Entre o amor e a guerra escrita por Ania Lupin


Capítulo 30
Verde




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Sábado, 02 de dezembro.

Ginevra poderia dizer que estava no céu - porque sem dúvida estava, sabia enquanto sentia seu corpo quase formigar, o cafuné em seus cabelos a fazendo querer nunca mais sair daqueles braços. Fazia tempo que não via uma expressão mais tranquila naquele rosto pontudo, os fios ainda úmidos pelo suor e água, o peito no qual encostava no mesmo estado. Não que fosse se importar com aquilo, ela estando igual, seus olhos ainda vagando pelas partes novas e descobertas do corpo - tão branco! Tão lindo.

"Nós precisamos voltar para o castelo." As palavras saíram de sua boca de um jeito preguiçoso depois de muito tempo, enquanto observava os olhos cinzas repetir o que os dela antes faziam - as mãos pálidas seguindo-os, provocando arrepios.

"Nós definitivamente precisamos voltar para o castelo." o sonserino disse, mas seus gestos não condiziam com as palavras, puxando o corpo da ruiva para cima do dele e fazendo-a desejar tudo - menos sair dali.

"Acha que tem alguém nos procurando?" A pergunta veio seguida de um beijo, aqueles olhos a observando de forma tão amorosa que a faziam derreter por dentro.

"Provavelmente. Já deve ser mais de dez horas, e eu tinha uma festa para participar."

"Eu tinha marcado de estudar com Hermione." Mais um beijo. "Definitivamente melhor que estudar."

"Jamais trocaria por festa alguma." A mão outra vez em seu cabelo a fez aconchegar-se outra vez contra o peito nu, aquele cheiro só dele a intoxicando por completo. "Jamais trocaria por nada, pequena."

"Você realmente faz jus ao seu apelido." deixou escapar, ganhando um olhar curioso, e sentiu-se ruborizar no mesmo instante.

"Apelido?" É claro que o sonserino não deixaria aquilo passar.

"Draco, você sabe."

"Não, eu não sei." Uma risada - e a ruiva fechou os olhos, desejando aquele momento para sempre, por mais embaraçosa a situação que tivesse se posto. "Eu sei, mas quero ouvir você falar. Vamos lá bruxa, massageie meu ego." E outra vez sentiu ciúme de todas as garotas que já ouvira dizendo aquelas palavras em relação ao seu bruxo - seu e de mais nenhuma outra.

"Deus sonserino do sexo." A gargalhada que seguiu foi impagável, e a fez ficar ainda mais vermelha.

"Eu com certeza não tirei a roupa de tantas meninas quanto esse colégio acha." o bruxo confessou, a colocando sobre o monte de roupas que fizeram, apoiando metade de seu peso em seus braços, metade nela. "É sério. Não precisa ter ciúmes, bruxa." A mão que passava pelo seu rosto a fez relaxar - talvez Bones realmente aumentasse seus feitos. "E nunca foi assim."

"Assim como?"

A ruiva conhecia a pessoa com quem estava, até bem demais para somente aqueles dois meses - menos! - de relacionamento. Claro que Draco era bom em oclumência, ela poderia afirmar com toda a certeza que o sonserino era a pessoa mais fechada e contida que conhecera em toda a vida. Ele não exatamente falava sobre as coisas - por Merlin, confessara que o amava e, não soubesse de tudo aquilo, acharia que o beijo que seguiu aquelas palavras fosse um apenas para cala-la. Mas naquele roçar de lábios - o mais doce de todos - haviam palavras escondidas, e ela simplesmente sabia.

Então, sabendo das dificuldades do bruxo em se expressar, Ginevra aceitava a ausência de sentenças - os melhores momentos que tivera ao lado dele foram em silêncio. E acostumada com a quietude, as palavras que seguiram só demonstraram o quanto o rapaz parecia estar tão igualmente afetado quanto ela.

"Nunca fiquei tão nervoso." A confissão vinha devagar. "Nunca quis ficar deitado com nenhuma outra. Nunca nenhuma bruxa mexeu tanto comigo. Nunca foi assim." Voltou a abrir seus olhos ao sentir a mão outra vez em seu rosto, e mais uma vez seu coração disparou: não estava preparada para a intensidade dos cinzas que a encaravam. "Nunca foi tão bom."

