Entre o amor e a guerra escrita por Ania Lupin


Capítulo 17
Testrálios




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Segunda, 16 de outubro.

Ainda chovia quando Ginevra levantou-se da cama naquela manhã. Ah, já era segunda feira, ela tinha uma semana inteira pela frente, encontrava-se extremamente confusa em relação aos seus sentimentos e para completar tudo isso sentia sua garganta começar a doer.

Não é para menos, com o frio e chuva de sábado.

Adoraria ter permanecido na cama durante o dia inteiro? Sim. Pegar uma gripe justo no começo da semana era horrível? Era. Havia valido a pena todos os segundos de chuva e frio do final de semana? Definitivamente.

Trocou-se sem dar muita importância para a roupa que colocava, jogou sua capa por cima de tudo - aparentemente maior e mais quente do que se lembrava - e fechou a porta. Saiu em direção ao Salão Principal, naquele dia sem a companhia das colegas de quarto, que deveriam já estar tomando café quando Ginevra acordara. Foi automático pisar no salão e virar a cabeça para a mesa sonserina, procurando o único bruxo que tinha a cor de cabelo que ela agora tanto gostava de ver. Novamente o coração acelerado, novamente as mãos inquietas, e um sorriso àquela hora da manhã - que ela tentava manter pequeno - ao encontrar o dono dos fios platinados com uma xícara na mão, lendo o que parecia ser o Profeta Diário.

"Ei, Gina!" Foi a voz conhecida que a fez voltar sua atenção para a mesa de sua casa. "Senta aqui! Faz tanto tempo que eu não falo com você!"

Deixou-se enfim sorrir, indo preguiçosamente em direção à filha de trouxas, sentando-se ao seu lado enquanto se servia de chocolate quente - aquela era a melhor parte do frio, sem sombra de dúvida.

"Andei meio ocupada esses dias, Mione." respondeu, tomando um gole de sua bebida. "Não me olhe assim, eu não tomei mais detenções!" explicou-se ao ver o olhar reprovador que ganhava. Depois de quarta, completava mentalmente. "Você está bem?"

"Melhor do que semana passada." A morena deu um sorrisinho. "Você que não está com a melhor das caras hoje." emendou, servindo-se de café após deixar o jornal que lia abandonado no canto do banco. "Aconteceu alguma coisa?"

"Não, não, eu estou bem!" A voz saiu mais entusiasmada do que o planejado, contrastando com o rosto cansado e o espirro que seguiu. "Mas eu tomei mais chuva do que deveria sábado," confessou - não que ela tivesse se importado com alguma gota após achar o sonserino. "Acho que estou ficando resfriada." Viu a amiga remexer dentro dos bolsos de sua capa e tirar um pequeno frasco com um líquido azul-escuro. "O que é isso?"

"Tome depois do café, vai te ajudar com qualquer coisa que esteja pra sair."

"Depois do café ou depois do café vulgo líquido preto que eu detesto?" ela não esperou a resposta para guardar o frasco em um de seus bolsos.

"Segunda opção Gin, a cafeína amortiza o gosto disso. Spoiler: não é dos melhores." Mais um gole de chocolate quente, e mais um gole de café - Ginevra tentando fazer seus olhos se manterem nas redondezas dali, e não vagarem pela mesa das cobras. "Gina, posso fazer uma pergunta?"

"Quantas quiser." ela respondeu, engolindo mais uma garfada de ovos mexidos.

"De quem é essa capa?"

E foi naquele momento que a ruiva percebeu o que havia de errado com seu visual naquela manhã. A capa era muito maior do que ela - nem percebeu que estava colocando as mangas pra cima a todo o instante - e quando olhou para baixo, quase engasgou ao ver o emblema que definitivamente não era um leão. Procurou inconscientemente os olhos cinzas na mesa da Sonserina, como se os achando fosse conseguir alguma ajuda para montar sua desculpa.

"Minha?" tentou, os olhos voltando para a amiga, o garfo passando nervosamente pelos pedaços de ovos e pão em seu prato. Depois de ontem, depois de todas as vezes que aquela capa acabara com ela, era mesmo praticamente da grifinória.

"Gina, eu sei que não é problema meu," Ela sabia o que viria a seguir. "Mas você está usando uma capa sonserina." E conhecendo a amiga, também o que seguiria aquilo. "E eu sei que você saiu com um corvinal." E depois daquilo, também. "E você não para de olhar para a mesa do dono dessa capa, Gin."

Será que mais alguém percebera aquele deslize? Quantas pessoas havia encontrado em sua caminhada até ali? Como que ela escondia aquele símbolo sonserino? E por que ela estava procurando desesperadamente outra vez o par de olhos cinzas na mesa rival?

