Além de uma vida escrita por Ania Lupin


Capítulo 38
Queimando


Notas iniciais do capítulo

É o último =(



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Ponto de vista de Edward

"É hora de nos mudarmos outra vez." escutei meu pai falando, deixando enfim cair o corpo do urso. "Esme não gostou muito da novidade. Ela já estava acabando a casa de vocês quando falei," Sabia que ela havia escutado o comentário, apesar da distância, e abafei um riso com os pensamentos que ouvi. "Mas então, Esme sempre acaba entendendo."

"Bella talvez queira se despedir dos avós - provavelmente após a transformação, e sem Lizzie. Ela e Alice podem ir juntas, quem sabe com Jasper." Pois eu não sairia do lado de Elizabeth por nenhum minuto.

Também me afastei de uma carcaça enquanto limpava a boca. Aquilo deveria ser o suficiente para suportarmos todo o sangue, e algo me dizia para voltar - provavelmente todo meu medo de algum acidente acontecer em minha ausência.

"Eu e Esme fomos atrás de histórias de crianças como a de vocês." Carlisle falou quando começamos a andar de volta para a casa. "São crianças muito especiais, Edward." Com certeza eram, não consegui evitar de pensar. Então, escutei tudo que precisava para manter o resto de meu coração calmo. "São imortais como nós."

Imortais.

O maior medo que Bella e eu - ao menos naqueles últimos dias - sentíamos quanto ao que crescia em sua barriga.

'E se ele morrer, Edward? E se eu me tornar imortal, e meu filho morrer?'

"Elas crescem talvez um pouco mais rápido do que o normal, mas chegam em uma idade que simplesmente estacionam. Provavelmente terão uma jovem adulta para sempre, então vocês dois podem parar de se preocupar com isso - vá junto com Isabella se despedir de seus poucos familiares de sangue."

Soltei um suspiro aliviado, um sorriso maior nos lábios: então a única preocupação seria com ela, agora. Com minha esposa, minha Bella, meu melhor achado, minha futura imortal.

"Obrigado por tudo, Carlisle." agradeci, nós dois já quase alcançando Esme e Rose quando uma voz me fez parar de caminhar.

Carlisle!

"Jasper?" meu pai me olhou, as órbitas amarelas preocupadas, a preocupação apenas aumentando quando segundos depois meu irmão parou na nossa frente, sua expressão nada boa. E eu conhecia aquela expressão - eu lembrava bem daquela expressão.

Nunca esqueceria daquele rosto, segundos depois do ataque que me fez partir há tantos anos de Forks.

Era o pós-sangue. A cara de conflito, por sentir o cheiro de algo tão bom, tão fora de alcance. Sangue.

Por que Jasper não estava junto com as duas?

"Carlisle," Por que Bella estava sozinha com Alice? "Ela caiu!" Jasper não precisava dizer quem havia caído. Merda!

"Como ela está?" Não esperei por uma resposta antes de começar a correr, os dois vampiros conseguindo me acompanhar naquele começo.

"Acho que fraturou uma vértebra." Merda, merda - ao menos não havia sangue. Não havia sangue, não havia, tinha sido apenas uma queda. "Ela não consegue sentir as pernas, e talvez tenha entrado em-" Trabalho de parto, completei mentalmente antes de gritar.

Claro que havia sangue.

Ele chegou com a expressão que sempre fazia quando sentia aquele cheiro - mesmo após tantos anos, mesmo após tanto controle.

"E você a deixou sozinha com Alice?" Teria parado e socado a imortalidade para fora do corpo de Jasper se não precisasse chegar tanto em nossa casa.

"Edward, não tinha o que fazer!"

Tinha.

Sempre tem.

Nunca corri tão rápido. Toda a família ficou para trás nos primeiros minutos, e sabia que demoraria muito menos do que a quase uma hora que todos levariam - trinta e cinco minutos, no máximo. Naquela velocidade menos, muito menos.

Quanto tempo teria levado Jasper?

Quanto tempo teria resistido Alice, como todo o sangue?

Cinco minutos, pelas minhas contas chegaria em mais cinco minutos - não, menos, porque já conseguia escutar os pensamentos desesperados de nossa irmã.

IZZY! Isabella, Izzy por favor, por favor! Izzy, reaja! Sshh Lizzie, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem...

O cheiro de nosso melhor alimento estava no ar nos últimos dois minutos, minha garganta queimando, por mais satisfeito que estivesse.

