Nas Profundezas do Lago - Dramione - 2ª Temporada escrita por Lizzie Oliver


Capítulo 2
Valsa para a lua


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoal, como estão? *--*
Meu merlin, não imaginava que o primeiro capitulo seria tão bem recebido kkk socorro, não estou sabendo lidar... cara vocês são incríveis, serio s2
Boa la para o segundo e espero que gostem!!!
Boa leitura a todos!!!!



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Capitulo 02

Depois que saiu da igreja, Lucius não quis voltar para o casebre, não queria se entregar a solidão em um lugar ao qual nunca lhe pertenceu. Ele sabia do risco que estava correndo, mesmo estando disfarçado e bem diferente do Lucius que todos conheciam, mas ele precisava ir até lá nem que fosse por um tempo mínimo, pelo menos se entregaria a solidão em um lugar que lhe era familiar. Ele nem conseguia acreditar que, depois de tantos anos, ele estaria na frente dos portões da casa que já tinha sentido tanto orgulho em viver. A casa que um dia lhe trouxe tantas histórias, hoje não passava de uma casa abandonada, a qual tinha sido confiscada pelo Ministério desde que Draco tinha sido preso e ele desaparecido,

Seus olhos ficaram encarando os grandes portões de ferro preto, que tinha em seu centro o grande brasão da família Malfoy em prata, o qual tinha como função esfregar na cara de quem quer que fosse que, ali, naquela grande mansão, morava a família bruxa mais poderosa e de grande influência da Grã-Bretanha.  

Lentamente, suas mãos tremulas alcançaram as grades do portão e, tão lentamente quanto, ele foi entrando em um passo de cada vez. Se pudesse, ele aparataria, mas estava cansado demais para usar, pela terceira vez, uma magia tão pesada como aquela. Seu corpo não aguentava aparatar muitas vezes seguidas, pois viver tantos anos de forma precária, fez com que o seu corpo não suportasse mais determinadas magias.

Passou pelo portão seguindo pelo imenso corredor de plantações que o levaria até a entrada da mansão. Estava escuro, mas ele conseguia ver um pouco a sua volta, graças a intensa lua que brilhava no céu. Continuou andando lentamente, tentando fazer o mínimo de barulho, ele não podia chamar a atenção. Enquanto seguia pelo caminho, olhou a sua volta e se deparou com o grande jardim. Mesmo malcuidado devido ao tempo, as lembranças pareciam vir em sua mente como uma avalanche. Quanta coisa havia acontecido naquele jardim, quantas festas eram realizadas ali, inclusive o seu próprio casamento. Se o destino fosse outro, Draco também estaria casando ali naquele jardim que foi cenário de tantas uniões ao longo de gerações. Quando finalmente chegou na porta de entrada que dava para o grande hall, precisou se apoiar na parede para recuperar um pouco do folego, pois ele tinha a sensação que de tinha andado quilômetros. Depois de alguns breves minutos se recompôs e respirou fundo para encarar uma realidade um tanto dolorosa e que não era tão fácil quanto parecia: Entrar.

O ranger da porta foi a única coisa que escutou e aquilo o assustou, pois o silencio era tanto, que o menor barulho parecia ensurdecedor. Assim que fechou a porta atrás de si, foi caminhando pelo hall. À direita ficava a grande sala de visitas. À esquerda, a sala de jantar e as escadarias que davam para a cozinha. E a sua frente, ficava as escadas que davam para os andares superiores. Lucius se espantou em tomar consciência de que aquela casa era grande demais para pouco moradores e alguns empregados. Estava vivendo em lugares tão miseráveis, que a sua própria casa parecia um total exagero.

— Lumos – disse fazendo sua varinha se acender, facilitando a sua visão.

Com a luz da varinha, pode ver com mais detalhes o estado em que a casa se encontrava e para ele era algo lamentável, pois estava completamente diferente da casa que sempre foi. Diferente da casa que exalava luxo em cada detalhe em que os olhos podiam alcançar. Foi triste para ele ver em quê a sua vida, e tudo a sua volta, tinha se transformado.

