Além de uma vida escrita por Ania Lupin


Capítulo 6
O começo




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Ponto de vista de Bella

Teria sido muito mais fácil ir a pé da escola para o hospital, sem nenhuma dúvida – da escola até o endereço impresso no pequeno cartão eram somente alguns quarteirões. Mas então, não estava com muita vontade de deixar minha irmã preocupada antes desta ir para o trabalho, e logo me conformei em pegar um ônibus perto de casa, minutos após ela me deixar em frente ao portão, me desejando uma boa tarde.

"Bom trabalho!" gritei, entrando em casa e trancando a porta.

Não que eu estivesse morrendo de vontade de ir a um hospital: essa vontade não vinha nem em pessoas normais, quanto mais em mim. Minha mão até tinha melhorado durante o final de semana, o roxo já se transformava em um verde claro e o inchaço de sexta-feira desaparecido. Mas o escorregão de quarta e a maneira como me apoiei na mão machucada para salvar meu violão com certeza fez com que algo piorasse, já que hoje mal aguentava segurar a caneta ao longo das aulas.

Bem, ele disse que poderia procurá-lo se houvesse qualquer problema, não vai ser exatamente um incômodo eu aparecer no hospital. Não para ele, pelo menos.

Tomei um banho rápido, apenas para gastar um pouco de tempo caso Alice resolvesse reaparecer por algum motivo desconhecido. Coloquei a mesma roupa de antes e a munhequeira dentro da mochila. Apertei o play no IPod e comecei a cantarolar 'here comes the sun' enquanto esperava o ônibus 33343.

Demorou um pouco mais do que imaginava chegar ao hospital – a chuva repentina não ajudava em nada o trânsito daquela cidade, e só me dava raiva por não ter me lembrado de colocar nem um casaco mais quente nem o guarda-chuva na mochila. Uma hora e muitas músicas depois, finalmente descia no ponto certo, pensando por um segundo se arriscava correr para me livrar mais rápido dos pingos, ou ia andando até a entrada me conformando com as gotas grossas.

Fui andando, claro.

Tentando ignorar meu cabelo agora úmido, por mais que tivesse envolto minha cabeça com o cachecol que usava, me dirigi até a recepção onde uma senhora que adivinhei ter quase a idade da minha avó estava atendendo.

"Eu estou procurando o doutor Carlisle Cullen," disse, já um pouco incomodada com o ambiente. Aquele cheiro típico de hospital me dava arrepios, era engraçado - de um jeito mórbido - todos terem aquele mesmo cheiro.

"O que?" A senhora me perguntou um pouco mais alto do que o necessário, e confirmei que a suposição sobre sua idade deveria estar certa.

"Procuro o doutor Cullen!" Acabei falando no mesmo volume que ela. Ela sorriu para mim ao entender, apontando para o elevador da direita.

"Sala dois, segundo andar, querida."

Peguei o elevador e assim que as portas abriram no segundo andar, avistei no fim do corredor uma sala que tinha na porta uma placa dourada escrita Cullen. Bati uma, duas vezes e após não ter nenhuma resposta na terceira, arrisquei girar a maçaneta. Sala vazia. E um cheiro cítrico, muito diferente do que sentia no resto daquele estabelecimento, que me fez querer entrar para neutralizar um pouco o outro, carregado de memórias ruins.

Decidi que não deveria me comportar como meu eu criança e lidar com isso, e estava prestes a fechar a porta e me aventurar no resto do andar daquele local agradável para tentar encontrar o médico quando um porta-retratos chamou minha atenção. Nem pensei ao pisar na sala sem autorização e me dirigir até a fotografia guardada na moldura prata, que mostrava uma grande família feliz.

Consegui reconhecer o doutor no meio dos outros três garotos, todos vestindo uniformes de baseball. Deveria ser uma foto recente, pois ele não parecia um dia mais velho quando o conheci. Os meninos pareciam novos, no máximo alguns anos mais velhos que eu. Por mais que parecesse na foto, com certeza não eram filhos do doutor Cullen, mesmo com a semelhança que tinham em relação aos olhos: quais as chances, afinal, de um homem de trinta anos ter filhos biológicos de quase vinte? Talvez fossem irmãos muito mais novos - sobrinhos, até.

