Entre o amor e a guerra escrita por Ania Lupin


Capítulo 42
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Notas iniciais do capítulo

nem demorei muito dessa vez gente ;)
espero que gostem!



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Segunda, 20 de agosto.

Acordou com o barulho do mar, e por um momento, assustou-se por não lembrar onde estava. As cortinas balançavam com o vento que entrava pela janela aberta, onde um gato laranja dormia no parapeito. Então lembrou da noite passada. Da conversa. Estava tão cansada após o banho que nem mesmo jantara, indo direto para a cama - e seu estômago reclamava veemente da falta de comida naquele momento, assim como sua bexiga necessitava de um banheiro.

Por um momento pensou não estar sozinha, mas ao virar-se, achou apenas os lençóis brancos, algumas manchas vermelhas onde antes estavam as costas do sonserino. Não, não havia sido um sonho, nenhuma das partes. Levantou-se rápido demais - ficando tonta demais - e cambaleou até o banheiro - graças a Merlin, perto demais. Definitivamente grávida, era o que lhe contava aquele enjoo matinal.

O sol já brilhava forte lá fora, mas o relógio da sala marcava sete e meia. Por exatos dois segundos se desesperou ao não achar o bruxo naquele cômodo, mas um barulho vindo da cozinha denunciou a localização do rapaz, e ali sentado junto a um arsenal de primeiros socorros trouxa ele estava.

"Você dorme pouco." disse ao entrar, pegando o soro da mão de Draco.

"Você dorme feito uma pedra." Sorriu, alcançando uma gaze e a molhando no líquido: nunca, em todo aquele tempo, haviam dividido uma cama, uma noite por inteiro. Dormiu feito uma pedra naquela noite, talvez efeito da companhia, pois lembrava ainda dos pesadelos que a acordavam nas várias madrugadas anteriores.

"Durmo mesmo. Fique parado." Começou a limpar os ferimentos tentando ser o mais cuidadosa possível, mas sabia que aquilo deveria estar ardendo que nem o inferno - e ainda assim ele não soltava uma reclamação.

"Café?" negou, indo para um machucado que parecia apresentar sinais de uma provável infecção. Merda, deixou-se xingar. Merda, merda, e ele nem mesmo gemia, não se afastava um maldito milímetro enquanto ela tentava melhorar aquilo - com quanta dor o sonserino estava acostumado? "Eu vou viver." A resposta veio como se o bruxo tivesse lido sua mente.

Não demorou para terminar os curativos, levantando-se com as gazes sujas de sangue - seria tão mas fácil, tão mais rápido se pudessem usar magia. Voltou para a mesa com um copo de leite, o líquido já acalmando seu estômago enquanto pensava no que fazer para o café: definitivamente precisava comer alguma coisa, não fosse por ela, pelo filho - a palavra associada a ela ainda era tão estranha. Foi a visão do peito do sonserino a responsável por fazê-la parar de pensar, e junto parar de se mexer, o copo na boca.

"Gosta do que vê, bruxa?" ele provocou, já começando a abotoar a camisa quando a ruiva achou a voz para novamente falar.

"Você tem mais cicatrizes do que me lembro." O leite ficou sobre a mesa, a mão achando um par de cicatrizes que certamente não existiam da última vez que o vira desnudo. Merlin, aquilo ia do começo da clavícula até quase o fim das costelas, que diabos havia feito as enormes cicatrizes?

"Septumsempra." ele explicou como se não fosse grande coisa. "Potter, junho." E o loiro virou-se, mostrando mais algumas no ombro esquerdo. "Essas foram as que me deixaram de cama." Se viu traçando-as com os dedos antes que pudesse se conter, absorvendo ainda em silêncio todos aqueles ferimentos antigos. "Dizem que as mulheres acham cicatrizes sexy." Draco provocou, terminando de abotoar a camisa e puxando a bruxa para seu colo. "Dê ao menos um sorriso, era para ser uma piada."

Mas não havia nada de engraçado naquilo - ao contrário, ela queria gritar. Com ele, com o responsável por aquilo, com qualquer um, porque tudo era tão errado, tão injusto, tão-

"Você não está mais participando de nada, está?" Se viu perguntando antes de pensar, não conseguiu esconder a preocupação na voz, assim como não conseguiu esconder a decepção com a resposta que veio.

"Se eu tiver que lutar para manter você segura, eu vou lutar, Ginevra, ainda mais agora." Os lábios acharam os dela para tentar passar algum conforto, mas o beijo não mais a acalmava tanto - não com aquela conversa. "Meu sangue inteiro era puro veneno horas atrás e eu sobrevivi, bruxa. Posso dizer que não sou tão fácil de se matar." Dessa vez quem levantou-se foi ele, a colocando sentada na cadeira enquanto ia servir-se de mais café. "Coma alguma coisa, tem frutas na geladeira."