"Bom não traduz metade do que eu senti." Outra vez se viu falando antes de pensar - tão espontânea, tão diferente dele. "Foi sensacional! Foi fantástico! Foi além de tudo que eu imaginava, foi bom pra cara-"

"Eu amo você."

Soube apenas naquele momento o poder daquelas três palavras, pela primeira vez confessadas pelo sonserino. Foi assim que ele se sentiu dias atrás, quando as mesmas escapavam dos lábios da bruxa? Foi assim bom o sentimento que surgiu em seu peito, em seu coração, como se nada mais importasse além daquilo, como se experimentasse pela primeira vez o que era a felicidade mais verdadeira?

"Eu amo você, Ginevra."

O beijo que seguiu - iniciado pela grifinória puxando para si aqueles lábios finos - sem dúvida fora o mais intenso já compartilhado pelos dois. As mãos vagando pelo seu corpo, tão livres explorando a nova intimidade dividida, apenas aumentaram a alegria que sentia, e o sorriso que mostrava parecia que nunca mais sairia de seu rosto. De repente os beijos foram dos seus lábios para seu queixo, para a curva de seu pescoço, e poderia já estar amanhecendo: não queria mais sair dali.

"Acho que podemos tomar mais um banho, não podemos?"

—__

Com certeza passava das três da manhã quando o bruxo entrou pelo salão comunal, e agradeceu silenciosamente por não haver mais festa alguma - apenas os resquícios de uma. O que mais queria era sua cama, que por um breve momento havia considerado dividir com a grifinória - Zabini não se importaria em acordar e dar de cara com aquele corpo sardento -, e já rumava em direção aos dormitórios quando sentiu uma mão segurar seu ombro.

Não é necessário dizer que sua mão foi no mesmo segundo para a varinha, e não fosse a voz grosseira que seguiu - já tão irritantemente familiar -, teria azarado o dono daquele toque sem nem mesmo olhar para trás.

"Onde estava, garoto?" Transando com a minha namorada. Sim, muito queria dizer aquelas palavras em voz alta.

"Por aí." Por Merlin, ele só queria dormir! Snape era uma das últimas pessoas com quem gostaria de lidar justamente após o melhor sexo de sua vida - após os, sem dúvida, melhores momentos da sua vida. Mas a cara do bruxo dizia que não, não havia muita escolha, e mais uma vez xingou por ter se metido com a maldita resistência. "Do que você precisa a essa hora, Severo?" perguntou, ainda estranhando usar o primeiro nome do padrinho.

"O veritaserum não funcionou." Franziu o cenho, sem a menor paciência para uma repreensão justo na hora em que ele precisava mesmo fechar os olhos, e o sono era tanto que quando um frasco lhe foi oferecido, o pegou sem pestanejar - qualquer coisa para o moreno deixa-lo em paz.

"Eu não errei na poção."

"Eu sei que não. Tome." Olhou para o líquido preto nem um pouco convidativo que o tubo continha, que diabos era aquilo? "Concentrado de cafeína." e seu padrinho começou a andar pelos corredores das masmorras, Draco sabendo não ter escolha se não a de seguir - Merlin, aquele líquido era tão ruim quanto o que a ruiva uma noite lhe dera!

Apesar da poção retirar seu sono de forma instantânea, sua vontade de sair atrás de Snape pelos corredores das masmorras, pelos jardins do castelo - antes visitados com uma companhia muito mais agradável -, e pela passagem atrás do Salgueiro Lutador, era muito, mas muito pequena. Então apesar do cansaço parecer ter se esvaído de seu corpo, seu desejo de estar ali, na Casa dos Gritos, era zero.

Subiam as escadas, saindo do porão para a provável - se é que um dia teve alguma vida naquela casa - sala de estar, o sonserino avistando de imediato uma cabeça cor ferrugem junto de um corpo desacordado, totalmente amarrado e jogado no chão.

"Weasley." Aquele era claramente um dos irmãos da bruxa que acabara de se despir para ele - não precisava ouvir o sobrenome para ter certeza.

