Além de uma vida escrita por Ania Lupin


Capítulo 19
Valentine's Day


Notas iniciais do capítulo

Quanta gente comentou, que legal!! Fico feliz que estejam gostando ;)
E agora, mais um:



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Ponto de vista de Bella

Era cedo – ao menos para um sábado – quando ouvi a campainha tocar. Incessantemente. Mas que droga, por que Alice não poderia atender logo a droga da porta e fazer aquele barulho parar? Por Deus, eram nove horas da manhã!

Logo me lembrei da conversa que tivemos ontem, após voltarmos do bar onde havia mais uma vez cantado.

"É dia dos namorados, Al!"

"Domingo é dia dos namorados, Izzy. Mas mesmo assim, e daí?"

"E você vai trabalhar justo nessa véspera? Vamos, todos vão comemorar de sábado para domingo!"

"Não é como se eu tivesse alguém para passar o dia, Iz."

"Você sabe que isso-"

"São os dias que temos mais vendas na loja, e eu não vou deixar de ganhar a comissão que esse feriado estúpido me dá."

E era o fim da conversa para Alice – ela provavelmente deve ter saído cedo para evitar me encontrar e passar pela conversa de ontem outra vez. Eu tinha a mais absoluta certeza que alguém apareceria na nossa porta hoje, e havia tentado – mas até agora, o alguém encontraria uma casa vazia.

Mais um toque, e me contive para não gritar que já estava indo junto de alguma obscenidade. Praticamente me arrastei da cama para a porta da frente, colocando um chinelo e me cobrindo com um roupão pelo caminho. Quando a abri, quase caí para trás.

"Entrega para a senhorita Isabella Thompson."

Na minha frente estava parado um homem com o maior buquê de rosas que eu já vira, todas vermelhas. Todas perfeitas. Ele as equilibrou com certo esforço em uma mão só – e pude ver que também havia uma caixa em formato de coração embaixo de seu braço – para conseguir me entregar uma prancheta.

"A senhorita é Isabella Swan?" O homem moreno perguntou, enquanto segurava as flores.

"O sobrenome é Thompson." O corrigi, logo pegando o pedaço de papel e assinando.

"Foi isso que eu falei, senhorita. Thompson." Não, ele havia falado Swan, podia jurar aquilo. Mas não consegui entrar numa discussão sobre o nome, nem me lembrava daquilo no segundo seguinte, pois logo estava cheia de flores nos braços, e uma caixa sobre elas que quase ia ao chão.

Nem sei como consegui fechar a porta.

A suspeita do remetente logo foi confirmada quando abri o envelope que estava preso à caixa, o pequeno cartão dentro deste escrito com uma letra impecável.

Minha vida agora é perfeita – você está nela. Mal posso esperar para que a noite venha, desde já conto os segundos. Não se esqueça de almoçar – nem de jantar – sua sobremesa está aqui dentro.

Com amor,

Edward.

Deus, ele conseguia ser mais perfeito a cada dia que passava. Como os chocolates que eu achei quando abri a caixa, perfeitamente modelados em forma de coração.

Voltei a bocejar e decidi que se quisesse ter uma boa noite, precisaria de mais algumas boas horas de sono. Peguei um vaso e enchi com água para colocar o enorme buquê, e só então que vi que numa das rosas havia preso um pedaço de papel.

Tirei a flor que prendia o bilhete – que se encontrava exatamente no meio do ramo – e desdobrei o papel com pressa, curiosa. Mais uma vez, a letra impecável me dava algumas palavras – que eu demorei um pouco para entender.

Mas quando prestei mais atenção na rosa em minha mão, elas finalmente fizeram sentido.

Meu amor por você vai durar até a morte da última dessas rosas.

Sorri, observando aquelas pétalas tão perfeitas. Só era possível perceber aquilo com muita atenção: a flor que eu segurava era artificial - nunca iria morrer.

—_____

Ponto de vista de Edward

Há pouco tempo atrás, não imaginava que algum dia ficaria outra vez nervoso daquele jeito – não imaginava que sentiria algo, outra vez. Mas ela sempre fora quem colocou vida em mim, minha Isabella. Era impossível não sentir com ela – e por Deus, era ela.

