Nas Profundezas do Lago - Dramione - 2ª Temporada escrita por Lizzie Oliver


Capítulo 3
O Diário


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada a todos que estão acompanhando, favoritando e comentando... Caraca vocês são incríveis, socorro, não sei lidar kkkk
Espero que gostem do capitulo e boa leitura a todos!!!



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Capitulo 03 

Em um canto mais afastado do salão, Aurora assistia aquele lindo casal dançar de forma tão apaixonada e exalando um sentimento tão puro um pelo outro que era impossível acreditar que o coração de Draco, algum dia, tinha sido alimentado pelo ódio que podia existir para com pessoas como Hermione. Não conseguiu conter o sorriso ao lembrar-se do quanto a amiga realmente ficaria feliz em ver seu amado filho se casando e finalmente encontrando a felicidade. Desde o primeiro momento em que encontrou com Draco em Hogsmeade, ela podia perceber que ele não tinha mais aquela atmosfera pesada que costumava o cercar. Quando mais novo e ela os visitava na Mansão Malfoy, podia sentir de longe todo o peso do mundo que ele carregava pelo ensinamento do pai.

 

 

Diferente da família Malfoy, Aurora, apesar de ser sangue-puro, foi educada de forma mais flexível; nunca tinha sido ensinada a odiar quem não era como ela. Por isso mesmo, durante a guerra, ela teve que fugir do país junto ao marido, se distanciando de tudo e de todos, e só voltou quatorze anos depois.  

Ao chegar a Londres, foi surpreendida com a tamanha fofoca boca a boca e pelas manchetes que tinha como principal assunto, o herdeiro Malfoy: Inocentado de todas as acusações. O que mais pode estar escondido no tempo? Quando leu a manchete não pode deixar de franzir o cenho e despertar a sua curiosidade Corvina. Ela precisava saber mais detalhes sobre aquilo.

Mesmo que não tivesse tido um contato frequente e diretamente com ele, ela tinha esperanças de encontrá-lo na Mansão Malfoy. Aurora, mesmo que não pudesse estar presente por conta do marido doente, devido a um câncer severo, ela sentia culpa por nunca ter ido visita-lo em Azkaban. Ela sabia que ele tinha sido condenado, mas nunca soube o que havia acontecido com a sua melhor amiga.

Enquanto andava por Hogsmeade, rumo ao Três Vassouras, seus ouvidos ficavam atentos aos rumores sobre Draco: “... Mas isso é um absurdo! Nunca que Malfoy deveria ter sido inocentado. Eu não acredito que ele tenha mudado. Pessoas que são ruins, já nascem ruins...” disse uma senhora de aparência arrogante “Eu também acho...” concordou um homem de aparência baixa e corpulenta “Há boatos de que um diário que o pertencia foi encontrado... mas desde quando algumas palavras aliviam a culpa de alguém?” bufou. Aurora preferiu ignorar a conversa e seguir o seu destino devido ao frio intenso. Ao chegar, respirou profundamente como se fosse uma sensação de alivio sentir-se aquecida. Imediatamente foi em direção ao balcão pedir uma bebida. Conversas continuavam acontecendo de forma intensa que preenchiam o lugar. Não prestou a atenção a tudo, mas foi inevitável se assustar com o tremendo silencio que dominou o lugar depois de alguns minutos em que ela estava lá. Só era possível ouvir as respirações, algumas até descompensadas. Virou para a porta e não pôde acreditar em quem estava vindo em direção ao balcão. Era ele, Draco Malfoy.

Seus olhos castanhos grudaram nele, assim como os de todos que estavam presentes no pub. Draco não olhava para ninguém, tinha uma expressão seria como se não se importasse com o que estivessem pensando dele.

— Bom dia, Madame Rosmerta! – cumprimentou de forma gentil

— Bom dia, Senhor Malfoy! O que o senhor deseja? – perguntou Rosmerta lhe dando um leve sorriso. O silencio ao redor ainda permanecia ali.

— Uma cerveja amanteigada, por gentileza! – pediu educadamente.

— Só um momento, por favor! – pediu Rosmerta indo buscar o pedido.