Porque era muito sangue - e o melhor tipo de sangue. Sangue demais para uma recém transformada aguentar, eu sabia. Mal eu aguentava, justo aquele sangue.

Mas tinha um coração batendo - rápido demais. Um coração batendo, conseguia ouvir ao passar pela porta.

Um coração, que eu mal escutava no meio dos pensamentos e palavras desconexas de Alice.

"Alice?"

Um coração que não era igual ao coração de Isabella.

"Eu tentei, Edward eu tentei, mas tinha tanto sangue!" A pequena falava, coberta de vermelho - pingando. Pela primeira vez vi o que havia em seus braços, o pequeno embrulho que tanto se mexia, e tanto parecia chamar por alguém, fazendo pequenos sons que pareciam quase um choro.

Sim, a batida acelerada que ouvia era de nossa filha. Lizzie tinha os olhos da mãe.

"Ela perdeu tanto sangue, tem tanto sangue-" Lizzie. "Eu precisei morder para cortar." Nossa Lizzie.

E então eu olhei para Bella.

"Ela disse que não sentia mais nada, mas-"

E tive tantas palavras quanto Alice, ao ver minha expressão.

Oh, Bella!

Vampiros podiam tremer? Porque eu tremia ao notar o quão pálida, o quão coberta do cheiro de ferro - sangue -, o quão sem vida aquele pedaço da minha estava.

Vampiros podiam tremer porque Alice tremia, eu conseguia ver de canto de olho.

Você desistiu depois de quanto tempo, meu amor? Me aproximei, tocando a mão ainda quente, afastando alguns cabelos do rosto suado. Fechando os olhos, o único barulho que escutava era o coração de nossa filha e os pequenos sons que a mesma continuava a fazer.

Fechando os olhos, consegui um fio de calma necessário para ouvir o que no desespero havia passado despercebido

"Edward, eu sinto-"

"Escute." Era fraco, tão fraco que não parando para notar, passaria sem ninguém perceber. "Quantos corações você escuta bater?" Mas estava presente.

Dois corações.

"Dois!"

Por enquanto.

Abri meus olhos novamente, já conseguindo enxergar o mínimo de vida naquela pele ainda opaca.

"Você conseguiu, Al."

Ponto de vista de Isabella

Eu conseguia escutar a voz de Alice, mas parecia tão distante, como se minha irmã gritasse fora do terreno da casa, ao invés de se desesperar do meu lado. Rasgue a bolsa Alice, rasgue com seus dentes! Você consegue, por favor faça Lizzie conseguir!

O choro que eu escutava no segundo seguinte era o som mais lindo que poderia ouvir. Elizabeth. Ela tinha o cabelo de seu pai, e aquela foi a última coisa que consegui ver antes dos meus olhos fecharem, e das vozes sumirem. Sentia como se a vida estivesse se escorrendo, como se eu estivesse derretendo, me tornando outra coisa além daquele corpo, outra coisa mais livre, sem aquelas limitações celulares. Lizzie ficaria bem, ela ficaria bem - será que tinha os olhos de Edward, ou os meus castanhos? Quis tanto que fossem os verdes que um dia tanto amei, para que ele não se lembrasse de mim, para que Edward pudesse conviver com nossa criança sem sentir dor toda vez que visse os meus olhos. Ele ficaria bem, não ficaria? Ele e Lizzie ficariam bem.

E então, eu voltei a sentir meus braços.

E então, minhas pernas.

Em um segundo, eu sentia um calor agradável em toda a superfície do meu corpo. E no segundo seguinte, a dor era excruciante. Eu podia sentir tudo, tudo. Desde os pequenos cortes e hematomas que adquirira ao cair da escada até o rasgo gigante que era meu ventre. Minha coluna parecia estar pegando fogo, e era como se todo o sangue dentro do meu corpo estivesse em ponto de ebulição. Era quente, era o inferno, e parecia esquentar mais a cada milésimo que passava. Meu coração estava queimando, e não, não era bom, e a agonia era tão grande que eu queria ter ido embora, eu queria ter partido enquanto podia, me deixe morrer!

