Entre o amor e a guerra escrita por Ania Lupin


Capítulo 24
O necessário para nós


Notas iniciais do capítulo

Mais um gente! Espero que gostem ;)



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Segunda, 23 de outubro.

Era surpreendente, mas Draco Malfoy odiava, justo naquele semestre, as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas. Não porque já sabia de tudo, e toda aquela matéria era entediante demais - perda de tempo demais - mas pelo professor. Mais precisamente, pelos olhares que o antigo professor de poções, ótimo amigo de seu pai - seu padrinho -, lhe dava desde o começo de setembro.

E naquela segunda, em especial, estava pior - umas três vezes mais irritante, no mínimo. Tudo que o bruxo queria era sair correndo da sala, assim, quando o sinal que anunciava o final da aula tocou, jogar tudo dentro de sua mochila - nem se importando em fechar um dos pote de tinta, erro visto somente no final daquela manhã -, foi sua primeira reação. Mas o sonserino não conseguiu seguir seu plano.

"Senhor Malfoy, venha aqui." Ele poderia ignorar a voz, não? Fingir que não ouviu, sair correndo, lidar com aquilo depois. Não era como se- "Agora, ou menos cinquenta pontos."

Bufou ao receber olhares dos sonserinos ao seu redor, não tendo escolha se não a de ir até a mesa do professor. Ele não queria discutir nada naquele dia, definitivamente. Tinha conseguido evitar qualquer conversa, qualquer pergunta, pessoalmente, desde o início daquele ano letivo, e agora estava ali, na frente da mesa de Severo, e não tinha o que falar.

"Professor." disse, ao ver a sala finalmente vazia a não ser pelos dois.

"Me mostre seu braço esquerdo." Merda.

Começou a desabotoar os botões da manga da camisa sem a menor pressa, tentando pensar no porquê de Snape querer ver aquela maldita marca da qual já tinha certeza - afinal, não era aquilo o motivo dos olhares? Não era por isso toda aquela dó, como se ele não fosse ser capaz de concluir sua tarefa, como se ele não fosse ser capaz e acabasse morto, como tantos outros, quando falhavam? O professor não esteve naquela festa de iniciação, mas era tão óbvio: Draco sabia o que Severo e Lúcio eram. Logo, eles sabiam o que ele era.

Foi quando já levantava o tecido que lembrou do estado de seu braço, mas uma mão forte o impediu de parar.

"Me mostre." Merda, merda, merda. Creevey havia feito até que um bom trabalho em apressar a cicatrização de seu antebraço, há três dias atrás em carne viva, mas aquela parte nunca mais curaria por completo. A cicatriz enorme e vermelha seria, como aquela maldita marca, para a vida. "O que você tem na cabeça?"

O que responder? Que havia sido burro o suficiente para tentar se livrar de uma marca mágica?

"Eu estava muito bêbado." Foi a única justificativa que encontrou no pouco tempo que tinha para arranjar alguma. "E eu tinha um canivete."

"Eu não estou falando do seu braço, garoto."

Aquela revelação era uma surpresa. O que ele tinha na cabeça, que plano? O que faria até o fim do ano para matar o diretor? O que tinha na cabeça para ter aceitado aquilo? Sua tia havia entrado em contato com Snape, e agora teriam que trabalhar juntos, pensar juntos? Seria muito difícil parar um plano feito por duas pessoas, e então ele teria que matar Severo no final - pois como matar Dumbledore, único alguém que poderia colocar um fim em toda aquela guerra estúpida? Por mais que ele não quisesse lutar pelos mesmos ideais que os amantes de trouxa, por mais que várias das coisas em que seu pai acreditava eram difíceis de se desvencilhar, simplesmente não queria seguir o lado Dele. O lado de Flint. O lado que acabaria com ela, em algum momento.

"Eu não tenho plano nenhum." admitiu, derrotado. "Eu não tenho, e eu estou realmente cansado-"

"Com certeza não está cansado para tirar a roupa na frente da Weasley mais nova." O que? "Você vai me explicar agora que diabos está acontecendo," Com um movimento de varinha, o professor fechou e trancou a porta. "E vai me falar porque não veio me pedir ajuda antes, menino idiota."

...

Quarta aula do dia, Trato de Criaturas Mágicas. Hagrid, como sempre, havia lhes dado um animal totalmente bizarro para o estudo, só que daquela vez, não tão perigoso como de costume. Era pequeno, comparado aos outros que estudavam desde o começo do ano: os exemplares variavam de setenta centímetros a um metro e dez de comprimento. Liberavam uma substância um tanto que gosmenta quando se sentiam ameaçados, e os bichinhos aparentavam estar aterrorizados nos braços, protegidos por grandes luvas de couro, dos alunos.

