Nas Profundezas do Lago - Dramione - 2ª Temporada escrita por Lizzie Oliver


Capítulo 4
A marca negra


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capitulo e Boa leitura a todos S2



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Capitulo 04 

Segunda-feira chegou rapidamente depois de um longo e emocionante final de semana. Enquanto Mia colocava livros e mais algumas roupas dentro de uma pequena mochila, suspirou desanimada de ter que voltar para a escola. Esse tipo de sentimento até para ela, estava sendo uma novidade, pois em relação à escola, ela tinha muito de Hermione. Desde o julgamento que havia sido há três meses, ela queria passar o tempo que fosse possível em casa. Tinha ficado mais apegada aos pais como nunca esteve em toda a sua vida. Na verdade, era justificável tal sentimento, já que no ano anterior, passou por grandes descobertas e angustias. E agora que tudo estava, relativamente, em paz, ela queria apenas aproveitar cada momento em casa ao lado de seus pais.

Com isso, não pôde deixar de soltar uma risada pelo nariz ao se lembrar da guerra de travesseiros que fizeram na sala depois do jantar. Tudo começou quando Hermione tinha aparecido na sala com uma cara nem um pouco feliz por ter cedido as súplicas de Mia para ficar mais um dia com eles. Ela já estava achando que não iria vencer aquela batalha, até que Draco apareceu e argumentou em favor da filha, claro. Apenas restou para Hermione escrever uma carta para Minerva avisando que Mia não voltaria para a escola junto com os outros, mas prometeu que a deixaria antes do almoço no dia seguinte. Ela nem tinha pisado na sala direito e já foi atingida com um travesseiro vindo tanto da filha, quanto do marido. Depois da surpresa revidou e assim iniciou uma intensa batalha de travesseiros que durou até altas horas da madrugada. Quando o cansaço finalmente veio para os três, dormiram tranquilamente, acordando apenas quando o céu cinza iluminava a sala. 

De mochila pronta, banho tomado e de uniforme, Mia foi direto em direção ao quarto dos pais para avisá-los que estava tudo pronto para voltar a Hogwarts. Apareceu na porta do quarto e a primeira coisa que reparou foi na mala de viagem que estava em cima da cama e em sua mãe conferindo alguma coisa num pergaminho que tinha em mãos. Hermione parecia tão concentrada que nem percebeu que a filha tinha entrado no quarto.

— Tudo pronto para a viagem? – Perguntou se aproximando da cama.

— Está quase... – encarou a filha sorrindo, colocando os últimos itens que julgava necessário na mala de viagem de acordo com a lista que fizera.

O destino escolhido foi Verona, na Itália. Além de ser uma cidade histórica, que atrai milhares de turistas por ano, principalmente pelo famoso amor proibido entre Romeu e Julieta, Itália foi o lugar que mais se encaixou no cronograma e no tempo disponível que ambos tinham, já que Hermione precisava voltar logo ao trabalho no Ministério e Draco ainda precisava colocar a vida em ordem. Assim como os preparativos do casamento, a viagem também foi programada nos mínimos detalhes.

— Mãe, acho que nem precisa de tudo isso! – Mesmo que ela achasse exagero, ela sabia que em se tratar de sua mãe, precaução era o seu segundo nome.

— Nunca se sabe, filha... Tanta coisa por acontecer! – Disse conferindo a lista. – Pronto acho que já coloquei tudo que podemos precisar.

— Se não fosse minha mãe, eu diria que tudo isso é um exagero. – deu uma leve risada.

— Por acaso está me chamando de exagerada? – Perguntou Hermione se fingindo descrente.

— Só um pouquinho! – Disse Mia segurando o riso.

Hermione colocou a mão no peito fazendo uma expressão de espanto.

— Agora a senhorita vai ver o exagero! – correu atrás da filha pelo quarto e, quando a alcançou, encheu de cocegas, fazendo Mia rir até perder o ar.

— Vou sentir saudades! – alegou tentando recuperar o fôlego. Não queria que sua mãe achasse que ela estava sendo egoísta, mas ela queria ficar mais tempo em casa. - Queria aproveitar mais com vocês – disse lhe dando um leve sorriso.

— Eu sei, meu amor! Nós também queríamos, mas a senhorita precisa voltar às aulas – disse também recuperando o fôlego de tanto rir – E voltaremos no domingo à noite morrendo de saudades de você. – Hermione tinha percebido que desde o julgamento, Mia tinha ficado mais apegada a eles. – Aliás, queria saber o que a senhorita gostaria que trouxéssemos de presente. – Sentou na cama e puxou a filha para que ela se sentasse ao seu lado.

— Essa é uma pergunta difícil! – riu – Não sei... – Deu de ombros.

