Além de uma vida escrita por Ania Lupin


Capítulo 29
Sobre preferir morrer I




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Ponto de vista de Edward

Eu lembrava daquela dor como se fosse ontem - como escondi aquele detalhe por tanto tempo dentro de mim? Como a esqueci, por que a esqueci? Para conseguir sobreviver?

"Por favor," Lembrava de andar pelas ruas na chuva, uma foto obtida depois de muito custo nas mãos. "O senhor viu essa jovem?"

Ninguém sabia de Isabelle. Tanto ela quanto o pai haviam desaparecido, a casa abandonada, todos os pertences deixados para trás. O barco de Charlie havia sumido, mas quais eram as chances do homem levar a filha para uma pesca? Quais as chances dele sair para uma pesca de mais de dez dias, num barco daqueles, num clima daqueles? E ele tossia tanto das últimas vezes que o vira!

"Por favor, estou procurando esta senhorita."

E Charlie, ele sumira antes, logo não fazia sentido os dois terem partido juntos. Recordava que havia perguntado onde estava o homem e Belle fugira da resposta.

"Senhor, pode me ajudar?"

E agora, fugira de mim.

—__

Eu a procurei por dias, semanas, mas passou um mês antes de começar a considerar que Elizabeth pudesse ter algo com aquele sumiço. E era difícil pensar que minha própria mãe pudesse estar envolvida no sumiço do amor da minha vida. Uma mãe, que só deveria querer o bem de seus filhos.

"Feliz agora?" Quando desconfiei, fui implacável. "Feliz que a pessoa que você tanto desprezava se foi?" Não haviam provas, mas não precisava de mais alguma para acusa-la - e ela nunca, em nenhuma das vezes, negou.

"Ela não merecia você-"

"Se a senhora pensa que vou me casar com alguma filha de alguma de suas amigas," Naquela época, minha mãe morrera para mim. "Não prenda sua respiração." Assim como meu pai, que falecera há tempos atrás.

"Eu só quero o melhor para você, filho."

Agora eu conseguia lembrar de toda a raiva que sentira, todo o desprezo que usava para falar e olhar para aquela mulher. Nas memórias que antes tinha, havia uma mãe carinhosa, um filho obediente, uma boa família. Nas verdadeiras, que voltavam por inteiro, havia apenas uma mulher orgulhosa e um garoto teimoso e quebrado.

"Então deveria ter tornado a vida de Isabelle um pouco mais fácil!"

Havia uma doença que nos consumia pouco a pouco - que nos matava lentamente, sempre presente naquela tosse que nunca tinha fim.

"Mãe?"

Havia tudo que gostaria de ter esquecido - e que tinha esquecido, até então.

—__

"Eu vou te amar para sempre, Isabelle."

"Mesmo em outras vidas?"

"Mesmo em outras vidas. Eu, Edward Anthony Masen, prometo te achar, te amar e te proteger, em todas as vidas que tiver."

—__

"Isabelle, a filha do peixeiro." Vampiros podiam ficar tontos? Podiam ter falta de ar? Nossa espécie poderia ter uma crise de pânico? "Sua mãe odiava minha pobreza. Nós fugiríamos juntos." Me perguntava aquilo enquanto passava a mão pelos cabelos, antes de enterrar meu rosto nelas, massageando com força minhas têmporas. Respirava fundo captando um ar desnecessário, que não me ajudava em nada - pelo contrário. "Mas eu comecei a tossir, e a última coisa que-"

"Você faz ideia de quanto tempo eu te procurei?" rosnei quando voltei a olha-la, inutilmente tentando fazer a voz sair com menos raiva. "Você faz ideia do quanto eu te cacei em todos os malditos cantos daquela cidade, do medo que tive em pensar que minha mãe poderia ter dado um fim em você? Do quanto briguei com ela? Do quanto eu chamei por você? Do quanto doeu morrer sozinho?"

Me afastei, não me importando em levantar a cadeira que acabara de derrubar. Buscava alguma calma na noite que a janela da cozinha mostrava, algum conforto para a dor que as novas lembranças me causavam no peito. Ela não fez por mal, ela não fez para me causar nenhuma dor - ela só imaginava que aquilo me causaria menos sofrimento, que aquilo-

"Sim, eu faço." Que aquilo me daria a chance de viver uma vida normal, como eu havia feito. "Mas você não estava sozinho. Eu estava do seu lado, Edward, e eu queria mais do que tudo que você parasse de sofrer! Que você tivesse a chance de uma nova vida, de uma visa sem memórias ruins! E talvez eu tenha desejado tanto, que-" Isabella parou de falar quando eu a olhei. Imaginava a intensidade dos olhos que ela encarava, mas sinceramente não me importava naquele instante.