A bruxa que o amava. A bruxa que ele verbalizou amar de volta, antes de deita-la mais uma vez naquele banco - maldição, nunca mais entraria no vestiário do campo de quadribol sem desejar aquele corpo.

"Snape. Achei que não viria mais." O ruivo cumprimentou, cada sarda naquele rosto confirmando o parentesco. "Então é verdade." Draco, que ainda não tirara os olhos do bruxo desacordado, escutou ao sentir os olhos castanhos desconfiados pararem nele. "Um Malfoy na Ordem. Isso é bizarro."

"Acredite, o sentimento é mútuo." a resposta veio num tom aborrecido, o loiro já imaginando qual seria seu maldito serviço. Agora, por que ele? "Veio só me apresentar ao Weasley ou eu tenho algo pra fazer aqui?" continuou, indo até o provável comensal desacordado, e foi seu quinto quase infarto naquele semestre - Ginevra sendo responsável pelo seu quarto mais cedo naquela noite. "É sério que vocês estão trazendo esse tipo de bruxo justo para cá?"

Avery era um dos mais fieis seguidores ainda vivo. Avery sentava quase ao lado do Lord quando o grupo de puro-sangues se reunia. Avery era doente, e ali estava Avery, do lado de Hogwarts - e não, sabendo o que Avery poderia, melhor, o que já tinha feito, aquilo não o deixava nada tranquilo.

É sério que você deixa trazer esse tipo de bruxo para perto de sua irmã? Foi por pouco que seu pensamento não se transformou em palavras ao se virar para o bruxo Weasley - qual irmão seria aquele?

"Precisamos de alguém realmente bom em oclumência." Teve que conter a vontade de revirar os olhos ao virar-se para o diretor sonserino.

"Olha, por mais que eu goste dessas massagens no meu ego, eu já tive o suficiente por hoje e você é realmente bom em oclumência, Severo." respondeu no mesmo tom aborrecido de antes.

"Bellatrix é realmente boa em oclumência, e ela treinou você, que me escondeu até semanas atrás todos os seus malditos planos. Por mais novo e inexperiente que seja, você é o melhor dessa sala nessa arte." Snape explicou, enquanto colocava o bruxo sentado na única cadeira do cômodo, uma nova corda o amarrando a ela. "E eu preciso ver se você consegue fazer isso, Malfoy. Eu preciso que você aprenda a arrancar uma informação de alguém treinado para não te dar, porque não é feito de um jeito agradável. Não é fácil."

De todos os dias, justo aquele para começar.

"E o que ele está fazendo aqui?"

"Você é um espião, garoto. Acha que o bruxo vai sair vivo daqui se identificar um de nós dois?" Via o ruivo esconder a cara e os cabelos com um gorro, apenas os olhos - tão grandes quanto os da irmã - de fora. "O Weasley finge que faz seu trabalho e nós vamos para o quarto ao lado. Se precisarmos estupora-lo ou usar qualquer feitiço, somente não verbal. Acha que consegue?" Severo realmente não entendia o significado de ir aos poucos.

"Ok, vamos começar." disse já na outra sala, varinha em mãos para devolver a consciência ao homem amarrado. "Me diga o que estou procurando."

—__

Quinta, 21 de dezembro.

"Está nevando." disse enquanto passava a mão nos cabelos negros do bruxo deitado no seu colo. Virou-se com seu melhor olhar sonserino para um casal que passava pelo corredor os observando de maneira curiosa, agradecendo silenciosamente quando os dois apressaram o passo e sumiram antes de Colin perceber.

"É lindo."

"É realmente lindo."

Sim, o grifinório era realmente maravilhoso - um achado na casa dos leões. Por um instante, lembrou-se da aposta que iniciara tudo: teria ido falar com o melhor amigo da ruiva não fosse por aquilo? Como estaria sua vida agora sem o moreno que amarrou seu maldito coração? Definitivamente não estaria assim feliz sem aquela boca, sem aquelas mãos, sem aquela maldita personalidade corajosa e carinhosa que o namorado tinha.

"Você gostaria de me esquecer, Cols?" Claro que receberia um olhar temeroso do bruxo.

"Que tipo de pergunta é essa, Blai?" O moreno sentou-se, no rosto uma expressão inconformada. "É óbvio que não!"