Meu tesouro. Meu maior presente.

Aquele dia seria perfeito – tão perfeito quanto Isabella fazia minha vida ser agora. Nosso primeiro dia dos namorados juntos, mal conseguia acreditar. Mal conseguia acreditar – ou me conformar – que a havia deixado sozinha no que deveríamos ter passado juntos, há tantos anos atrás.

"Você está me matando de curiosidade aqui." A ouvi falar, enquanto mantinha meus olhos na rua – se olhasse mais uma vez para o vestido que ela usava, meus olhos não sairiam mais dele. E a última coisa que precisava era explicar como conseguia dirigir tão bem sem a menor visão do meu caminho – justo naquele dia.

Explicar. Contar o que somos. Havia dias que não conseguia parar de pensar em como faria aquilo, se Isabella aceitaria tão bem como no passado – se Alice aceitaria, de alguma forma.

Não, foco. Não podia pensar nos problemas futuros agora.

"Quando vou saber para onde vamos?" Bella perguntou, olhando curiosa ao seu redor. Tão adorável. "Acho que nunca vim para essa parte da cidade ainda. Tudo é tão bonito por aqui."

"A coisa mais bonita por aqui está sentada no banco do meu carro. Na verdade, a palavra bonita não faz jus à sua pessoa.", disse, não conseguindo mais manter minhas mãos afastadas dela quando estacionei em frente a um hotel.

Isabella só percebeu que havíamos chegado ao nosso destino quando quebramos o beijo e um funcionário abriu sua porta no instante que destranquei o carro. Ela ainda me olhava completamente surpresa quando chegamos à recepção – o que não daria para ler seus pensamentos agora.

"A reserva está no nome de Edward Cullen.", falei, mostrando um RG que me dava vinte e um anos, recebendo em troca um cartão magnético.

"Você reservou um quarto aqui?" A descrença era clara em sua voz – e só iria aumentar com minhas próximas palavras, que foram ditas enquanto eu a puxava para o elevador.

"Claro que não!" respondi, lhe dando meu melhor sorriso torto. "Eu reservei a cobertura daqui, Bella." Apertei logo o último botão do painel e as portas se fecharam. "Antes que fale qualquer coisa, eu posso pagar sim, e você sabe. Achei que um tempo a sós seria bom para nós. Não concorda?" A puxei para perto – como iria lhe dar o presente que havia preparado se minhas mãos pareciam não conseguir parar de tocá-la?

"Minha casa-"

"Não fale nada." Encostei minha testa na dela, mais uma vez me perguntando como Isabella não se afastava de minha pele, que deveria parecer tão fria para ela. Como ainda não havia percebido o quanto eu era diferente. "A não ser que você não queira passar a noite comigo." Cogitar aquilo nem havia passado pela minha cabeça antes de agora.

"Você ainda precisa perguntar?" O alívio total veio no segundo seguinte.

O elevador parou na cobertura, nos revelando uma enorme porta de madeira bem trabalhada – logo aberta pelo cartão dado no andar térreo. Mas me coloquei na frente dela antes de Bella dar o primeiro passo para dentro, ganhando um olhar curioso.

"Eu não sei se o que vou falar vai parecer estranho," E no instante seguinte a peguei no colo – sempre tão leve –, respirando fundo enquanto criava coragem para falar as outras palavras. "Mas um dia, quero fazer isso na nossa casa." E entrei.

Só percebi o olhar marejado quando voltei a colocá-la de pé no chão.

"Bella?"

"Por que tudo isso é tão certo? Estar com você é tão certo, que quase me assusta." Ela não me deu pausa para falar. "Te amo tanto, demais. Em tão pouco tempo você se tornou a minha vida. Eu já disse, que parece que esperei todos esses anos por você, não disse?"

Assenti em silêncio – agora, mesmo que quisesse, não conseguiria pronunciar palavra alguma, a única coisa que conseguia fazer era enxugar o rastro das lágrimas de seu rosto. Tão quente.

"A cada dia eu tenho mais certeza que é você." Deus, era tudo que precisava ouvir antes de cobrir sua boca com a minha. A sensação de tê-la em meus braços, sabendo exatamente o que ela sentia, era entorpecente.

