Entre o amor e a guerra escrita por Ania Lupin


Capítulo 27
Vermelho II


Notas iniciais do capítulo

Mais um gente, boa leitura ;)
Comentários são sempre bem vindos e a tia adora! rs

E pra quem gosta de DG, dá uma passadinha na minha outra fic, "Para lugar nenhum", acabei de atualizar ;)



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Terça, 31 de outubro.

"Eu também não posso estuporar esse aí, certo?"

Aquilo não estava acontecendo. Queria muito acreditar que aquilo não estava acontecendo, e que quando abrisse os olhos outra vez seriam novamente só os dois naquele lugar, e Draco estaria beijando-a, e não estaria dividindo aquele espaço com sua ex-paixão, mas somente com o sonserino. Aquilo não estava acontecendo.

"Ginevra." sentiu a mão que a segundos atrás a tocava do melhor jeito possível sacudir seu ombro e quis gritar. Merlin, ela odiava quando ele a chamava pelo nome, odiava quando dizia seu nome inteiro naquele tom - tinha vontade de gritar -, porque nunca era para lhe falar algo bom.

Aquilo estava acontecendo.

"Não, não pode." Deveria ter ficado de olhos fechado, sem dúvida. Muito melhor ter continuado a evitar a situação de olhos fechados do que levantar e avistar Harry Potter, do que levantar e vê-lo não entendendo aquela cena - seria assim como todos, não seria? Quem reagiria pior? "Harry, me escuta-"

"Malfoy, Ginevra? Eu não sei nem como começar a-" O moreno já dava alguns passos para frente, seu rosto ainda com uma expressão desacreditada, como se ela estivesse com uma das piores pessoas, como se Draco fosse a pior pessoa - o que responder, o que falar? Porque sim, para ele, Draco era sim uma das piores pessoas, era um maldito que o atormentava, e atormentava seus amigos, e Ginevra precisava se lembrar daquilo, sempre - mas como, como que justo com ela o bruxo conseguia ser tão diferente?

De canto de olho via o sonserino se levantar, a camiseta já outra vez vestida, a cara tão péssima quanto a do grifinório. Viu aqueles lábios finos se partirem, e sabia que viria a pior das respostas - deveria ela se adiantar e dizer qualquer coisa para tentar impedir um desastre maior? -, mas Draco no final não teve a chance de falar nada.

"Sério, de todos os bruxos dessa escola, justo Malfoy?" E nada era tão ruim que não pudesse piorar, Ginevra confirmou outra vez aquilo no segundo seguinte. "E você sabe. Você sabe!" Considerou por um momento fingir-se de louca e se juntar a risada sarcástica do moreno. Não precisava seguir os olhos verdes para saber para que estes olhavam num misto de surpresa e nojo. "Qual é o seu problema com comensais?"

Quando Draco se colocou na frente dela, soube que aquilo tinha ainda maiores chances de não acabar bem. Não, aquilo não era bom.

"Ei." Aquilo realmente não era bom.

"Eu vou ter que te salvar do segundo também?" Por que Potter simplesmente não parava de falar? "Porque você é tão idiota, Gina?" Outch - e suas mãos foram automaticamente para um dos braços de Draco.

"Não faça nada." sussurrou, tentando adiar por mais algum tempo a briga que a cada segundo tornava-se mais inevitável, mas o loiro se soltou com um puxão, se aproximando mais alguns passos do grifinório - queria estuporar aqueles dois bruxos e toda aquela testosterona.

"Cala a porra da sua boca, cicatriz."

"Ele vai tirar sua roupa e te largar, mas você sabe disso, não sabe?" E no instante seguinte os dois estavam no chão.

"Eu vou matar você!" Agradeceu - ou precisava temer aquilo? - ao ver a varinha de Draco ao lado de sua capa. Ok, ela só precisava tirar um de cima do outro, ok, era fácil aquilo. Era, não era? Mas que droga, droga, droga, como a noite que deveria ser perfeita estava se transformando em uma das piores do mês naquela velocidade?