Aurora observou Draco discretamente de cima a baixo ao seu lado no balcão. Ele estava muito bem vestido como sempre, mas ela percebeu que tinha algo de diferente nele e aquilo lhe chamou a atenção. Mesmo estando com o seu terno fino, cabelo arrumado e andar elegante, aquele não era o mesmo Draco de antigamente. Ele não tinha mais aquele olhar de superioridade, mesmo que estivesse com as expressões serias.

— Draco? – chamou Aurora.

Draco virou o rosto para encará-la fazendo uma expressão que ela não estava conseguindo identificar. Não sabia se ele estava a reconhecendo ou não, mas resolveu seguir em frente.

— Sou Aurora Foster, eu era amiga da sua mãe. Ia bastante a sua casa para passar a tarde com Narcisa, quando não íamos fazer algumas compras... Está lembrado? – perguntou com uma voz doce.

Precisou pensar com alguns minutos

— Ah sim... Agora estou me lembrando! – disse lhe dando um leve sorriso.

Aurora teve vontade de rir, pois nunca havia o visto sorrir, mesmo que fosse de forma discreta.

— Como está, querido? – perguntou

— Estou bem, e a senhora?

— Fico feliz! Eu também estou bem. Acabei de voltar a Londres. Como es... – Aurora ia perguntar sobre Narcisa, mas foi interrompida do Rosmerta.

— Aqui está a cerveja que o senhor pediu!

— Muito obrigado! – Virou Draco para Rosmerta e agradeceu. – Desculpe, o que ia me perguntar? – Virou para Aurora novamente.

— Gostaria de saber como está a sua mãe – disse lhe dando um leve sorriso, mas logo se desfez devido ao suspiro de Draco. Ela não entendeu aquela reação.

Desde o fim do julgamento, muitos boatos e teorias a respeito da inocência de Draco eram criadas pelos jornais locais, principalmente pelo Profeta Diário, que mesmo com as exigências de Hermione no passado, não perdiam a oportunidade de publicar algo a respeito dela e agora de Draco. Mas ele dava graças a Merlin que nenhuma notícia a respeito de sua mãe tinha sido vazada. Ao ouvir a pergunta de Aurora um pequeno nó formou em sua garganta, mas ele conseguiu disfarçar por meio do suspiro. Ele tinha noção que Aurora não poderia saber do que tinha acontecido com sua mãe, por isso ele não ficou bravo pela pergunta, inclusive ele achava que ela merecia saber da verdade. Porque ele sabia o quanto as duas eram unidas.

— Se importa se nos sentarmos? A senhora tem tempo para conversarmos um pouco?

— Claro! – disse Aurora um pouco confusa. – sem problemas.

Os dois seguiram em silencio para uma das mesas mais afastadas do pub, ainda recebendo os olhares das outras pessoas, mas, assim como Draco, ela também resolveu ignorar. Ao chegarem à mesa, Draco pôs a bebida em cima, afastou a cadeira para Aurora se sentar e fez o mesmo logo em seguida na cadeira em frente a ela.

— Não sei se deveria ser assim, mas não sei como ser diferente. Apesar de nunca ter tido um contato diretamente com a senhora, acho que seria melhor saber por mim, pois era importante para a minha mãe.

— Por quê está me dizendo isso? – disse Aurora de forma preocupada.

— Minha mãe faleceu – disse num tom baixo para as outras pessoas não ouvirem.

Aurora arregalou os olhos e empalideceu.

— O que? – perguntou com a voz falha.

— Me desculpe estar lhe contando assim, senhora Foster...

— Como? Quando? – o interrompeu.

— Durante a guerra – suspirou – Ela... Ela foi... – gaguejou sentido – assassinada.

Aurora colocou a mão na boca chocada e balançava a cabeça freneticamente em negação.

— Não pode ser! – disse com a voz tremula.

— Eu sinto muito estar lhe contando dessa maneira...

— oh meu Merlin... Cissa! – lamentou com os olhos marejados. – foi ele?

Draco entendeu no mesmo instante em quem ela estava se referindo. Ele apenas assentiu. Aurora chorava discretamente para não chamar a atenção, mas a dor era gritante dentro dela, principalmente pela culpa de não ter se despedido da melhor amiga e não ter ido visitar Draco em Azkaban.

— Me perdoe, querido! – pediu enxugando as lágrimas que desciam pelo seu rosto. – Eu deveria ter voltado antes... Meu Merlin!