"Eu te amo,", dizia entre os beijos, sentindo-a mais uma vez sorrir contra meus lábios. "Te amo tanto, minha querida, minha vida." Quando enfim nos separamos, a peguei pela mão, fechando a porta. "Minha querida, não fique brava," Mais um beijo. "Mas eu tenho um presente para você."

Não consegui ficar nervoso quando vi sua expressão desgostosa – sabia que Isabella adoraria o presente. Procurei por tanto tempo deixar aquele primeiro momento perfeito, estava certo de que iria conseguir.

"Edward-"

"Por favor, não fale nada antes de ver." A conduzi para o próximo cômodo. "Ou ouvir."

—_____

Ponto de vista de Bella

Ele me colocou sentada numa cadeira almofadada antes de ir para frente do piano, me olhando uma última vez antes de começar a fazer o ar se encher com uma melodia perfeita.

Como Edward conseguia acertar tanto? Aquele era o único presente que gostaria de ganhar naquele dia, vê-lo tocar só para mim. Como no Ano Novo, aquela música era para mim – e para mim apenas.

Não acreditei o quanto sua voz era linda quando ele começou a cantar – e quase não resisti ao impulso de ir para seu lado, pela força da letra.

"I'm here again, a thousand miles away from you. A broken mess, just scattered pieces of who I am."

Seus dedos deslizavam com perfeição pelas teclas – não esperava diferente dele. O que não era perfeito com Edward?

"I tried so hard, thought I could do this on my own. I've lost so much along the way..."

Era impossível permanecer sentada distante dele – quando me dei conta, me sentava junto a Edward no banco comprido em frente ao piano. Quando nossos olhos voltaram a se encontrar foi quase como um choque. Tinham tantas emoções naqueles olhos cor de mel: receio, esperança, medo... tristeza?

"Then I see your face, I know I'm finally yours. I find everything I thought I lost before. You call my name, I come to you in pieces,"

Mas por cima de todas, tinha a que mais me importava, a que eu mais precisava ver: amor. Sempre que olhava naqueles olhos, talvez desde a primeira vez, ela estava lá.

"So you can make me whole."

Ele continuou a tocar até a música chegar ao fim, e quando seus dedos finalmente deixaram as teclas, não consegui mais não beija-lo – um beijo suave, que Edward logo quebrou afastando minha face com as duas mãos.

"Obrigada pelo presente.", disse antes dele falar qualquer coisa, minhas mãos ainda não soltando a gola de sua camisa. "Sua voz é tão linda, como vou conseguir cantar ao seu lado agora?"

"Não fale besteiras, meu amor." Sorri com o final da frase – era tão bom ouvir aquilo, tão certo. Meu amor. Era ele então, afinal, talvez soubesse daquilo desde a primeira vez que o vi de costas. Por mais clichê que seja – Edward simplesmente me fazia ser clichê – ele era o homem da minha vida. "No que está pensando?"

"Que eu gostaria de conhecer o resto da cobertura."

E no instante seguinte ele segurava minha mão, e andávamos em direção a uma porta de vidro, que dava para o lado de fora do enorme cômodo – ou Edward era um cavalheiro, ou ele realmente não entendia uma indireta. Me surpreendi quando pisamos do lado de fora e o frio que eu esperava não veio – só então percebi que a parte exterior era coberta por uma cúpula de vidro, perfeitamente transparente. Era até quente ali, permitindo que eu ficasse sem o casaco que já tirara, e me perguntava se a água daquela piscina também era aquecida.

"Você realmente poderia ter pego um quarto menor.", disse antes de me controlar, recebendo um olhar um tanto desgostoso. "Eu fico sem jeito de você me pagar as coisas Edward."

"Você se acostuma." Ele me respondeu, colocando as mãos no bolso e se afastando alguns passos, aquele sorriso torto outra vez.

Acabei dando alguns passos para perto da piscina, e foi nesse momento que meu lado desastrado resolveu aflorar. No segundo seguinte, estava caindo, e sabia que ele não estava suficientemente perto para impedir isso. E quando a água – que era fria – tocou meu corpo, aconteceu outra vez.

Sentia minha cabeça bater em algo – mas não era a Van.

Mãos brancas que se mexiam rápido demais, e afastavam quem iria me atropelar – um humano não era capaz de fazer nem metade daquilo.