Ginevra não sabia direito o que segurava, só sabia que era extremamente nojento. Ela, como a grande parte da turma grifinória, não estava com a melhor das caras com um bicho de quase dez quilos nos braços, que não parava de soltar uma substância roxa que com certeza a faria pular o almoço. Assim, estranhou Colin, que era para estar, mas não estava, com uma cara igualmente ruim.

"Hoje quem está feliz demais é você." observou, largando seu animal ao lado da criatura do amigo: o que teria acontecido de tão bom para que seu amigo tão mais fresco do que ela não achasse nada de repugnante em estar com uma lesma gigante no colo? Com certeza ali tinha dedo daquele sonserino. Respirou fundo ao lembrar-se de outro sonserino em questão, e da noite passada, que com certeza seria mencionada em breve por um Draco Malfoy talvez não tão feliz quanto Colin naquele momento.

"E por que não estaria?" A atenção de Gina voltou com a resposta do bruxo, este tirando de trás de si pena e pergaminho. Iniciando um rascunho não muito bem feito da criatura à sua frente, ele continuou. "Eu vou para o baile com Blaise." confessou sorrindo, parecendo estar orgulhoso de si. "Tem dia mais perfeito?"

"Eu não vou para o baile com alguém." a ruiva disse com uma pontinha nova de felicidade, lembrando do convite para fazer algo que não o baile na próxima terça.

"Deu tudo certo ontem a noite?"

"Só vou saber quando o sonserino me falar alguma coisa." Ou simplesmente, parar de falar - esperava aquela não ser uma opção. Ela mesma começou a desenrolar seu pergaminho, se perdendo um pouco em seus pensamentos enquanto olhava aquele bicho estranho, até o grifinório continuar a conversa.

"Verdade." Colin disse, tirando uma pequena caixa de um dos bolsos de sua capa. "Tenho uma coisa pra você, Gin." A caixa preta não ficou nem mais um segundo na mão do bruxo, Ginevra já a abrindo com sua habitual curiosidade, se surpreendendo ao achar um par de brincos de cristal em formato de lágrimas - aquilo era ouro?

"Isso é presente de quem eu estou pensando?"

"Pode-se dizer que sim." ele disse, apontando para as orelhas da ruiva. "Eu preciso desses que te dei."

"Pedir presentes de volta é feio, Cols." mas enquanto dizia, Ginevra já tirava os pequenos pontos dourados que usava.

"Não estou pedindo de volta." o amigo explicou, guardando os antigos brincos enquanto a jovem colocava o novo par de jóias - o que falar para quem perguntar quem lhe dera isso? "Esses brincos vão voltar pra você, acredite."

...

E ao mesmo tempo em que uma certa grifinória tinha uma aula com lesmas nojentas gigantes, um sonserino tinha que ouvir mais uma aula totalmente teórica de Transfiguração - ao menos a última da manhã. Geralmente aquela aula era um completo tédio, na companhia da diretora da casa da Grifinória.

Mas naquela segunda, Draco Malfoy não estava ouvindo uma palavra sequer dita pela professora. O aluno até olhava para a direção da bruxa mais velha, mas sua mente estava longe, muito longe - e ao mesmo tempo, ao seu lado. Muito lentamente, pegou sua pena e fingiu fazer alguma anotação no pergaminho - e o que queria mesmo era escrever todos os xingamentos de que tinha conhecimento, por não poder falar os mesmos em voz alta no momento -, a deixando exposta para o sonserino com quem dividia a mesa ver.

Você sabia?

Sabia que Zabini sabia - e se deixou respirar aliviado por um segundo ao ler a rápida resposta.

Fui a sombra dela. Ao menos Ginevra não fora tão inconsequente ao ponto de ir sozinha até as masmorras, como o professor dizia achar ter acontecido. Mas ele queria outra resposta.

Você sabia? Insistiu, e sabia que seu amigo tinha conhecimento do que ele perguntava. Você sabia que Ginevra contaria tudo para Snape e pediria ajuda pra mim, porra?

Sim.

Óbvio que sabia.

Por que não me falou?

Não houve mais nenhuma resposta até o sinal que anunciava o almoço, Draco se limitando a guardar a pena e pergaminho em um bolso interno da capa, a mochila completamente manchada do tinteiro guardado aberto - provavelmente em sua pressa na aula de DCAT. Quando se levantou já não havia mais ninguém na sala além de McGonagall, que lhe lançava um olhar no mínimo curioso - maldição, ela era da Ordem também? Ela já sabia também?

