Ponto de vista de Isabella

Eu nunca fui muito boa em andar de saltos - Alice era a profissional naquela área - mas a pessoa ao meu lado me garantiu que não me deixaria cair antes mesmo que pudesse abrir a boca.

"Jamie-"

"Já disse que não vou te deixar cair, Izzy." ele me reafirmou antes que eu pudesse falar mais qualquer coisa. "Eu não vou te deixar cair."

Não era como se eu fosse ter tempo o suficiente para me arrepender daquela decisão, mas não conseguia deixar de pensar se realmente queria fazer aquilo. Eu queria me casar? Eu queria me casar com Edward? Como eu queria passar meus últimos dias? E se em algum momento eu me arrependesse? E se ele se arrependesse? Eu realmente o amava, já por anos, já há vidas, mas já havia tirado tanto dele, e se...?

Os bancos rústicos de madeira combinavam perfeitamente no corredor, o altar embaixo da árvore provavelmente milenar já abrigava os dois familiares que fariam nosso casamento. Desviei o olhar novamente para James, respirando fundo e me preparando para dar o primeiro passo naquele corredor ao ar livre, feito de grama e pétalas brancas. Precisava sorrir, precisava que fosse natural e verdadeiro, precisava respirar.

E então eu vi o meu noivo, e sei que por um segundo meu coração parou. O meu sorriso nunca saiu tão verdadeiro, e no instante seguinte segurei o braço de meu amigo com mais força, eu mesma o puxando para frente - queria logo chegar até a pessoa que me olhava como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo. Era como eu olhava para ele, como olhei, tantas vezes, em tantas vidas, desacreditando que merecia tamanha perfeição. A cada passo meu, o rosto de Edward se transformava mais, as mãos que cobriam a boca lentamente sendo abaixadas, revelando o sorriso que eu tanto queria ver novamente, o sorriso que alcançava seus olhos. Ele não me implorava mais nada com aquele olhar, não parecia haver mais tristeza alguma escondida naqueles olhos.

Demorou um segundo a mais - como tantas vezes demorava para mim, enquanto o olhava e discutia comigo mesma sobre o vampiro ser real ou não - antes de Edward pegar meu braço quando cheguei onde ele estava. Nem vi para onde fora James, meus olhos só existindo para aqueles amarelos tão brilhantes. O que havia mudado? Era por ser o dia de meu, de nosso casamento? Alguma trégua?

"Como eu consegui uma noiva tão perfeita?" escutei-o sussurrar em meu ouvido, enquanto subíamos os dois degraus que nos levavam até Esme e Carlisle. "Como consegui ser tão sortudo?" Agarrei mais forte o braço do meu vampiro, realmente feliz pela primeira vez naquela semana. Edward estava feliz de verdade, como no começo. Quase me esquecera do quanto aquilo tranquilizava meu coração.

Nossos olhos se encontraram uma última vez, os lábios do vampiro dizendo um silencioso eu te amo, antes de voltarmos nossa atenção ao casal à nossa frente.

"Hoje é um dia de celebração." Esme começou a falar no microfone, com um sorriso tão sincero quanto o de meu noivo. "Uma celebração de amor, de comprometimento, de amizade, de família, e de duas pessoas que vão prometer o para sempre. Nós temos milhares de momentos importantes que acontecem durante nossas vidas, mas o casamento em especial é considerado um marco, e nós reconhecemos esse status especial, partilhando-o com os outros. Mas por que esse momento? Acredito que seja porque, apesar de todas as nossas diferenças, o amor é o que todos nós compartilhamos. O amor é o maior unificador, nossa verdade universal. Independente de quem somos, de onde viemos, no que acreditamos, todos nós sabemos de uma coisa: o amor é o que estamos fazendo direito." Senti um leve aperto em minha mão direita, respirando fundo enquanto tentava segurar as lágrimas - pelas fungadas que escutava atrás de mim, sabia que ao menos estava tendo mais sucesso que alguns dos convidados. "É por isso que vocês dois estão aqui. É por isso que cada um de vocês veio para essa comemoração. Todos nós já amamos em nossas vidas, e nesse momento, nós somos lembrados que a habilidade de amar é a nossa melhor parte." Sim, era aquilo que importava: conseguir amar. Ter alguém para amar.