— Senhora Foster... Não se preocupe... Não havia nada que poderia ser feito. E depois da guerra eu fui preso e meu pai desapareceu, não tinha o porquê voltar antes.

— Eu pelo menos poderia ter me despedido... – disse ainda secando as lágrimas – Como assim Lucius desapareceu?

— Eu não sei ao certo como tudo aconteceu, mas, depois da guerra, muito comensais foram capturados. Fizeram buscas para encontrar o meu pai, mas nunca o encontraram.

— Mas como uma pessoa pode desaparecer assim?

— Eu não sei... Mas vou solicitar novas buscas, mesmo que ele não esteja mais vivo, quero encontrá-lo e me despedir dignamente.

— Oh querido, eu sinto muito – lamentou Aurora, segurando a mão de Draco. – Você se impor... – não continuou a perguntam, pois uma voz de criança chamou a sua atenção.

— Com licença, senhora Rosmerta... A senhora viu o meu pai? – perguntou Mia no balcão.

— Ele está ali, naquela mesa, querida! – disse Rosmerta, apontando para a mesma onde Aurora e Draco estavam. Aurora ficou impressionada com a semelhança que Mia tinha dele, mas ela também lembrava muito outra pessoa, mas ela não sabia distinguir quem.

— Paai! – chamou Mia se aproximando da mesa, mas parou no mesmo instante sem graça ao perceber que ele não estava sozinho – Desculpe, não tinha visto que estava com alguém – deu um leve sorriso.

— Tudo bem, filha! – disse a olhando próximo a mesa – Vem cá, quero que conheça uma pessoa.

Mia se aproximou de Draco e encarou os olhos castanhos de Aurora que no momento não tinha nenhuma expressão. Na verdade ela estava incrédula por descobrir que Draco tinha uma filha, uma linda menina. Apesar da surpresa, ela achou lindo vê-lo com os olhos brilhando ao olhar para a filha. Era uma cena que ela jamais poderia imaginar pelo que ela conhecia de Draco. Não conseguiu desviar o pensamento sobre a amiga. Ela sabia do quanto Narcisa iria adorar ser avó.

— Filha, essa senhora era a melhor amiga da sua avó Narcisa...

— Muito prazer! – disse Mia sorrindo e lhe estendendo a mão – Eu sou Amélia, mas pode me chamar de Mia.

— Muito prazer, Mia! Eu sou Aurora Foster – respondeu ao cumprimento de Mia.

— Me desculpem atrapalhar, mas estava te procurando pai, você estava demorando com a minha cerveja e a mamãe esta doida querendo saber o que tinha acontecido, porque ainda precisamos ir para Hogwarts.

— Eu entendo – respondeu Draco sorrindo – sua mãe deve estar tendo uma crise – deu uma leve risada – Tinha dito que não ia demorar, mas encontrei a Senhora Foster e começamos a conversar.

— Ela ficou preocupada porque ainda precisamos ir para Hogwarts para conversar com a senhora McGonagall e o Filch.

— Tudo bem. Então melhor irmos antes que fique tarde – disse levantando e fazendo Aurora se levantar também. – Foi bom reencontrá-la senhora Foster e sinto muito por ter contato desse jeito sobre a minha mãe. Eu realmente preferi que soubesse por mim.

— Não se preocupe, querido... Eu ainda nem consigo acreditar, mas eu vou ficar bem. Agradeço por me contar. – deu um leve sorriso - Fico feliz em saber que está bem e ainda por cima tem uma filha linda – olhou para Mia.

— Obrigada, senhora Aurora! – Mia sorriu para ela. -  Vamos, papai?

— Vamos sim... Até mais senhora Foster. Espero poder reencontrá-la algum dia. –

— Nós vamos, querido. Até mais!

Draco e Mia foram em direção à saída e Aurora acompanhou cada movimento dele, até que sumissem de vista. Assim que saíram, ela voltou a sentar-se à mesa e ficou olhando a neve que cai lá fora. Uma lagrima, mais uma vez, caiu pelo seu rosto. De forma discreta se permitiu chorar. Permitiu-se lamentar pela morte da amiga que sentia tanta falta, enquanto estava longe. Chorou por culpa, por não ter se despedido e pela saudade que ela iria deixar mais ainda em si. Aurora não conseguia acreditar que Narcisa havia falecido, havia sido assassinada e sabe Merlin de que forma.