— Pois então pense até irmos, se não o seu pai vai trazer tudo que ele julgar que mereça e não será pouca coisa. – Brincou. Mia riu mais ainda.

Hermione brincava com esse jeito de Draco de mimar sua filha, mas ela também não podia negar o quanto amava ver os olhos dele brilhando cada vez que interagia com a mesma ou, simplesmente, quando o nome dela era mencionado por alguém. Mia sempre foi o mundo de Hermione, então, ver o quando Draco a amava e mimava, fazia o seu coração se derreter por ele a cada dia. Muito mais do que antes. Porque a cada dia que passava ele se mostrava uma pessoa tão diferente do que ele sempre demostrou ser, que a impressionava. Ela sabia que podia estar sendo difícil para ele se adaptar as coisas novas que surgiram em sua vida de forma tão repentina, mas ela conseguia enxergar cada esforço que ele fazia para se tornar mais acessível e afetuoso. Uma briga ou outra era inevitável de acontecer, mas em nenhuma das vezes eles terminavam o dia sem fazer as pazes.

— Mãe... Posso te fazer uma pergunta? – Pediu de forma receosa, mas desde a festa ela não conseguia deixar de pensar no que o seu pai poderia sentir em relação a Lucius.

— Claro, linda! O que foi? – Seu olhar era preocupado.

Mia olhou para o corredor para ver se não corria o risco de seu pai aparecer.

— O que o papai sente em relação ao vovô? Eu sei que ele sente muita falta da vovó Narcisa, mas ele nunca fala do vovô.

— Sabe... Durante a festa, enquanto dançávamos eu reparei que ele estava incomodado com algo. Foi ai que ele comentou que no fundo, ele queria que Lucius e Narcisa estivessem com a gente. Draco pode não demostrar de forma tão aberta, mas ele sente muita falta de Lucius também.

— Espero que o papai um dia se perdoe.

— Eu também espero, meu amor! Por isso, ele precisa da gente mais do que nunca. Inclusive até pensei em conversar com ele de irmos ao St Mungus para começar um acompanhamento com o psicólogo, talvez possa ajudá-lo.

— Acho que pode ser uma boa ideia, mas será que ele vai aceitar?

— Não sei, mas precisamos tentar. Há muitas lacunas na vida dele que precisam ser reparadas.

— Posso tentar falar com ele também.

— Acho uma ótima ideia. – sorriu – Vai ser muito importante, filha! – beijou o topo da cabeça de Mia.

— Falando nele, onde ele está?

— Deve estar no escritório... Aliás, ele vai se atrasar para te levarmos a Hogwarts.

— Vou clamá-lo – Disse levantando da cama e indo em direção à porta.

— Hey, mocinha! – chamou Hermione fazendo Mia parar quase chegando ao corredor. – Você nem me disse como estou.

Mia teve que rir.

— Está linda, mãe!

Hermione lhe lançou um beijo e Mia saiu do quarto definitivamente.   

Seguiu pelo pequeno corredor, dando de frente com a primeira porta a esquerda. Como não sabia se o pai estava muito ocupado, resolveu bater levemente na porta.

— Pai! Posso entrar? – Perguntou. Nenhuma resposta – Pai? – o chamou abrindo a porta.

— Ah! – disse Draco voltando à realidade – Oi, Princesa, está tudo bem? – perguntou virando para ela.

— Está sim! – respondeu. Mia reparou que ele tinha um pergaminho na mão e um olhar preocupado – a mamãe pediu para eu te chamar para se arrumar, já está quase na hora de irmos... O que é isso? – se referiu ao pergaminho.

— Nada de importante, linda! Não se preocupe! – levantou e foi em direção a ela para lhe dar um beijo na testa antes de sair do escritório. – Logo sairemos.

Os olhos cinza de Mia o avistaram sair e se perder pelo corredor até entrar no quarto dele e fechar a porta. Aquelas palavras vinda de seu pai não a convenceram nem um pouco, por isso decidiu ir até a porta do quarto se posicionando silenciosamente do lado de fora para tentar ouvir o que ele iria dizer a sua mãe. Ela tinha consciência que não era certo ouvir conversas alheias, mas uma coisa quase impossível de se fazer, ainda mais quando se tratava de sua extrema curiosidade.

Uma coisa que ela percebeu ao longo do tempo, principalmente quando tentava encontrar pistas que poderia ajudar o seu pai, era que nada deveria passar despercebido, nada deveria ser ignorado, porque qualquer coisa poderia virar ao seu favor.

— Hermione, eu preciso que você veja isso! – A voz dele era um pouco baixa, mas era possível de se ouvir do outro lado.   