"Todos nós hoje presentes temos nossas próprias histórias de amor." começou Carlisle, olhando para mim, então para o filho. "Algumas curtas, outras longas. Algumas ainda não foram escritas, enquanto outras estão chegando agora no melhor momento." Meus olhos abaixaram por um instante: era aquele meu melhor momento? "Existem capítulos tristes e decepcionantes em todas as nossas histórias, assim como capítulos emocionantes e cheios de aventura." O dia mais feliz da minha vida era o dia em que eu já estava tão próxima do fim? "Estamos todos aqui porque queremos partilhar desse momento - e de tantos outros que estão por vir," Mais um leve aperto, eu o devolvendo com toda a força que me era possível. Não haveriam tantos outros momentos, não com minha escolha - era naquilo que Edward estava pensando? "Com vocês. Estamos aqui para ter esperança com vocês, para apoiá-los, para termos orgulho de vocês, e para lembrá-los que o amor não é o 'felizes para sempre': amor é a experiência de escrever sua história. Não é um momento - nem mesmo este momento. É cada momento. Momentos grandes como dizer o primeiro eu te amo, o primeiro dia morando juntos, o primeiro desentendimento - mas é, principalmente, um milhão de pequenos momentos: a primeira viagem juntos, passar o dia vendo Netflix debaixo de um cobertor, receber um abraço quando você chega em casa do trabalho. Estes momentos todos os dias se fundem em uma grande experiência." o vampiro pausou por um momento, voltando o olhar para os convidados. "E mesmo que essa experiência seja tão incrível, faltam palavras na hora de tentar explicar. Porque o amor é assim, para ser sentido, e não descrito - mas tentar descrever o amor é um dos nossos passatempos favoritos. Usamos as palavras que temos para escrever histórias, poemas e canções sobre o amor. E mesmo que descrevamos o amor de diferentes maneiras - e mesmo que o amor possa parecer diferente de uma pessoa para outra - todos nós sabemos quando o vemos. E nós vemos isso aqui, entre Edward e Isabella. Então hoje," Meu olhar seguiu Esme, que descia até um dos bancos e entregava um microfone para a minha segunda mãe. "Temos algumas palavras sobre os noivos, vindo de algumas das pessoas que mais os amam."

Fechei os olhos por um momento e respirei fundo. Estava muito mais difícil não chorar do que imaginava - e não, eu não era alguém que chorava com facilidade -, ainda mais ao ver minha avó de pé, tão pequena, tão frágil, me olhando com uma mistura de alegria e pena junto de meu avô.

"Isabella é minha neta, mas é como se fosse minha filha." ela começou, e eu apertei as unhas contra a pele das mãos, mais uma vez respirando aliviada ao conseguir conter as lágrimas - talvez se elas começassem, eu não conseguisse mais parar. "Ela é doce, carinhosa, e se preocupa com todos ao seu redor - muitas vezes esquecendo de se preocupar com ela mesma, não é mesmo mocinha?" Sorri ao final daquela frase, e fiquei aliviada ao ouvir a próxima. "Eu sei o que está acontecendo para esse casamento acontecer." Duas pessoas a menos para dar aquela notícia. "E desejo que esse jovem te dê toda a felicidade do mundo até o fim, porque você merece tudo que a vida possa te dar de melhor, e nunca menos que isso."

"Vou fazer o meu melhor, eu prometo." Edward respondeu, me puxando para perto.

Um loiro conhecido, do lado oposto de meus familiares, foi o próximo a falar.

"Edward é o melhor irmão que eu pude pedir." Jasper disse com um sorriso, e meus olhos se controlaram para não irem para a pessoa ao lado dele, tentando focar ao máximo em apenas suas palavras. "Ele pode ser um teimoso de um - desculpem a palavra - filho da puta algumas vezes, mas todos que o conhecem de verdade sabem o quanto a sua alma é boa. Todos que o conhecem de verdade sabem também o quanto ele ama Isabella. Ela é tipo o sol da vida dele, não tem como sobreviver sem. Bella-" Mas algo, graças a Deus, o fez parar de falar. A última frase já conseguira deixar mais um pedaço de meu coração em pedaços. "Desejo que pelo menos o amor de vocês seja eterno." e então ele passou o microfone para seu lado, e permaneci por um momento a mais o encarando antes de seguir a direção do eletrônico.

