seu melhor amigo.

—O Tratado foi firmado a onze gerações. –ele repetiu a explicação que tinha dado para o Hokage alguns dias atrás – Para garantir que a tradição InoShikaChou não se perdesse...

—Certo. –ela afirmou que estava acompanhando quando ele deu uma pausa.

—E nele está especificado que as três crianças devem nascer com no máximo onze meses de diferença entre si. –ele complementou e fechou os olhos com força, já esperando o golpe que viria quando ela entendesse.

Mas nada aconteceu e ele abriu os olhos novamente. Temari o encarava, a expressão neutra, os braços ainda cruzados, os olhos meio desfocados. Ele encarou a esposa, preocupado, enquanto ela não esboçava nenhuma reação, parecendo que ainda absorvia a informação.

Na cabeça de Temari, ela tentava fazer com que o que Shikamaru havia dito fizesse sentido. Se os três clãs exigiam que as crianças nascessem em idades próximas, isso significava que se uma das mulheres engravidasse, as outras também teriam. Karui estava grávida.

—Por que você não me contou isso antes? –a voz dela saiu ferina e cortante, ela percebeu como Shikamaru se encolheu de leve quando ela falou.

—Eu te contei! –ele exclamou beirando o desespero – Quando estávamos organizando o Exame Chuunin em Suna e você perguntou se havia um motivo para meu aniversário e de Ino serem seguidos. Te contei e você afirmou que isso era muito machista e até mesmo opressor, não dar o direito de escolha para as outras mulheres.

Temari tentou puxar pela memória aquela conversa, porem a raiva que começava a brotar em seu peito não deixou.

—Isso foi há mais de cinco anos, Shikamaru! –ela exclamou deixando a irritação se sobrepor a sua voz. –Nós nem mesmo namorávamos! –ela descruzou os braços, gesticulando – Eu nem sequer cogitava a possibilidade de ter qualquer coisa com você!

—Eu sei. –ele respondeu rápido – Mas eu achei que você se lembrava, e você ficou tão irritada na época quando nem te envolvia que achei que não valia a pena trazer o assunto a tona novamente.

—E o que você acha que mudaria agora? –ela perguntou – Além de irritada com essa tradição sexista, eu não ficaria irritada com você por ter me escondido isso?

—Eu não escondi nada, Temari. –ele respondeu soando magoado – Eu pensei que você se lembrava.

Silêncio. Se encararam, Shikamaru pôde notar os olhos de Temari lacrimejando.

—Quanto tempo você está escondendo isso de mim? –ela perguntou, voltando a cruzar os braços em uma posição defensiva.

—Não estou escondendo nada de você! – ele exclamou em sua defesa – Eu fiquei sabendo alguns dias depois que você saiu. Não quis contar por telefone, email ou carta. Achei que o justo era contar quando você chegasse... Desculpa, amor. Não foi planejado, não foi algo feito com malicia. - Ele levantou e foi até ela, se abaixando ao lado dela e pegando a mão dela. Estava gelada – Chouji não planejou isso. Foi um acidente.

—Um acidente que acabou envolvendo a vida de todo mundo! –ela exclamou e se levantou, dando alguns passos para fora da cozinha.

—Temari! –ele exclamou indo atrás dela, colocou a mão no ombro dela, mas ela desviou.

—Me deixa, Shikamaru. –ela mandou em sua voz altiva – Eu preciso pensar.

Shikamaru ia falar algo, mas Temari lançou um olhar por cima do ombro que o calou e o fez deixá-la ir. Ele suspirou. Seu peito doía em ver aqueles olhos verdes que ele tanto amava tão confusos e magoados. Ele sabia que seria difícil, mas não esperava que fosse ser tão penoso assim.

—-x—

Ela não soube dizer quanto tempo ficou isolada ali no quarto, deitada na cama de casal encarando o teto, depois o guarda-roupa encostado à parede do outro lado da cama, o travesseiro em baixo de sua cabeça sendo molhado por algumas lágrimas vez ou outra. Shikamaru respeitou seu espaço por todo o tempo, sem nem mesmo entrar no quarto que também era dele por qualquer outro motivo.