Subiu as escadas que davam para o andar superior se segurando no corrimão de ferro prateado, que nem brilho tinha mais, era apenas poeira em cima de poeira que deixava suas mãos pegajosas, mas preferiu ignorar. Continuou a subir aquelas escadarias que parecia que nunca iriam acabar. Eram tantos degraus que ele tinha a sensação de que iria parar no céu.

— Malditas estacadas - disse ofegante quando finalmente chegou ao topo. Mais uma vez, ele precisou pegar folego. Fechou os olhos e respirou fundo. Com o ar suficiente em seus pulmões, Lucius continuou a seguir pelo corredor. Haviam dez suítes na propriedade, contando com a do casal e de Draco. As suítes eram distribuídas pelos dois lados do corredor. No primeiro momento ele pensou em entrar em um daqueles primeiros quartos, mesmo que não fosse o seu ou de Draco, apenas para descansar, pois estava se sentindo exausto, mas lembrou que não podia ficar ali na casa por muito tempo, não podia dar brecha para o encontrarem.

Deu graças a Merlin por finalmente estar na porta de seu quarto, no final do corredor no lado direito, mas nenhum cansaço foi maior do que o vazio que sentiu ao abrir a porta. Seu coração apertou como nunca e uma lágrima escorreu pelo seu rosto envelhecido, sem ao menos que ele lhe desse permissão. Por alguns instantes, ele pensou em virar as costas e sair dali, mas ele tinha que continuar, porque uma oportunidade como aquela, em voltar por alguns momentos a sua casa, não aconteceria duas vezes. Ele tinha que ter pelo menos essa coragem, pelo menos uma vez, e enfrentar seus fantasmas por estar em um lugar que sempre foi tão intimo dele, em um lugar em que cada canto lembrava Narcisa.

Fazia quase quinze anos, mas Lucius ainda podia sentir o cheiro dela ali. Passou os olhos pelo quarto e uma lembrança invadiu a sua mente.

— Pelas suas expressões, vejo que não foi fácil... – Disse Narcisa olhando o marido pelo reflexo do espelho de sua penteadeira.

— Nunca é... – Respondeu Lucius com voz cansada, mas com as expressões aparentemente intactas, pelo menos aos olhos das outras pessoas, porque Narcisa sabia decifrar cada linha de expressão que Lucius apresentava. Podia ser a mínima que fosse, mas ela sempre sabia.

— Como foi? – Perguntou Narcisa penteando os longos cabelos loiros platinados.

Antes de responder, Lucius ficou alguns segundos a olhando se arrumar para dormir. Embora ele nunca dissesse, ele gostava de chegar no quarto e inalar o cheio de banho que Narcisa deixava pelo quarto e gostava, principalmente, de vê-la ali, de frente para o espelho, com sua camisola de seda branca e de forma tão natural. Ele ficava impressionado às vezes em como ela conseguia ser uma perfeita Malfoy até nas últimas horas da noite.

— Como sempre... planos e mais planos... treinamentos e treinamentos – disse se aproximando dela e depositando um beijo em seu pescoço. Narcisa fechou os olhos para sentir os lábios de seu marido em sua pele.

— Ele te torturou? – perguntou abrindo os olhos, quando Lucius se afastou.

— Não... – respondeu começando a tirar a farda para ir tomar banho.

Narcisa suspirou aliviada.

— Não deveria se preocupar tanto assim, querida – disse Lucius virando para ela, antes de entrar no lavatório.

— Como não, Lucius? Não é a primeira vez que ele te tortura... – colocou a escova de cabelo em cima da penteadeira e virou para encará-lo nos olhos.

— Eu sei, mas está tudo bem, Cissa. – disse Lucius num tom firme.

— Como pode, Lucius, ficar tranquilo numa situação como essa? Estamos prestes a entrar numa guerra e sabe Merlin o que pode acontecer com a gente.