Mas Ginevra continuou parada na cadeira, o observando levar a caneca branca para os lábios enquanto olhava janela afora o dia de verão. Não conseguia bem definir o que sentia naquele momento, era diferente de qualquer coisa que estivesse acostumada - nunca nem mesmo viajara sozinha, sem a companhia de um dos pais,a não ser para o colégio, onde havia sempre a companhia de pelo menos um de seus irmãos. E ali estava ela, após ter partido se despedindo por um pedaço de papel, acordando em outro país, numa nova casa, com uma nova companhia - era tão bizarra aquela mudança radical. Olhos cinzas notaram após alguns minutos o olhar perdido da ruiva, e foi uma mão colocando alguns fios vermelhos para trás que a fez voltar à realidade.

"Acho que isso tudo ainda é um pouco estranho." enfim confessou, já emendando quando o viu abrir a boca. "Não entenda errado, é bom. Eu não estou reclamando, eu quis esse tempo todo você do meu lado, quis o verão inteiro saber de você, te tocar, te beijar-" Mas os dois ali, acordando, tomando café da manhã- "Eu não sei explicar." desistiu, voltando a pegar o copo ainda cheio.

"É rápido demais, eu sei." Surpreendentemente o bruxo, tão sem jeito para falas, achou as palavras que ela falhou em encontrar. "Nós estávamos sem contato e agora estamos praticamente morando juntos. E nem ao menos nos formamos - e vamos ser pais. E não é nem mesmo legal você estar aqui - você ainda tem dezesseis." Sorriu ao sentir um beijo em sua testa, Draco puxando uma cadeira e sentando-se ao seu lado, copo e caneca voltando para a mesa. "Eu estou mais tranquilo com você aqui, mas não deixa de ser estranho pra mim também, pequena. Precisamos de um tempo para nos acostumarmos apenas, ok?"

"Ok." Apenas um tempo, só precisavam de um tempo.

"Sinto muito por não poder te oferecer um relacionamento normal."

"Normal é chato. Não trocaria o que temos por nenhum outro relacionamento." E era verdade. Fechou os olhos ao ver os lábios que tanto gostava se aproximando, suas mãos agarrando os fios loiros ao sentir a língua do bruxo acariciar a sua. Poderia se dar mais alguns momentos sem pensar, alguns momentos de relaxamento com aquelas mãos acariciando seus cabelos, suas costas - já fazia tanto tempo.

Estava já pensando em desabotoar o primeiro botão, as mãos já na casa, quando uma nova voz a fez literalmente pular de sua cadeira.

"Por que eu não estou surpreso?" Merlin, seu coração havia disparado a ponto de doer em seu peito - e aquela voz, Snape? Ao menos tinha resolvido aparecer antes de qualquer coisa - lembrava-se, e lembrava-se bem agora, daquela noite de detenção antes do Natal. Foi então que seu cérebro lembrou quem era Severo Snape - e o coração conseguia ser escutado pelos dois bruxos de tão acelerado.

"Gin, está tudo bem." O sonserino também acabou de pé, no rosto uma expressão tão calma quanto antes - claro, o professor era uma das pessoas que tinha acesso a casa. O professor, o assassino de Dumbledore, um comensal, o bruxo que era o mais próximo Dele. Não, não, seu loiro confiava no homem parado ali na sua cozinha - precisavam fazer aquilo, era o plano, não havia motivo para ela ter medo, não havia necessidade de se colocar atrás da cadeira, muito menos de envolver a barriga inexistente com suas mãos - aquele último ato já uma mania. "Não achei que fosse aparecer tão cedo, Severo." ouviu Draco falar, enchendo a caneca pela terceira vez. "Café?"

"Vou repetir minha fala de meses atrás: você tinha uma tarefa." E a cara do loiro enfim mudou de calma para aborrecida, nos segundos seguintes Ginevra acompanhando quase em silêncio a discussão que iniciava, ambos bruxos parecendo esquecer - ou simplesmente optando por não ligar - que a ruiva continuava naquele recinto.

"Mas eu não tinha mesmo só uma tarefa-"

"Era só para você se passar pelo maldito Potter! Era só fazer isso e sumir sozinho daquele terreno com a maldita chave de portal que te dei!"

"Estavam atrás dela também, Severo!" Atrás dela?

"Ela estaria a salvo com o bando de ruivos!"

"Até Bellatrix saber o quanto Ginevra é importante para seu afilhado!" Aquela nova informação pareceu calar o bruxo mais velho, o mais novo parecendo enfim perder um pouco do controle ao falar sobre o assunto. "E ela sabe agora. Ela sabe de tudo, então agora Ginevra não é mais importante para atrair Potter. Ginevra é importante para me atrair." Por mais que soubesse não precisar ter medo, ficou mais tranquila quando Draco voltou a sentar-se entre os dois, colocando uma caneca de café extra na mesa. "Não tem veritaserum nessa merda, pode tomar."

O silêncio reinou por alguns minutos, a bruxa voltando a sentar-se quando viu o professor fazer o mesmo após alguns segundos de hesitação, a caneca indo para as mãos do moreno, a ruiva terminando com seu copo de leite - os dois parecendo ainda absorverem as últimas frases ditas. Tinha se esquecido que, naquela tarde, Bellatrix vira a vida daquele casal pelas suas recuperadas memórias, e até agora, não parara para pensar no quanto os dois estavam encrencados por a comensal ter justo aqueles dados.