Agradeci por Edward estar me segurando pela cintura, pois minhas pernas ficaram bambas e meu coração acelerou a ponto de eu ficar tonta quando meus olhos acharam os verdes de Alice - lentes, ela fora tão cuidadosa! Ela estava tão linda! Meu Deus, eu queria tanto abraça-la!

"Izzy," Só escutar o apelido já fez minha visão embaçar com lágrimas. Ela não estava brava, não. "Ela é a melhor irmã que eu pude pedir a Deus." Ela sorria, e se pudesse, estaria chorando - suas expressões não mentiam. "Eu sempre tentei cuidar dela, sendo a irmã mais velha, mas no final foi ela quem acabou cuidando de mim." Alice parou de falar por um momento, nós duas apenas sorrindo - eu mal piscando. Não iria chorar, não iria chorar. "A Isabella me ensinou que existe amor numa lasanha, que o melhor remédio para um dia triste é uma tarde de filmes antigos, e que no coração, sempre tem espaço pra mais um. O coração dela é gigante. Ela pode achar que não - ela pode se achar egoísta algumas vezes, eu sei - mas o coração dela é o maior que já vi. Quando éramos pequenas, eu tinha muito ciúme de James." Vi ela se virando para o loiro, e arrancando uma risada de quase todos com as próximas palavras. "Oi James, eu te odiava, desculpa." Alice disse, encolhendo os ombros. "Mas Isabella, nos seus cinco anos, já me explicava que tinha espaço para mim - com certeza o meu era maior que o seu, James," Dei uma risada sincera - aquela competição seria eterna. "Mas que tinha espaço para o seu melhor amigo também." E mais uma risada, ao ver minha irmã revirando os olhos. "E agora tem um espaço para Edward - e eu nem vou me atrever a competir dessa vez, porque não estou acostumada a perder e eu sei que o dele é gigante." Aquela era minha irmã, independente do que era agora. Naquele sorriso achei tudo que não esperava achar: sinceridade, calma, coragem, amor. Ela não estava triste por ter perdido pedaços da vida que tanto gostava, ela tinha menos de um mês, e conseguia conviver normalmente ao redor de todas aquelas pessoas. E ela estava radiante, ao lado de um Jasper tão radiante quanto. Queria tanto Edward daquele jeito, feliz, sinceramente feliz! "Independente do tempo, Izzy, eu me considero a pessoa mais sortuda do mundo por ter te tido ao meu lado por tantos anos. E eu espero que Edward saiba o quão sortudo ele também é por ocupar um pedaço do seu coração."

"Eu sei." escutei meu noivo falando, fechando meus olhos ao sentir um beijo na testa. Senti uma lágrima escapar, mas uma mão - a mão dele - não a deixou chegar nem até metade de minhas bochechas. Eu podia faze-lo feliz daquele jeito. O quão ruim, afinal, seria passar a eternidade ao lado dele, assim feliz?