Um deles era gigante e lembrava um lenhador de contos infantis. O mais loiro parecia ser o mais velho dos três, mas ainda estava longe de aparentar mais de vinte e quatro. E então aquela mesma sensação de familiaridade, quando parei para examinar o garoto que parecia ser o caçula. O cabelo cor de bronze bagunçado daquele rapaz que segurava nas mãos uma bola não me era estranho, onde mesmo eu havia visto parecido? Não fazia muito tempo.

'Não vai jogar com eles?', perguntei a uma mulher, quase do meu tamanho, o cabelo castanho um pouco mais claro do que o meu.

'Não, prefiro fazer a arbitragem. Gosto de mantê-los honestos.' Ela me explicou sorrindo. Observávamos interessadas algo no campo, mas eu não conseguia distinguir muita coisa nada na imagem borrada.

'Eles trapaceiam então?'

'Ah, sim... Devia ouvir as discussões em que se metem! Na verdade, espero que não ouça, você vai pensar que foram criados por uma matilha de lobos!'

'Você parece a minha mãe.' Ri, um pouco surpresa com a semelhança. A mulher ao meu lado também ria.

Eu conseguia sentir o cheiro da grama molhada.

"Parece minha mãe." O que foi isso?

"Vejo que meus filhos chamaram sua atenção." Meu coração quase parou naquela hora, o susto fazendo meu devaneio sumir no ar. A voz, tão simpática, não apresentava nenhum sinal de aborrecimento, mas eu me sentia completamente envergonhada por ser pega numa sala onde não devia estar, vendo coisas que não sabia se podia ver.

Virei para encará-lo com o rosto já vermelho, colocando o porta-retrato de volta na prateleira.

"Dr. Cullen, sinto muito, eu não-"

"Não queria entrar na sala onde você com certeza acabaria entrando para eu te examinar?" ele riu melodicamente, como na vez em que nos conhecemos, uma de suas mãos alcançando o porta-retratos.

"Não sem o senhor. Não é muito educado, me sinto uma intrometida." disse, sentindo minhas bochechas ficarem ainda mais vermelhas. Mas que droga.

"Carlisle, eu já disse." Ouvi novamente uma risada, pelo menos alguém estava se divertindo com aquilo. "Não seja boba. Não tem problema algum. Esse aqui," Ele apontou justo para o rapaz que havia captado minha atenção. "É o meu mais novo. Ele não é exatamente meu – nenhum dele é, para falar a verdade," me revelou, como se lesse meus pensamentos. "Eu e minha mulher adotamos os três quando," O vi pausar, indo para trás de sua mesa, sentando em sua cadeira e gesticulando para eu fazer o mesmo com a que havia ao meu lado. "Quando meu irmão mais velho faleceu."

Ele era conhecido. Sim, era o menino do café, eu sabia que era conhecido! Era o filho que ele havia mencionado naquele dia - mas já naquela tarde eu sabia quem esse menino era.

Isso está tão confuso. Seria engraçado tentar explicar para alguém. Eu achava que sabia quem era ele, só não conseguia lembrar de onde o conhecia. Me sentei na cadeira de couro preto, pensando se havia finalmente alguma coisa de muito errado com o meu cérebro.

"Ele é muito bonito." As palavras saíram da minha boca antes que pudesse conte-las. Sim, com certeza havia algo de muito errado com o meu cérebro.

"Sim, ele é. Ele é uma pessoa maravilhosa, tanto por fora quanto por dentro." O médico pareceu se perder em pensamentos por alguns instantes, mas logo voltou a falar. "Vamos ao que interessa, como está a sua mão? Veio só me devolver a munhequeira?" Fiz que não. "Piorou?"

"Eu caí," respondi, enquanto mostrava a mão esquerda mais inchada. "Pra variar. Eu só queria checar se não quebrei nada dessa vez, porque não estou conseguindo escrever, e nessa época do ano isso é um problema."

"Hum." Ele foi para meu lado, pegando minha mão com cuidado. "Ela está um pouco edemaciada. Dói?" Ele apertava alguns pontos, perto do meu pulso.