Draco era um foragido - dos dois lados. E o pior lado acabara de ter acesso a algumas ótimas informações: ele era sim um espião, ela era sim importante, ele daria sim sua maldita vida por ela - e ela odiava, sim, aquele maldito fato. Sonserino estúpido, xingou em seu pensamento.

"Você sabe que ninguém achava mesmo que eu estava morto, não sabe? Você fez um voto perpétuo, afinal - na frente daquela insana. Por mais que ela não tenha me visto - eu acho -, minha querida tia sempre soube que o sobrinho estava vivo. Então se você veio até aqui para me jogar qualquer merda na cara sobre o quanto eu não deveria ter me descuidado e aparecido na frente de todos-"

"Você o que?" viu Snape pinçar o nariz, como se tentasse se controlar antes de voltar a falar. "Garoto, a família dessa bruxa está desesperada atrás dela. A notícia que corre é a de que o jovem Malfoy fugiu com a Weasley mais nova - todos sabem disso."

Foram aquelas palavras que fizeram sua mente voltar para sua mãe pela primeira vez naquele dia. Meu Merlin, sua mãe! Esqueceu desde que acordara - esqueceu quase durante todo o dia de ontem - o quanto a bruxa deveria estar alternando entre preocupação maternal e querendo a cabeça da filha naquele momento. E a esqueceu outra vez no segundo seguinte, provavelmente porque queria outra vez a cabeça do bruxo mais velho, que ainda a ignorava por completo.

"Onde vocês estavam com a cabeça?" Abriu a boca para dar uma resposta quando a voz de Draco se fez novamente presente.

"Me diga que não faria o mesmo."

"Não se trata do que eu faria, bruxo idiota. Ela precisa voltar." Snape terminou, enfim revelando o propósito da visita. E ele estava pronto para voltar a falar quando Ginevra se levantou, a cadeira rangendo, as palmas das mãos batendo na mesa.

"Não." A voz saiu firme, o rosto já vermelho - e se tivesse se dado ao trabalho de olhar para o lado, veria o loiro sacudir a cabeça enquanto passava as mãos pelos cabelos, um meio sorriso nos lábios. Sim, ele conhecia bem seu temperamento e sabia bem o quanto era inútil tentar conter a grifinória. "Eu estou aqui, pare de falar como se não estivesse!" Em qualquer outro momento, teria temido o olhar que recebera de Snape - naquele minuto, sabia que o que dava ao bruxo era até mesmo mais amedrontador. "Não é como se eu pudesse voltar para Hogwarts." falou, e o fato era mesmo verdadeiro: como voltaria agora? Como passar os seguintes meses no colégio em seu estado?

"Weasley, você estaria mais segura em Hogwarts do que-"

"É claro que ela não ficaria mais segura naquele lugar Severo, você perdeu a cabeça?" Draco outra vez o cortou, as mãos correndo mais uma vez pelos fios platinados. "A achariam no primeiro dia, ainda mais sem o velhote comandando aquela merda!"

"É você acha que aqui, escondida de tudo e todos junto do bruxo mais procurado do mundo mágico, ela está -"

"Muito mais segura do que com qualquer outro! Não é como se a porra do meu fiel do segredo fosse sair contando onde diabos eu estou!"

"Moleque insolente, essa bruxa vai voltar ag-"

"Calem a boca!" Era quase engraçado como os dois a olhavam surpresos. "Eu não posso voltar. Eu vou ter um bebê." Foi muito mais fácil falar daquela vez, e as mãos foram automaticamente para a barriga - sim, era uma mania que só iria embora quando o pequenino saísse. Ao menos aquilo havia calado o antigo professor, que os olhava com a melhor das caras até agora.

"Vocês só podem estar de brincadeira." Snape falou após o que pareceu uma eternidade, os olhos pretos indo parar outra vez nos claros do outro sonserino, que Ginevra via de canto de olho controlar um riso. "Quando descobri a intensidade desse relacionamento, eu te pedi uma coisa, moleque." A risada realmente saiu daquela vez, o loiro respirando fundo antes de começar a falar.

"Eu estava bêbado, não fiz o feitiço, e a poção não funcionou." explicou, ainda sob o olhar reprovado de Severo. "Merlin sabe o quanto essa família é fértil - e com certeza agora eu também não tenho mais dúvidas." Ela mesma soltou um pequeno riso com a última frase.

"E você ainda está feliz com isso." A afirmação veio num tom que igualou o olhar.

"Não é o melhor momento, mas nunca ficaria triste com um filho, Severo." Mais uma vez o loiro se levantou, enchendo a xícara com o café restante, já morno. "Ainda mais com um filho da mulher que eu amo, então só aceite o fato que os dois vão ficar, porque de jeito algum eu os deixaria agora fora dos meus olhos."