"Draco, pára!" E não, não era exatamente fácil separar uma briga, ainda mais quando se tem menos de um e sessenta e cinco, e os alunos se atracando tem ao menos um e oitenta. Como as pessoas faziam parecer tão simples afastar dois bruxos? Quando achou que fosse conseguir segurar o sonserino, Harry conseguiu manda-lo para o chão e inferno, ela queria muito matar Potter! "Harry, mas que droga!"

Poderia segurar o moreno, então - ele era sim um pouco menor, e se atrevia a dizer até mesmo mais fraco - então como diabos ele estava em cima de Malfoy agora? Poderia, mas graças a Merlin a próxima coisa que viu entrando pela porta de ferro foi seu segundo sonserino favorito - e sim, parecia muito mais fácil do que era separar uma briga para Zabini, que já segurava Harry sem muito esforço.

"Chega, Potter!" os braços do bruxo prendiam o grifinório pelo pescoço de uma maneira muito menos amigável do que os irmãos da ruiva faziam quando 'brincavam'. "Sério que era por isso que você tinha uma queda, Creevey?" o bruxo reprendeu o namorado, quase mal-humorado.

As mãos de Ginevra prendiam seus cabelos com o elástico que vivia no pulso esquerdo enquanto ia em direção ao seu sonserino - e dane-se Harry quase sendo enforcado por Blaise, dane-se o menino que sobreviveu que conseguiu estragar a sua bendita noite. Draco já estava de pé quando ela chegou ao seu lado, o lábio mais uma vez aberto, a varinha já nas mãos.

"Não." O bruxo afastou a mão da ruiva, ele mesmo limpando com a manga da jaqueta o sangue escorrendo pela boca.

"Não dá mesmo para deixar vocês sozinhos por um dia, hein Malfoy." ouviu Zabini reclamar, e de canto de olho viu que ele ainda segurava Harry, que já parecia quase conformado com a situação. "Você vai ficar quietinho se eu te soltar, grifinório?"

Dane-se Harry.

"Draco-"

"Eu estou bem, Weasley." Mais do que Ginevra, odiava quando ele a chamava pelo sobrenome. "Merda. Como você consegue me trazer tantos problemas?" Como ele conseguia mudar de um instante para o outro a forma que a tratava? E por que ela não conseguia fazer o mesmo, por que o que mais queria era ver se o sonserino estava bem, beijar aquele maldito lábio até sarar, esfregar ainda mais na cara do grifinório - porque Gina sabia o quanto Malfoy gostaria daquilo - que os dois estavam juntos?

Suspirou, aceitando a rejeição - ainda se acostumaria com aquele maldito jeito frio. Mais importante do que tentar decifrar aquela cobra sonserina era tentar pensar no que falar para o melhor amigo de seu irmão - talvez devesse começar com 'não fale para Rony'. E o que falar de Draco? Ela poderia falar de Draco, deveria deixa-lo falar, deveria justificar aquela marca, deveria-

"Podemos conversar por um minuto, Gina?" Assentiu com a cabeça - ok, Harry parecia muito mais receptivo agora - solto do mata-leão de Blaise e com um olho roxo e um corte na bochecha esquerda - do que a minutos atrás. Poderiam conversar por até mais que um minuto desde que aquilo resultasse em um entendimento, até mesmo já esperava o grifinório começar a falar quando ele completou. "A sós." Mas que droga.

A bruxa sabia a cara que a aguardava quando virou-se para o loiro: lábios retos, olhos quase raivosos, tudo demonstrando, gritando, que não, ela não deveria conversar a sós com o maldito Potter. E bastou um olhar para Draco, de algum jeito, saber que sim, Ginevra iria conversar a sós com o outro bruxo, e os olhos se estreitaram ainda mais - agora para ela.

"É sério?" E então veio a risada sarcástica, ele se afastando outra vez. "Puta que pariu, Gina." E ela pensando que nada seria pior do que Weasley.

Engoliu seco, pensando em qual das opções ajudaria mais sua situação: tentar discutir com o loiro ou simplesmente sair porta afora com o grifinório. Agradeceu quando a decisão foi tomada por ela, outra vez.