"Não." Tentei deixar a mão mais relaxada. "Começou a inchar outra vez ontem depois que caí. Eu meio que me apoiei nela, droga, quarta de manhã a mão já estava quase boa." Puxei a mão quando o senti apertar um pouco mais forte bem no ponto dolorido. "Bem aí."

"Vamos tirar uma radiografia para garantir, mas meu melhor palpite é que não tem nada quebrado aí." Ele pegou novamente a mão, dessa vez sem apertar. "Se tivesse quebrado um dos ossos da mão, estaria um pouco mais inchado que isso, e você sentiria uma dor bem maior. Provavelmente mais alguns dias de cuidados e imobilização, um anti-inflamatório e um remédio para dor, e sua mão ficará nova em folha." soltou a mão, voltando sua atenção para o computador. "Isto é, se você não resolver cair em cima dela outra vez." Mais uma risada da parte dele. Era um som quase hipinótico.

"Vou me esforçar para evitar isso." Eu mesma ri um pouco. Falar com ele era relaxante, o médico parecia ser uma pessoa relaxante. Deveriam existir mais médicos assim.

Minutos depois o doutor me levava para a sala de radiografia, comprovando o que havia dito antes: não haver nenhuma fratura recente na minha mão esquerda. Quando voltamos para sua sala recebi uma prescrição de um anti-inflamatório e um remédio para dor, e um aperto de mão na minha mão boa quando nos despedimos, a porta se fechando atrás de mim e o cheiro de hospital voltando.

A memória bizarra que não era minha, mas estava na minha cabeça, voltando. O cheiro de grama. O garoto de cabelo de bronze que estava na minha memória. Cullen, o sobrenome não era familiar, nossa família não conhecia nenhum Cullen antes de eu conhecer esse médico, tinha quase certeza. Eu não conhecia aquele garoto. E eu não sabia porque meu cérebro estava brincando comigo daquela forma.

Só quando cheguei na entrada do hospital que vi como estava o tempo. Não sabia ao certo o que acontecia com meu cérebro, mas de uma coisa tinha certeza: com a chuva que caía lá fora, não era hoje que iria passar em farmácia alguma. Nem mesmo fazia ideia de como chegar em casa com toda aquela água na rua.

"Nem ao menos um guarda-chuva." Suspirei, vencida por toda aquela água, dando o primeiro passo para fora do hospital pronta para ser encharcada pela chuva. Mas passou um, dois segundos, e não veio água nenhuma.

"Eu posso te dar uma carona até o ponto, como posso te dar uma carona até sua casa." Carlisle. O que ele estava fazendo lá fora com um guarda-chuva aberto sobre nós? "Mas seria realmente ótimo se você decidisse logo, já que hoje só um guarda-chuva não nos protege muito de toda essa água."

Uma carona não seria nada mal com aquele tempo.

"Não vou ser um incômodo?" Torci para a resposta ser não quando ouvi um trovão.

"O carro está logo aqui perto." E ele me conduziu para o estacionamento descoberto.

E claro, quando eu vi o carro no qual entrava – com o médico abrindo educadamente a porta para mim – tive que me segurar para não arregalar os olhos e abrir a boca. Tudo bem que ele era médico, e que médicos ganhavam um salário generoso, mas como um médico tão novo conseguia ter uma Mercedes tão nova e ainda manter três jovens que tinham acabado de sair da adolescência? Por um instante me senti uma boba por querer devolver aquela munhequeira – ele deveria ser muito, mas muito rico, poderia comprar um milhão daquelas se quisesse.

"Para onde vamos?", ele perguntou, ligando o carro.

"Para onde nos conhecemos seria ótimo.", respondi, lembrando que precisaria passar no mercado de todo jeito - estávamos já sem macarrão naquela casa. "Fica muito fora de mão?"

Carlisle pressionou o botão que ligava o ar quente e passados alguns segundos eu já me sentia confortável o suficiente para tirar o casaco e o cachecol, os colocando com cuidado no banco de trás.

"Minha casa também é para o leste, todos os dias passo por onde nos encontramos, então não é problema nenhum te dar uma carona." Essas palavras já me deixavam um pouco aliviada – só esperava que fossem verdadeiras. "E então, a mão machucada anda privando você de alguma coisa além de fazer anotações na aula?", ele perguntou, mais uma vez me fazendo sentir relaxada para conversar.