Snape pareceu derrotado ao se levantar, caminhando até a sala - havia ele também viajado do jeito que os dois tinham no dia anterior? O moreno estava já perto da mesa de centro, quase ao lado da porta de entrada escancarada, quando voltou a falar, dessa vez os olhos negros grudados nos dela.

"A sua família está atrás de você. Eles vão se machucar," o viu pausar, enquanto observava o cartão em evidência sobre a madeira. "Virginia." A risada veio agora dele, muito mais irônica do que a ruiva gostaria de ouvir, o homem sacudindo a cabeça enquanto girava a maçaneta. "Vocês são duas crianças, pensem bem no que estão fazendo. E por Merlin, moleque, pare de agir como eu. Isso vai te matar."

A porta fechou antes que qualquer um dos dois pudesse responder qualquer coisa. E com a ausência de Snape, a cabeça de Ginevra automaticamente voltou para a família - para seu tormento. Maldição, ela estava bem, ela tinha deixado um bilhete - não que tal coisa adiantasse muito para tranquilizar uma mãe, imaginava ainda mais agora que não - mas se houvesse algum jeito de avisar, ao menos Molly, que estava tudo bem, que era para eles pararem de tentar acha-la-

"Zabini deve vir aqui essa semana." Draco pareceu perceber a cara preocupada antes de falar aquelas palavras. "Ele pode mandar um aviso para seus pais."

Um aviso? Fechou os olhos, tentando imaginar como a bruxa mais velha reagiria as novidades da filha.

"Não sei se minha mãe vai aceitar tão bem quanto Snape a notícia."

"Não precisamos contar," escutou, sentindo uma mão pálida parando sobre a dela na barriga ainda reta, mas o sorriso não veio. "E se quiser, pode me culpar se isso te deixar mais feliz."

Mas mesmo com o pequeno beijo, o rosto continuava preocupado. Torceu as mãos, tentando conter os pensamentos nervosos que se formavam em sua cabeça: definitivamente, contar aquilo de outro modo que não pessoalmente estava fora de questão.

"Vamos bruxa, sorria." Quando abriu os olhos, viu que o namorado já caminhava de volta para a cozinha. "E por Salazar, coma alguma fruta."

...

Terça, 21 de agosto.

A caneca repousava na grama, a pequena lanterna a gás iluminando a varanda, deixando as ondas que quebravam na praia visíveis aos seus olhos. A ruiva passara o dia anterior aflita após a visita de Severo, o que poderia explicar o sono agitado que tinha ao seu lado - um dos motivos por estar de pé naquela hora. Realmente esperava que Zabini aparecesse em algum momento da semana, já que uma carta trouxa demoraria dias para chegar até ele - provavelmente o sonserino estaria de volta a Hogwarts quando o envelope selado fosse entregue em sua casa.

Tomou mais um gole de café antes de se deixar pensar em seu pai. Merda, tinha tentado tanto continuar com o disfarce, então quando descoberto - e ele sabia que Lucio já estava tentando entrar em sua cabeça ao ouvir aquela palavra da ruiva - a estratégia foi a de fazê-lo pensar que a bruxa era parte de um plano maior, que os sentimentos não eram reais. Que com ela, eles poderiam chegar até Potter - e era por isso que ele estava usando a poção polissuco, era essa a ideia, capturar a Weasley.

Seu pai voltar para A'Toca por causa de seus ferimentos - por ele - fora sem dúvida uma surpresa. Tinham ele e sua mãe finalmente fugido, após aquele seu descuido, após Bellatrix descobrir seu verdadeiro lado? Nem mesmo o vira antes do último sábado, enquanto o bruxo mais velho cravava a varinha em seu pescoço - ainda conseguia ver a porra do hematoma marcando sua pele pálida. Sim, esperava que tivessem partido da mansão - antes que sua maldita tia resolvesse usa-los de algum jeito para tentar atraí-lo.

"Draco?" Quase tomou um susto, tão perdido em seus pensamentos que nem mesmo ouvira a jovem sentar-se ao seu lado, só a percebendo com o toque da mão quente em seu ombro.

"Não quis te acordar. Não consigo dormir." respondeu, colocando a caneca agora vazia no degrau de pedra que separava a varanda da grama.

"Não vai conseguir se continuar a tomar café."

"Já é quase hora de levantar." Sentiu os lábios levantarem involuntariamente com o pequeno riso escutado.

"São quatro e meia da manhã." Quase cinco, a hora em que sempre acordava, muitas vezes suando na cama. "Você tem muitos? Pesadelos?" a bruxa perguntou, adivinhando o motivo de seu despertar nas madrugadas. Dois dias e ela já conseguia lê-lo daquela forma.

"Alguns." disse brevemente, não querendo se aprofundar no tema: de nada adiantaria contar sobre as coisas medonhas que seu cérebro insistia em relembrar quando fechava os olhos. "Pioraram depois de junho."

"Depois de Flint?" Se a ruiva não fosse tão ruim em oclumência, teria desconfiado dela em sua mente naquele instante. "Desculpe por ter ido embora naquela noite, Draco. Eu estava uma bagunça." A viu relutante em encostar-se nele, e sem pensar a puxou mais perto pela cintura, não se incomodando com a cabeça vermelha agora encostada em um dos arranhões mais profundos em seu ombro.