Só notei o estrago que minhas mãos causaram na pia quando senti farelos de mármore caírem sobre meus sapatos.

"Merda, Isabella." Mais uma vez tentei esconder o tremor de minhas mãos as levando para minha cabeça. "Mas que merda." Pela primeira vez, olhei para aquela garota e não era apenas amor que sentia. "Eu não conseguia me lembrar do seu rosto. Acho que não conseguia me lembrar de quase nada de você. E agora-"

"Eu achei que estivesse te salvando!" Fiquei com mais raiva ao ouvir a sinceridade daquela voz.

"Eu também achei!"

"Eu sei." As palavras não passaram de um sussurro, Isabella já de olhos fechados, lágrimas caindo de seus olhos. E também pela primeira vez, eu as vi e não fiz nada para pará-las. "Agora eu entendo." Encostado na pia, só conseguia pensar na vida normal que ela me proporcionou. "Eu só pensei em te salvar naquela época, nem uma vez pensei em quanto poderia te machucar. Eu realmente não queria te ver doente." Era essa a vida normal que você esperava me dar, Isabelle? "Eu realmente não queria que você, não fazia ideia, não queria-"

"Que eu me tornasse esse monstro?" Não consegui segurar aquelas palavras, e as lágrimas só aumentaram, a garota que tanto amei - que tanto amo - as enxugando desajeitadamente com a manga de seu casaco.

"Nunca disse isso de você, Edward-"

"Porque eu me transformei num monstro." Mas naquele instante, não conseguia me acalmar com suas palavras. "Você não sabe, mas eu matei pessoas que considerava culpadas, assassinas. Eu matei seres humanos, Bella. E quem sou eu para definir quem deve morrer?" Naquele instante, só pensava na vida, solitária e detestável por tantos anos, que me fora imposta pela doença que a jovem que chorava me passou. "Eu ainda tiro vidas, para sobreviver."

Doía, muito na época, muito agora. Isabella sentira aquela mesma dor?

Se ao menos ela estivesse comigo naqueles últimos dias. Se tivesse se transformado comigo, se tivesse passado todos aqueles anos, toda aquela agonia inicial, todo aquele sofrimento, comigo. Tudo aquilo que não escolhi, e ainda passei sozinho. Teria sido tão mais fácil se ela tivesse ficado! Teria sido tão mais fácil deixar a doença nos consumir, para então sermos os dois impostos a esta nova vida. Ou a novas vidas.

Porque teria sido na verdade, muito mais fácil ir junto com ela. Ter fugido, doente, junto dela. Porque a vida só fazia sentido naquela época com Isabelle. A vida sempre só fez sentido com Isabella.

"Preferia morrer, como estou morrendo agora? Preferia ter morrido comigo, Edward?"

Era aquela dor que eu a havia feito sentir quando a deixei, anos atrás? Era aquela angústia, aquela raiva, aquela sentimento de traição? Ela havia partido, e eu que achava que nunca mais a veria novamente, não conseguia ficar feliz sabendo que a encontrara outra vez.

"Sim." Minha resposta era sincera. Fechei os olhos, querendo esquecer ter me lembrado de tudo aquilo. "Sim, eu preferia ter morrido com você."

—__

O café que nunca tomaria esfriava num copo de isopor ao meu lado. Quando deixei a casa, Isabella não se atreveu a me seguir - não falou uma palavra. Não pediu para eu ficar, não perguntou para onde eu ia, não se desculpou outra vez - nada. Sentado na cafeteria que fecharia em menos de meia hora, não sabia o que fazer - pela primeira vez em muito tempo. Eu sempre soube o que fazer, sabia até mesmo naquela época escura: ficar vivo, e antes, me afastar de Bella, e antes, não matar humanos. Pedir desculpas para Belle por o que quer que minha mãe tivesse feito para afasta-la. Achar Isabelle. Fugir com o amor da minha vida.

O relógio marcava dez para as dez quando a cadeira ao meu lado foi puxada.