— Cissa, olha pra mim... – disse Lucius se aproximando dela – Não vai acontecer nada conosco estando ao lado de Voldemort...

— Não diga o nome dele... – o interrompeu.

— Tudo bem... – suspirou – estamos protegidos ao lado do Lord.

— Eu não consigo ter tanta certeza disso. – disse firme, mas passando medo pelo olhar.

— Não existe outra opção para nós Cissa. Ou ficamos ao lado dele ou morremos, o que prefere?

Narcisa suspirou frustrada

— Só não estou gostando do rumo em que as coisas estão tomando... Tenho medo em como as coisas podem acabar. – Embora ela não demostrasse, Narcisa tinha medo sim. Ela tinha medo que algo acontecesse à sua família. Às vezes, o medo a consumia tanto que ela silenciosamente, chorava durante a noite.

— Nada vai acontecer com a gente... Acredite! – Disse Lucius segurando o rosto de Narcisa entre as mãos.

— Como pode ter tanta certeza?

Lucius suspirou começando a ficar impaciente.

— Eu preciso acreditar, Cissa. Certeza eu não tenho de nada, mas preciso acreditar... Não pode se deixar vulnerável dessa maneira. Quando se preocupar, use a sua mente – disse apontando para a cabeça dela – para controlar o que se passa aqui – apontou para o peito dela, indicando o coração. – Somos Malfoy, não podemos deixar que as nossas emoções nos dominem, sabe disso. Quantas vezes já conversamos sobre isso? Não deixe que as suas emoções te tornem fraca.

— Eu não sou fraca! – Afirmou se irritando com as insinuações do marido. – Só quero que entenda uma coisa Lucius, ele ainda irá nos destruir. – disse se afastando e indo em direção a cama para se deitar.

Lucius estava tão perdido em pensamentos que nem se deu conta de que tinha deitado na cama. Diante da dor e das condições em que estava, mesmo cheia de pó e de aspecto grotesco, a cama em que costumava dormir parecia o paraíso.

— Se eu tivesse te escutado, Cissa... – Disse enquanto segurava a foto dela que tinha encontrado em cima de penteadeira – Você nunca foi fraca, sempre foi a mulher mais forte que eu já conheci – disse com a voz tremula e passando o dedo pela foto como se tivesse fazendo uma espécie de carinho. Desviou o olhar da foto e encarou a grande lua, que assistia a derrota de Lucius naquele quarto, devido as cortinas abertas. – espero que você esteja bem, onde estiver, meu amor. Tenho certeza que ficaria tão orgulhosa do nosso menino. Ele será feliz Cissa, eu sei que vai.

Lucius abraçou a foto ainda encarando a lua e aos poucos, sem ao menos perceber, seus olhos foram se fechando lentamente ao ponto de ficar tudo escuro. Desde que chegou, a lua estava ali, o vigiando, iluminando o seu caminho, mas agora ela havia lhe deixado.

~*~

— Acorda, Mi!! – disse Lily não chegando a gritar, pois não queria chamar a atenção das pessoas que estavam próximas. Mia estava sentada em uma das mesas no grande salão de festas no casamento de seus pais. Ela saiu de seus devaneios encarando a prima com os olhos arregalados. – Estou te chamando a um tempão, o que houve?

— Ah! Lily... Desculpe, estava distraída. – Disse sem graça.

— Percebi... Parecia que estava em outro planeta. Aconteceu alguma coisa?