— O que é isso? – perguntou Hermione. Mia percebeu a sua voz intrigada.

— Carta da Aurora... Chegou agora.

Hermione foi até Draco e pegou o pergaminho para ler...

 “Olá, querido! Como vai?

Peço desculpa por estar mandando esta carta tão de repente, mas achei importante avisá-lo. No sábado, quando estava chegando perto da minha casa, vi alguém sair da mansão. Parecia um homem, não consegui ver direito. Como achei estranho, até tentei ir atrás dele, mas não consegui alcançá-lo. Não sei se ele percebeu que o vi, mas caso ele volte, ficarei de olho. Não queria lhe trazer essa preocupação, pois está prestes a viajar, mas preferi que soubesse.

Cordialmente,

Aurora Foster”

Meu Merlin, amor! – disse Hermione colocando uma das mãos em frente à boca. – Acha que quem invadiu a sua casa estava atrás de algo?

Mia ainda na porta arregalou os olhos ao escutar o que a sua mãe dizia.

— O pior é que desde o meu julgamento, a minha casa não tem mais a proteção do Ministério, então qualquer um pode entrar lá – Draco lamentou.

— Draco... Eu entendo que ainda sinta receio de voltar para lá, eu mesma tinha lhe prometido isso, mas com o aviso da Aurora, as coisas mudam. Alguém invadiu a sua casa e sabe Merlin em que intensão fariam algo assim.

Ao escutar o que sua mãe tinha dito, Mia saiu correndo indo em direção ao seu quarto. Decidiu escrever um bilhete para Lily e Rose para se encontrarem com ela quando chegasse em Hogwarts. Não queria criar muita expectativa, mas ela estava sentindo a necessidade de dividir o que ouviu com alguém e não podia ter pessoas melhores para isso, do que suas primas.

“Preciso falar com vocês urgente na hora do almoço, é muito importante!”

Assim que terminou de escrever o bilhete, voltou a se posicionar em frente a porta para ver o que mais conseguia saber daquela história.

— Eu entendo e realmente concordo com você, amor, mas preferia que no momento não colocássemos isso na frente da nossa viagem. Se quiser e for possível, acho que seria de grande ajuda colocarem Aurores na frente da minha casa como precaução, principalmente esses dias que estaremos fora.

— Tudo bem... – disse se aproximando de Draco e lhe dando um beijo delicado e se afastando poucos centímetros.  – Se prefere assim, eu vou falar com o Harry... – Hermione ficou preocupada com o jeito calmo de Draco, ele não demostrava estar abalado com a invasão em sua casa. Apenas não ficou mais tensa do que já estava, pois já estava acostumada com o jeito orgulhoso de Mia, então ela sabia como lidar com aquele tipo de reação. – Eu já volto! – disse se afastando de Draco e saindo do quarto.

Depois que viu Hermione sair, suspirou passando a mão pelos cabelos. Por mais que ele estivesse preocupado, e surpreso ao mesmo tempo, ele torcia para que Harry pudesse fazer alguma coisa. Ele realmente precisava voltar para a mansão e não era de hoje, mas a verdade é que ele não tinha coragem, pois só de se lembrar daquele lugar, seus pelos se arrepiavam. Ele sempre ficou ciente do que Voldemort tinha feito em sua mente, pois ele mesmo tinha lhe dito.

Hermione não saia de seus pensamentos. Aliás, nem ele sabia dizer se ela havia saído em algum momento. Porém, as imagens dela sendo torturada por sua tia eram demais para ele. Ele queria ter feito algo, queria ajudá-la, mas ele sabia que não podia. Tinha momento, enquanto ouvia Hermione gritar e suplicar, tentava se afastar o máximo possível dali, mesmo quando suas pernas não queriam obedecer. Ele já tinha visto demais aquela altura para querer manter suas crenças. Nunca desejou tanto que o trio saísse de lá. Respirou aliviado quando assim fizeram com a ajuda de Dobby.

Junto de Voldemort e o restante dos Comensais, já estavam próximos a orla da floresta e Draco estava se sentindo mal pela possibilidade de ver Hermione, principalmente pela incerteza de como tudo aquilo acabaria. Seguiu o grupo em silencio, mas foi surpreendido por Voldemort:

— Tanto tempo sendo treinado, Draco, e ainda não sabe que nada fica escondido de mim? – sua voz era fria sem direcionar o olhar para Draco. 

Draco no primeiro momento não entendeu... Muito menos Lucius.