"O importante é que você está bem." tentou outra vez pausar a conversa, mas Ginevra parecia confortável em continuar falando sobre aquela noite já tão distante. De repente, estava ouvindo o que mais um de seus erros causou.

"A ideia era voltar para a Grifinoria, mas uma explosão me obrigou a desviar do caminho. Então, todos corriam para fora, e eu tentei seguir mas uma mão me segurou - forte demais - e eu desmaiei. Acho que fui estuporada. Quando acordei, Marcos estava em cima de mim." Sua memória era boa demais para seu próprio bem, mostrando-a exatamente como se lembrava ao chegar na estufa. "E eu não conseguia tirá-lo dali por nada, e eu tentei tanto, mas ele era tão forte! E machucavam tanto aquelas mãos em mim." Os dois respiraram fundo, cada um se perdendo no cheiro do outro por alguns segundos. "Fazia um tempo que não dormia tão bem, tive pesadelos até vir para cá."

Mais uma coisa que ambos compartilhavam.

"Eu matei uma pessoa." achou sua voz para falar após alguns minutos de silêncio. "Eu matei antes mesmo de pensar, Gin. Não tem medo de mim?" perguntou uma das coisas que tanto o incomodava.

Claro que a resposta que veio, como sempre, o surpreendeu.

"Eu teria feito o mesmo por você."

Pensou em contestar aquilo - não teria, de jeito algum teria! A bruxa encostada nele não fazia ideia do que era tirar a vida de um ser vivo - e se Merlin permitisse, nunca faria. Mas a visão de Ginevra, agora de pé na sua frente, o fez nunca dizer nenhuma daquelas palavras: não tinha muitas em sua cabeça com a ruiva vestindo apenas aquelas duas peças de roupa branca, uma camiseta já um pouco curta - sim, agora sabia que os peitos estavam definitivamente maiores - e uma calcinha que o impedia de pensar com muita coerência.

"Precisamos comprar roupas para você." Sem coerência alguma - pois não via problema algum em deixa-la andar nua por todos os cantos da casa.

E Ginevra, pela ação seguinte - a camiseta abandonada na grama - também parecia não ver. Deuses, havia esquecido o quanto aquela bruxa era linda, e em como ela tinha total controle sobre seu maldito corpo. Ali, seminua - sem demonstrar a menor vergonha -, com os cabelos soltos e iluminada pela leve luz da lamparina e da lua refletindo no mar, a filha da mãe parecia uma Deusa.

E ela sabia do controle que tinha sobre ele, dava pra ver no sorriso que se formava nos lábios rosas que tanto precisava beijar. Não reclamou quando a bruxa sentou-se em seu colo, as pernas envolvendo com um cuidado desnecessário sua cintura, as mãos grandes do sonserino a puxando para mais perto enquanto sua boca se perdia na dela. Com certeza a deusa ruiva conseguia sentir os efeitos que causava, as mãos sardentas já se desfazendo da camiseta, seguindo para o elástico da calça de flanela, última peça de roupa do bruxo.

"Gin-"

"Como estão suas costas?" Nem ao menos se lembrava de qualquer dor com aqueles lábios descendo seu pescoço.

"Ótimas." Ouviu a bruxa arfar quando levantou-se com ela ainda nos braços - a ruiva continuava com um peso tão menor que o dele que, apesar dos machucados, carrega-la passava longe de ser um problema. "Nós nunca usamos uma cama." falou, e poucos passos depois os dois voltavam para os lençóis brancos.

...

Incrível como conseguira dormir tanto, daquela vez seu estômago sendo o responsável por acordá-lo, tão diferente do que estava acostumado. O sol batia em seus olhos quando os abriu, a ruiva ainda nua ao seu lado despertando ao senti-lo se mexer.

"Bom dia." as palavras saíram ainda um pouco sonolentas, uma mão passando por seu cabelo bagunçado enquanto a outra a puxava para perto.

"Acho que alguém acabou conseguindo dormir." Ginevra provocou, capturando os lábios do bruxo quando ele parou em cima dela.

"Com isso eu posso definitivamente me acostumar, bruxa." Mais um beijo e o loiro se pôs sentado, tentando achar o paradeiro das calças. "Já deve ser mais de uma." disse, levantando ao finalmente acha-las entre o quarto e o pequeno corredor.

"Minha fome me diz que sim." Ele não era o único de pé, a ruiva já coberta por um vestido de verão que conseguia deixa-la tão desejável quanto a pouca roupa da madrugada.

Não se incomodou em colocar uma camiseta, Ginevra já na frente, abrindo alguns armários da cozinha.

"Quer minha especialidade?" perguntou num tom irônico: sua especialidade, e praticamente o que comera nos últimos meses quando sozinho, havia sido ovos mexidos - que vez ou outra não saíam queimados.

"Me deixe mostrar a minha." a resposta veio alegre, a bruxa parecendo concentrada conforme achava alguns utensílios e ingredientes.