— Não, esta tudo bem! – sorriu.  A realidade é que Mia estava pensando em seu avô que havia visto na igreja. Ela ainda não conseguia acreditar que ele estava ali, do lado de fora com os olhos marejados, vendo seu filho se casando. Nunca mais tinha o visto, desde o dia em que se encontraram próximo às margens do lago. Lembrou-se do dia em que o viu pela primeira vez, tão diferente do que sempre havia imaginado pelo que sua mãe contava. Lucius carregava o mesmo olhar de quando esteve em Hogwarts, um olhar fragilizado, cansado e cheio de ressentimentos. O vendo ali, escondido nas sombras de fim de tarde, ela se sentiu triste por não tê-lo sentado naquelas cadeiras, como o restante daquelas pessoas. Sentiu-se triste por ele não estar fazendo parte da sua vida e da vida do seu pai. Mia ainda não sabia o que Draco sentia em relação a Lucius. Ela imaginava que ele tivesse muitos sentimentos misturados, mas, no fundo, ela acreditava que ele o amava, sempre o amaria. Foi pensando nisso que ela decidiu tentar descobrir o que ainda poderia ter escondido no tempo, que assim como no caso de seu pai, ninguém tinha dado importância, por preferirem viver das magoas e do medo que a guerra havia deixado. Ela tomou a decisão de lutar pelo avô da mesma forma que tinha lutado pelo seu pai. Seu sonho de ter a sua família completa ainda não havia acabado. – Aconteceu alguma coisa? – perguntou um pouco preocupada.

— Não, não aconteceu nada demais apenas vim de te chamar a pedido da tia Mione, para a sessão de fotos, eles estão te esperando lá fora.

— ok... Vou lá! Nós vemos daqui a pouco, Lily – disse Mia saindo correndo para ir ao encontro dos pais.

Ao chegar na porta do salão, Mia viu seus pais recebendo os cumprimentos de amigos e familiares. Sorriu ao ver o brilho nos olhos de seus pais. Eles faziam um casal tão lindo. Mia sentia muito orgulho deles.

— Oi, você demorou... Já estávamos ficando preocupados! – Disse Hermione a Mia quando a viu chegando ao encontro deles.

— Esta tudo bem, princesa? – perguntou Draco de forma carinhosa. Ela adorava quando ele a chamava de princesa.

— Está sim – sorriu

— Estão prontos? – perguntou o fotógrafo de forma simpática. Mia se posicionou na frente dos pais e sorriu largamente. Nos segundos em que o flash era disparado, ela pensou no dia em que esteve na casa de Zabini e viu a foto de Victor com os pais. Na época, ela até chorou, por pensar que talvez nunca iria ter em casa uma foto como aquela ao lado de seus pais. Pensou que aquela foto estava tão longe da sua realidade. Mas agora, no segundo em que o flash era disparado, ela sorriu tão abertamente, por ver que finalmente ela teria aquela foto e quantas outras ela desejasse, pois seus pais estavam ali com ela. – Obrigado! Daqui a pouco continuamos – Disse o fotógrafo indo registrar outros momentos que acontecia na festa.

— Vamos entrar? – perguntou Hermione para a filha – ainda precisamos cumprimentar o restante dos convidados. - Mia e Draco assentiram e foram juntos para dentro do salão. Hermione havia feito questão de se casar no mundo trouxa e Draco não fez subjeção, pois até ele estava bem curioso para saber mais como aquele mundo funcionava, mesmo que achasse estranho muitas coisas.

— Eu estou tão feliz! – comentou Mia para os pais antes de passar pela porta – Às vezes, eu tenho até medo de acordar e ver que tudo isso não passou de um sonho.

— Hey... Vem cá! – Draco puxou Mia pela mão a fazendo se sentar num banco próximo a entrada. Hermione sentou ao lado deles  – Não é um sonho. Tudo isso é real. – Draco envolveu Mia em um dos seus braços, enquanto com o outro, abraçava Hermione. – Mas eu entendo perfeitamente como está se sentindo, pequena, porque, por diversas vezes, eu ainda tenho o medo de que tudo isso, toda essa felicidade que eu estou sentindo, vá embora. A felicidade nunca havia me atingido por tanto tempo assim. - Mia tinha os olhos marejados. – Não se preocupe, não tenha medo de acordar, porque pode ter certeza que eu ainda estarei aqui – finalizou beijando a testa da filha.  