"Vão lá fora vocês dois." Mais um olhar para o sonserino, que já focava em um ponto oposto ao dela. "Preciso falar com esse aí também."

Suspirou, executando a segunda decisão ao ser gentilmente expulsa por Zabini, Harry encostando a porta atrás dos dois antes de parar na frente da ruiva. E agora? Iria começar a gritar? A falar o quanto era burra, ameaçar contar para seus irmãos, seus pais, a tratar como criança, como todo maldito bruxo parecia gostar de trata-la? Mas não, Harry parecia receptivo. Mas então, ainda era Malfoy quem ele havia visto junto dela, e o moreno deveria estar passando mentalmente uma lista de tudo que faz aquele bruxo gritar perigo.

Então era melhor ela começar a gritar primeiro?

"Eu estou saindo com ele, Harry." confessou antes que pudesse se parar, confirmando o que o moreno vira minutos atrás. "Como você já deve imaginar, eu estou saindo com Draco Malfoy." terminou, encarando aqueles olhos verdes com um misto de coragem e irritação. "Sim, eu sei quem é esse bruxo, então por Merlin Harry, pare de me olhar com pena - você realmente não precisa ter pena de mim."

"Eu achei vocês dois no mapa," o moreno começou a explicar, e ela sabia de qual mapa ele estava se referindo - maldição, não havia mesmo privacidade alguma naquele maldito colégio. "Eu achei que você estivesse com problemas. Que ele estivesse-" Estivesse o que, se comportando como o amiguinho comensal dele? "Você sabe, te forçando." Harry enfim falou, não dando tempo para uma resposta. "Mas Malfoy não está te forçando a nada, até porque você claramente é você, e eu claramente cheguei muito tarde, não é mesmo?" Na verdade, o bruxo chegara é cedo demais.

"Sinto muito."

"Eu não consigo entender, de verdade." Uma risada, o moreno passando as mãos pelo cabelo bagunçado. "Você já olhou bem pro que ele tem na pele, não olhou? Você lembra quem ele é, quem é o pai dele? Tudo que ele já fez, tudo que disse da sua família? Como ele chama a sua melhor amiga?" A risada sarcástica que vinha outra vez do grifinório não combinava em nada com o bruxo. "Por Merlin, você deve estar brigada com Hermione por isso." E sim, Harry viu a confirmação nos olhos da bruxa.

Quando Ginevra pensaria há um mês atrás que ficaria tão próxima daquele jovem e não sentiria seu coração pulsar ao olhar para o tom de verde que antes tanto gostava? Quando poderia imaginar que sua cor favorita se transformaria no cinza azulado, que o melhor cheiro seria o de grama, e que a voz que faria seu coração acelerar seria aquela arrastada? Maldita fantástica doninha saltitante, que fizera qualquer sentimento alimentado pelo grifinório se dissolver, que fizera aquele coração estúpido ser somente dele.

"Desista dele e fique comigo, Gina." Mas a resposta para o pedido também era clara nos olhos castanhos da grifinória quando o moreno segurou suas mãos - por que ele continuava insistindo? "Ele é um comensal, é filho de um. E deve ter uns cinquenta tons de perturbado na cabeça. Malfoy é uma pessoa estragada!" Por que o bruxo não conseguia ver o quanto todas as palavras seriam inúteis? Por que não entendia que sim, Ginevra tinha ideia do quanto a cabeça do sonserino estava fodida! Ela não era uma maldita criança, não mais - talvez desde seu primeiro ano, deixara de ser. "E provavelmente deve ser quebrado demais pra você poder consertar, então pare, pare de tentar-"

"Harry, eu também sou." As palavras vieram firmes, as mãos se libertando daquele toque enquanto a ruiva forçava um sorriso. "Não conte para meus irmãos, ok?"

...

"Intuição, alguma vontade bizarra de tirar a roupa na grama, saudades da minha pessoa?" Malfoy perguntava no seu melhor tom sarcástico enquanto Creevey examinava seu rosto, tentando fazer as marcas da briga ficarem menos aparentes. "Qual o motivo dos dois terem saído da porra do baile depois de tanto trabalho?"