Por mais que tentasse me mexer, não conseguia mover nem um músculo. Queria gritar, implorar para alguém acabar com aquela tortura - me matem, me matem! -, mas meus lábios estavam selados, assim como todo meu corpo. Por que não podia me mexer? Por que eu morria de novo e de novo tantas vezes, apenas para sentir cada vez mais dor? Aquilo era o inferno? Aquele era algum tipo de castigo, por ter desejado tanto o imortal, por ter-

Ou aquilo era morfina. Era o veneno de Edward com morfina. Não!

Não, eu não queria mais, façam parar! Eu quero morrer, me deixem morrer, me deixem ir, acabem com isso! Quanto tempo já estava assim, quantas horas, dias, semanas? Minutos? Poderiam ser minutos apenas, e haveriam horas ainda a seguir? Meu Deus, me deixe morrer, Edward conseguiria cuidar de Lizzie sozinho, me deixe morrer, eu quero morrer!

Eu enlouqueceria, eu estaria louca, insana, ao abrir meus olhos. Eu enlouqueceria se continuasse sentindo toda aquela dor, focando em toda aquela dor. Pense Isabella, pense em algo que traria paz. Morte, a morte traria paz, a morte faria tudo parar de queimar, a morte faria toda aquela dor física acabar. A morte me levaria para longe de minha filha. Lizzie. Eu nem mesmo havia pegado-a em meus braços antes de todo aquele pandemônio, Lizzie! Ela tinha os cabelos cor de bronze, e eu apenas ouvi aquele pequeno choro, e vi seus cabelos. Havia conseguido, havia ficado viva por ela, até o final, até a hora de-

Quando a dor conseguiu duplicar sabia que não conseguiria mais suportar. Algo dentro de mim iria quebrar, minha sanidade iria queimar por inteira, e Lizzie, eu não conseguia me distrair com as tão poucas memórias que tinha dela, as tão poucas memórias, nem sempre prazerosas - pensar em Lizzie fazia minha garganta queimar duas vezes mais, eu sentia aquilo com ela em minha barriga, não sentia?

Mas Edward, eu conseguiria focar pensando nele. Haviam tantas memórias, havia tanto dele na minha alma. Ele havia passado por aquela dor? Como ele conseguiu me perdoar passando por aquela dor, eu havia sido a responsável, era eu a culpada por aquela dor, ele também quis morrer? Ele também quis que alguém acabasse com aquilo, ele gritou por clemência, pediu pela morte?

Queria respirar fundo para tentar recuperar algum controle com o oxigênio, mas não conseguia fazer nada. Edward. A primeira vez que vi seus olhos verdes, no meio da feira livre na rua de casa. Sempre os achei verdes como a mais linda das florestas. A primeira vez que ele tocou minha pele com sua mão, o toque era quente, delicado, e eu conseguia sentir seu cheiro humano - concentre-se Bella, não fique louca, Bella. A primeira vez que senti seus lábios nos meus, um beijo roubado, um beijo dado embaixo da chuva que caía na praça.

Edward humano gostava de sorvete.

Ele tinha um cheiro tão bom na minha segunda vida quanto tinha na primeira que o conheci. Edward tinha um cheiro doce, que me fazia querer sempre mais, mais daquele cheiro, daquele toque, daquela boca. Na primeira vida, seus beijos eram ternos e tornariam-se apenas cheios de desejo após o casamento - pela época na qual nos encontrávamos. Na segunda vida, seus beijos eram suaves - por medo, por qualquer coisa mais forte poder me quebrar ao meio.

Naquela minha vida de agora, ele finalmente se deu para mim por completo. Sim, eu lembraria daquilo, eu lembraria de cada segundo - e eu conseguia lembrar de cada segundo. Lembrava de cada centímetro de seu corpo ao lado do meu no meu antigo sofá, a luz da lua passando sobre sua pele e a deixando ainda mais branca. Ele era tão lindo, esculpido no mármore. Eu seria igual? Eu aguentaria aquela transformação e seria igual? E naquele momento eu tive certeza: foi aquela vez que nos deu Elizabeth.

Lizzie. Eu nem mesmo a segurei, Lizzie. Será que ela tinha o corpo frio como o do pai? Ou seria mais quente do que nós dois juntos? Queria tanto poder te ver agora, Lizzie...

Lizzie.

Izzy!

Alice.

Izzy, onde você está?

A voz de Alice me chamava de longe, mas eu não queria voltar. Queria ficar ali, escondida no meio daquela floresta, onde poderia não me lembrar daquela data infeliz. Onde não precisava lembrar que, um ano antes, tinha minha antiga casa para voltar, com minha mãe e meu pai, ao invés de uma casa antiga com meus dois avós, que era para onde teria que ir assim que anoitecesse.