"Bella me telefonou, disse que talvez você estivesse precisando conversar." meu pai falava, ele mesmo colocando um copo de café cheio sobre a mesa. "Com o Volvo ainda estacionado na frente da casa dela, imaginei que poderia estar aqui onde te achei da primeira vez." Sim, precisava conversar, realmente precisava de alguém que me dissesse o que imaginava o vampiro ao meu lado falaria. "Ela não reagiu bem?" Minha expressão angustiada denunciou que havia algo de muito errado. Ela não reagiu bem? Eu não reagi bem. "O que está acontecendo?"

"Carlisle, o que eu falava antes de morrer?" meu pai franziu o cenho, claramente não entendendo o porquê daquela minha pergunta.

"Você pedia desculpas por algo que eu não conseguia entender bem o que era." Desculpas para ela, pensei soltando uma risada. Isabelle havia visto mesmo meu fim? Ela sabia o quanto eu estava sofrendo? Foi ela quem me fizera, de alguma maneira, esquecer tudo aquilo? "Você estava delirando, Edward. Por que isso é importante agora?"

Ou aquilo tudo havia machucado tanto que meu cérebro resolveu simplesmente esquecer? Esquecer para continuar vivendo. Como um mecanismo de sobrevivência - pois não havia chance de viver todos aqueles anos sabendo que não a teria mais.

"Eu chamava por Belle, não chamava?" perguntei, meus olhos encontrando os dele. Eu estava cansado - vampiros podiam ficar cansados? Eu estava muito cansado. E com certeza, não aguentaria passar por tudo aquilo outra vez. Ao mesmo tempo que estava com raiva, não aguentaria perdê-la novamente caso ela escolhesse outra opção, e eu tinha a saída perfeita para todos os meus problemas. Eu poderia começar de novo, e ela também, nós dois livres de todas as memórias do passado. Será que eu a acharia outra vez? Será que as coisas dariam certo entre nós, finalmente?

"Edward, eu preciso que você pare com isso." Senti a mão de Carlisle apertar com força meu ombro, uma mistura de preocupação e desespero em sua voz. "Quem se importa de verdade consegue te ouvir quando você está quieto, filho. E eu sei que você está pensando outra vez em visitar Aro."

"Eu não aguento mais-" Mas ele continuou a falar, ignorando minha tentativa de interrupção.

"Então, coloque um pouco a mão na cabeça e pense em como seus atos interferem na vida de todos ao seu redor." Me senti ainda pior com os pensamentos que conseguia escutar. Por tantos anos ficamos separados, por tantos anos a vida dele e de Esme foi um inferno. E agora que estava tudo bem outra vez, agora que tínhamos Alice de volta, que era apenas uma questão de tempo para Isabella- "Você está com raiva de Bella?"

"Ela acabou de me lembrar quem me passou tuberculose." Eu estava com raiva. Estava com raiva da decisão que ela tomara por nós dois. "Ela me deixou. Ela me deixou morrer sozinho." Mas principalmente, estava com raiva por, apesar de tudo, continuar com os mesmos sentimentos - consumido por aquele maldito amor que sentia por aquela jovem.

"Você a conhecia?" Era engraçada a expressão de surpresa no rosto do médico - poucas coisas o surpreendiam nos dias de hoje.

"Eu a amo com todo meu coração e alma. Isso nunca vai mudar, os anos fizeram questão de me mostrar isso." confessei, sorrindo de uma maneira amarga. "Sempre vai ser ela. Sempre." Sempre seria ela, mas até quando nós teríamos que viver aquilo? E se esse fosse o destino? Se esse erro eterno fosse a nossa sina? "Mas nunca dá certo. Por mais que eu a ame, nunca dá certo! Ela sempre morre no final. De algum jeito, ela sempre me deixa no final! E isso me faz pensar que eu preciso deixa-la ir, que para o bem dos dois eu preciso-"

"Você precisa perdoa-la, como ela perdoou você." As palavras, com o tom de voz sério de Carlisle, pareciam uma ordem. "Ou você acha que se Bella não tivesse te perdoado, por ir embora e por esconder tudo que sabia, ela teria se preocupado o suficiente com você para me ligar?"

"Ela me fez o que sou."

"Eu te fiz o que és, filho. Se quer culpar alguém pelo seu destino, culpe a mim." Voltei a observar o copo de café, tentando ignorar o pensamento de culpa de meu pai. "Isabella sofreu muito quando nós fomos embora. Entrou em depressão, parou de comer, não se importava com a própria vida e acabou morta. De um modo, ela pagou pelo que fez, não acha?" Sim. "Por mais que ela tenha começado com isso, Edward, com certeza a intenção não era a de te ferir e você sabe. E o mesmo que foi feito contigo, você fez com ela sem nem mesmo saber."