—  Nós dois sempre estaremos com você, meu amor! – disse Hermione secando a lágrima do rosto de Mia que escorria de forma discreta.

— Eu amo muito vocês – Disse Mia os abraçando.

— Nos também de amamos muito, princesa – disse Draco enquanto abraçava a filha apertado.

— Tenho muito orgulho de você! – Disse Hermione abraçando Mia, tão intensamente quanto Draco.

~*~

O salão de festas, não era tão distante da igreja, ficava próximo ao centro de Londres. Era uns dos buffets mais procurados na cidade para realização de casamentos. Nos três meses em que antecederam ao grande dia, Draco e Hermione passaram finais de semanas atrás de finais de semana, a procura do lugar ideal.  Tinha ocasiões em que recorriam a Jane, a Senhora Weasley e Gina para os auxiliarem. Eram principalmente naquelas horas também que Draco mais sentia falta de Narcisa, porque nenhumas daquelas pessoas o conheciam profundamente. Já fazia quase quinze anos, mas sentimentos como a saudade e a culpa, ainda permaneciam vivos dentro dele.  A senhora Weasley e Jane faziam de tudo para suprir essa lacuna na vida de Draco. O ajudavam no que fosse preciso, mas nunca era o suficiente, nunca seria, porque aquele dia tão doloroso ainda estava muito fresco em sua memoria.

Ao passarem pela entrada do salão, Draco passou o olhar por cada rosto ali presente, e lamentou não poder ver seus pais comemorando junto dele um dia tão especial. Afastou por alguns instantes aqueles pensamentos quando ouviu os aplausos das pessoas presentes, entre familiares e amigos. Todos que estavam ali, de alguma maneira, fizeram parte de algum momento especial na vida de ambos.

O Salão não era muito grande, mas era o ideal para eles. Cada cantinho foi decorado com todo o cuidado e os detalhes foram calculados minuciosamente por Draco e Hermione. Tudo estava perfeito, exatamente como tinha que ser. As cores escolhidas foram: Rosa claro, branco, prata e champagne. Hermione achava lindo quando via algum ambiente decorado naquelas cores, pois lhe trazia uma sensação de aconchego e, com as luzes do lustre de cristal no centro do salão, deixava nítido que era realmente o casamento de Draco e Hermione, pois tudo exalava luxo, elegância e ao mesmo tempo simplicidade.   

As mesas eram bem distribuídas por todo o salão, onde os convidados já estavam confortáveis em seus lugares. Nas laterais ficavam as mesas com os pratos para o jantar; e mais afastado, na frente do imenso pano de vidro que tinha próximo a pista de dança, ficava a mesa com o bolo e os doces, seguindo a mesma decoração. Os três se sentaram na única mesa que foi reservada especialmente para os noivos, ao lado da família de Hermione, Weasley, Zabini e Potter. A mesa dos noivos foi colocada exatamente na frente do pano de vidro, onde ambos ficaram encantados com a paisagem que era possível ver naquele ângulo. A lua se mostrava tão intensa quanto o sol daquela tarde, que Hermione sorriu com os olhos brilhando ao admirá-la por alguns instantes no céu.

— Se eu pudesse, tiraria uma foto apenas para você ver o quanto está linda admirando a lua – Disse Draco baixinho próximo ao ouvido de Hermione.

— É impossível não admirá-la – disse usando o mesmo tom, bem próximo a ele.

Draco ia responder, mas foi interrompido por Mia que estava sentada na frente deles na mesa redonda.

— Vou me encontrar com as meninas, acho que elas devem estar na pista de dança...

— Pode ir... Se divirta! – Disse Draco lhe dando uma piscada.

— Pode deixar... Vocês deveriam ir também – sorriu

— Depois nós vamos... Ainda temos alguns convidados para cumprimentar – disse Hermione.

— Ok! – disse Mia saindo correndo e indo em direção a pista de dança ao encontro das amigas.