— Não faça essa cara de desentendido, Draco, eu posso saber em que está pensando – Sem esperar Voldemort aponta a varinha em direção a Draco com a intenção de alterar suas lembranças, mesmo que ele não tenha dito absolutamente nada. Draco apenas conseguiu fechar um pouco a sua mente, devido aos ensinamentos de Snape, mas naquele momento ele estava muito vulnerável. Quando Voldemort se afastou, Draco sentiu uma forte dor de cabeça, fazendo Lucius ir até ele para entender o que estava acontecendo.

— O que fez a ele? – perguntou Lucius preocupado. Naquele momento ele não estava nem ai se seria punido ou não, pois era o seu filho, sua única família, quem estava sofrendo.

— Dei uma lição que ele já estava merecendo a um bom tempo – respondeu sério – Não é de hoje que sei que vem pensando na maldita sangue-ruim de forma... diferente. Vamos... Não quero mais perder tempo com isso. Draco agora terá que aprender a conviver com as lembranças, que realmente faz parte da sua realidade.

E como conviveu... Todos os dias dentro daquela cela fria em Azkaban.

— Amor... – Chamou Hermione, entrando no quarto – Mandei um bilhete para o Harry contando... – Não terminou o que ia dizer ao reparar a expressão de Draco olhando a marca negra. – O que houve? Está com uma cara!

— Eu sei que posso parecer insensível e até mesmo negligente nesse caso da invasão, mas não é apenas por conta da nossa viagem que não quero voltar lá... – disse finalmente encarando Hermione nos olhos – Se lembra daquele dia em que foi ao hospital e me contou sobre Mia? Que ela tinha ido me visitar em Azkaban? – Hermione assentiu – Eu não te contei, mas é torturante a forma como me lembro do dia em que foi torturada em minha casa. Ela vem de forma tão intensa que me faz mal, porque eu sinto que tem algo errado. Toda vez que tento me lembrar com detalhes daquele dia, pelo menos para entender do porquê Voldemort preferiu deixa-la tão intensa na minha cabeça, eu sinto como se tivesse faltando algo, mas não sei o que é. Lembro-me vagamente dele me dizendo que eu teria que conviver com que realmente faz parte da minha realidade. Mas nos vendo aqui, juntos e casados, eu não consigo acreditar que eu era totalmente indiferente a você. – suspirou - Tenho medo de voltar em minha casa. – Draco suspirou fechando os olhos e sentindo o leve toque da palma da mão de Hermione em seu rosto.

— Do que se lembra, exatamente? – perguntou receosa. Por mais que no fundo não gostasse de pisar naquele campo, ela precisava entender, pois ela não conseguia suportar lembrar-se da frieza que ele se dirigia a ela, quando lhe pedia por socorro, mesmo que não dissesse uma palavra.

— Lembro-me de você caída no chão gritando, enquanto a minha tia me chamava para continuar a te torturar porque ela precisava interrogar Grampo. – Fechou os olhos por alguns instantes -  Eu te torturei? – sua voz era rouca e falha.

— Não – Hermione disse quase em sussurro. – Você não fez nada.

— Mas não é isso que parece. O pior de tudo é que eu não sei o que eu sentia de verdade, por isso é tão angustiante.

 - Por que não me contou isso? – perguntou Hermione de forma doce.

— Porque eu não queria te deixar preocupada, e eu queria tentar resolver sozinho.

— Quando você vai entender que não vai me deixar menos preocupada me escondendo as coisas, hein? E quando também vai entender que não precisa mais tentar resolver mais nada sozinho? Estamos juntos agora. Então o seu problema, também é meu. – Hermione encarou o chão, pensativa. – O que acha de quando voltarmos de viagem, antes de resolvermos essa questão da invasão, nós fôssemos ao St. Mungus?

Draco se afastou dela, ele não queria que ela pensasse qualquer coisa sobre ele.

— Eu não estou doente, Hermione, e nem preciso de um analista, se é isso que está pensando – retrucou, mas sem levantar a voz.

— Draco, escute! – Levantou e foi até ele. - Não estou insinuando que esteja doente ou coisa parecida, mas acredito que pode ser bom para você um acompanhamento, pois existem lacunas muito grandes dentro de você que precisam ser resolvidas. Você passou por traumas, ficou anos preso, tem todas as justificativas do mundo para precisar de ajuda. É pelo seu próprio bem que estou sugerindo isso. –suspirou -  Vem cá – o puxou para se sentar na cama. - Olha... Já estamos juntos tempo o suficiente para eu já saber que tem receios em se expor. – Draco teve vontade de rir. Não por gozação pelas palavras dela, mas por estar impressionado com o dom que ela tinha em observar, em saber o que ele estava realmente sentindo. Era por essas e outras que ele a amava e muito. – Você não está sendo menos ou mais forte em buscar ajuda. Todos nós somos passiveis de cometermos erros nessa vida, somos humanos. O mais importante do que qualquer erro cometido, são as escolhas que fazemos. Você escolheu fazer diferente e isso é o que realmente importa. Pensar no que já foi, ou poderia ser, é irrelevante, pois não faz mais parte da sua realidade.