— Você iria se orgulhar tanto dele, amiga! Ele está tão diferente – disse baixinho, apenas para ela. – Cissa, você tem uma neta linda, amiga. Tenho certeza que você seria uma grande avó.

O falatório já tinha voltado ao normal assim que ambos tinha se sentado à mesa, mas naquele momento, muitos pararam para observar pai e filha deixando o local. Não importa quanto tempo passe, um Malfoy nunca passava despercebido. Não sabia quanto tempo passou perdida em seus pensamentos ainda olhando a neve cair, mas quando decidiu levantar e ir embora, foi surpreendida mais uma vez com Draco vindo na sua direção.

— Que bom que ainda encontrei a senhora aqui – disse de forma gentil

Aurora enxugou as lágrimas depressa.

— Aconteceu alguma coisa? – disse de forma preocupada.

— Não, está tudo bem! Apenas gostaria de fazer um convite para a senhora...

— Um convite? – perguntou surpresa.

— Gostaria que a senhora fosse ao meu casamento, será daqui a dois meses. – Draco entregou o convite, o deixando em cima da mesa – A senhora e a minha mãe eram muito amigas, ela ficaria muito feliz se a senhora estivesse lá... E claro, eu também – disse lhe dando um sorriso discreto, mas sincero.

— Eu vou sim, com todo o prazer! Fico surpresa com o convite, será uma honra.

— Como está corrido devido aos preparativos e algumas outras questões, não sei se nos veremos até lá, mas de qualquer forma estarei esperando a senhora. Até mais, senhora Foster!

— Até mais e obrigada pelo convite! – pegou o convite nas mãos, mas sem desviar o olhar de Draco.

— Imagina... Até mais! – Se despediu e foi mais uma vez em direção a porta.

Aurora voltou a se sentar à mesa e olhou o convite. Se já estava surpresa, agora mais ainda. O convite era branco com alguns detalhes creme e rosa claro. Era simples, mas muito elegante. Seus olhos passaram pelos nomes dos pais dos noivos e estranhou o sobrenome Granger, pois ela o conhecia de algum lugar. Sua mente no mesmo instante vagou pelas lembranças de quando estava na mansão Malfoy e Draco estava em casa. Quando estava na sala conversando com Narcisa, ouvi Draco mencionar, mesmo com raiva, de uma tal de Granger. Parecia que era uma nascida-trouxa que ele dizia que odiava com todas as suas forças. Quando leu os nomes dos noivos, não conseguiu conter o riso ao perceber que ele estava prestes a se casar com Hermione Granger. Então, tudo em sua mente ficou mais claro. Hermione Granger, a nascida-trouxa, casa Griffinória, melhor amiga de Harry Potter e heroína de guerra, que hoje era Ministra da Magia.

— Meu Merlin! – exclamou – Draco vai se casar com Hermione Granger? Mia é filha deles, então? – deu uma leve risada para não chamar a atenção. – Agora está explicado todo aquele ódio... No fundo, era amor.

Pegou o convite, levantou da mesa, se despediu de Rosmerta e saiu do Três Vassouras. Os burburinhos ainda estavam ali: no pub, na rua, no que fosse, mas ela preferiu ignorar tudo porque nada daquilo importava para ela. Não importava o que ele tinha feito ou deixou de fazer, pois se ele estava solto, era porque ele merecia estar. Mesmo que ela não soubesse exatamente o que tinha acontecido, apenas rumores sobre um diário, ela tinha certeza que Draco tinha mudado... Sentia muito orgulho dele e sabia que Narcisa onde quer que estivesse também estava sentindo.

~*~

A princípio pensou em ir para casa, mas na última hora, enquanto aparatava, pensou no cemitério local de Whitshire. Ela ainda não conseguia processar a notícia que sua amiga tinha falecido. Ela precisava se despedir. Não conteve o choro ao se deparar com o nome de Narcisa escrito em dourado no mármore creme da capela da família. Passou os dedos de forma delicada pelas letras gravadas, enquanto suas lágrimas caiam pelo sou rosto.