A ruiva teria aquela mesma reação, tinha certeza. Se Ginevra queria esquecer Draco Malfoy? Ainda mais agora, ainda mais com os dois tão íntimos, tão juntos, tão apaixonados e quase ridiculamente codependentes quanto ele próprio e o bruxo ao seu lado. Óbvio que não. Óbvio que a vermelha não iria querer. Óbvio que aquilo acabaria com a sanidade do seu amigo: por mais que Malfoy dissesse ser melhor assim, Zabini sabia no que resultaria o loiro voltar - e ele iria voltar - e não ter a maldita ruiva para manter seu mínimo de estabilidade.

"E se fosse para você ficar bem? Se fosse para você não correr nenhum perigo, se algum dia eu não estivesse mais por perto?" Se fosse ele na situação do amigo, faria o mesmo para o bem do moreno, ou era egoísta demais? "Draco me pediu para apaga-lo da memória da ruiva se ele não voltar depois do Natal." confessou, voltando a observar os cristais brancos que caiam. "Ele tem medo que algo possa-" Que algo possa acontecer e fazê-lo não mais voltar - nunca mais. "Ele não quer arriscar da ruiva fazer alguma merda se ele não voltar."

Sempre que pensava na tarefa que lhe fora incumbida era inevitável lembrar de todas as possibilidades de erro trazidas pela paranoia do amigo. Seria Ginevra assim tão louca para realizar metade daquilo? Ela iria atrás do sonserino? Ela sairia perguntando por ele? Teria coragem - melhor dizer, loucura - o suficiente para procura-lo fora do colégio, de se enfiar no meio de pessoas não tão agradáveis para conseguir alguma notícia?

Grifinória filha da puta, provavelmente faria alguma merda sim, como qualquer maldito grifinório apaixonado faz.

"E você vai fazer isso?" Aqueles olhos castanhos pareciam julga-lo por sequer considerar a possibilidade.

"A ruiva salvou meu amigo, você sabe. Seria muito injusto eu tira-lo dela, não seria?" Já se sentia a pior da pessoas por considerar tirar memórias tão importantes da bruxa - memórias que ele nunca abriria mão, por mair que fosse o perigo. "Por mais que fosse para sua proteção."

Dividiram um silêncio pesado até o grifinório fazer a pergunta que Blaise sabia que viria.

"Por que você está me contando isso?"

E ele seria sincero - como sempre fora.

"Porque eu não consigo."

Engoliu seco, os flocos brancos já não tão agradáveis de se olhar. Não tinha o direito, não tinha a porra do direito de usar o maldito feitiço na bruxa, e uma parte sua odiava Malfoy por sequer pedir aquilo. A outra odiava a si mesmo por sequer considerar.

"Eu te ajudo." As palavras o surpreenderam, fazendo-o mais uma vez ser agradecido por ter aquele bruxo em sua vida. "Se for para o bem dela, e se for mesmo necessário, eu te ajudo a fazer, Blai."

—__

Sexta, 22 de dezembro.

Colocando mais um frasco limpo na parte mais seca da pia, Ginevra soltou outro suspiro: não conseguia acreditar na sua sorte, justo naquela sexta. Não tinha estado tão avoada a ponto de sua desatenção ser motivo para uma detenção, qual era o problema daquele professor, justo com ela, justo um dia antes de iniciar o feriado de Natal? Pelo menos não conseguia ver a neve das masmorras - seu desejo de gritar só aumentaria em ver cada floco branco pintando o chão. Patética, querendo um dia branco com seu bruxo, antes de sua partida no sábado de manhã - já era tão difícil não tê-lo no Natal!

E mais um suspiro. Ridícula.

Tão concentrada nos seus pensamentos, estivesse ainda com um dos vidros nas mãos, este teria se transformado em mil pedaços no chão de pedra quando sentiu um beijo - seguido de um arrepio - em seu pescoço. Maldito sonserino que não sabia fazer barulho, soube pelo cheiro de grama.

"Por que essa cara, bruxa?" A pergunta veio quando a grifinória se virou, seus olhos travando nos cinzas - estavam tão mais escuros naquela noite, não conseguiu deixar de notar.

"Você vai embora amanhã." E aqui estou eu, metida numa maldita detenção.