"Zabini, quando Snape me falou para levantar a camisa, eu quase infartei." falou baixo, os olhos condenando o sonserino ainda sentado. "Seu filho da puta. Como isso conseguiu se espalhar tão rápido?" A pergunta veio quando os dois já andavam lado a lado em direção ao Salão Principal.

"Porque você não consegue deixar as roupas no corpo, por isso." o amigo o lembrou do motivo que começou tudo aquilo. A ruiva começara tudo aquilo, aquela maldita, sem modos, irritantemente desejável que tinha tirado sua camisa com uma empolgação invejável e assombrava seus sonhos diariamente desde então.

"Eu certamente consigo." o loiro respondeu, não deixando de notar a expressão surpresa do outro bruxo. "Que cara é essa?"

"Você e a ruiva, nada?"

"Nada." confirmou, recebendo um sorriso e um balanço de cabeça de Blaise. "O que foi?"

"Eu estou feliz por você cara, de verdade."

"Feliz por que?" Por ele estar - além de tudo que estava -, sexualmente frustrado? "Essa ruiva está sendo o meu fim como você pode ver." Ela não o deixava dormir, ela não o deixava se virar sozinho, e ela não fazia nada, absolutamente nada, do que ele pedia. Ginevra parecia, inclusive, ter um prazer doentio em contrariar tudo que o sonserino falava. Não saia sozinha. Não fale da marca para ninguém. Não seja tão irritantemente desejável para eu poder matar você por tudo isso e dar um jeito na merda da minha vida.

"Pelo contrário, sonserino."

"Pelo contrário o que, Zabini?" Draco bufou, muito mais irritado do que gostaria - e ainda eram onze e meia de uma segunda feira.

"Vou repetir mais uma vez: essa ruiva vai ser tudo na sua vida, menos o seu fim."

...

O horário de almoço já estava quase chegando ao fim e e Ginevra nem mesmo havia tocado em um dos pedaço de comida em seu prato: o máximo que fazia era beber de quando em quando um pouco do suco de framboesa que colocara no copo. As aulas com Hagrid ficavam cada vez mais nojentas, e o fato delas serem logo antes do almoço era péssimo para alguém que não estava com muita vontade de fazer algum tipo de regime forçado. Colin já sumira como de habitual as segunda-feiras, e ela mesma estava prestes a se levantar - seus olhos não achando o sonserino que gostaria - quando um ruivo sentou-se ao seu lado.

"Ron?" falou surpresa, já fazia um tempo que seu irmão não a procurava para conversar - bem, ao menos era isso que ele estava parecendo querer fazer naquele momento. Por alguns segundos sua mente trabalhou na velocidade que sempre a fazia se perder quando estava preocupada: ele sabia de Draco, como havia descoberto, ele também tinha entrado na Ordem, todos sabia dela e Malfoy agora, seus seis irmãos sabiam, eles iriam matar o sonserino, o sonserino iria mata-la por aquilo, por que ele não fala logo alguma coisa? "Algum problema?" Foi a pergunta que saiu após dez segundos de um silêncio tortuoso.

"Só vim ver como vai minha irmãzinha." o grifinório respondeu, sendo invejado pela irmã enquanto comia um bolinho de amora. "De dieta?"

"Não faço essas coisas. Tive uma aula com Hagrid." a ruiva explicou, empurrando seu prato para longe. "Estou com lesmas de aparência gosmenta na cabeça. Fora o cheiro." Ginevra tomou o resto de seu suco, e então o copo juntou-se ao prato. "Novidades? Ouvi dizer que você está com Lilá."

"Ouvi dizer que você está com um sonserino." Graças a Merlin que estava sentada. De um milésimo para o outro seu coração triplicou a velocidade, sua boca secou e sua visão ficou turva - era isso, ele sabia, Ronald sabia e agora todos ficariam sabendo e Draco acabaria a odiando ainda mais, porque além de contar tudo para o professor de DCAT- "Mas a fonte que está espalhando isso é a mais mentirosa de todas, ninguém está acreditando, não precisa fazer essa cara."

"Quem está falando isso?" Só tinha uma pessoa que poderia estar espalhando aquilo, só uma e era tão difícil falar em voz alta. "Hermione?"

"Não, Gina." Não? "Parkinson. Eu nem falo com Hermione."

"Eu também não." Recebeu um olhar surpreso do irmão.

"Se eu te contar uma coisa, você vai sair contando para alguém?"