— Me perdoe, minha amiga! Me perdoe por não ter estado do seu lado quando mais precisava, mas eu tinha que fugir. Me perdoe também por não ter estado do lado de Draco, mesmo que eu não pudesse fazer muita coisa, eu me sinto tão culpada por não ter voltado antes... Você não merecia ter partido, não é justo. – Ela agachou e conjurou uma coroa de flores próximas as rosas vermelhas e uma foto, que ela reparou que era Narcisa, Lucius e Draco ainda pequeno. Eles eram uma família linda, pena que foi destruída por crenças erradas. Um vento forte entrou pela janela da capela, fazendo a foto voar de sua mão junto com algumas flores. Levantou e foi em direção a elas para devolver ao seu lugar e fechar a janela. Quando voltou se deparou com um papel que tinha também voado, mas não tão longe quando a foto e as flores. O papel tinha uma aparecia envelhecida, até um pouco amaçada. Por estar aberta, não teve como deixar de dar uma lida, nas primeiras linhas. A caligrafia não lhe era estranha, ela já tinha a visto em algum lugar, mas não se lembrava exatamente onde. Era fina, cursiva e elegante. Enquanto lia, se emocionou pelas palavras tão sinceras, mas algo martelava em sua cabeça. Aquela carta tinha coisas tão intimas, tão profundas que não poderiam ter sido escritas por qualquer pessoa, apenas alguém muito próximo a Narcisa. Ou o filho, ou o marido. Quando chegou nas últimas linhas, arregalou os olhos descrente do que seu cérebro começou a suspeitar. A carta não tinha remetente, mas falava sobre um diário que ele tinha reconhecido durante a batalha de Hogwarts.

“Eu reconheci o caderno que dei a ele. Não abri, mas eu sabia que era de Draco...”

— Não pode ser! – disse em voz alta – Lucius está vivo? – Aurora dobrou a carta e a guardou no bolso de seu sobretudo. – Me perdoe amiga, mas preciso levá-la comigo, se as minhas suspeitas estiverem certas, eu quero salvar a sua família, pois sei que faria o mesmo por mim. Sinto sua falta, Cissa!

Enquanto voltava para casa, Aurora decidiu não contar a ninguém sobre a carta e suas suspeitas. Era um caso bem mais complexo do que se podia imaginar. Draco tinha lhe contado que Lucius estava desaparecido, mas nunca encontraram nada que ligasse a ele. Ela precisava obter mais informações sobre o caso e não poderia dizer nada a ninguém sem ter a certeza absoluta do que pensava. Ela iria agir no momento certo.

Saiu de suas lembranças ao escutar Hermione fazer os agradecimentos aos convidados, tirar as fotos e receber mais uma vez os cumprimentos de todos. Assim que Aurora conseguiu uma oportunidade, ela foi até eles para se despedir, pois estava cansada e estava ficando tarde.

— Vim me despedir de vocês – disse sorrindo – Parabéns pelo casamento e muitas felicidades... E afirmo mais uma vez que seus pais ficariam orgulhosos de você, Draco. Talvez você acho que não, pelas crenças que envolvia a sua família durante gerações, mas lembre-se sempre que muitas vezes o que aparentamos ser é muito diferente do que realmente somos.

— Muito obrigada, senhora Foster! – Agradeceu Hermione – Fiquei muito contente que a senhora pôde estar presente em um momento tão importante para a gente – se abraçaram.

— Imagina, querida! – saíram do abraço - Eu quem fico muito feliz em estar aqui. Bom... Apenas vim me despedir por já estar ficando tarde para mim, espero que não se importem. – sorriu sem graça.

— Imagina, senhora Foster, fique à vontade! Nós entendemos perfeitamente.

— Fico aliviada – disse de forma brincalhona – Mas espero que nós nos encontremos novamente para tomar um café, o que acham? Depois que voltarem da Lua de Mel... Claro, se não for atrapalhar os planos de vocês. Afinal vida de recém casados não é fácil. 

— Realmente – disse Hermione rindo – mas podemos marcar com toda a certeza. Acho que será muito bom. Adoraria conhecer mais a senhora, dona Aurora.

— Então marcaremos. Assim que puderem, me escrevam, por favor, pois não quero ser inconveniente.

— Pode deixar, avisaremos. Muito obrigada mais uma vez por vir!

— Até mais queridos! – se despediu e foi embora.