"Acho que você já mostrou." Um pano de prato parou na sua cara, ele apenas escutando a risada que seguiu, e deixando a sua unir-se a ela. Era tão incrível como com ela ali, tudo ficava mais leve - ele ficava mais leve. Quase não sentia as dores nas costas habituais, provavelmente pela ausência de tensão muscular no último dia - e aquele era um record de dias sem enxaquecas: três. "Tem ovos na geladeira, algumas frutas. Alguns enlatados na despensa. Podemos ir até a cidade mais tarde."

Ela assentiu e começou a juntar algumas coisas em uma bacia, ele a observando em silêncio fazer a mágica das panquecas com calda de morango - e precisava admitir que aquilo, junto com o café que a bruxa nem mesmo tomava, estava bom pra caralho.

"Não me olhe assim surpreso, eu tenho seis irmãos," Ginevra dizia enquanto se servia de mais algumas frutas. "E Percy era o único que não era uma total negação na cozinha. Ajudava mamãe desde pequena." Não conseguiu deixar de notar o olhar triste dado pela bruxa na menção de sua mãe, mas a mesma logo desconversou. "Quem achou esse lugar?"

"Zabini." ele mesmo pegou mais uma panqueca, dando mais um gole na bebida antes de voltar a falar. "Ele pegou toda a fortuna de meu avô, converteu para dinheiro trouxa, comprou a casa, se tornou o fiel do segredo, e me ensinou o básico para me virar nesse mundo. Todos sabem que Estudos de Trouxas não era meu forte, afinal."

"Sabia que reconhecia a letra do papel de domingo." Mais uma vez pensou em como era bom tê-la ali se lembrando de tudo novamente. "O que você fez nos últimos meses? Ficou aqui o tempo todo, não ficou?" Viu os olhos castanhos curiosos e pensou um pouco antes de começar a falar - não era como se tivesse feito algo de realmente interessante nas primeiras partes do verão.

"Nos primeiros dias eu mal saí da cama." começou, gesticulando para as cicatrizes do peito. "Então eu fiz seu presente. Poções são as únicas coisas que posso fazer aqui sem ser rastreado. O armário que fica na sala está cheio de ingredientes. Sempre fica trancado, você tem uma cópia da chave no molho que te dei." terminou de tomar seu café, colocando a xícara sobre o prato já vazio. "Explorava partes da ilha vez ou outra. Falei com alguns trouxas." Isso rendeu um olhar surpreso. "Alguns poucos não são de todo mal - e se você espalhar essa informação, vou negar até a morte, bruxa."

Pegou seu prato e o dela e levou-os para a pia, mais uma expressão de surpresa tomando conta das feições da ruiva.

"O que foi?" perguntou, abrindo a torneira - não, ele não esperava uma resposta, e sim, imaginava o porque do espanto. "Sim Ginevra, eu vivi com muito luxo toda minha vida. Eu tive elfos domésticos me servindo toda a vida. Posso não saber fazer muitas coisas, e cozinhar com certeza não é o meu forte," Colocou o primeiro prato no escorredor. "Mas eu definitivamente sei lavar a louça, e depois do último ano que tive, pode-se dizer que fico até feliz em poder lavar uma."

Olhou-a de canto de olho e viu a jovem lhe dando um sorriso orgulhoso. Sacudiu a cabeça, voltando para sua tarefa, pela janela vendo a gata amarela espreitar uma borboleta. Colocou a última peça de louça no escorredor antes de virar-se - e quando a ruiva aprendera a andar como ele, sem fazer barulho algum?

"Nunca te imaginaria assim ano passado." escutou, enquanto se deixava envolver pelas mãos quentes.

"Tão trouxa?" Outra vez levantou aquela hipótese.

"Tão humano." O loiro fechou os olhos quando as mãos alcançaram seus cabelos, acariciando seus fios platinados. Sorriu quando sentiu aquele cheiro só dela quando sua boca beijou as sardas na curva entre o pescoço e o ombro descoberto. "Hoje você é tão diferente do que sempre pensei."

"Culpa sua." E ali estava Ginevra outra vez, derretendo em seus braços, acabando com o pouco controle que ainda tinha o sonserino após tanto tempo longe de todo aquele calor. "Mi hai cambiato la vita, tesoro mio. Non posso vivere senza di te." E ela já estava sentada na pia, tão como aquela noite em que a sentou na mesa cheia de frascos, quando continuou. "Potrei guardarti tutto il giorno."

"Acho que preciso aprender italiano." a observação veio quando a primeira alça do vestido caiu para o braço, os olhos chocolate delatando o quanto aquela nova língua a fazia deseja-lo ainda mais. Passaria um dia inteiro falando italiano, se fosse para as mãos da ruiva continuarem acariciando seu corpo do jeito que faziam agora.

"Acho que posso te dar umas aulas, bruxa."

Sua única peça de roupa só não acabou no chão por causa de uma batida na porta da frente, os olhos da ruiva arregalando-se com o som inesperado. Maldição, não esperava aquele bruxo tão cedo - pois definitivamente, Snape não era de bater antes de entrar.