"Eu não posso te falar quem é, Mi." Respirou fundo, voltando a focar no seu café da manhã. Então Hermione, eu estou dando uns amassos no Malfoy. Draco Malfoy, sabe? "Não é como se estivéssemos sérios," Aquele que te chama de sangue-ruim e que até onde eu tinha conhecimento, desprezava toda a minha família, se é que ainda não despreza. "Eu nem faço ideia de como estamos, pra ser bem sincera com você." Meu Merlin, eu estou beijando Draco Malfoy. Eu estou beijando Draco Malfoy.

"Você gosta dele?" Só naquele momento estava percebendo o quão absurdo aquilo era. Como eles estavam fazendo aquilo?

"Eu não sei." Muito. "Talvez?" Demais. "O bruxo não é a pessoa mais agradável, mas comigo é diferente." dizia, mais para si mesma do que para a outra bruxa. "Ele me ajudou," A fugir de um psicopata que pelo que eu entendi está atrás de mim. "Com algumas coisas." E depois me beijou bem o suficiente para calar a minha boca. "E o sonserino realmente sabe o que está fazendo." Ele poderia calar minha boca todos os dias, ele poderia ter o sobrenome que quisesse desde que me fizesse ficar quieta todos os dias.

"Então é verdade o que dizem desses garotos?" A pergunta deixou a ruiva surpresa: talvez se a grifinória soubesse a real identidade do sonserino, aquilo não estaria sendo levado com aquela calma.

"O que dizem não faz jus nem a metade." acabou confessando, lembrando da tarde de ontem. Serviu-se de mais chocolate quente enquanto Hermione continuava com seus questionamentos.

"Harry não tem mais chances?" Deu um olhar curioso a amiga. "É só uma pergunta, Gin."

"Harry nunca me viu como uma garota, Mione. Já estava na hora de eu arranjar alguém que visse, não?"

"Tem certeza?"

"Certeza do que?" Virou-se para a amiga, pronta para ela mesma começar uma rodada de perguntas quando teve um cachecol posto em seu pescoço, Hermione o arrumando de um jeito que cobria o emblema que precisava esconder. "Ronald está vindo, Gin. Qualquer coisa, você está gripada e eu te emprestei meu cachecol, ok?"

"Ok." Sorriu para a amiga, ela mesma terminando de arrumar o acessório de lã. "Obrigada."

Mas a pergunta da outra bruxa ficara na sua cabeça. Harry nunca a vira como uma garota, ela sabia daquilo, ela passara anos se esforçando, e nada.

Tem certeza?

...

Observar aqueles fios vermelhos era bom. Observar eles passarem por ele, enquanto a bruxa lhe dava um olhar tímido e sumia pelos corredores com aquela lufana estranha era bom o suficiente para Draco Malfoy se acostumar. O sonserino encostou na parede e respirou fundo, deixando-se sorrir por um momento ao escutar a voz da ruiva falando alguma coisa para Lovegood, e por um momento tudo estava bom. Momentos como aquele eram tão raros.

Momentos como aquele não andavam durando muito em sua vida, ultimamente.

"Por que a ruiva está desfilando com a sua capa, Malfoy?"

"Porque eu dei pra ela no sábado," o loiro respondeu, abrindo os olhos e desencostando-se da parede. "E porque ninguém vai saber que é minha capa." terminou de explicar, pegando a mochila do chão - onze horas, apenas DCAT agora antes daquele dia oficialmente acabar.

"Eu vou saber, Colin vai saber, Flint vai imaginar, e todos vão ver o emblema sonserino bordado nela." Ele só precisava aguentar a aula de seu padrinho, que o olhava de um jeito estranho desde o começo daquele ano. Só teria que aguentar aquela aula, e aquele professor - com certeza passaria por aquilo sem nenhum estresse, e poderia se afundar nos livros durante toda a tarde. "Por que você deu sua capa pra ela?" Então por que Blaise não estava colaborando para seu dia terminar sem uma enxaqueca?

"Porque ela estava com frio, Zabini." respondeu o óbvio, e por um momento, pensou ter escapado de mais perguntas.