~*~

Lucius já tinha perdido as contas de quantas vezes já tinha ido parar naquele lugar. Era uma praia deserta. O tempo estava sempre encoberto e fazia frio, mas nada disso importava porque no final, num banco próximo ao mar, ele sempre se encontrava com ela: Narcisa.

— Pensei que não viria! – disse ela sem o olhar.

— Para ser sincero, Cissa, eu nem sei como venho parar aqui!

— Por quê? Não quer mais me ver?

— Mas é claro que não, apenas não sou muito chegado a praia, sabe disso!

— Sim, eu sei, mas não vejo outra forma de nos encontrarmos sem sermos vistos e eu adoro esse lugar, ele me acalma! – disse ela com a expressão séria admirando as ondas que quebravam.

— Me desculpe se pareci insensível... Como você está? – disse se sentando ao lado dela no banco.

— Estou bem, mas sinto falta da nossa casa... Como está o Draco? – perguntou o encarando nos olhos.

— Ele está muito bem agora! Ele se casou com a Hermione e temos uma neta, Cissa – disse dando um leve sorriso ao lembrar-se de Mia.

Narcisa sorriu e encarou o chão.

— Mia é uma garotinha muito especial... Eu tenho tanto orgulho do nosso filho – disse se levantando do banco.

— Onde vai? – Lucius perguntou surpreso.

— Eu preciso ir... Adeus, Lucius! – Narcisa lhe deu um beijo e saiu andando pela praia até um ponto em que Lucius não foi mais capaz de vê-la.

— Eu também tenho muito orgulho dele, Cissa! – a brisa bateu em seu rosto o fazendo gelar. Foi então que se deu conta que seu rosto estava frio devido as lágrimas silenciosas.

Seus olhos se abriram de repente e, involuntariamente, ele se sentou na cama empoeirada com a respiração ofegante. No primeiro momento não sabia exatamente onde estava. Passou a mão no rosto e respirou fundo para se localizar. Reparou que seu rosto estava molhado, mas, ao olhar para o relógio, percebeu que tinha passado tempo demais na casa e ele precisava ir embora. Levantou num súbito e o pavor correu pelo seu corpo ao se deparar com a realidade e ficou mal ao se dar conta que Narcisa não estava ali ao seu lado e que tudo não tinha passado de um sonho, o qual não era o primeiro.

Dirigiu-se apressadamente para a porta do quarto, mas deu uma última olhada geral. Ele precisava se despedir da casa que, talvez, nunca mais seria a dele. Agora ela fazia parte de uma realidade muito distante.

Saiu pela porta e acendeu a varinha para auxiliá-lo no caminho de volta. Ao chegar no andar de baixo, passou pelo hall e foi em direção a saída, preferiu não entrar no restante dos cômodos. Não podia mais perder tempo ali. No lado de fora da casa, a lua mais uma vez foi ao seu encontro iluminando o caminho. Ela ainda estava imensa no céu. Diferente de quando chegou, ele não procurou olhar ao redor do jardim e permitir que a sua mente vagasse por alguma lembrança. Lucius olhava apenas para frente concentrado no portão, enquanto suas pernas andavam a passos largos tentando chegar ao mais rápido possível até a saída.  

Olhou para os dois lados da rua para ver se não tinha ninguém. Se sentindo seguro, saiu fechando os portões de forma silenciosa e os trancando com o auxílio da varinha. Ainda em passos largos, Lucius continuou pela rua até chegar num beco próximo a casa onde podia aparatar. Ele estava tão focado em sair dali que nem reparou que alguém o olhava de longe, escondido nas sombras da noite, desde o momento em que ele saiu da Mansão Malfoy.

~*~

Mia, Rose e Lily estavam sentadas na mesa próxima a pista de dança. Rose não parava de falar o quanto achou tão linda a dança dos noivos. Já Lily comentava sobre ainda não acreditar que estaria no casamento de Draco Malfoy e Hermione Granger depois de tantos anos e principalmente que todos estavam convictos que um relacionamento entre eles e Draco fora de Azkaban, era algo impossível.

— Tem mais alguma novidade sobre o diário, Mia? – perguntou Lily.

— Ainda não, Lily, mas não desistimos. Meus pais querem muito entender como ele foi parar na sala do Filch, sendo que o meu pai tinha o deixado na sala precisa.