"Ei, pombinhos!" A voz confirmou de quem era a presença, a mão de Blaise voltando a praticamente esmurrar a porta.

"Maldição." E as alças voltaram para os ombros de Ginevra, ele voltando a arrumar a calça enquanto respirava pesado, tentando recuperar o mínimo de controle de seu corpo para receber os convidados inesperados.

"Nós viajamos algumas horas para chegar até aqui, então parem de tirar a roupa e venham nos receber!" Ela ficava tão ridiculamente adorável vermelha daquele jeito que foi difícil coloca-la de volta no chão.

"Pronta para ver seu amigo?" Ginevra fez que sim com a cabeça, arrumando alguns fios vermelhos que o bruxo havia desordenado enquanto ele deixava a cozinha à contragosto.

"Onnorato, cacete!" Zabini apelou para o sobrenome trouxa, fazendo Draco revirar os olhos.

"Aspetta, figlio di puttana!" gritou já do quarto, onde recuperava sua camiseta de antes. A ruiva já estava ao seu lado quando voltou a pisar na sala, parecendo outra vez nervosa enquanto os dois andavam até a porta. "Está tudo certo, são só os dois. Confie em mim, ok?"

"Eu sempre confio."

E a porta não demorou mais para ser aberta.

...

A cidade era realmente agradável, apesar de pequena. Caminhava um pouco à frente dos dois sonserinos, observando ao lado de Colin as diversas pequenas lojas, tão turísticas, em seus braços já algumas sacolas que continham algumas peças de roupa - confiar na opinião do amigo para aquilo era fácil.

Confiar no amigo por inteiro seria algo que talvez demorasse mais um pouco, infelizmente. Ao menos se sentia outra vez confortável com ele ao seu lado - coisa que nem ao menos cogitava durante todo aquele tempo separados. E lembrar de janeiro, lembrar de tudo que o grifinório havia feito por ela, tudo que fizera em todo aquele tempo-

Suspirou, terminando com a casquinha que comia - sobremesa após o enorme almoço que Draco praticamente a obrigou a comer. Sentiu os olhos castanhos a observarem curiosos, o bruxo parecendo receoso em falar qualquer coisa que mudasse seu já difícil humor. Ok, poderia tentar com um pouco mais de força recuperar sua confiança.

"Como você está?" se forçou a começar uma conversa.

"Estou bem. Passei a maior parte das férias com Blaise, minha mãe chiou menos que o esperado. Ela perguntou de você, por que não tinha vindo visitar naquele verão." Voltou a olha-lo com a pausa. "Disse que estávamos brigados por minha culpa, e que eu estava tentando me desculpar. Não entrei nos detalhes porque você sabe, ela não entende metade do que fazemos na escola."

Lembrava bem da mãe de Colin. A senhora Creevey era um amor de pessoa, a tratando sempre tão bem em todas as visitas que fazia - no começo, até mesmo soltando algumas indiretas do quão bom seria tê-la também como filha. Nem ao menos perguntara para Colin como sua mãe havia reagido ao descobrir que teria na verdade um genro ao invés da nora que tanto queria.

"Então é dela todo o estoque de chocolate que trouxe."

"Ideia dela, claro. Lindt, o melhor jeito de conquistar outra vez uma garota." deixou-se sorrir um pouco, o pequeno gesto arrancando um sorriso enorme do moreno. "E você?"

"Grávida." falou antes de pensar, fazendo Colin engasgar com o sorvete que tinha na boca. "É, eu devo ter feito esse mesmo olhar quando descobri."

"Parabéns?"

"Você é o primeiro que me dá parabéns." confessou, segurando as sacolas com um pouco mais de firmeza quando o amigo tentou pega-las para ele. "Grávida, não inválida, Cols." Mais um sorriso do moreno ao ouvi-la usar o apelido. "Eu me lembro de tudo agora - aconteceu uma coisa durante o último ataque, e eu consegui todas as minhas memórias de volta. Também sei que você tentou reverter o que fez - Draco me contou."

"Gina, eu sinto muito-"

"Eu lembro de como eu estava." Suspirou, sendo derrotada pelos próprios sentimentos. Poderia demorar um pouco mais para ter a confiança cega que tinha pelo amigo, mas o bruxo lhe fazia uma falta dos infernos. "Te dei um baita de um trabalho em Janeiro, não dei?" disse, colocando seu braço livre na cintura de Colin, o puxando para um abraço.

"Merlin, senti tanto sua falta!" Mais uma vez, só soube a falta que uma pessoa lhe fazia quando tão próxima dela, o abraço do grifinório por um momento quase a sufocando.

"Eu também, seu besta. Nunca mais faça algo escondido de mim, ouviu bem?" falou apontando o dedo para ele, fingindo uma braveza que não mais conseguia manter. Os bruxos voltaram a andar antes dela continuar. "Draco disse que ele não sabia que tinha sido você no começo."

"Ele descobriu dia 27 de março."

"Desde quando você é bom com datas?"