"Ronald Weasley, está por um acaso me chamando de fofoqueira?" Ginevra tentou parecer séria, colocando as mãos na cintura, mas acabou sorrindo no final. "Sabe que pode falar o que quiser que nada vai sair da minha boca."

"Eu gosto dela." Foi a confissão feita. "Ainda." E então um sinal barulhento avisou que faltavam cinco minutos para começarem as próximas aulas. "Harry pediu para te avisar do treino de hoje a noite."

"De noite?"

"Você tem Animagia toda a tarde, não tem?" Que droga, ela se encontraria com o loiro naquela noite. "Seis horas no campo."

...

Ele não entendia o maldito clima daquele lugar, não mesmo. Pela manhã, mal se atrevia a retirar os pés da cama, o frio praticamente dominando seu cérebro e toda sua vontade, então por volta do meio dia, continuava tão frio quanto no começo do dia. Então agora, às quatro horas de uma tarde de outubro, o calor estava tão insuportável que o casaco pesado carregado pelo sonserino repousava no chão, junto com o cachecol. E ele estava praticamente suando debaixo da sombra de uma árvore mais escondida, esperando uma certa grifinória passar. O sol de Hogwarts conseguia ser insuportável, assim como Ginevra.

Draco abriu os olhos quando sentiu a primeira gota de chuva, as próximas seguindo numa velocidade irritante. Correu para o local mais próximo para tentar não acabar totalmente ensopado, e logo estava abrigado dentro da cabana onde eram guardadas as vassouras dos estudantes - ótimo. Ao menos o local estava - ainda - vazio.

Por que estava mesmo irritado? Ah, além da ruiva não saber manter a boca fechada, ela não havia se dado o trabalho de avisa-lo sobre não conseguir vê-lo no horário combinado, ele mesmo apenas descobrindo ao ver o campo de quadribol reservado para o time grifinório. Não tinha tempo para vê-lo mas tinha tempo para treinar com Potter, simplesmente fantástico.

Enquanto isso, as palavras de Snape não paravam de ser repetidas em um looping em sua mente.

"Nós vamos começar a ter reforços de DCAT quintas-feiras após o almoço. Preciso ver o que você sabe fazer e como pode ser útil. Você também precisa me dar suas terças após o jantar. Melhor, nem jante, venha direto para cá."

Por Merlin, no que ele havia se metido? Como em menos de meio ano conseguira se envolver em todos aqueles problemas? Nem mesmo queria fazer parte daquele maldito grupo, de nenhum dos dois! Ao mesmo tempo, precisaria escolher um dos lados - invejava tanto Zabini e sua neutralidade no momento - e com certeza não conseguiria mais escolher o que fora criado para servir. Mas que merda.

Ouviu tarde demais o barulho de passos rápidos do lado de fora, sua única alternativa sendo se esconder dentro de um dos tantos armários - e foi o que sua atual antissocialidade o fez fazer no próximo segundo. E com certeza ficaria ali até ouvir o bruxo pegar sua maldita vassoura e sair da cabana, não tivesse reparado pela rachadura na madeira que o bruxo em questão era ninguém menos que a ruiva tão procurada.

Não se importou em fazer barulho algum ao sair do esconderijo, Ginevra apenas percebendo não estar sozinha quando dois braços a agarraram pela cintura, a fazendo virar-se tão rápido que não fosse Draco a estar segurando tão forte, teria acabado no chão empoeirado. Não, ele não se importou no quanto deveria tê-la assustado - quem sabe assim aprenderia a não andar sozinha em sua atual situação - muito menos em dar o mínimo de tempo para a bruxa falar qualquer coisa.

"Você quase-" Ele nem sabia porque a estava beijando, enquanto a encostava em uma das paredes de madeira sem muita delicadeza, não dando a menor importância para todas as vassouras que derrubava. Encostando seu corpo no dela, sentiu o coração da jovem estourando contra o seu, os lábios tentando se livrar dos dele para soltar algum tipo de protesto. "Draco, mas que-"

"Cala a boca." Aquela com certeza não era a reação que a grifinória estava esperando, quanto menos a que ele achava que teria. Seria assim, então? Mesmo estando completamente aborrecido com a bruxa, não conseguia, simplesmente não conseguia, ficar longe?

"Draco, o que você está-"

"Eu estou beijando você, pra ver se minha vontade de te matar passa!" Foi a melhor explicação que conseguiu, mas seus lábios não mais voltaram para os dela - pelo contrário, ele mesmo se afastou para a parede oposta, as mãos massageando as têmporas, a enxaqueca a tantos dias adiada enfim aparecendo.