— Não é fácil pensar assim quando se carrega uma marca dessas no braço, Hermione. Eu concordo com você quando diz que todos nós somos passíveis a cometer erros, mas ninguém se envolveu tanto naquela guerra como a minha família. Por maior que seja o erro que alguém tenha cometido, jamais será tão grande quanto o meu.

Hermione suspirou frustrada porque não conseguia encontrar argumentos que fossem fazê-lo entender que aquela marca não significava mais nada e ela odiava não encontrar as palavras que fossem mais poderosas do que aquela marca. Mas então uma luz surgiu em sua mente e pela primeira vez, se viu ter esperanças, mesmo que não precisasse mais o convencer com palavras.

— Conheci esse feitiço há pouco tempo enquanto estava analisando uns relatórios do Departamento de controle de Magia. – Com cuidado direcionou a varinha em direção a marca negra. - Vi no relatório que estavam investigando a procedência desse feitiço e me chamou bastante a atenção a descrição dele... Ele tem quase o mesmo efeito que o feitiço ilusório, mas é bem mais leve. Até poderia usá-lo, mas tenho medo que possa te trazer algum efeito colateral devido ao tipo de magia negra usadas nessas marcas. No começo fiquei preocupada se esse feitiço pudesse ser também relacionado a magia negra, mas depois descobri que não. – Draco olhava espantado para o braço vendo a sua marca sumir. - Ele dura por algumas horas, mas acredito que poderá te aliviar um pouco e me aliviar também... Porque eu não aguento mais te ver olhando essa maldita marca e lamentando tudo o que já foi um dia. – Hermione olhou Draco com os olhos marejados e viu que ele estava na mesma situação. - Eu tenho raiva dessa marca, porque ela não te deixa se enxergar como eu o enxergo. – respirou fundo – Estou dando a sugestão de irmos ao St Mungus, porque eu quero mais do que tudo que comece a se ver de forma diferente. Quero que veja o homem maravilhoso em que se transformou. Os meus votos não foram da boca para fora. Não estava mentindo quando disse que não precisava ser a pessoa mais perfeita do mundo, você só precisa estar em casa e é para lá que eu quero que vá, sempre, mas para isso eu preciso que você me deixe te ajudar a se perdoar.

Draco encarou o seu braço que estava tão idêntico ao outro, onde só era possível enxergar suas veias azuis. Não existia mais nada ali. Sorriu descrente e por tamanha felicidade que estava sentindo naquele momento. Ninguém tinha ideia do quanto aquilo era importante. Podia parecer bobagem para a sensação que corria pelo seu corpo e chegava ao coração, é que ele mais uma vez tinha nascido de novo, como acontecia tantas outras vezes. Não conseguia encontrar as palavras certas que pudessem transmitir o que se passava dentro dele, por isso, apenas olhou nos olhos de Hermione de uma forma tão profunda que ele sabia que ela entenderia o que pretendia dizer.

— Obri...

Foi interrompido sutilmente por Hermione.

— Não precisa agradecer, porque eu também estou sentindo a mesma coisa. – sorriu. – Mas, promete pra mim que vai pensar no que eu te falei?... É importante.

Draco suspirou pegando na mão de Hermione.

— Tudo bem! Eu prometo que irei pensar – Disse a beijando em seguida

— Mãe, pai, estão prontos? Está quase na hora – disse Mia entrando no quarto. – ops, desculpe! – sorriu sem graça.

— Tudo bem, Mia! – Disse Hermione a olhando sorrindo – Prometi para Minerva que voltaria antes do almoço. Então, melhor irmos.

— Queria mais acampamento na sala e guerra de travesseiros. – Disse saindo na frente em direção ao andar de baixo.

— Terá muitos outros. – Disse Hermione sorrindo ao lembrar-se da noite anterior. – Desde que a senhorita tão falte mais as aulas.

— Tudo bem, mãe! Mas tome cuidado para não ser pega de surpresa como ontem. – riu.

— Pode acreditar que não serei.

Mia e Draco se olharam sorrindo e não resistam em dar uma piscadela um para o outro em sinal de cumplicidade.

Conforme o combinado, Mia foi deixada em Hogwarts um pouco antes do almoço. Enquanto seus pais estavam com Minerva, foi direto para o seu dormitório para deixar suas coisas antes de descer para o salão principal. E lá estava ela, na porta de seu quarto, encontrando tudo muito calmo. Ela tinha a esperança que Lily e Rose estivessem ali, mas não encontrou ninguém. Bufou de insatisfação. Rapidamente deixou seus pertences em cima da cama e saiu para almoçar. Enquanto caminhava pelos corredores recebia olhares e cochichos, como sempre, principalmente vindo de Anne.