"Ok, qual é o plano, Malfoy?" Já considerava entrar na sala quando o amigo voltou a falar. "Cara, você precisa ter um plano. Você está saindo com uma Weasley—"

"Eu não estou saindo com uma Weasley." Draco virou-se na mesma hora, baixando o tom ao falar aquele sobrenome. Ele estava saindo com uma Weasley - era tão absurdo escutar aquilo. "Eu não estou saindo com ninguém-"

"Você está saindo com uma Weasley." Sim, ele estava saindo com uma Weasley, Ginevra Weasley - se é que ele poderia chamar aqueles dois beijos de sair. "Você gosta dela?" O sorriso irônico voltou para seus lábios ao ouvir a pergunta, uma quase risada seguindo. O bruxo poderia estar saindo com aquela garota, mas gostar? A palavra já era forte demais! Era bom ficar ao lado dela, era bom beija-la, era bom sentir aquelas mãos em sua pele - ele gostava daquilo.

"Eu quero ela, Zabini." explicou, revirando os olhos. "Eu não estou apaixonado-"

"Não está?" O amigo o cortou, a voz soando irritada, a cara não muito diferente. "Então você está pensando só com o seu pau, ok. Por que você não transa logo com ela e acaba com isso?"

Ele abriu a boca para responder, mas parou antes de falar qualquer coisa. Porque ele não queria transar com ela numa ruela. Ou no meio de uma estufa. Ou em qualquer outro lugar que pudesse a fazer se sentir como qualquer outra, porque a bruxa não merecia sentir-se como qualquer uma.

"Porque você está apaixonado."

Porque Ginevra Wealsey era especial, e ele não queria que ela fosse a transa do mês. Ou qualquer coisa assim. Porque ele lembrava de cada beijo, cada toque, lembrava do cheiro e daquela voz que combinava tanto com a bruxa e deixava seu coração batendo mais forte do que no meio de um jogo de quadribol. Porque ele estava apaixonado. O sonserino só não estava pronto para admitir aquilo ainda.

"Malfoys-"

"É, é, Malfoy não se apaixonam." Blaise o interrompeu outra vez, seus olhos se estreitando ao continuar com a próxima pergunta. "Sem problema algum então pra você compartilhar a menina com Flint, certo?"

Por que era tão automático ele lembrar da trouxa ruiva?

'Eu só quero ir pra casa.'

"Isso é completamente diferente!" Praticamente foi pra cima de Zabini enquanto quase gritava aquelas palavras, atraindo os olhares curiosos de dois grifinórios conhecidos. Os dois sonserinos se calaram e esperaram Potter e Weasley entrarem na sala de DCAT antes de Blaise continuar, falando muito mais baixo do que antes.

"Olha, eu fico feliz, mesmo, em saber que meu amigo não é um puto de um psicopata - como eu imaginava que fosse há um tempo atrás -, mas você nunca se importou, Draco. Com nenhuma menina." O sonserino falava sério, não deixando espaço para ser interrompido. "Eu sei que você gosta dela. Eu duvido que isso vá passar com uma fodida. Você está estranho pra cacete desde o começo do ano letivo. Me deixa te ajudar."

Ajudar. Draco queria rir ao ouvir aquela palavra - como se Blaise pudesse ajudar de algum jeito! Ele não fazia ideia, não fazia a menor ideia do problema que o sonserino estava metido. Ninguém sabia.

"Cara, eu sou seu amigo."

E seria tão bom ter alguém para dividir aquela maldita obrigação. Alguém para conversar, alguém tentando - inutilmente - ajuda-lo.

"Você pode confiar em mim."

Olhou ao redor e não pensou duas vezes antes de puxar o loiro para dentro de uma sala ao ver o corredor vazio - se pensasse uma segunda vez com certeza teria entrado na aula de Snape. Fechou a porta enquanto levantava a manga esquerda da capa, sua mão abrindo o botão do pulso da camisa. Se tivesse pensado mais um segundo, teria saído dali. Se tivesse considerado o que estava fazendo e todos os jeitos que o amigo poderia responder ao ver aquela marca, não teria arregaçado tão rápido a manga branca, expondo o símbolo que desprezava olhar desde o final de agosto.

"É isso!" A voz saiu com certo ódio, Draco tentando ver qualquer sinal na cara do outro sonserino que indicasse que mostrar aquela caveira com uma cobra tivesse sido má ideia. "É isso que está acontecendo, Zabini."

E o amigo olhou uma, duas vezes para a marca que o reconhecia como comensal, e quando abriu a boca para falar, não conseguiu vocalizar uma palavra.

"Você ainda quer me ajudar?" o sonserino perguntou, já começando a esconder novamente o antebraço. "Você ainda acha que pode me ajudar?"

...

Naquela noite, a enxaqueca que ameaçava vir desde o começo da semana passada enfim se fez presente. A cabeça do sonserino parecia dez vezes mais pesada do que o normal, e quanto mais tentava fazer a maldita dor parar, mais ela aumentava.