"Izzy," Voltei a abrir os olhos quando ouvi a voz conhecida, o microfone agora na mão de quem não poderia ter ficado de fora. "É a minha melhor amiga, mas eu amo ela como se fosse minha família - está ouvindo, Alice? Irmã!" Ri outra vez quando ouvi James devolvendo as provocações de antes. "E por ser família, eu conheço alguns lados que só a família conhece. Eu conheço sim o lado maravilhoso, generoso e alegre. Eu sei que a noiva em questão tem uma voz de dar inveja, cozinha como ninguém, e é a melhor confidente de segredos - ela com certeza não aguenta mais escutar as minhas tretas, coitada. Mas por conhecer tanto, eu também acabei conhecendo os defeitos." Mantive o sorriso, aceitando que ele provavelmente revelaria alguma lembrança embaraçosa - poderia ter deixado para o brinde, Jamie. "Um que atrapalha um pouco a vida, é que Isabella tem medo." Mas não estava parecendo o caso. Franzi o cenho, me perguntando o que meu amigo estava prestes a falar. "Ou tinha, que eu espero ser o caso, de se relacionar. Izzy não tem muitos amigos fora sua irmã e eu. Desde pequena ela aprendeu a dor que era perder alguém, o vazio que isso deixava em um coração." ele sorriu para mim com certo receio, quase que me pedindo desculpa com os olhos. "Mas eu não. Eu não consigo imaginar o que é perder alguém que você ama." E por um pequeno instante, vi que seus olhos foram para Edward - que por eu já conhecer tanto, vi estar levemente apreensivo -, antes de voltarem para mim. Mas que droga, James. "Então, se o seu noivo é bom o suficiente para não te impor certas coisas, você sabe que eu não sou - e pra isso que serve a família também, não é mesmo?" O vi respirar fundo antes de falar as próximas palavras - e eu sabia quais seriam antes de serem ditas, e já conseguia sentir os olhos marejados outra vez. "Eu proíbo você de morrer, Isabella. Nem que eu tenha que te arrastar para onde quer que seja, nem que eu tenha que te colocar dentro de um avião amordaçada," Levei as mãos para os olhos no segundo seguinte, as primeiras lágrimas finalmente caindo. "Eu proíbo você de morrer." E as de James seguindo. "Porque eu quero ver você feliz, quero ver vocês dois felizes por muitos anos. Você merece essa felicidade, e esse cara do seu lado vai te fazer mais feliz do que qualquer um poderia - eu sei disso. E eu, eu quero conversar sobre amenidades, quero ir ao cinema, quero falar da garota que eu amo pra você. Quero você revelando meus podres no dia do meu casamento - vou deixar os seus para o brinde, prometo. Mas pra isso, você precisa viver. Então, eu preciso que você me prometa que vai viver, Isabella." ele respirou fundo, se recompondo muito antes que eu. "Você promete, Izzy?"

Fiz que sim antes mesmo de pensar. Sim, eu prometo viver. Eu prometo estar em seu casamento, eu prometo ver filmes antigos com minha irmã, eu prometo cuidar de meus avós nos últimos anos que tinham. Eu prometo me deixar ser feliz. Eu prometo tornar a vida mais fácil para você, Edward. Porque realmente, a vida humana poderia ser muito boa - poder ter aquele curso natural deveria ser maravilhoso - mas o que era uma vida humana sem amor? O que era uma vida, qualquer vida, sem amor? Era certo trocar todo aquele afeto pela possibilidade de tê-lo outra vez em uma próxima? Era certo eu abandonar o não humano ao meu lado, por ter medo do começo, de não ser tão boa quanto ele, de não ser tão boa para ele? E como aquele pensamento ainda não havia passado pela minha cabeça?

E se fosse eu? E se fosse eu quem estivesse para perdê-lo?

Edward não me abandonaria se fosse eu. Não mais, nunca mais, e eu sabia daquilo - e eu estava fazendo aquilo, de novo. Eu estava nos separando de novo.

Respirei fundo, me virando novamente para aquele que tanto amava, ele limpando com os dedos gelados as lágrimas que não paravam de escorrer.

Sim, sim, a resposta é sim, meu amor. Eu nunca mais vou deixar você.

"Vocês se apaixonaram por acaso, mas estão aqui hoje porque fizeram uma escolha." Carlisle voltava a falar. "Vocês dois estão escolhendo um ao outro. Vocês escolheram estar com alguém que os aprimora, que os faz pensar, os faz sorrir e torna cada dia mais brilhante. Vocês estão prestes a fazer promessas um ao outro que pretendem manter. Vocês vão jurar cuidar um do outro, defender um ao outro e encontrar a felicidade no outro. Há uma premissa simples para cada uma dessas promessas: vocês estão prometendo estarem lá. Vocês estão se unindo e dizendo ao outro: 'Toda experiência que vou ter, quero que você faça parte dela'."

E era a hora do meu noivo pegar o microfone, virando-se outra vez para mim antes de começar a falar.