Ela ficou um bom tempo pensando nas consequências que aquele tratado maluco do clã de Shikamaru teria em suas vidas. Era bem verdade que ela nunca foi muito receptiva a ideia de ser mãe, assim como sabia que se casando com Shikamaru, mesmo não se lembrando do tratado, um dia ela precisaria ser. Ele era líder do clã, logo, precisaria de um herdeiro mais cedo ou mais tarde, e apesar de Shinki ter amolecido um pouco seu coração e ter deixado-a um pouco mais confortável com a ideia de ter uma criança, ela ainda se sentia acuada pela ideia.

Suspirou, pensando na família que seu irmão estava criando e no pequeno Shinki. Ela tinha tido uma conversa com Gaara enquanto estivera na casa do irmão, enquanto o mesmo ninava o filho em um dos poucos momentos que a rotina pesada de Kazekage deixava-o aproveitar o filho por mais do que alguns minutos. Ela confessou que ainda se sentia culpada pelo casamento forçado que o conselho impôs para ele quando ela noivou com Shikamaru. O irmão olhou para ela e depois para o bebê adormecido em seu colo e falou uma frase que naquele momento ecoou pelos seus pensamentos:

“Nem sempre a vida acontece do jeito que planejamos, irmã, e as vezes temos que aceitar as coisas como elas são. Mas isso não nos impede de sermos felizes. Nunca imaginei que eu estaria um dia sentado num quarto nessa mansão onde passamos nossa infância de forma tão fria, conversando com você e ninando uma pequena parte minha que deixa meu coração tão aquecido. O kanji na minha testa hoje tem uma verdadeira representatividade para mim. Então não se sinta culpada.”

Secou os olhos, se virando de novo na cama e agora encarando a porta que dava pra o banheiro. Suspirou, ouvindo a porta do quarto abrir. Não escutou os passos de Shikamaru até a cama, mas sentiu quando o colchão afundou com o peso de seu marido e logo depois os braços dele em sua cintura a trazendo de encontro ao peito de músculos definidos.

—Eu detesto te ver assim. –ele murmurou, beijando o topo de sua cabeça.

—Shikamaru... –ela chamou, a voz mais calma que anteriormente, mas ele não deixou que ela continuasse.

—Se você não quiser, nós vamos contra o clã. –ele disse, acariciando o cabelo dela – Já conversei com Ino e Chouji e, apesar de termos combinado de conversar nós seis antes de tomar uma decisão definitiva, eles apoiam. Podemos tentar alguma alteração no tratado ou uma exceção... Kakashi-sensei está disposto a interceder ao nosso favor e...

—Você quer ir contra o clã... por mim?  -ela perguntou, apertando a mão dele em sua cintura.

Ele riu pelo nariz e respondeu.

—Eu faria qualquer coisa por você.

Ela sentiu o rosto corar e sorriu, sem graça. Virou-se na cama em direção a ele que a encarava.

—Só me prometa que nosso filho não vai ser um bebê chorão igual o pai. –ela disse, com um sorriso irônico.

Shikamaru piscou duas vezes, encarando atônito. Ele sabia que aquele era o jeito dela de dizer que aceitava a questão, mesmo com todas suas ressalvas. Mesmo querendo suspirar de alívio, ele revirou os olhos e resmungou:

—Que problemático!

Temari soltou uma gargalhada de sua expressão sofrida e ele sorriu enquanto ela ria. Definitivamente, aquele sorriso iluminava qualquer escuridão em seu caminho. Temari era seu sol e ele enfrentaria qualquer coisa enquanto ela estivesse ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

Juh: Primeiro queria pedir desculpas por não postarmos semana passada. Nossa linda beta, Hikari Mondo, estava enrolada é devido à chuva no Rio de Janeiro, fiquei 48 horas sem luz.
Mas acho que a espera valeu a pena, finalmente temos a reação da Temari e um pequeno trecho de interação entre ela e Gaara. Espero do fundo do coração que vocês tenham gostado e obrigada novamente por todo o carinho nos comentários.

KL: E FINALMENTE! A reação da nossa rainha! Eu sei que não foi tão explosiva como vocês imaginavam, mas Temari é uma pessoa sensata né? Ela não pode matar o marido dela assim hauhau’ Espero que você tenha gostado desse capitulo, eu ri muito e me emocionei muito escrevendo ele e até o próximo ♥



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