Tinha mais algumas horas até precisar sair daquela floresta.

"Izzy, me responde!"

Alice não gostava dali, e eu sabia que ela não pisaria dentro do mato - teria todos aqueles minutos para mim mesma, e para sentir pena de mim mesma. Era injusto, eu sei, mas andava com raiva de minha irmã. Por que ela não fez nossos pais ficarem em casa, por que? Teríamos papai, pelo menos, caso aquele acidente-

Mas naquela tarde, eu não achei um lugar dentro da floresta para chorar, como era a ideia. Aquele aglomerado de árvores e mato que ficava há poucos quilômetros da grande casa de nossos avós era um de meus esconderijos nos dias ruins, mas na tarde daquele dia especialmente terrível, eu penetrei nela mais do que o habitual e achei uma clareira - onde deveriam haver apenas flores - e um volvo preto.

E havia um homem dentro do carro.

E eu conhecia aquele homem de algum lugar.

"Quem é você?"

Revivi aquela memória, prestando atenção em todos os detalhes, em todos os milésimos - era tão fácil aquilo, agora. Era como um filme.

Edward. Nós sempre nos achávamos. E nós sempre iríamos nos achar.

E de repente, eu conseguia viver com aquele fogo. Conseguia pensar novamente com mais clareza. Conseguia suportar toda aquela dor. Não era mais dominada por ela, mas a controlava, e a sentia ficar mais domada a cada segundo. Sentia meus braços, sentia minhas pernas, e sentia que conseguia move-los novamente - por mais que não o fizesse. Meus olhos estavam fechados e os mantive assim, querendo abri-los apenas quando tudo aquilo houvesse passado.

Por dois dias - dois quase inteiros dias, eu escutei apenas vozes. As pessoas que mais ficavam ao meu lado eram Alice e Edward - meu esposo nunca saiu, nunca soltou minha mão, nem quando tinha nossa filha nos braços. Lizzie fazia os sons mais doces que já ouvira, e aparentemente era disputada pelos vampiros da casa enquanto a mãe não acordava.

"Eu consigo vê-la melhor." ouvi no final do primeiro dia. "A transformação termina amanhã," Alice dizia, a voz outra vez feliz. "Mas você já sabe."

A dor era quase imperceptível agora.

"Você é tão linda." escutava sair dos lábios de Edward, enquanto ele acariciava meu rosto - sua mão estava tão quente! Quente, quente como a minha deveria estar. "Eu amo tanto você. Abra os olhos para mim, meu amor. Acorde."

Foi no terceiro dia que a dor desapareceu por completo, restando apenas uma queimação na garganta, como se eu não bebesse água há dias - o que não deixava de ser uma verdade. Aquilo era sede. Era aquilo que meu marido sentia ao meu lado, durante todos os nossos momentos? Era com aquele desconforto - só que vezes maior, sendo que meu sangue cantava para ele - que Edward convivia enquanto me beijava, enquanto fazíamos amor? Ele era tão forte! Como conseguia, como havia conseguido por todo aquele tempo ficar assim perto e nunca ceder aos seus instintos?

Como eu o amava. Como eu sentia orgulho dele, como eu o achava perfeito - era tudo tão mais intenso, aquele sentimento era tão grande que mal cabia no meu peito!

"Bella?"

Abri os olhos, achando no mesmo momento os amarelos que eu tanto amava.

Para sempre, enfim.

.

Ponto de vista de Edward

Nos quase três dias - as sessenta e oito horas e vinte e sete minutos - em que Isabella passara deitada, não consegui sair de seu lado. Graças a Alice - que tivera a mesma mistura de veneno e morfina aplicada em seu coração - sabia que a dor que Bella sentia era igual a que eu sentira, há tantos anos atrás. E eu nunca largaria aquela mão, eu não largaria de sua mão até que voltasse a abrir os olhos.

"Eu estou aqui, meu amor." Ela não passaria por aquilo sozinha. "Eu estou aqui, eu te amo." E eu repetiria aquilo até que ela conseguisse me escutar, até que toda aquela dor fosse mais suportável, e ela conseguisse distinguir a minha voz.

O primeiro movimento que captei foi quando Lizzie estava presente, dormindo em meus braços após uma longa conversa. Era engraçado como Lizzie conversava com aquelas imagens: fazia um som para chamar minha atenção enquanto colocava aquela mãozinha - tão pequena - em meu rosto, e me mostrava Isabella.