"E aí está você, metida numa maldita detenção." Exatamente.

"Não é como se eu tivesse exatamente pedido por isso, Malfoy." falou um pouco mal humorada, virando-se outra vez para a pia e voltando sua atenção para o restante dos frascos sujos. Definitivamente não era assim que imaginava passar sua última noite do ano ao lado do rapaz que descansava as mãos em sua cintura.

"Voltamos para o Malfoy, bruxa?" A resposta veio acompanhada de lábios roçando em sua orelha, o jovem puxando o corpo da ruiva para perto do seu - aparentemente, ela não era a única que gostaria de estar em outro lugar naquela sexta. Respirou fundo, sentindo o coração acelerar quando o bruxo a livrou de sua capa, apoiando-se totalmente no corpo atrás do seu quando os lábios finos outra vez acharam as sardas que pintavam seu pescoço.

"Draco." praticamente gemeu aquele maldito nome, fazendo as mãos que seguravam sua cintura a puxarem para ainda mais perto: como ele conseguia deixa-la daquele jeito em menos de um minuto?

"Bem melhor." sentiu o movimentar daquela boca contra a pele de sua nuca, com certeza acharia um sorriso vitorioso quando se virasse.

"Eu preciso limpar todos esses frascos e tirar uma maldita mancha da mesa." Mais uma vez se virou para o loiro enquanto tentava fazer sua voz sair séria - falhando miseravelmente.

O beijo que seguiu só mostrou o quanto o bruxo estava interessado nas tarefas da grifinória. Em um momento estava molhando sua camisa na beira da pia, no outro escutava de olhos fechados o barulho de vidros se espatifando no chão - todos os ingredientes que separara para fazer a maldita poção para tirar o maldito borrão preto da maldita madeira. Ginevra estava tão fodida.

"Draco, eu preciso tirar a mancha da mesa," reclamou mais uma vez, já sentada na beirada da mesma mesa à qual se referia, as pernas enroscadas na cintura do sonserino. "E não fazer outra." E mais uma vez o jovem demonstrou todo seu interesse em ouvi-la, as mãos indo para debaixo da saia cinza escura que a ruiva ainda usava enquanto sua boca trilhava um caminho até o fim do pescoço sardento.

Tentou recobrar alguma razão inspirando lentamente, mas era inútil: já tinha perdido qualquer poder de concentração, ainda mais com o cheiro dele invadindo suas narinas. Quando o ato ficara tão natural? Era assustador, precisava confessar, estar tão a vontade com o bruxo para tudo - principalmente para aquilo. Era tão assustador quanto saber apenas pelas ações de Draco o quanto ele estava nervoso: as poucas palavras junto daquela necessidade física denunciavam sua agitação. Nervoso, um dia antes de sua partida - mas tudo daria certo, ele voltaria. Seriam cinco segundos, pensou fechando os olhos, apenas cinco segundos que se daria para se desesperar antes de voltar seu foco para o toque que amava.

Quando voltou a olhar para o sonserino, sentiu seu rosto quente ao ver o que seu namorado já segurava nas mãos: como ele havia tirado aquilo sem ela sentir?

"Você fica linda de verde." escutou-o dizer com um sorriso descarado, colocando a calcinha verde escura no bolso traseiro de seu jeans. "Melhor não deixar nenhum rastro no chão." o loiro justificou, ainda com o mesmo sorriso - como se a capa jogada perto da pia no meio do inverno e a roupa já totalmente amassada não fossem denunciar alguma coisa, alguém abrisse a porta.

"Você é louco." Mas as mãos da ruiva mostravam que não se importavam com a loucura, o puxando pela cintura ao mesmo tempo que o bruxo explorava seu corpo por debaixo da camisa.

"Você gosta." Teve que morder os lábios para conter um gemido quando sentiu a mão por debaixo de seu sutiã. "Diga pra mim o quanto gosta, Ginevra." Só mesmo ele para transformar até seu nome em algo sensual.