— O que ia me dizer mesmo?  - perguntou Hermione de forma brincalhona.

— Hum... – Draco fez uma cara de pensativo – Na verdade eu prefiro fazer! – disse beijando Hermione em seguida. Ela não conseguiu conter o riso em meio ao beijo, mas correspondeu no mesmo instante como tantas outras vezes.

Em uma mesa não muito longe dali, Harry Potter observava a cena de Draco e Hermione perdido em pensamentos. Entre duas semanas ele iria ter uma audiência com membros da Corte, a qual iriam decidir qual seria as consequências pelos seus atos no caso de Draco Malfoy. Qual punição ele receberia por ter negligenciado um caso tão delicado como aquele? Diferente de tempos atrás, quando se sentia confiante e tinha a total certeza de que Draco nunca sairia de Azkaban, Harry estava com medo. Não das consequências que viriam, mas por ter caído em si no que ele havia se tornado. No que ele foi capaz de fazer por puro ódio.

— Hey, Harry! – Chamou Gina que estava sentado ao seu lado – No que tanto pensa?

— É apenas estranho estar sentando aqui, fazendo parte de um momento tão especial como esse, depois de tudo que eu fiz.

— Você e Rony realmente fizeram algo gravíssimo, foram uns idiotas, não fazem ideia do quanto eu senti raiva de vocês – Harry encarou Gina, ele tinha sim ideia, pois foi por pouco que Gina não tinha se divorciado de Harry. Apenas não fez isso pelos filhos e por ter reconhecido no final que ele lutou para consertar seus erros. – mas eles perdoaram vocês, não é à toa que estão aqui.

— Gina... Eu consigo ver nos olhos da Mione que ela ainda esta chateada comigo. Ela pode até dizer que me perdoou e fazer com que nossa amizade flua normalmente, mas eu sinto, quando olho nos olhos dela, que ela não me perdoou totalmente. – suspirou.

Gina pareceu refletir. Ela também, muitas vezes, se sentia como ele, pois também havia atingido Hermione de alguma maneira. Esse também foi um dos motivos de não ter se divorciado, pois ela reconheceu que agiu de forma tão errada quanto ele.

— Eu entendo o que quer dizer... Eu entendo como se sente, porque é como eu me sinto às vezes... A verdade é que cada um de nós a atingiu de alguma maneira. A julgamos e dissemos palavras duras a ela quando soubemos. Tudo porque ficamos com raiva, nos sentimos traídos. Mione sempre foi uma amiga incrível para todos nós e falhamos com ela num momento em que ela mais precisava da gente. 

Harry assentiu.

— Mas procure não pensar mais nisso, tudo bem? – continuou ela – vamos curtir esta noite e sermos o melhor para eles, porque eles merecem – disse virando para olhar Draco e Hermione. – O que vai acontecer no futuro... Ninguém sabe.

~*~

— O casamento foi lindo, Mia... – comentou Rose enquanto estavam se divertindo na pista de dança – Quero que o meu casamento seja lindo assim também – disse sorrindo com um olhar sonhador.

— Acho que nunca vi a minha mãe tão feliz na vida

— Onde vão passar a lua de mel? – Perguntou Lily

— Na Itália... Não comentei com vocês? – franziu o cenho.

— Não! – disse as duas juntas.

— Devo ter esquecido, desculpem... – disse sem graça.

— Sabe Mia... Agora entendemos o porquê de repente te se fechado tanto o ano passado, mas ficamos chateada por você não ter dividido algo tão importante como o caso do seu pai com a gente. – Disse Rose com um olhar triste. – Podíamos ter te ajudado...

— É Mia... Sabe que sempre pode contar com a gente.

Aquelas palavras mexeram com Mia, pois ela nunca havia imaginado que as suas melhores amigas poderiam ficar tão chateadas com ela. Sempre soube realmente que podia contar com elas, mas estava tão intrigada com tanta coisa, estava tão focada em ajudar o seu pai, que nem quis se dar ao trabalho, não por não confiar, mas tinha vezes que o orgulho de Mia era maior do que qualquer outra coisa.