"Cozinhar fica um pouco mais difícil com apenas uma mão, eu e minha irmã passamos a semana comendo macarrão com molho pronto." Dei uma risada ao lembrar de Alice dizendo que se visse algo de aparência complexa sendo preparado para o jantar, trancaria os armários da cozinha e levaria a chave junto com ela.

"Quer dizer que você é a cozinheira da casa? E sua mãe?" A pergunta me pegou um pouco de surpresa – já fazia algum tempo que ninguém me perguntava sobre meus pais.

"Minha mãe morreu quando eu era pequena." E ele parecia estar prestes a se desculpar mas eu logo emendei. "Não se preocupe, está tudo bem. E sim, sou a cozinheira da casa, se eu deixar nas mãos de minha irmã a cozinha, ela é capaz de queimar a água do chá."

"Sua irmã é uma menina de sorte."

"Mais para moça de sorte." O corrigi. "Ela é quase um ano mais velha do que eu, e eu sei que a diferença de idade não é tanto para o que vou dizer, mas ela foi praticamente uma mãe para mim. Ainda é, um pouco. Mãe e melhor amiga." Sorri, olhando para fora da janela. A chuva parecia ter diminuído um pouco, não que isso importasse agora. "Tanto ela quanto eu temos sorte em termos uma a outra."

"Queria que meu mais novo tivesse essa mesma sorte, em poder recorrer para um dos irmãos para falar de seus problemas." Carlisle disse depois de um tempo em silêncio. Ele abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas pareceu desistir no instante seguinte.

"Seu filho mais novo era o garoto que estava na cafeteria naquela tarde?" Perguntei sem pensar.

"Você o viu?" Ele parecia curioso.

"Acho que sim." E acho que o conheço. Até tenho memórias com ele! Agora por favor me mande para um neurologista. "A foto no seu consultório pareceu familiar." Vi um sorriso estranho se formar nos lábios do médico enquanto ele fazia a curva.

"Ele estava lá, sim, tanto que era por isso que eu estava lá dentro." O vi pensativo por um momento. "Estamos tendo problemas com Edward." Edward. Edward Cullen.

Edward Masen Cullen.

Senhora Isabelle Masen.

O celular vibrando no meu bolso me vez voltar a realidade. Não. Não, foco, de onde saiu isso?

"É ruim tocar com a mão desse jeito, também." Continuei a conversa, enquanto via as 3 mensagens deixadas pela minha irmã.

"Você toca?" Carlisle perguntou, parecendo surpreso. "O que você toca?"

"Violão." Mas meu violão de estimação estava quase sempre criando pó num canto do meu quarto desde que eu chegara em Manchester. "Em Nashua, onde eu viva antes, eu costumava cantar e tocar num bar do centro todas as sextas à noite. Era o bar de um conhecido dos meus avós, um senhor muito simpático. Tenho que admitir que sinto um pouco de falta de ter um lugar para tocar além da minha casa."

"Se mudou faz pouco tempo para cá?"

"Faz alguns meses." Confirmei.

"Se quiser, posso falar com alguns colegas quando sua mão melhorar. Conheço alguns donos de ótimos bares aqui por Manchester."

"Sério?" A pergunta saiu mais empolgada do que eu pretendia. "Quero dizer-"

"Não seria incômodo algum." Ele pareceu previr o que eu iria dizer. "Me procure outra vez quando sua mão melhorar – tanto para ver se realmente curou, quanto para eu te responder se conheço alguém precisando de uma boa cantora. Eu só não prometo nada." Meu sorriso estava grande no final de sua última frase.

"Uma chance já seria ótimo." Só percebi que o carro tinha parado quando ouvi o destrancar das portas. Não havia nem mesmo reparado na parada da chuva, não restando agora nem mesmo uma garoa.

"Vai precisar de ajuda?", ele perguntou, apontando para minha mão lesionada.

"Não Dr. Cullen, mas obrigada. E muito, muito obrigada mesmo pela carona!"

"Foi um prazer, criança.", ele respondeu sorrindo, enquanto eu fechava a porta e ia para a calçada molhada, observando o carro sumir ao virar o quarteirão.