"Alguém vai entrar-" Puxou-o pelos fios loiros ainda molhados - era o shampoo que ele usava que lhe dava aquele cheiro tão cítrico, com certeza - e esqueceu sua fala ao novamente ver aquelas órbitas acinzentadas. O rosto sempre tão branco estava levemente corado, e os olhos eram quase negros - o bruxo parecia, literalmente, queimar com seu desejo, e a visão era sim excitante pra caralho — que se dane se alguém entrar. Maldito Deus sonserino do sexo, e malditas bruxas que viram aquilo antes dela.

"Me fale que não quer e eu paro, e espero você acabar essa detenção estúpida." A voz rouca, assim como a mão achando um ponto entre suas coxas, a fez mandar qualquer razão para o espaço. "Foi o que pensei."

Os lábios novamente em seu pescoço a levaram enfim a soltar o gemido segurado por tanto tempo, e quase reclamou quando sentiu as mãos do sonserino deixarem suas pernas. Mas antes de ter tempo de soltar qualquer protesto sentiu o corpo de Draco novamente no seu após um murmúrio, o barulho de uma varinha indo para o chão, as mãos a puxando para mais perto pelos quadris - e eles ainda estavam na mesa.

"Na porra da mesa?" A reclamação não condizia com as ações de Ginevra, que outra vez entrelaçava a cintura do bruxo com as pernas, suas mãos achando apoio ao redor do pescoço branco.

"Na porra da mesa."

E no instante seguinte sentia-o dentro dela, e a bruxa precisou morder o ombro a sua frente, ainda coberto pela camiseta preta, para suprimir um gemido mais alto - e quis mata-lo quando o ouviu não fazer a menor questão de copiar o gesto. Não demorou para o sonserino atingir aquele ritmo que a ruiva já tanto adorava, encostando a testa na dela enquanto a devorava também com seus olhos, as mãos ainda a puxando forte pela cintura - tinha consciência de que haveriam pequenas marcar roxas ali na manhã seguinte, mas aquela sem dúvida era sua última preocupação.

"Como você faz isso ser tão bom?" Draco perguntou com os lábios outra vez colados em seu ouvido, sabendo que não haveria resposta alguma além dos gemidos que ela também já não considerava esconder. Como ele conseguia fazer palavras tão simples soarem tão quentes? Como ele conseguia tudo que queria dela, e ainda a fazia querer, a fazia desejar tudo aquilo, mas que inferno! "Bruxa."

Não demorou para qualquer capacidade de pensar racionalmente desaparecer, era um milagre a coerência ter durado tanto tempo com o ritmo frenético alcançado pelos dois. Fechou os olhos enquanto suas mãos achavam as costas por debaixo da camiseta, suas unhas deixando marcas que ainda seriam visíveis pela manhã. Seu corpo tensionou um segundo antes de encher aquela sala com sua voz ao gemer outra vez o nome do bruxo, e tivesse estado com os olhos abertos, teria visto um sorriso quase orgulhoso nos lábios do rapaz - o mesmo segundos depois sustentando uma expressão de puro prazer.

"O que te possuiu para fazer essa bagunça?" perguntou ainda sem fôlego quando o sentiu se apoiar contra ela, a respiração pesada esquentando seu pescoço.

"Seu maldito cheiro de baunilha." Resolveu acreditar na mentira e não trazer à tona - justo no último dia - a real resposta daquela necessidade. Merlin, sentiria falta daquele sonserino, e rezava todas as noites para o tempo ser curto. "Confesse grifinória: nós bruxos malvados temos bons lábios, não temos?" Definitivamente, pensava enquanto sentia uma mordida no pescoço, a cabeça do bruxo descansando por um momento em seu ombro.

"Não tenho nenhum outro bruxo malvado para comparar." foi a confissão que veio, lhe rendendo outra mordida.

"E nem vai ter." Teria dado outra resposta se não tivesse sentido o corpo do bruxo tensionar.

Foram passos escutados por Draco que os fizeram se separar, e a grifinória nunca viu o bruxo se mexer tão rápido, ela sendo posta sentada em uma cadeira enquanto o loiro voltava para a frente da bagunça que tinham transformado a mesa.

"Merda."

Eles ainda respiravam pesado quando a porta da sala foi aberta sem cerimônias e sim, Ginevra queria muito morrer quando viu quem entrava - conseguiu perder ainda mais o fôlego enquanto reparava tarde demais nas suas roupas amassadas demais, a capa que antes usava esquecida no chão. Ao menos Draco parecia aceitável - muito, mas muito mais do que ela, como conseguira ajeitar tão rápido suas roupas?