— Desculpa de verdade, meninas! – disse de forma sincera. – Agora eu, mais do que ninguém, sei o quanto é importante não guardar segredos... O meu pai é a maior prova disso. – Falou virando para a mesa em que seus pais estavam.

— Nem fale... – disse Lily num tom cabisbaixo – Sabe Mia, eu queria te pedir desculpas pelo meu pai – disse sem graça.

— É, Mia, eu também pelo meu pai. Ficamos com muita raiva pelo que eles fizeram, não foi nada justo. Eu fiquei muito decepcionada com o meu pai.

— Eu até briguei com ele... – disse Lily.

— Não se preocupe meninas, esta tudo bem agora. O importante é que deu tudo certo no final – sorriu de forma acolhedora. – Eu fiquei com raiva deles também, mas todos nós cometemos erros, o importante é sempre tentarmos ser melhores. Vocês não têm que me pedirem desculpas. São minhas primas postiças – riu – e eu amo muito vocês.

Lily e Rose abraçaram Mia

— Nós também te amamos, Malfoy – disseram juntas

Mia retribuiu o abraço rindo por ser chamada de Malfoy. Agora, oficialmente e legalmente, ela seria conhecida como Granger Malfoy.

~*~

Draco e Hermione estavam passando pelas mesas cumprimentando os convidados. Entre abraços, apertos de mão, palavras calorosas e votos de felicidade, um desses cumprimentos o fez ficar pensativo. “Parabéns pelo casamento de vocês. Tenho certeza que seus pais ficariam muito orgulhosos”. O comentário veio de uma senhora de aproximadamente 60 anos, de cabelos grisalhos e cacheados. Tinha as expressões suaves, o que destacava bastante seus olhos escuros. O nome dela era Aurora e era amiga da família. Aurora e Clemente, seu marido já falecido, sempre estavam em sua casa antes da guerra estourar. Ela era mais amiga de sua mãe do que seu pai. Mesmo que não tivesse maiores contato com ela, Draco quis convidá-la para o casamento, pois sabia que ela era muito próxima a sua mãe e, para ele, era importante ter alguém que ligasse a sua família. Mas será mesmo que meus pais teriam orgulho de mim? Pensou. Hermione percebeu que Draco tinha ficado diferente diante de Aurora, por isso ela tentaria conversar com ele, ela precisava tentar entender o que havia o deixado tão reflexivo daquela maneira.

— Você tinha razão – disse Hermione sorrindo para Draco – A senhora Aurora é uma pessoa muito simpática. – disse bem próxima a ele, enquanto se preparavam para a valsa dos noivos.

— Nunca convivi muito com ela, mas minha mãe sempre falava dela, principalmente quando iam fazer compras.

— Achei uma ótima ideia convidá-la para o nosso casamento, ela parecia estar feliz e eu vi sinceridade no olhar dela quando nos deu parabéns... - Hermione ia continuar mais foi interrompida pelo anúncio de início da valsa dos noivos.

Quando viu que os convidados estavam levantando para assistir a valsa, ela foi puxada por Draco para ficar bem próximo a ele. Enquanto a musica se iniciava devagar foram se movimentando pelo salão. Era lindo ver a sintonia que tinham. Mia olhava seus pais encantada, pois parecia que estava vivendo um conto de fadas de verdade, como lia em seus livros.

— Por que eu estou sentindo que tem algo te incomodando? – continuou Hermione. Estavam tão próximos que podiam conversar em tom baixo, quase como em sussurro.

— Por mais que eu também tenha visto sinceridade nela, eu fiquei intrigado com o que ela disse. Não gostei de parar para pensar que talvez eles não estariam orgulhosos de mim, caso estivesse vivos. Desde a igreja... Eu fiquei pensando nisso e mesmo que eles não sentissem orgulho de mim, pelos motivos que bem conhecemos...