No instante seguinte, Carlisle estava de pé, deixando uma nota de dez dólares sobre a mesa.

"A decisão mais corajosa que pode ser tomada é deixar ir esses sentimentos que te machucam. Diga a ela o quanto a ama, o quanto quer fazer as coisas darem certo. Diga enquanto ainda é tempo, antes que seja tarde demais. Esperar é um erro, Edward, e você não tem muito tempo."

—__

A caminhada até a casa de Isabella foi rápida, não demorou nem cinco minutos da cafeteria até a porta de entrada, onde eu já tocava a campainha.

Senti um aperto no peito quando esta abriu, e me controlei para não puxa-la para mim. Eu havia sido o principal causador daqueles olhos inchados, com certeza. A observei quieto por alguns segundos, minha mão descansando no batente da porta enquanto notava o quão mais magra ela tinha se tornado naquele último mês: a saia que usava denunciava a perda de peso pela sobra na cintura, assim como as olheiras mais fundas, o rosto mais fino.

"Posso entrar?" Até mesmo seu cabelo parecia mais fino naquele momento. Sabia que ela estava doente, mas como não reparei o quanto aquilo parecia progredir rápido? Quanto tempo ainda restava? Quando ela gostaria de se tornar uma de nós, em semanas, dias?

"Sim." Faria aquilo agora, se ela assim quisesse.

Fechei a porta atrás de mim, Isabella ainda parada na minha frente. Acabei com a distância entre nós com certo receio, agradecendo silenciosamente quando toquei seu rosto e ela não recuou - ao contrário, pressionou minha mão mais forte contra sua bochecha, enquanto puxava meu rosto para o dela.

"Eu posso-" Foi a última coisa que falei antes dela me calar com um beijo. Havia sido um leve roçar de lábios, mas fora o suficiente para poder respirar aliviado. "Eu te perdoo se você me perdoar. Combinado?" Seus olhos castanhos me olhavam com uma mistura de confusão e felicidade, e me perguntei como conseguira ficar tão aborrecido com ela - justo ela! - horas atrás. "Sou tão culpado quanto você, meu amor. Eu também fiz o que você fez sem pensar nas consequências negativas." falei, encostando minha testa na dela. "Então sem mais desculpas. Combinado?"

"Combinado."

"O que importa é que eu te achei - e eu não quero te perder nunca mais. Nós vamos fazer dar certo, Bella. Você vai ver, nós vamos fazer dar tudo certo." E mais uma vez ela me surpreendeu, me silenciando.

Retribuí o gesto com toda a intensidade que me era permitida, Bella tendo entendido minhas palavras de antes e não mais usando de sua delicadeza. E era maravilhoso e desesperador ao mesmo tempo - era difícil manter o foco finalmente sentido suas mãos no meu cabelo, me empurrando em direção ao sofá, se desfazendo do casaco que ainda usava, tentando abrir os botões de minha camisa.

Quando me sentei no estofado, Bella logo parou em cima de mim, parecendo vitoriosa ao enfim conseguir arrancar a parte de cima de minha roupa enquanto me beijava. Minhas mãos foram para as almofadas por alguns segundos, eu me recordando do quanto aquilo poderia dar errado, do quanto deveria segurar aquelas mãos ao invés de encoraja-las. Uma das almofadas era feita de plumas - mas depois daria um jeito naquela bagunça.

"Eu tenho muito medo de machucar você." confessei, ainda parado, mas não a parando. Isabella sabia que eu não a pararia, que queria aquilo tanto quanto ela - que nós precisávamos daquilo, por mais perigoso que pudesse ser.

"Você acha que não consegue se controlar por causa do sangue?" Fechei os olhos quando senti suas mãos abrindo meu cinto, xingando mentalmente: havia esquecido completamente daquele detalhe, o perigo triplicando em minha mente. Senti ela se afastar um pouco, as mãos indo embora, e voltei a abrir os olhos, achando Bella sentada em cima de mim me olhando de uma maneira quase engraçada.

"O que foi?"

