Aquela noite. Eu nunca vou esquecer daquela noite. Do cheiro de álcool em nossas roupas e do grudar dos sapatos no piso limpo do corredor. Cerveja. Acho que viraram cerveja em nossos pés. Nós entramos em silêncio no apartamento, sua mãe estava dormindo. Nós cruzamos o corredor e deixamos nossas roupas sujas dentro do tanque, com água até o seu limite. Nós ríamos enquanto pedíamos silêncio ao outro, colocando nossos dedos sobre os lábios. Nós estávamos pelados?

Corremos pelo corredor com medo de que alguém nos visse. Entramos no banheiro. Você precisou usar o vaso sanitário enquanto eu entrei para o banho. Você me olhou. Fiquei com vergonha. Quando acabou, entrou no banho comigo e me ensaboou, retribui. O que estava acontecendo?

Não tinha toalha. Nós corremos de novo, mas quando chegamos em seu quarto, escorreguei. Você me segurou. Rimos. Você abriu um de seus armários e jogou uma toalha em minha cabeça, ali embaixo eu pude ver, tinha um pelo seu. Gargalhei.

Você correu até mim e colocou a mão e minha boca. Sua mãe estava dormindo. Nós nos olhamos. Você tirou a mão. Eu me deitei, sem roupa. Você fechou a janela, ligou o ar, desligou a luz e se deitou ao meu lado, sem roupa. Cama de solteiro.

Eu me aproximei da parede, você perguntou se podia me abraçar. Podia.

Aquela noite. Eu nunca vou me esquecer daquela noite. Do cheio do seu travesseiro, do toque de seus pés nos meus, do encontro de suas mãos com as minhas, do aproximar de seus cabelos em minha nunca e dos beijos em minhas costas. O que aconteceria?

Eu me virei. Você me olhou. Eu sorri, você também. Nos beijamos.