"Eu sempre quis encontrar uma mulher que me trouxesse conforto, que me trouxesse paz," ele dizia, eu escutando em sua voz novamente o tom de felicidade perdido naqueles últimos dias. "Que me aceitasse do jeito que eu sou." Era tão bom escutar tudo aquilo, que eu era tudo aquilo para ele. "Bella, você não é nada disso." Edward contrariou sorrindo meu pensamento, eu mesma aumentando o meu sorriso e soltando uma risada nervosa. "Ao invés de paz, você trouxe inúmeras novidades para a minha vida, ao invés de conforto, você me trouxe um novo modo de pensar. E ao invés de me aceitar como eu sou, você me fez descobrir que eu poderia ser alguém muito melhor." E novamente as lágrimas apareciam, mas eu não me incomodei em pará-las daquela vez, meus olhos nunca saindo dos dele. "Nós somos muito diferentes, mas diferentes de um jeito perfeito, porque nos complementamos. Você é tudo que estava faltando na minha vida, e eu espero poder ser o mesmo para você, independente do tempo que passe ao meu lado." O vi tirando uma caixinha do bolso direito, uma das alianças em sua mão. "E eu deveria falar agora 'nunca mude, continue a ser essa mulher maravilhosa que conheci'." E então ele pegou minha mão esquerda. "Mas acho que não somos o melhor exemplo de normalidade, então," E no segundo seguinte, eu vestia a aliança mais linda que já vira no meu dedo anelar. "Continue mudando, porque assim você continua mudando a minha vida. Eu te amo, cada vez mais, e cada vez de um jeito novo, minha esposa."

A única coisa que queria naquele momento era beija-lo, mas a única coisa que recebi foi sua própria aliança e o microfone que ele antes segurava. Eu era a pior pessoa para aquilo e todos sabiam: falar para mais de cinco pessoas era o inferno na minha vida. Eu tremia, gaguejava, esquecia as palavras e agora na frente de todos aqueles convidados minhas mãos suariam tanto que o microfone provavelmente acabaria no chão. Mas algo naqueles olhos amarelos me deram a coragem que precisei para falar a primeira frase.

"Existe um texto que eu guardo comigo desde os meus dez anos, e nele estão as minhas palavras favoritas." E então a segunda. "E é um pouco ridículo, mas eu sei de cor essas palavras." E a terceira. "Seu amor não é perfeito. Você também não é, e vocês dois nunca serão perfeitos. Mas se ele te faz rir pelo menos uma vez, te faz pensar duas, e se ele admite que erra e se desculpa, segure-o e dê tudo de si. Seu amor pode não recitar poesia - o que não é o caso -, e nem pensar em você em todos os momentos - o que eu não sei se é o caso -, mas ele vai te dar um pedaço dele que sabe que pode quebrar. Não o machuque, não o mude, não crie expectativas irreais. Não fique analisando tudo. Sorria quando ele te fizer feliz, respire quando ele te irritar, e sinta falta quando ele estiver longe. Ame quando houver um amor assim. Porque amores perfeitos não existem, mas sempre existe um amor perfeito pra você." Respirei fundo, meu coração batendo tão rápido que parecia que sairia pela minha boca a qualquer momento. Mas falar sobre Edward, e sobre o amor que eu sentia por ele, não era difícil. "Há muito tempo atrás, eu pedi a Deus um amor." Era mais fácil do que imaginava. "Eu procurava, e procurava, e não sabia onde encontrar. E então, quando eu desisti - porque era tão difícil achar você!" Três vidas, que eu me lembre. "Quando eu desisti você veio até mim. Você é a resposta dos meus pedidos, Edward. Você é o homem que eu amei antes de conhecer. Você é a prova de que o amor existe, e de que eu fui abençoada em encontrar o amor da minha vida. Não tem nenhum outro lugar em que eu queira estar. Não existe a menor possibilidade de eu não te amar. Não existe chance alguma de eu não querer te fazer feliz." Era tão bom vê-lo me olhar do jeito que eu o olhava segundos atrás. "Porque eu nasci pra te encontrar, meu amor. Então eu, Isabella Thompson, recebo a ti, Edward Cullen, como meu único esposo. Prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da nossa existência." E coloquei a aliança em seu dedo, selando minhas palavras.

Ponto de vista de Edward

"Bella," Queria falar, mas não conseguia tirar meus lábios dos dela desde que entramos naquele quarto. "Bella, meu amor, minha esposa," E Isabella retribuía com tanta empolgação quanto eu aquele beijo.

Eu não sabia que aquilo daria certo - realmente não sabia. Na verdade, minhas apostas nunca saíram dos seis meses que restavam, assim como as da vidente da família. Mas ao ver aquela que eu tanto amava entrando na frente de todas aquelas pessoas, tendo olhos somente para mim, e me olhando com tamanho amor, era impossível não retribuir, e não esquecer, pelo menos por aquele momento, de todos os problemas. Era aquele momento que eu levaria comigo para sempre, era nele que eu pensaria quando as coisas começassem a dar errado - seria aquele meu último pensamento.