Hermione assentiu entendendo.

— Eu queria que eles estivessem aqui, porque, querendo ou não, eles são meus pais.

Foi naquele momento em que Hermione tinha entendido o que tanto afligia Draco desde que haviam cumprimentado Aurora. Por mais orgulhoso que Draco fosse, por mais dor ele tentasse esconder num momento como aquele, ele sentia falta dos pais. Apesar de tudo, ele queria que os pais estivessem ali ao lado dele, compartilhando um momento tão feliz em sua vida. Ainda dançando, Hermione o abraçou como uma forma de conforto e entendimento pelo que ele estava sentindo.

— Você tem todo o direito de se sentir assim, meu amor, eu entendo. Não sabemos como eles pensariam nesses tempos, mas eu quero acreditar que eles teriam mudado, que eles teriam se tornado pessoas maravilhosas assim como você. Quero acreditar que eles estariam aqui sim e teriam muito orgulho de você – disse sorrindo. – Assim como eu também tenho. Vamos pensar de uma forma diferente?

— Como assim? – perguntou Draco intrigado, mas feliz pelas palavras de Hermione.

— Vamos pensar que eles estão aqui nesse salão, no meio de toda essa gente. Que eles estão felizes em nos ver dançando. Humm... Na verdade, eles estão aqui sim, porque em primeiro lugar, eles estão aqui. – disse tocando o peito dele. 

— Como você consegue ser tão perfeita? – perguntou sorrindo

Hermione riu

— Sabe o que eu acho também? –continuou ela. – Acho que você deveria se aproximar mais da Aurora. Tenho certeza que vai te fazer bem. Pode te trazer mais conforto, porque ela sempre foi próxima da sua família.

— Você acha? – Draco olhou para os convidados procurando Aurora.

— Eu acho. Se aproxime mais dela, converse mais sobre seus pais se quiser. As vezes pode ser reconfortante para você ter ao seu lado alguém que realmente fez parte do seu mundo desde o inicio. Você passou anos em Azkaban depois de sofrer tantas coisas e eu acredito que Aurora pode trazer algo bom de toda a realidade que você julgou ser ruim por conta da guerra. Pode ser que ela te mostre um outro lado da sua família.

— Não acredito muito que tenha um lado bom na minha família.

— Você não sabe, Draco, tentas coisas podem estar escondidas que talvez nós nem imaginamos.

— Despois de voltarmos da lua de mel, vou chamá-la para um café, que você acha?

— Eu acho ótimo – sorriu ainda o abraçando.

Estavam tão envolvidos um com o outro, que até esqueceram que tinha gente os assistindo.

— Eu te amo! – disse Draco sorrindo com os olhos brilhando.

— Eu também te amo! – disse Hermione sorrindo, o beijando em seguida.

Foi ali que perceberam que a musica já estava chegando ao fim e que ainda estavam sendo assistidos, pois os gritos eufóricos e os aplausos foram tão intensos quanto o brilho da lua no lado de fora do pano de vidro. Aquela valsa, não tinha sido para ninguém ali, foi apenas para eles mesmos e para a lua, que permaneceu intacta numa noite em que seria de céu encoberto por conta do inverno. A lua estava sendo a maior testemunha de que tudo era possível acontecer, inclusive que duas pessoas totalmente opostas, de mundos diferentes, podiam se casar. A lua era a maior testemunha de que Draco e Hermione seriam felizes juntos. Então, por que não dedicar a valsa dos noivos a ela? 


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada de coração a cada um que esta acompanhando... Vocês são demais!!!
Deixem seus comentários abaixo, pois assim podemos conversar bastante kkkk
Talvez até o capitulo 04, eu consiga postar mais rápido, mas a partir dai, acredito que comece a demorar mais, tanto pelo desenvolvimento dos capítulos, quanto pela betagem. Que entregar a vocês uma otina historia, espero que não se importem com a demora (=
Beijão a todos