"É sua mãe, Lizzie." Mais um som, e ela olhava para a mãe deitada. "Ela está dormindo, mas já vai acordar para ficar com você." Me mostrava o que via enquanto ainda não nascida, a voz de minha esposa enquanto pedia para minha irmã realizar a cesárea. "Sua tia Alice foi muito corajosa. Ela salvou vocês duas." Um grito. "Ela não está sentindo dor, meu amor." Uma mentira - que eu nem sabia se ela estava entendendo.

E então, a mão que segurava se moveu, se fechando mais milímetros - quase imperceptível, não fosse o que sou - ao redor da minha.

"Acorde para nós, meu amor." dois dias com ela imóvel ao meu lado, e eu já sentia tanta saudade. "Lizzie sente falta de suas canções de ninar."

Mas foi só no terceiro dia que meu pedido foi atendido.

Esme aparecera minutos antes para levar Lizzie, Alice a avisando que em mais alguns minutos tudo teria acabado. Elizabeth foi para seus braços após um pouco de protesto, e as duas saíram pela porta nos deixando novamente a sós. A pele de Isabella já estava tão branca, a temperatura já se igualava a minha - tão morna. Era incrível como ela estava ainda mais linda - não achei que fosse ser possível aquilo. Observava maravilhado o sol pousar na sua pele e estourar em milhões de pequenos raios.

"Linda, tão linda." Não mais resisti e meus lábios beijaram sua bochecha - ela cheirava tão doce, tão bem, tão tentadora, muito mais do que como sempre - e eu achava que superar o cheiro que já sentia era impossível. "Você é tão linda. Eu amo tanto você. Abra os olhos para mim, meu amor. Acorde."

Foi então que, pela primeira vez, eu a escutei.

Como eu o amo. Como eu sinto orgulho dele, como eu o acho perfeito! Perfeito, perfeito para mim. Meu Deus, isso mal cabe no meu peito, parece que vou explodir! Como consegui ser tão sortuda?

"Bella?" Ela me amava - realmente me amava. Sempre amou, e depois de ouvir aquilo, seus pensamentos mais íntimos - seria sempre assim agora? - nunca mais poderia ter alguma dúvida.

Isabella abriu os olhos no segundo seguinte, seus vermelhos achando os meus, um sorriso nos lábios - tão grande quanto o meu próprio. Mas não havia mais traço algum de seus pensamentos quando sua boca achou a minha no segundo seguinte, nós dois acabando no chão com a força que ela ainda não sabia controlar.

"Senti tanto a sua falta, meu amor." disse, abafando um riso ao ver as marcas feitas por ela no piso de madeira.

"Não posso esquecer de não quebrar você, agora." ela lembrou, suas mãos explorando cada pedaço do meu corpo. É tudo tão novo, você é tão quente! É tão bom passar minhas mãos no seu cabelo - tão macio. Outra vez - e eu não sabia descrever a sensação de escuta-la em minha mente. "O que foi?" A pergunta veio quando soltei o riso que segurei por tantos dias, de felicidade, de alívio por tudo enfim, ter acabado da melhor maneira.

"Eu escutei você, meu amor." confessei, meus lábios novamente achando os dela, eu me aproveitando de sua distração para trocar de posição e deita-la no chão. "Eu não sei como, mas escutei. Como você me surpreende tanto? Como você me faz tão mais feliz em segundos?"

"O que você ouviu?"

"O quanto você me ama." E ela riu - e foi a risada mais melódica que escutei em toda minha existência.

"O quanto eu te amo? O quanto te acho perfeito? Como eu acho que vou explodir a cada segundo?" Aquela voz era música, literalmente. "Meu amor, você não ouviu nem metade."

E o próximo beijo nos calou por alguns bons minutos.

Para sempre, enfim.


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Notas finais do capítulo

Eu descobri uma coisa: sou péssima com finais. Eu simplesmente não quero escreve-los! Estou vivendo o mesmo dilema na minha fic DG!

Muito muito obrigada pelas reviews!

Esse foi o último capítulo, mas esperem por um epílogo bonitinho - sai essa semana ainda, juro!

Muito obrigada a todos que acompanharam, foi muito especial o carinho de vcs, lindos ;)

Um beijo enorme,

Ania.



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