"Flint." Zabini respondeu num tom de tédio que somente um sonserino conseguia reproduzir, Malfoy xingando logo em seguida, tanto pela sua maldita sorte quanto pela queimação infernal que sentia nos lábios enquanto o ferimento era fechado. "Vimos o babaca saindo do salão, e Colin está tão paranoico quanto você. De repente estávamos fora do baile." o amigo continuou explicando, brincando com o elástico da mascara branca que segurava. "Considere isso uma dívida - eu vou cobrar."

"Vocês viram o filho da puta pelos jardins?" o moreno fez que sim com a cabeça, enfim afastando suas mãos, o trabalho pronto. Tinha que admitir que aquele grifinório conseguia fazer um bom trabalho como curandeiro. "Levem ela de volta para a Grifinória, não quero arriscar Marcos me vendo com Ginevra."

"De nada, Malfoy." Ignorou o filho de trouxas e pegou a máscara que antes jogara no chão, ainda lamentando a sequência de erros daquela noite. Era o universo tentando mandar um aviso? 'Saia logo de perto da porra da ruiva que você é um maldito problema'? "É melhor você cuidar bem da minha amiga." Decidiu não responder e sair pela porta.

Draco estava tentando aquilo, estava mesmo, mas cuidar daquela bruxa se mostrava ser uma tarefa mais difícil do que a impossível que tinha até o final de maio para cumprir. Será que teria todos aqueles problemas se há um mês atrás tivesse ficado quieto? Perdido a festa, ido dormir com Parkinson, nunca ter visto melhor aquele fogo ambulante, conseguiria então por medo, por vontade de continuar vivo até junho, colocar em prática algum plano que culminasse na morte do diretor?

Aquela maldita maioridade estava tão perto e tão longe.

"Ele é um comensal, é filho de um." Por um momento tinha até esquecido de quem encontraria do lado de fora da estufa, e novamente gastou todo seu autocontrole para não estuporar aquele grifinório. "E deve ter uns cinquenta tons de perturbado na cabeça. Malfoy é uma pessoa estragada, Gina!" E aquelas mãos, por que aquele maldito garoto segurava as mãos de sua bruxa, e por que ela deixava? "E provavelmente deve ser quebrado demais pra você poder consertar, então pare, pare de tentar-"

Congelou na frente da porta, já fechada. Sua bruxa. O quão melhor Ginevra ficaria sendo a bruxa daquele moreno? O quão mais segura?

"Harry, eu também sou."

Por que aquilo o atormentava tanto nos últimos dias?

"Não conte para meus irmãos, ok?" Foi quase um choque aqueles olhos castanhos nos seus, e foi o que o tirou do turbilhão de pensamentos em que se colocara. "Draco, eu não vi que-"

"Vá com ele." Não retribuir o sorriso que ele já estava praticamente treinado para tal foi angustiante, assim como se esquivar do toque que tanto queria - ainda mais na frente do bruxo que cresceu odiando nos últimos anos. Não lhe dava o menor prazer empurrar a mão da ruiva, quanto mais observar sem fazer nada seus olhos se encherem de confusão.

Colocava a máscara no próximo segundo, começando a andar de volta ao castelo quando ouviu a bruxa novamente.

"Draco, para com isso!" Maldição, onde estava Zabini, ali estava a ruiva infernal correndo outra vez atrás dele e onde estava alguém para fazê-la parar? Quase virou-se para ver por que diabos Potter não fazia nada quando escutou mais passos na grama - de ambos lados. Merda."Para de ter ciúmes do-"

"Ruiva, vem com a gente." Escutou Ginevra reclamar com o impedimento feito por Blaise - finalmente -, assim como ouviu quem quer se seja que estivesse um pouco a sua frente começar a se afastar. "Nossa companhia é bem mais divertida," Quem quer que seja, claro. "Mas isso você já sabe."

Quando chegou no seu salão comunal, onde o baile continuava de uma maneira muito mais animada, o capitão do time sonserino foi o primeiro a olha-lo, nos lábios um sorriso que parecia lhe contar tudo - que lá no fundo, Draco já sabia desde o princípio.