— E então, Mia? – Anne se direcionou para ela chamando a atenção de todos que estavam presentes no corredor. – Como está sendo para a Ministra da Magia receber um Comensal da morte em casa? – riu junto com o seu grupo de amigas. – Mamãe disse que o Ministério está decaindo cada vez mais, que ninguém lá dentro é confiável.  – Sua mente foi ao mesmo instante para a carta que Pansy tinha lhe mandado mais cedo, lhe dizendo que precisariam conversar a respeito de algo importante e que ela estava com muita raiva de todos que estavam envolvidos a favor de Draco. Anne não fazia ideia do que poderia ser, mas algo a preocupava. Conhecia muito bem o jeito de sua mãe e todas as questões mal resolvidas com Draco, mas ela podia sentir que naquele caso especifico, tinha algo de diferente.

 - Cala a boca, Anne! – Se aproximou da garota.

— Vai fazer o que? Me bater? Quebrar a escola inteira? Apenas porque estou dizendo a verdade? Você é ridícula! – A olhou de cima a baixo.

— Você sempre gosta de falar verdades, não é? – perguntou Mia seria. – Então escute bem o que eu vou dizer: Você e a sua mãe são as pessoas mais patéticas que já conheci. Sua mãe por sentir raiva do meu pai por ter ficado com a minha mãe no passado, no entanto foi a primeira a querer mandar ele para Azkaban... E você, por não aguentar a realidade de que meu pai nunca amou Pansy e agora tem que conviver com uma mulher frustradas e infeliz. – Mia olhou Annie de cima a baixo como a mesma tinha feito com ela antes de seguir o seu caminho. Logo que passou pelas portas do salão principal, já foi chamada por Lily e Rose.

— Oi, Mia! Chegou faz tempo? – Perguntou Rose.

— Faz algum tempo. Fui até o dormitório deixar as minhas coisas e acabei encontrando com a ridícula da Anne no corredor vindo pra cá.

— Qual foi a bosta que ela te falou? – perguntou Lily.

— Disse que no Ministério não tinha ninguém de confiança, já que nas palavras dela, a Ministra está morando com um comensal da morte. – Revirou os olhos.

— Essa garota não tem noção das coisas. A verdade é que ela é uma invejosa assim como a louca da mãe dela. Até hoje não consigo acreditar que a Parkinson fez de tudo para que o tio Draco fosse a Azkaban de novo. Isso porque eles eram amigos de infância, imaginem se não fossem. – Comentou Lily.

— Aquela mulher é doente.

— Vamos falar de coisas mais importantes, meninas? Vamos deixar aquelas loucas para lá. – Sugeriu Rose. – Então Mia, nos fale de uma vez o que tem de tão importante para nos contar. – seu olhar era de suplica. Desde que receberam a carta, ela e Lily não paravam de criar mil e uma suposições do que poderia ser de tão importante, principalmente, depois da revelação de Mia sobre o avô no casamento de seus pais.

— Não da para ser aqui, podem nos ouvir! - Disse passando os olhos por todo o salão principal. 

— Então precisamos ser rápidas, daqui a pouco temos aula! – Disse Lily um pouco aflita. As três almoçaram rapidamente e saíram antes do horário de almoço acabar; foram até o jardim para conversarem. Sentaram em frente da estufa, já que teriam aula com a Professora Sprout no próximo horário. Enquanto ninguém chegava, com calma, Mia contou tudo o que tinha acontecido naquela manhã. Contou o que ouviu e contou que quase conseguiu pegar o bilhete de Aurora, mas não o fez, para não levantar suspeitas, pois se seus pais notasse a falta do pergaminho, não teriam duvidas que tinha sido ela quem havia pego.

— Pelo que está nos contando... Acha que pode ter sido o seu avô quem invadiu a mansão? – Perguntou Lily.

— Eu tenho quase certeza. Ele estava no casamento, pode ser que ele tenha ido para lá depois.

— Ele deve sentir falta de casa... – Disse Rose sentida.

— Eu estou me sentindo frustrada porque não sei o que fazer para ajuda-lo, não sei por onde começar. – Cobriu o rosto com as mãos tentando raciocinar.

As três ficaram alguns minutos em silencio, até que Mia se pronunciou novamente.