"Draco-"

"Por que, Ginevra?"

A cara de culpada da bruxa denunciou que ela sabia sobre o que o sonserino falava, assim como suas próximas palavras.

"Me desculpa."

"Por que você não me falou antes?" perguntou, seus olhos voltando para os dela, que pareciam agora quase envergonhados. "Por que você não me deu essa merda de alternativa antes de falar com Severo, Ginevra?"

"E a ruiva Weasley, ela precisa esquecer tudo isso. Arthur acaba com você se descobrir que sua única filha está saindo com um Malfoy, ainda um comensal."

"Eu deveria te fazer esquecer." falou após alguns segundos de silêncio. "Deveria te fazer esquecer esses últimos dias e ir embora, era o que eu deveria ter feito desde sempre, eu sabia."

"Eu aceito a morte de bom grado."

"Snape me disse para fazer isso. Falou que seria a melhor alternativa, me apagar de sua mente - as partes boas, claro." As palavras pareceram assustar a grifinória - ao menos algo a assusta, mesmo que não fosse o que deveria.

"Tire esse sorriso da cara, bruxo. Você sabe no que se meteu, não sabe? Ela sabe? Ela sabe o que é se envolver com a nossa raça?"

"Mas eu não consigo." admitiu, derrotado, não conseguindo afastar os olhos daqueles castanhos, que pareciam quase aliviados com suas últimas palavras. Tinha que reconhecer que a grifinória era realmente corajosa, praticamente se jogando nos seus braços no segundo seguinte, afundando o rosto na camisa empapada de chuva. "Merda, eu não consigo." Ele mesmo se deixou se perder naqueles cabelos cor de fogo por alguns segundos, não se importando com o fato de que qualquer um poderia entrar, qualquer um poderia vê-los assim - que se foda, que vissem. "Por que você tem esse efeito em mim, sua bruxa?" Se controlou para não voltar a beija-la, aquela maldita boca novamente tão perto, tão desejável - inferno. "Eu vou te perguntar mais uma vez." A bruxa sacudiu a cabeça como se soubesse qual a pergunta que viria - provavelmente sabia - e ela mesmo iniciou um beijo. "Não, me escut-" Aqueles lábios podiam ser menos tentadores, sua vida seria muito mais fácil. "Ginevra, é sério. Olha pra mim." Foi tortuoso se afastar. "Olha pra mim, Gin. Você sabe no que está se metendo?"

"Eu sei." a ruiva respondeu num tom bravo.

"Não sabe, não." ele a contrariou, não se importando com o olhar aborrecido que seguiu. "Eu mesmo não sei no que estou me metendo, mas queria estar muito, mas muito longe de tudo isso. E você tem essa chance, você tem a chance de ir embora." Iria falar aquelas palavras mais uma vez, apenas mais uma vez. "Vai embora, Ginevra."

"Não." A resposta não foi uma surpresa.

"Teimosa pra caralho." Draco soltou os braços que segurava, indo para a porta: ninguém a vista até aquele momento. "A sala precisa está sendo usada por Potter esse ano?" Quase riu quando viu a cara de confusão da grifinória. "Não me olhe como se não soubesse."

"Não fale comigo como se estivesse irritado com minha escolha."

"Ah, mas eu estou irritado, Ginevra." disse, voltando para o lado da ruiva, a olhando de cima. "Eu estou bem irritado com as suas escolhas estúpidas, com a sua falta de autopreservação, com a sua maldita tenacidade."

"A sala não está sendo usada as quartas e sextas." Era irritante a resposta da jovem vir acompanhada por um sorriso vitorioso. Tenacidade, claro.

"Toda quarta-feira após a janta vamos para lá. Eu, você, e se puderem Zabini e Creevey - é sempre bom ter mais ajuda. Eu vou te ensinar Oclumência - do jeito que conseguir -, e vou ver o que você sabe para se defender." o sonserino começou a falar, a voz saindo autoritária. "E Ginevra, você vai ter que aprender. Não tem opção, ok? Não tem opção se você quiser continuar com isso."

"Ok."

"Se você não quiser continuar, eu peço para Snape apagar tudo." A última vez. Jurava que era a última vez que a faria tentar mudar de ideia. "Eu me viro, eu vou viver, então não tenha medo de-"

"Não!" O abraço que seguiu o fez parar de considerar a desistência da grifinória. Iria dar certo, tinha que dar certo. "Eu aprendo o que precisar, eu faço o que precisar." Ela o olhava com uma intensidade assustadora - os dois, precisava dar certo. "Mas não tire o Draco que conheci das minhas memórias. Nunca."


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