Tirei o celular do bolso para ver as horas – quase sete – e só então que notei as novas mensagens, junto com uma chamada perdida. Entrei no mercado, jogando no carrinho alguns pacotes de massa enquanto respondia para minha irmã que estava viva. Mas Alice era Alice, e quando estava pagando os pacotes no caixa escutei seu toque vindo de meu telefone.

"Al,-"

"Eu tentei te ligar a tarde toda!"

"Al-" Tentei começar a falar outra vez enquanto tirava a carteira da mochila.

"Você não ignora as chamadas da sua irmã mais velha a tarde toda, isso é uma lei, sabia? Devo ter ligado umas quatro vezes-"

"Alice, me escuta!" Como um ser tão pequeno conseguia ser tão irritante? "Primeiro, foram cinco mensagens, não quatro chamadas. Segundo, fui até o hospital ver minha mão, vou precisar que você passe na farmácia para comprar alguns remédios, ok?" Escutei ela começar a falar que deveria ter ligado, mas ignorei enquanto recebia meu troco. "Al, posso te passar o nome dos remédios? Eu mando uma foto da receita, pode ser?" disse, quando enfim ouvi o outro lado da linha mudo.

Alice traria os remédios, já estava entrando no carro quanto telefonou. Saí do mercado, jogando o celular de volta dentro da mochila e atravessando a rua. Toda aquela chuva só trouxera ainda mais frio para essa cidade gelada – quando chegaria o verão mesmo? Tinha duas opções no momento: criar coragem e andar o quarteirão que faltava para chegar em casa – que no momento parecia incrivelmente grande – ou tentar esquentar um pouco com um café antes de me aventurar mais pela rua fria. Não é preciso dizer que escolhi a opção número dois, e segundos depois meus pés me levavam para dentro da Starbucks.

"Um mocaccinno branco médio com chantilly extra, por favor." Já podia até sentir o gosto daquele café maravilhoso. Eu amava chantilly, eu amava chocolate, eu amava em especial o café.

Me sentei na cadeira que já havia batizado como minha naqueles poucos meses, largando a mochila e as compras na mesinha que havia ao lado. Estava aproveitando o aroma daquele lugar - tirando todas as memórias do aroma do hospital - quando meus olhos viram algo que chamaram sua total atenção.

Era o garoto da foto – o garoto que tinha visto dias atrás naquela mesma cafeteria, naquele mesmo lugar –, podia dizer aquilo com absoluta certeza, apesar das diferenças significativas entre o pedaço de papel e o real. Ele parecia mais magro, mais pálido, com olheiras mais proeminentes. Mas mesmo assim, incrivelmente lindo.

Que problemas ele estaria tendo para ficar naquele estado? E o mais importante, por que eu estava me mostrando interessada o suficiente para estar indo até a mesa dele perguntar?

"Isabella, mocaccinno branco com extra chantilly!" Salva pelo café. Recuei de volta ao balcão de entregas, pegando o copo de isopor e voltando para minha cadeira.

Será que ele sempre ficava por aqui? Se sim, como eu ainda não o tinha notado antes? Praticamente passava todos os dias nessa cafeteria.

O café estava já na metade quando o vi se mexer pela primeira vez. Já estava de pé quando o vi jogar o copo no lixo. Por mais que eu não o conhecesse, precisava falar com ele para pelo menos tentar afastar qualquer sensação estúpida de familiaridade com um completo estranho. Pensando agora, havia funcionado com Carlisle, toda a conversa de hoje me fizera concluir que eu deveria ter tido a sensação de intimidade por causa de sua simpatia enorme.

Mas como poderia sentir isso por alguém com quem eu nem mesmo trocara uma palavra?

Quando me dei conta estava andando em direção a ele.

'Ele é lindo, claro, mas não perca seu tempo. Ele não namora. Ao que parece, nenhuma das meninas daqui é bonita o bastante para ele.'

O que?

"Com licença-"

"Bella?"


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Notas finais do capítulo

Gente, obrigada a todos acompanhando, comentando, teve uma recepção bem melhor do que eu imaginava!

Espero que tenham gostado, e qualquer crítica, sugestão, estou sempre aberta para recebe-las ;)

Beijão,
Ania.



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