— Vou tentar conversar com o meu pai, quero saber mais sobre o meu avô e toda a sua família. Mesmo que seja difícil para ele, eu preciso saber, é um direito meu. O pouco que eu sei, é pelo que a minha mãe me contou. Desde o julgamento não soube exatamente como falar com ele, afinal estamos nos conhecendo também.

— Já é um bom começo para sabermos depois o que faremos. – Lily sorriu.

— Se tivesse mais alguém que poderia nos ajudar a consegui informações... – Rose refletiu. – Ainda mais porque não temos como sair da escola sem que nossos pais fiquem sabendo.  Todas as passagens foram bloqueadas e a sala da Minerva também.

Mia suspirou frustrada.

— Meu Merlin! – Lily chamou a atenção. – Como não pensamos nisso antes?

— No que, Lily? – perguntou Rose confusa.

— Temos alguém que pode nos ajudar!

— Quem? – Perguntou Mia.

— Iris!

— Meu Merlin! Claro! – Mia tinha expressão de incredulidade. - Vamos falar com ela depois do jantar. Tenho mais uma coisa para contar a vocês, mas deixo para quando estivermos no salão comunal. – Pegou suas coisas e as três foram ao encontro dos outros alunos que estavam chegando aos pouco na estufa. Não conseguia acreditar porque nunca tinha passado pela sua cabeça ir atrás de Iris, ela poderia ter a ajudado de tantas formas, mas a verdade, é que ela estava tão concentrada no seu pai e em localizar o diário dele, que tudo a sua volta tinha se apagado.

~*~

Era quase uma e meia da tarde e Harry estava comandando um treinamento de resistência para os Aurores iniciantes. Cada treinamento por mais simples que fosse exigia um nível extremo de sua atenção e dedicação, mas ele amava o que fazia. Por isso, a cada dia que se aproximava da audiência com a Corte Ministral, seus músculos já ficavam tencionados.  Ele tinha muito medo que não pudesse mais trabalhar no Departamento de Aurores. Enquanto observava com atenção o desempenho dos novatos, suspirou cansado de toda aquela pressão, mas a verdade é que nada poderia ser feito. Ele errou, e ele sabia que teria que sofrer consequências. 

— Com licença, senhor Potter! – Chamou Luigi Smith se aproximando dele. Um homem de cabelos loiros e olhos castanhos, que aparentava um pouco mais velho de Harry.

— Olá, Smith, o que deseja? – perguntou sem tirar a atenção dos novatos.

— Chegou correspondência para o senhor, que inclusive já foi deixada em sua sala.

Harry suspirou preocupado.

— Tudo bem, Smith! Pode inspecionar o treinamento para mim, por alguns minutos?

Smith assentiu.

— Sem problemas!

Harry deu um leve tapa no ombro de seu colega e saiu em direção a sua sala.

Chegando lá, se deparou com uma pilha de papeladas que precisava analisar, mas preferiu não se preocupar com aquilo no momento. Caminhou até a sua mesa, pegou a carta e a abriu. Ele sabia muito bem de quem era. Seus olhos verdes passaram por todas as palavras procurando entender o que estava acontecendo. Leu, releu e leu mais uma vez. Não por não compreender o que estava escrito, mas por não consegui acreditar naquelas sentenças formando no final a seguinte frase: “Preciso que vá até a mansão e veja o que foi que aconteceu. Coloque mais Aurores se for possível.” Ao terminar de ler a carta, a colocou em cima da mesa e decidiu ir ao encontro deles para entender a situação antes de tomar qualquer providência. Ele não iria admitir cometer um grande erro pela segunda vez.

Saiu de sua sala indo em direção ao campo de treinamento para avisar Luigi que iria precisar sair por uma ou duas horas, pedindo, inclusive, para que o mesmo deixasse em sua mesa o relatório sobre o treinamento para que conferisse ao voltar. Enquanto seguia seu caminho, nem reparou que Pansy Parkinson entrava pelo saguão do Ministério com um olhar carregado de ódio. Sua mente estava tão longe com o caso da invasão que apenas encarava o chão em que pisava até a saída. Não tinha nem almoçado ainda e o seu dia já estava a todo o vapor. Não queria nem imaginar em como ele poderia terminar.

~*~

Pansy recebia olhares por onde passava, mas já estava mais do que acostumada. Afinal, ela tinha se transformado numa mulher exuberante. Só que dessa vez ela sabia que não era a sua beleza que chamava a atenção e sim a sua expressão, a qual não era nem um pouco convidativa. Quem a observasse mais detalhadamente, conseguia enxergar o quanto a raiva a dominava naquele momento. Seus saltos ecoavam pelo chão enquanto se dirigia ao elevador para ir ao subsolo, onde ficavam as salas de audiências e a sala de Frederico Miller. No entanto não precisou ir muito longe, pois o encontrou próximo a um corredor mais afastado dos olhares da grande maioria. Assim que seus olhos se encontraram com os dele, ela sentia vontade de destruí-lo. Pansy percebeu o olhar de surpresa de Miller, mas viu que logo se transformou em raiva, tanto quando os dela.