"Sabe," Mesmo com a pouca luz, conseguia ver suas bochechas ficarem levemente coradas. "Eu não queria morrer uma virgem pela terceira vez." Não consegui evitar o riso que saiu, minhas mãos voltando para sua cintura, a puxando novamente para perto - por Deus, eu também não queria aquilo, estava longe disso! "Espero que você saiba o quão lindo fica quando sorri desse jeito."

"Eu te amo, Bella." Não havia outra resposta além daquela. "Nunca deixei de te amar, e nunca vou deixar."

Segundos depois, ela se livrava - e me livrava - do resto das roupas. E em nenhum momento nos importamos com a destruição lenta daquele sofá.

—__

Ponto de vista de Isabella

A coberta fazia seu trabalho, me aquecendo de um jeito que o corpo frio do vampiro deitado ao meu lado não conseguia. Se eu tivesse que definir com uma palavra a última hora de minha vida, não haveria melhor do que incrível. Se havia valido a pena esperar todo aquele tempo, todas aquelas vidas, por ele? Havia valido cada segundo.

"Está acordada?" A pergunta veio quando abri os olhos.

"Uhum." respondi, me virando para ele, notando apenas naquele momento uma parte do sofá um pouco destruída. Bem, melhor os braços do sofá do que meus braços.

"Eu vou arrumar isso." Não sentia cheiro de sangue - provavelmente não havia mais nenhum traço do líquido vermelho, limpo nos poucos minutos que cochilei. Senti dedos frios tocarem minha bochecha, nos lábios aquele sorriso que eu tanto gostava.

"Foda-se o sofá." Ouvi uma risada, e não consegui deixar de perceber como nós dois parecíamos humanos agora, dividindo aquele momento. Fechei meus olhos, sentindo a pessoa mais importante da minha vida encostar-se no meu peito, ouvindo meu coração bater.

"Sou mais forte do que imaginava." o ouvi sussurrar, talvez mais para ele mesmo do que para mim. Minhas mãos enroscaram-se no cabelo cor de bronze, e enquanto eu lhe fazia carinho, o segurava mais forte contra meu peito. "Nunca estive mais feliz, meu amor."

"Não se arrepende?" Ele me olhou confuso. "Você sempre quis esperar até o casamento."

"Foda-se o casamento." Agora era eu quem ria. "Mas falando em casamento," ele começou a falar, indo para cima de mim. "Case comigo. Case comigo, Bella." Era possível eu amá-lo ainda mais? Aquela lembrança seria a mais perfeita de todas, e eu sem dúvida a carregaria eternamente. "Fique comigo para sempre." Para sempre.

"Edward, você sabe que eu não tenho mais muito tempo." Sim, sim, sim e sim. "Mas quero passar o resto que tenho com você." Mil vezes sim, ficar com ele até o final de minha vida, era o que eu mais queria, era tudo que eu queria. "Eu-"

Parei de falar quando notei haver algo de errado: Edward não sorria mais, e me olhava parecendo não estar entendendo aquela nova informação. Eu mesma estava tendo alguma dificuldade em compreender o que havia acabado de falar.

Mas aquilo era o que eu queria, não era?

Meu telefone tocou, e quando parou o de Edward começou a vibrar. Eu sabia quem estava ligando, tinha certeza.

"O resto do seu tempo como humana que é pouco, certo?" A voz dele saiu temerosa, e mais uma vez naquele dia me sentia a pior das pessoas.

Como sobrevivi àquela quarta? Achei que minha irmã tivesse morrido, descobri que era mentira, contei para o amor da minha vida que sabia sobre meu - nosso - passado, fui quase morta por Alice, beijei James, briguei com Edward, Edward brigou comigo, fizemos as pazes - do melhor jeito possível -, e agora eu sentia que estava prestes a acabar com a paz conseguida - dele e minha.

"O resto do meu tempo nessa vida é pouco." disse, me esforçando para continuar encarando seus olhos dourados, que ficavam mais desesperançosos à cada palavra. Ele sabia quais seriam as próximas. Ele não precisava ler a minha mente para saber qual era minha decisão. "Edward, eu não quero me transformar."


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Notas finais do capítulo

Oi gente! Gostaram? Pls não me matem com esse final!

No próximo capítulo tudo melhora - na medida do possível, claro. Obrigada a todos que estão lendo e um obrigadão as lindas que deixaram comentários!

E quem gostar, e quiser mandar uma review: sempre bem vinda e muito agradecida! Eu adoro ler o que vocês estão achando, de verdade, por menor que seja!

Beijos,

Ania.



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