"Não tem como esquecer o dia, o sonserino quase me matou." Que Draco o que? "Quer dizer, ele não teria exatamente me matado, mas o soco que Blaise tomou por mim o deixou roxo por semanas. Provavelmente teria quebrado alguma coisa." Virou-se para trás por um momento, dando ao namorado um olhar mais do que reprovador, este fazendo sua melhor cara de inocente - ele conseguia ouvi-los daquela distância? "Então, qual é o plano?" Voltou a atenção para o amigo com a pergunta.

"Aparentemente o outro lado me quer também, então o plano é ficar escondida aqui até essa maldita guerra acabar." O amigo parecia esperar algo muito maior pelo olhar que lhe deu quando viu que não viria mais nada além disso. "Não é como se eu pudesse fazer grande coisa, ainda mais agora." Sorriu, repousando a mão na barriga - se a tocasse com cuidado, conseguiria sentir que sim, ali, já havia uma mínima elevação antes não existente. "Sexta-feira vou em um médico para uma consulta."

"Um medibruxo?"

"Um médico trouxa." Mais uma vez, a cara do grifinório fora impagável, e dessa vez deixou-se rir. "Sim, Draco não está exatamente feliz com a parte trouxa, mas está muito mais compreensível do que poderia imaginar. Não conte para ninguém minhas próximas palavras, mas ele sabe até dirigir um carro!"

"Deve ser um péssimo motorista."

"Não é dos melhores, mas não é de todo ruim - que isso não saia daqui também, mas meu pai dirigindo é bem pior."

"Estamos voltando para Hogwarts dia primeiro." Colin revelou após alguns minutos em silêncio. "Não precisa me olhar preocupada, Gina." ela nem mesmo havia estampado a emoção no rosto quando o bruxo disse, mais uma vez provando o quanto melhores amigos se conheciam. "Com Zabini do meu lado, nem eu fico."

"Acabei de recuperar meu amigo e já estou me despedindo outra vez?"

"Digo o mesmo, ruivinha. Nós vamos tentar voltar no Natal, passar alguns dias com vocês três." o bruxo contou, parando de andar quando chegaram no mirante, Ginevra tomando um olhar reprovador ao praticamente se debruçar na pedra, de onde conseguia ver a maior parte da cidade. "Sabe que pode contar comigo para o que precisar, certo?"

"Obrigada, Cols." E respirou aliviada.

Por mais que sua vida tivesse tomado uma reviravolta que ela nem vira chegar, as coisas iriam se resolver - ter se resolvido com o amigo a deixava confiante que todo o resto poderia ser assim simples. Tinha até mesmo se resolvido com sua cobrinha sonserina, que via outra vez surgindo em seu campo de visão, parando a uma distância que ainda lhe dava privacidade para sua conversa. Sim, havia arrumado aqueles dois pontos que tanto lhe doíam, o quão difícil poderia ser consertar as coisas com sua família? Não poderia ser tão impossível eles aprovarem suas últimas ações, poderia?

Voltou-se para Colin disposta a falar sobre aquilo quando o pegou olhando para o namorado - marido, se considerasse seu documento trouxa.

"No começo eu o odiava." ele começou a falar antes que Ginevra pudesse dizer qualquer coisa. "Odiava de verdade, além de sonserino, era um comensal, um babaca sangue puro que se achava no direito de beijar a minha amiga - e sabe-se lá quantas bocas já passaram pela dele. Mas tudo que ele fez, as formas que reagiu," Os olhos castanhos voltaram a se achar, o grifinório continuando com um sorriso. "O jeito que ele te olha agora, Gin. Talvez ele sempre tenha te olhado assim e eu só não percebi."

"Olhado como?"

E foi como um choque quando seus olhos colaram nos cinza. Era como se o olhasse pela primeira vez - ela com certeza percebia aquilo pela primeira vez.

Por mais pobre que fosse sua família, ser um amante de coisas trouxas tinha suas vantagens: seu pai um dia conseguira uma TV, e todo sábado a noite havia um filme novo para ser visto - e Ginevra amava desde pequena os romances trouxas. Depois de muito tempo percebeu o que tanto lhe atraia naquelas histórias: os olhares. Mais precisamente, o olhar que a mulher amada ganhava - quase sempre ao final - quando o personagem principal se dava conta do amor que sentia. Era incrível o modo que os olhos brilhavam, o jeito que o rosto mudava ao olhar para quem amava: era um olhar quase reverente. E era o que a bruxa queria quando crescesse: alguém que a olhasse daquele jeito.

Draco a olhava da forma que tanto ansiou todos aqueles anos - e Ginevra, naquele instante, retribuía tudo que sentia com o mesmo olhar.


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Notas finais do capítulo

Mais um, e esse foi grande! Espero que tenham gostado, consegui terminar antes do fds, olha que progresso ;)

Gente, tá acabando graças a deus - afinal foram mais de 40 capítulos! O que estão achando? O que acham que falta? O que querem ver? Quem sabe uso algumas dicas pra desenvolver um capítulo bonitinho pra vcs!



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