Flint tinha sim noção da importância da bruxa de cabelos vermelhos para Malfoy. Talvez soubesse antes mesmo de Malfoy realizar o quanto se importava. Aquela aposta nunca teve como objetivo tonar o ano menos entediante, ao menos não para ele. Aquela aposta tinha sido apenas para ferrar com sua cabeça. Para ele dar um motivo para sua família ser, enfim, eliminada daquele grupo.

Aquela bruxa seria sim o seu fim.

...

Quarta, 01 de novembro.

Ginevra devorava o terceiro bolinho de chocolate - com ódio, e não com fome - quando ninguém menos que o bruxo-que-acabou-com-a-sua-noite-de-halloween sentou-se ao seu lado.

O fim de sua noite fora tudo menos bom. Depois do sonserino fazer duas das coisas que melhor fazia - ser um sonserino e desaparecer -, Harry resolvera fazer o mesmo pouco depois - ainda com a mesma cara irritada, ainda com o mesmo ar de indignação -, e foram Colin e Blaise que a acompanharam de volta ao seu salão comunal - ambos sumidos desde o começo daquela quarta.

Por um momento pensou em ser melhor do que tudo isso e dar um bom dia, ao invés de continuar em silêncio junto a amiga que não desgrudava os olhos do Profeta Diário - algo parecia ter dado errado também na noite da filha de trouxas. Tentou afastar da cabeça o pensamento de que seu irmão também a vira com Malfoy no mapa, que ele também sabia - o quão fodida Ginevra realmente estava? Mas não, Rony não sabia, ou provavelmente toda a população daquele castelo estaria agora ouvindo um berrador de sua mãe.

Meu Merlin, sua mãe. O que aconteceria quando ela descobrisse?

Precisava parar de pensar, e precisava de mais um bolinho.

"Você sabia, Hermione?" Quase cuspiu o suco que tomava quando ouviu a pergunta vinda do moreno, a amiga imediatamente prestando atenção na conversa que iniciava.

"Harry, sério?" Ela poderia matar Potter.

"Como ele sabe?" Realmente matar, com Hermione confirmando o que sabia com aquela pergunta - o que Harry agora também tinha certeza.

"Você disse para eu não contar para os seus irmãos." o bruxo se justificou, pegando o último pedaço de bolo de chocolate da mesa - iria matá-lo, ele estava pedindo por isso.

"Inacreditável."

"Gina, como ele sabe?"

"Tenho que contar como eu sei, Gina?" Mas com um olhar a ruiva se fez entender pela amiga. "Hermione, como você deixou ela continuar com essa idiotice?"

"Você fala como se eu concordasse com isso."

"E vocês falam como se tivessem que concordar com isso!" gritou o mais baixo que conseguiu no momento - o que não fora muito. "Eu não sou uma maldita otimista que não pensa em tudo que pode dar errado antes de tomar uma decisão, ok? Pelo contrário, eu, mais até do que vocês dois juntos, sei o que pode dar de errado!"

"Porque você é pós-graduada em comen-"

"Pela consideração que você tem pelo meu irmão, é melhor você não terminar essa frase. Porque eu nunca mais olho na sua cara se você terminar, Potter." Nunca cuspiu o sobrenome do menino-que-sobreviveu como naquele momento.

"Como quiser, Weasley." Também nunca ficou tão feliz com a ausência do bruxo. "Espero que ele valha a pena."

Suspirou, procurando outra vez os cabelos platinados no meio das cores verdes da mesa sonserina. Lembrou-se da noite passada, empurrando para longe qualquer dúvida que se passava em sua mente. Porque no final, seu coração sabia que Draco valia a pena. Valia muito a pena.

...

"A ruiva me perturbou a tarde inteira para saber de você." Zabini que o fez tirar a atenção da lição de DCAT, praticamente arrancando a pena de suas mãos. "Imagino que tenha feito certo em falar com Colin para cancelar o treino de hoje."