E então aquele rosto, tão conhecido.

"Bella? Bella, fale alguma coisa!" Quando voltei a mim, senti que mãos frias – molhadas – me seguravam. Mas não havia mais água ao meu redor, e a primeira coisa que vi quando abri os olhos foram um par de olhos amarelos assustados – a mesma face que me olhava assustada ao parar uma Van.

"Acho que estou com um pouco de frio." Foi a única coisa que meu cérebro conseguiu processar. Também, molhada até o último fio de cabelo, só conseguia agradecer por aquele lugar ser fechado. "Desculpe por ser tão desastrada."

"Você não tem que se desculpar por nada." Escutei enquanto me levantava – enquanto tentava ignorar o que havia acabado de 'sonhar'. "Venha, me deixe te levar para o quarto, temos que arranjar algo seco antes que você pegue um resfriado."

E antes que pudesse ter mais alguma reação, a porta de vidro era novamente aberta, e nós passávamos por uma grande a direita, que revelava um quarto dos sonhos. As cores claras, a cama enorme que nos convidava a deitar, tudo ali parecia ter saído de um conto de fadas. Como ele conseguia?

Tão perdida em meus pensamentos, não havia percebido que durante isso Edward sumira do meu lado – só realizei quando ele voltava a minha frente com algo branco na mão. Um roupão, claro, pensei, voltando a sentir as roupas encharcadas.

"O banheiro é logo naquela porta." Apesar de dizer aquilo apontando para uma porta entreaberta, ele não me deixou dar nenhum passo, seus lábios estavam nos meus outra vez assim que terminou sua frase. "Minha pequena desastrada, sempre tentando me matar de susto." Senti uma mão gelada contornar meu pescoço, meu braço, e não consegui mais conter um arrepio. "Desculpe."

"Você deveria tirar essas roupas molhadas, também." Segurei a mão, não deixando ela se afastar – repetindo nele o trajeto com a minha própria. O vi fechar os olhos, e criei coragem para abrir o primeiro botão de sua camisa ensopada. "Não quero que pegue um resfriado."

E abri a segunda, e a terceira casa, enquanto via Edward abrir os lábios num sorriso. Na quarta ele ainda permanecia estático, assim como nas duas seguintes. Na sétima que percebi como minhas mãos estavam trêmulas – e como aquilo não era efeito das roupas molhadas. Abri o último botão, mas quem se livrou da camisa foi ele, me puxando contra seu peito – aqueles músculos eram tão bem definidos que pareciam desenhados.

"Você está tão gelado." Antes que ele pudesse dar alguma resposta me coloquei na ponta dos pés e beijei seu pescoço, minhas mãos voltando a explorar o peito frio – sua pele estava tão gelada, mas em nenhum momento ele tremia.

Na verdade, ele continuava sem mexer um músculo, a expressão sorridente de antes mudada para uma que eu só imaginava ser de concentração.

"Edward?" Foi quando ele novamente abriu os olhos que notei que a diferença entre o amarelo de antes e o amarelo escuro de agora era gritante. No entanto, não foi isso que me desorientou, mas sim o fato de em um instante eu estar de pé, e no outro, deitada na cama, nenhum dos dois se importando em como molhávamos o edredom.

Beijei mais uma vez seu pescoço, minha boca subindo até chegar próxima de seus lábios. Quando seus olhos voltaram para os meus pareciam ainda mais escuros do que antes, mas não era como se eu ligasse – por tudo que era mais sagrado, eles poderiam estar vermelhos, e eu não iria me preocupar se Edward simplesmente continuasse o que estava fazendo.

"Bella," Mas no momento em que ele parou com a fricção não consegui evitar eu mesma de retomá-la, e seu rosto voltou imediatamente para meu pescoço, respirando fundo. "Deus, Bella... não," Minhas pernas envolveram sua cintura, minhas mãos continuando presas em seu cabelo – será que ele conseguia ouvir como meu coração batia rápido? "Não pare, eu-"

"Eu te amo." sussurrei, extasiada por senti-lo tão perto, por ouvir os sons que eu o fazia cometer. Senti as mãos subirem pelas minhas coxas, levando o vestido com elas, parando ao chegar ao meu quadril, coberto apenas pela meia calça que começava a ser puxada para baixo – e eu achando que meu coração não conseguiria bater mais rápido.