— O que o Filch disse? Ou a Minerva? – perguntou Rose.

— Eles não sabem de nada. Filch disse que, quando a escola estava sendo reconstruída, não viu nenhum diário junto aos objetos que estavam na sala precisa. Ele ajudou a reorganizar a escola e nunca viu o diário.

— E sobre o diário estar guardado na mesa dele? Você o encontrou lá, Mia! – perguntou Rose novamente.

— Ele disse que aquela gaveta já estava com problemas e que ele não conseguia abrir, mas, com os afazeres da escola, deixou para lá. Ele se surpreendeu em saber que eu tinha conseguido.

— Será que tem algo relacionado a magia, por ele não ter conseguido abrir? – perguntou Lily

Mia deu de ombros.

— Não sei, mas o mais engraçado de tudo isso é por que esconder bem na sala do Filch? E se eu não tivesse ficado de detenção?

— Está tudo muito confuso! - disse Rose.

— Eu pensei em uma coisa... – Mia suspirou.

— No quê? – Perguntaram Lily e Rose juntas.

— Eu sei que pode parecer loucura, ainda mais porque não sabemos como tudo aconteceu durante a batalha, mas... E se foi o meu avô?

Rose e Lily arregalaram os olhos.

— Acha que pode ter sido ele quem colocou o diário lá antes de fugir? – perguntou Rose descrente.

— É só uma possibilidade – disse Mia

— Se foi ele, nós nunca iremos saber. Afinal, ele está desaparecido. – disse Lily

Mia engoliu seco.

— Preciso contar algo a vocês... – começou sem ter muita certeza se deveria contar a elas ou não, mas com as experiências que teve anteriormente, ela precisava dar as primas um voto de confiança e ela tinha certeza que podia contar com elas. – Mas eu preciso que fique só entre a gente por enquanto, pelo menos até eu entender os sentimentos do meu pai... Meu avô esta vivo!

Lily e Rose a encararam incrédulas.

— Como assim? – perguntaram juntas.

— Depois eu conto a vocês com mais detalhes, mas resumindo... Encontrei com ele uma vez em Hogwarts próximo ao lago negro e, hoje, ele esteve no casamento. Não sei quanto tempo ele já estava lá quando eu o vi, mas ele permaneceu escondido do outro lado da rua, com os olhos marejados. Depois de um tempo ele foi embora.

— Isso é loucura! – Disse Lily ainda sem acreditar. – O que pretende fazer agora?

— Eu ainda não sei. Se ele preferiu permanecer todo esse tempo escondido é porque ele não quer ser encontrado, ele não quer voltar, mas eu não quero desistir dele, entendem? Ainda mais depois de tudo que houve com o meu pai e com o diário... Ele pode ter alguma ligação.

Rose olhou pelo salão a procura de Draco e o encontrou conversando com algumas pessoas ao lado de Hermione.

— Imagina como o seu pai vai ficar quando souber...

— Meu avô se arrependeu de tudo que fez, ele mesmo me disse. Mas, no momento, eu realmente não sei o que fazer ou pensar. Quero lutar por ele, assim como lutei pelo meu pai, mas eu não sei por onde começar. Eu não posso simplesmente chegar do nada no meu pai e dizer: pai, o vovô estávivo, veio falar comigo em Hogwarts e se arrependeu assim como você. O que faremos? Tudo na vida dele aconteceu de forma muito intensa...

— Independente do que decida fazer, Mia, pode contar com a gente. – disse Rose sorrindo.

— É verdade! Estaremos sempre aqui – disse Lily.

— Obrigada, meninas... Bom, enquanto não decidimos o que faremos, que tal irmos dançar?

Rose e Lily concordaram. As três levantaram da mesa e foram até a pista de dança. Deixaram as tensões de lado, até porque nada poderia ser feito naquele momento. O importante é que Mia não pretendia desistir de ter seu avô em sua vida, assim como seu pai, mas ela estava no tão sonhado casamento de seus pais e ela precisava aproveitar cada segundo. O que iria acontecer no dia seguinte, ela deixaria para pensar quando o dia amanhecesse.


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Notas finais do capítulo

E ai o que estão achando do desenvolver da historia??
beijão a todo (=



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