Eram quase dez horas horas quando ele tomou a decisão de levantar-se da cama - estava quase certo de que sua cabeça iria explodir se continuasse deitado naquele quarto. Colocou uma capa grossa por cima do pijama cinza e saiu do quarto, agradecendo ao pisar num salão comunal surpreendentemente vazio. Mas quando sentou-se no chão de pedra, e encostou a cabeça na parede fria, viu que sua mente continuaria acelerada e a dor continuaria independentemente do lugar em que estivesse.

"Eu não tive escolha."

Fechou os olhos e o final de sua manhã começou a passar outra vez em sua cabeça.

"Eu nunca tive escolha."

A dor começou naquela tarde, a sensibilidade para a luz aumentando a cada hora passada. No jantar, o loiro mal conseguia enxergar os alimentos - não que tivesse alguma fome com sua testa latejando daquela forma. Só o cheiro da comida já era nauseante. Sua marca era nauseante. E Blaise continuava ao seu lado.

"Flint também a tem. Ele a exibe com orgulho, enche a boca para falar da honra que é ser escolhido para entrar nesse círculo."

Zabini escutou quieto enquanto Draco contava com detalhes a história de suas férias de verão, não sem antes sua paranoia fazê-lo preparar aquela sala com um feitiço anti-ruído - paranoia e feitiços, praticamente o resumo de seus dois meses longe daquela escola.

"Teve uma festa de iniciação. Acho que foi a pior coisa que presenciei na vida."

Não precisava nem mesmo se esforçar para voltar para aquela noite, aquela sala, aquele cheiro de sangue.

"O que aconteceu nessa festa?"

Ele nunca conseguiria esquecer a cara daquela ruiva quando cessaram o Imperius. Ele nunca conseguiria parar de escutar seus pedidos desesperados.

"Testrálios não são os animais mais agradáveis de se ver, Zabini."

"Draco?" Abriu os olhos e a primeira coisa que viu foram os fios vermelhos. Quando que ele começou a gostar tanto daquela cor de cabelo? "Antes que você fale qualquer coisa, Colin e Blaise estão lá fora." Ginevra mencionou enquanto sentava-se ao lado do bruxo. Ainda era difícil manter o foco nas imagens borradas com toda aquela dor, mas a capa que a ruiva usava era reconhecível mesmo com sua enorme enxaqueca.

"Você daria uma ótima sonserina." Não conseguiu evitar o comentário, assim como não conseguiu afastar a mão gelada que era posta em seu rosto - pelo contrário, sua própria mão a levou para seus olhos fechados, aquele gelo funcionando como um quase analgésico. Escutou uma risada leve e ele mesmo sorriu. "O que foi?"

"Você! Normalmente você me mandaria cair fora, ou começaria a me ofender se eu abrisse minha boca para dizer alguma coisa. Quero dizer," Quase reclamou quando a mão fria foi embora, seus olhos voltando a abrir dolorosamente, encontrando um par de castanho cheios de vida. "Você nunca fez isso comigo, mas porque nunca teve a chance."

"Você acha que eu te ofenderia depois da azaração do ano passado?" respondeu, aliviado pelas memórias que estavam substituindo aquelas últimas.

"Você lembra?" Draco fez que sim, as mãos voltando para as têmporas, os olhos novamente fechando. "Sua cara está péssima."

"Quando você está com uma enorme enxaqueca, sua cara não costuma ser das melhores, bruxa." A ruiva não parecia se importar com o apelido. "Eu tenho crises vez ou outra." Os olhos abriram outra vez quando sentiu o calor da grifinória ir embora, e achou a mesma de pé, procurando algo nos bolsos de sua capa. Era quase engraçado como a garota parecia pequena naquela veste tão maior do que ela - a bruxa não parecia tão menor, nunca percebera o quão pequena ela era perto dele. "O que é isso?" perguntou quando um pequeno frasco com um líquido azul lhe foi entregue.

"É horrível, mas vai ajudar." Gina respondeu, insistindo ao ver a hesitação do bruxo. "Pode confiar, sonserino."

Abriu o frasco e tomou o líquido em um gole quando sentiu a nova e mais forte pontada - afinal, o quanto aquilo poderia piorar sua vida?

"Meu Merlin," A pontada diminuiu no mesmo segundo que sua boca secou completamente. "É a coisa mais amarga que já tomei." Foi uma surpresa olhar para a bruxa e finalmente conseguir enxerga-la direito, a dor diminuindo consideravelmente. "Como você conseguiu isso?"

"Tenho meus meios." A frase veio acompanhada de um sorriso que ele classificou como praticamente vindo da casa das cobras. "Fez efeito?"