"Fez sim." Um movimento com as mãos, e a porta do quarto estava fechada. "Já passaram das sete, afinal."

"Você não está com ciúmes de Potter, não é mesmo?" o amigo perguntou, deitando-se em sua cama.

Se sua vida estivesse um pouco mais fácil naquele dia, poderia ter dado uma risada com a pergunta.

Ciúmes de Harry Potter. Sim, ele tinha ciúmes do cicatriz, ele sempre teve, e Ginevra mostrava a cada dia que passava que ele sempre teria motivos para ter ciúmes do filho da mãe do grifinório. O bruxo tinha amigos de verdade desde o início - enquanto ele por anos, antes de aparecer Zabini, teve colegas enquanto o nome de seu pai era bem visto -, tinha a popularidade que o sonserino tanto almejou ao entrar naquele colégio - no momento a última coisa em sua lista de prioridades -, e tinha o amor dela. Ou ao menos teve, por tantos anos - tão mais tempo do que ele. E tudo entre os dois seria tão mais seguro, e tão mais fácil, e a vida dela poderia ser tão melhor, sem tantos perigos e complicações-

"O que foi?" A pena, antes arrancada de sua mão, agora o acertava na cara.

"O quão mais fácil seria pra Ginevra ficar com ele, Zabini?" perguntou, deixando a lição inacabada de lado.

"A ruiva não quer ficar com o cicatriz, Malfoy. Ela quer ficar com você, e você não precisava ter sido tão cuzão no final da noite passada." Quando a pena o acertou novamente, acabou sendo arremessada na lareira acesa. "O que Flint faria se visse vocês juntos? Sairia contando para toda sua família, mandaria uma coruja para Voldemort? Querido Lord, Draco Malfoy está pegando uma traidora de sangue - e daí?

"Duvido que Flint perca seu tempo espalhando isso para alguém que importa - mas não quer dizer que não vá espalhar pelo colégio, até chegar em alguém que não deveria saber."

"Tipo o seu pai?"

"Tipo o meu pai, ou a minha tia insana, ou algum maldito comensal que saiba o quanto Ginevra é valiosa para o maldito cicatriz - e agora também para mim. Em todas as alternativas eu me fodo tanto quanto ela no final - porque é óbvio que ninguém vai toca-la, e é óbvio que eu não saio ileso disso. E pra melhorar tudo, ela é muito ruim em bloqueios." bufou, lembrando-se do último domingo, última vez que invadira a mente da ruiva - fora sábado, e sexta -, outra vez com cem por cento de sucesso. "Ginevra é péssima em oclumência. E quando eu digo péssima, eu digo péssima quando a bruxa está num bom dia, porque no final de semana ela conseguiu ser pior que isso."

"Vocês começaram com isso não tem um mês, não tem nem uma semana-"

"Ela nunca vai conseguir se defender num interrogatório." confessou o que o estava perturbando fazia dias - o que estava tentando esconder a todo o custo de Severo - Oclumência? Ela é ótima. "Eu sou muito bom nisso, e sou muito bom em ensinar isso. Ginevra deveria ter pego ao menos o básico na primeira tentativa. Dá pra ver que ela não consegue, e nós tentamos quatro vezes. A bruxa é tão aberta, tão-" Tão irritantemente sincera, tão transparente - ele sabia dos sentimentos dela sem a grifinória ter que falar qualquer palavra, e todos com o mínimo de jeito em oclumência conseguiriam decifra-la por inteiro.

"O que você quer que eu faça?" Então sim, seria mais fácil daquela maneira.

"Eu vou ter que voltar para casa no Natal, a coruja que minha querida tia enviou na última segunda me fez ter certeza da impossibilidade de negar o feriado em família. Não tenho como dizer não, não estou mostrando resultado algum, se eu não for alguém vem me buscar, e eu realmente espero voltar."

"Mas?" Para ela, com certeza seria mais fácil daquela maneira.

"Mas se eu não voltar, e se eu não mandar nenhuma coruja, nenhum sinal, até o meio de Janeiro," Agora, que inferno seria aquilo para ele? "Eu preciso que você me apague da memória de Ginevra."


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