E de repente, algo mudou, e Alice gritava de felicidade em sua mente, e Isabella me confundia com suas últimas palavras - nas quais eu queria acreditar, mas era tão, tão difícil. Havia conseguido ali naquele quarto alguns minutos a sós com minha agora mulher ao final da cerimônia para tentar entender tudo que havia acontecido - todo aquele final -, pois meu maior medo era estar novamente pensando em coisas que não iriam acontecer. Meu maior medo era após ouvir tudo aquilo, voltar a ter esperança de uma vida ao lado do meu amor de vidas. Mas meu Deus, como ela estava linda! Ali sozinhos, eu mal conseguia me separar daqueles lábios, meu medo e desespero, ausentes na cerimônia, voltando a me atormentar.

Isabella era linda, mas nada se compara a beleza vista no dia de hoje. Não, falar que ela estava linda era pouco: minha mulher estava deslumbrante. Mas não era apenas pelo vestido perfeito, pelo cabelo arrumado impecavelmente em um penteado com tranças, pela maquiagem que conseguia realçar ainda mais o par de olhos e a boca que eu tanto adorava. Talvez o além fosse a expressão que vira naquele rosto desde o primeiro passo a mim. Era tanto amor que eu via nela, o mais puro, maior amor que já vira - e era meu.

E agora, agora que finalmente poderia beija-la direito, não estava sendo fácil reunir forças para me afastar de seu corpo e falar sobre minhas dúvidas, ainda mais com tanto incentivo da parte contrária.

"Me fala." pedi, me afastando o suficiente para me concentrar. "Por favor, me fala." Aquele sorriso era tão lindo! Como conseguiria me concentrar com aquele sorriso?

"Que eu quero ficar com você pra sempre?" Bella me respondeu com outra pergunta, suas mãos voltando a brincar com os botões de minha camisa, já completamente amassada.

"Eu não consigo te ler, Bella." a parei, levando suas mãos para minha cintura. Eu não conseguia, por mais que tentasse, e eu nunca quis tanto poder ouvir aquela mente. "Eu não sei se-"

"Entendeu certo?"

"E eu tenho medo de supor." confessei, apoiando minhas mãos na parede quando as dela não conseguiam parar de me tirar a atenção.

"Você entendeu certo." demorou um segundo a mais para eu registrar aquela informação. Eu entendi certo, ela ficaria, ela aceitaria a minha vida, ela seria minha eterna parceira. Isabella me daria a eternidade. "Me desculpa te fazer sofrer com isso. Mas eu estava com tanto medo, eu estava-"

"Não tenha medo, meu amor, eu sempre vou estar ao seu lado. Eu sempre vou estar aqui, Bella. Sempre, até o fim da minha existência eu estarei aqui, isso eu te prometo" Não mais me mantive longe, minhas mãos marcando a parede de gesso quando senti uma mordida nos lábios. "Bella," E no instante seguinte eu a deixava me empurrar contra o gesso marcado, aquelas mãos pequenas - tão quentes - mais uma vez tentando se livrar das roupas que eu usava. "Acho que não podemos, meu amor." disse com uma risada enquanto ela tentava tirar meu cinto.

"Por que tem muita gente lá fora e todos iriam ouvir?"

"Uma grande parte dos convidados iria ouvir sim, por mais silenciosos que fossemos." confirmei, lembrando de todas as pessoas como nós na festa, começando a arrumar a bagunça que meu terno se tornara. "Eu não consigo me controlar agora." expliquei o real motivo - a festa inteira poderia nos escutar, não era como se eu fosse me importar com aquilo naquele instante. "Porque eu estou muito feliz. Eu não sabia o que era felicidade plena até esse momento, Isabella Masen Cullen." Respirei fundo, enfim prendendo aquelas mãos. "E por mais que eu realmente - realmente, não duvide - gostaria de consumir esse casamento aqui e agora, nós não temos outro vestido para você, Bella."

"E por que precisaríamos de outro vestido?" A pergunta veio num tom inocente - com o qual o sorriso não condizia.

"Porque se você me morder novamente," respondi, com um suspiro - era quase dolorido me afastar dela agora. "Eu com certeza vou rasgar esse."