"Eu poderia te beijar por isso, bruxa!" falou, a puxando novamente para seu lado.

"Você deveria me beijar por isso." E foi o suficiente para Draco esquecer novamente de tudo e ir para cima dela - literalmente. No segundo seguinte Ginevra estava deitada no chão, com o sonserino a cobrindo com o corpo e com os lábios. "Oh Merlin, é realmente amargo!" a grifinória disse quando as línguas se tocaram, mas não houveram mais reclamações quando o jovem aprofundou o beijo.

Draco havia beijado um número considerável de bruxas naqueles seus dezesseis anos - ele havia feito até mais do que somente trocado beijos -, mas nunca com nenhuma as coisas haviam sido tão naturais. Pansy não era nada natural - ao contrário, sempre que os dois estavam juntos, seus atos pareciam uma eterna performance. As falas medidas, o toque errado, a risada artificial. Será que alguma vez aquela grifinória medira suas palavras na frente dele? Ginevra era tão genuína. Era espontâneo beijar aquela ruiva, era tão natural o jeito que suas mãos se perdiam naqueles cabelos compridos, a maneira que ela o tocava em todos os lugares certos. Merlin, aquela bruxa tinha ideia do que fazia com ele, dos efeitos que causava?

De repente era ela quem estava por cima, e diferente dele antes, a garota se apoiava totalmente no corpo abaixo do dela. O sonserino conseguia sentir o coração da ruiva estourando no peito - tão igual ao dele. Foi quando seus olhos encontraram aqueles castanhos que ele teve sua certeza. Se ele quisesse somente aquele corpo, como já quis tantos outros, um par de olhos não teria tal efeito. Se ele quisesse somente arrancar a roupa da jovem que permanecia perigosamente em cima dele, olha-la nos olhos e ver tamanha reciprocidade de sentimentos não seria tão bom, mas sim assustador, como já fora em outras ocasiões.

"Não faz isso," pediu com uma voz rouca quando sentiu os lábios da grifinória outra vez em seu pescoço, mas suas mãos a puxando para mais perto encorajavam o contrário. "Você me mata desse jeito." Seu coração quase parou quando sentiu uma mordida. "Bruxa."

Draco voltou a colocar a garota no chão, e estava prestes a retribuir o gesto quando os dois escutaram uma batida na porta.

"Cinco minutos Gin!" Ouviu a voz abafada de Creevey do lado de fora do cômodo. "Preciso dormir ainda hoje!"

"Colin e Blaise realmente estão lá fora?" O loiro perguntou, olhando a grifinória com certa surpresa. "Obrigado por não ser tão louca quanto estava achando que fosse." agradeceu, começando a se levantar quando um par de mãos o puxaram de volta para baixo.

"Nós ainda temos cinco minutos." Aquele sorriso.

"Bruxa, você com certeza parou na casa errada." Aquele sorriso torto era definitivamente sonserino.

...

"Colin, eu disse-" Blaise estava tentando falar já há minutos. "Eu disse que precisava-" Mas era difícil falar qualquer coisa com a empolgação daquele grifinório justo naquela noite. "Que precisava conversar-"

"O que é mais importante do que dar uns amassos no seu namorado?" Colin desistiu do beijo, se afastando, e só então vendo o rosto preocupado do outro bruxo. "Você tem algo pra me contar." Zabini respirou fundo - era incrível como olhares estavam bastando para se entenderem ultimamente. "E não é bom, é?"

"Não é bom." afirmou, olhando ao redor antes de colocar a mão no bolso direito.

"Merda."

"Você vai precisar prometer-"

"Que não vou falar isso pra ninguém, eu prometo." A voz do grifinório saía quase irritada, apressando o loiro a desabafar logo o que precisava. "Agora falei logo porque eu ainda posso ter estes cinco preciosos minutos." Só que diferente daqueles segredos contados na cozinha naquela manhã, este não era tão fácil de ser revelado - e o moreno já havia percebido a seriedade. "O quão ruim isso é, Blai?"

"Colin, não fale alto." pediu, finamente tirando um pedaço de papel de seu bolso. "Você não pode falar isso alto. Eu vou te mostrar uma coisa e eu vou pulverizar essa coisa, e você não pode falar isso pra ninguém."

"Você está me assustando." Foram as últimas palavras do bruxo antes de ler o que estava escrito naquele pedaço de pergaminho.

Draco é um comensal e precisa matar Alvo Dumbledore. E eu preciso ajuda-lo.

Os olhos azuis encontraram os castanhos incrédulos.

"O que?"


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