— Pelo jeito recebeu a minha correspondência! – Disse sério indo em direção a ela.

— Quem pensa que é para me mandar uma intimação?

— Isso foi para te mostrar que não estava brincando quando te disse que não iria deixar quieto.

— Ah, por favor! – Pansy o encarou de cima e baixo com desprezo. – Não me venha exigindo nada porque não tem. Fizemos um acordo e você não cumpriu.

Miller a segurou pelo braço e a guiou para onde não podiam ser escutados.

— O motivo dessa intimação não está dentro de nenhum acordo. É um direito meu e você não vai me impedir. Você quase me fez perder muitas coisas, Pansy. O meu emprego, o meu senso de justiça. Quase condenei alguém a passar a vida em Azkaban. Quase tirei o direito de recomeço de alguém.

— Não me venha dar uma de arrependido, porque você não me engana Frederico. Você estava decidido que iria fazer de tudo para manter Draco em Azkaban, esse era o acordo. As noites em que passou na minha cama não foram à toa. Estava decidido em manter Draco para sempre em Azkaban para que eu te desse a chance de se aproximar de nós novamente. Não tenho culpa que foi fraco e se acovardou. 

— Só Merlin sabe o quanto estou aliviado em não ter dado continuidade no seu jogo, Pansy. Se quer chamar isso de covardia, que seja, não me importo. Mas não ache que estou brincando em relação à intimação. Não vou deixar que Anne se transforme em uma pessoa como você. Precisei quase ter a corda no meu pescoço, ver uma criança lutar pelo próprio pai para eu ver que estava prestes a cometer o maior erro na minha vida.

— Você não tem direito algum sobre ela, nem ao menos se importou com Annie um dia, então não me venha com sentimentalismo.

— Isso também foi um grande erro, por isso mesmo decidi não cometer mais um. Vou lutar por ela, você gostando ou não, porque eu tenho os meus direito.

— Nunca irá conseguir, porque eu sou a mãe dela.

Frederico foi se afastando aos pouco dela, indo em direção ao saguão.

— E eu, sou o pai! 

Pansy acompanhou Frederico com o olhar até perdê-lo de vista. O ódio a consumia de tal maneira que ela tinha vontade de acabar com quem estivesse na sua frente. Andou apressadamente pelo saguão, pois ela precisava sair o mais rápido possível dali. Ela tinha vontade de desabar, mas não faria ali sobre o olhar de tanta gente. Faltava pouco para ela sair do Ministério, só não fez, porque sentiu ser tocada por trás a fazendo virar de repente.

— Pansy! –  a chamou um homem de cabelos pretos e olhos castanho. Era alto e usava uniforme de Auror.

— Que susto! – fechou os olhos por alguns segundo colocando a mão no peito. – Desculpe, mas não posso falar agora. – Se virou para sair, mas foi segurada pelo braço.

— Hey! Calma, Pansy! Sou eu... Theodore Nott. Lembra?

Pansy balançou a cabeça confusa, pois já fazia tanto tempo que não o via.

— Theo? – sua expressão era de total espanto. – O que faz aqui? E desde quando trabalha no Departamento de Aurores? – perguntou olhando sua farda.

— Uma longa história, Pansy! Mas se importa de ir almoçar comigo? Me parece que está precisando conversar.

— Estou bem, Théo! Preciso ir! – ao virar novamente, Theo a segurou pelo braço a impedindo de ir.

— Que foi, Pansy? Sou eu! Não precisa pôr a sua máscara pra mim. Acredite, não te parei à toa, pois também preciso conversar.

Pansy o encarou por alguns minutos. Estava surpresa em ver Théo no Mistério e ainda mais trabalhando no Departamento de Aurores. Sua cabeça parecia que ia explodir com tantas informações para processar de uma vez. Aceitou o convite apenas porque precisava se distrair, mas não pretendia demorar. Ela acreditava que talvez aquele breve almoço poderia colocar a sua cabeça no lugar, pois não poderia agir de cabeça quente. Pansy apenas não imaginava que esse almoço seria, na verdade, revelador. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capitulo? Valeu a pena??
Deixem seus comentários para eu saber o que acharam *--*
Mais uma vez agradeço imensamente por todo carinho e apoio de todos S2

obs: O capitulo 05 já esta pronto, mas ainda sera betado kkk Acredito que no final de semana ou semana que vem, já posto aqui (=
Beijão