Futuramente a ruiva acharia a expressão do moreno engraçada, tinha certeza disso - mas agora, a cara que o professor de DCAT fazia apenas a deixava sem palavras, no pior dos sentidos.

"O que está acontecendo aqui?" Não era necessária aquela pergunta, e o mais irritante era sua resposta vir com a cor que se transformara seu rosto - tão vermelho quanto seus cabelos - expondo ainda mais o que acabara de acontecer.

"Estou ajudando a Weasley a terminar isso antes do ano que vem." Agradeceu e amaldiçoou o loiro - por ser ele ao falar e pela resposta dada. "Inclusive estávamos terminando até o senhor entrar, professor." Como Draco não tinha o mínimo de vergonha em responder aquilo? A coerência voltando a fazia ver outra detenção, uma detenção vitalícia até: eles estavam transando na sala de Severo Snape, na sala do antigo professor de poções, como ela não parou aquele sonserino sem noção alguma do perigo? Como que sua maldita coragem grifinória só a colocava em problemas ultimamente?

Pareceu uma eternidade até o bruxo mais velho voltar a falar.

"Eu quero os dois fora dessa sala em uma hora. Uma hora, senhor Malfoy."

Foi quando a porta bateu que a ruiva respirou outra vez, levantando-se e agarrando a primeira coisa que pudesse ser arremessada no rapaz - e que se dane o quanto mais um vidro quebrado pudesse piorar sua situação.

"Eu não acredito nisso!" E ele ria! Meu Merlin, queria estrangular aquele sonserino descarado! "Snape sabe que-" Snape tinha visto o estado da sala, o estado deles, e Draco Malfoy gargalhava. "Meu Merlin, Snape sabe!"

"É claro que Snape sabe," O ouvia dizer entre o riso. "Você praticamente contou pra ele!"

Outro frasco arremessado - e desviado com destreza - e mais uma vez a grifinória bufou: não era sobre maldito relacionamento que eles tinham que ela estava se referindo! Argh!

"Snape sabe-" Que a calcinha dela estava no bolso do bruxo, que a capa não estava no chão por acaso, que Draco provavelmente estava na frente da mesa para esconder a nova mancha, e que o cheiro impregnado naquele cômodo não era - definitivamente - o de sabão. "Disso!" terminou arrancando do bolso do sonserino sua roupa íntima - ela havia ficado frente a frente com Snape sem aquilo, meu Merlin.

"Que nós estamos transando?" Descarado: nem uma sombra de vergonha. "Bem, agora ele sabe." o bruxo respondia como se fosse a coisa mais natural do mundo, os lábios tentando voltar para os dela.

"Ele almoça com a minha família!" Não, ela queria gritar, a frustração de quase ser pega em cima da porra da mesa com o sonserino se juntando a de antes, mas parou de resistir aqueles lábios ao se lembrar do quanto sentiria a falta do dono destes. "Ele senta com os meus irmãos e comigo na mesa, e agora vai saber que eu estou tirando a roupa de Draco Malfoy." completou, já outra vez envolta pelos braços que tanto lhe aconchegavam.

"Eu vou voltar, pequena." O assunto proibido era finalmente posto em pauta. "Eu vou voltar, e vou te ver vestindo todas as tonalidades de verde possíveis, bruxa." E outra vez o sorriso torto - e outra vez ela estava em cima da mesa. "Severo é meu padrinho, Gin. Ele não vai falar nada, ele não vai te dar mais uma detenção," Mas o toque agora era delicado, a urgência de antes completamente perdida. "E ele praticamente nos deu essa sala por uma hora. E eu pretendo usar cada minuto dessa hora com você."


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Notas finais do capítulo

Capítulo que me fez mudar a classificação da história rs
Espero que tenham gostado PQ EU NUNCA ESCREVI ISSO ANTES. Críticas, sugestões, OQUEFOR, comentem ;)

Espero tbm que tenham curtido esses últimos momentos de felicidade porque prepara que a partir do próximo vocês vão querer a minha morte BEIJOS.



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