"Tanto meu amor, tanto." O senti pressionar seu corpo mais forte contra o meu, o frio que antes sentia há muito esquecido – tudo estava tão quente!

E foi então que aconteceu. Eu esperava poder evitar aquilo por mais algum tempo, mas no momento em que senti a pontada, já sabia o que era. Parei de me mexer no instante que comecei a senti algo quente escorrer pelo meu nariz, e não precisei ver o rosto de Edward para confirmar minha certeza. O cheiro denunciava, e aumentava a dor na minha cabeça.

Sangue.

"Isabella?" Uma mão foi instintivamente para o local, tentando esconder o rastro vermelho, enquanto a outra me dava impulso para me levantar – Edward já estava ao meu lado, a expressão assustada.

"Me dê um minuto, ok?"

Não esperei mais para correr até o banheiro e trancar a porta – ignorando a batida nesta, segundos depois. Abri a torneira ao máximo e lavei compulsivamente meu rosto, tentando fazer desaparecer qualquer traço do sangue vermelho vivo, qualquer cheiro – peguei o sabonete nas mãos, e minutos se passaram até eu voltar a fechá-la.

Enxuguei o rosto na toalha, e me envolvi nesta após tirar a roupa molhada, a largando sobre o balcão da pia. Estava tão certa sobre o resultado – agora mais do que nunca – que nem mesmo precisava do exame me dizendo positivo. Confusões mentais – porque era isso que minhas ditas visões eram –, visão turva, dores fortes e rápidas de cabeça – que mais tarde evoluiriam para bem piores. Sangramento nasal. Desmaios.

"Bella," Finalmente sabia como mamãe se sentia – em relação a sua doença, e em relação ao papai. "Abra querida, eu só quero ajudar." O que eu falaria para o rapaz atrás daquela porta? "Isabella, você está me matando de preocupação!"

Engoli o choro – com muito custo – e virei a chave, logo vendo a apreensão naquela face perfeita. Não poderia pensar naquilo hoje, não poderia estragar o dia dele – apesar do meu já ter sido arruinado por completo. Ele me olhava, esperando uma explicação – e o que falar agora?

"Isso acontece às vezes." Menti, dando um sorriso sem graça ao me lembrar que vestia apenas aquela toalha, sem nada por baixo.

Mas não havia mais nada de sexual entre nós no momento – soube disso quando seus braços me levaram com cuidado até a cama, me cobrindo com o edredom logo após me colocar deitada. Edward não falou mais nada, era como se ele soubesse que o melhor a fazer era ficar calado, me confortando apenas por permanecer ao meu lado.

"Eu estou bem." Forcei um sorriso, passando a mão pelo seu rosto – a linha de seu queixo, seus lábios, suas pálpebras. O sorriso saiu mais verdadeiro quando ele pareceu acreditar em minhas palavras, seus lábios também se curvando. "Só estou cansada. E fiquei um pouco," Doente. "Nervosa demais? Ansiosa. Os efeitos que você causa em mim, Edward Cullen." Ao menos aquela parte não era mentira. "Estraguei a noite?"

"Nunca." Fui puxada para mais perto, nossos corpos separados apenas pelo edredom branco. "Durma." Um beijo, terno. "Se você se sentir mal outra vez, vou estar do seu lado. Cuidarei de você para sempre, meu amor."

Fechei os olhos, mais uma vez contendo as lágrimas. Cuidar de mim, desse jeito – tudo que eu esperava que ele não precisasse fazer.

—_____

Ponto de vista de Alice

Mal acreditava que o dia de trabalho estava chegando ao fim – assim como desacreditava que não seria necessária para trabalhar no domingo. Pegava minha bolsa mal humorada enquanto saía da loja quase batendo os pés. Um dia inteiro livre – o pior dia de todos, livre. Já sabia qual seria o destino de meus pensamentos no resto daquele final de semana.

Só não esperava que ele estivesse na frente da minha porta quando eu chegasse em casa – muito menos que suas mãos estivessem ocupadas com alguma coisa feita especialmente para esse estúpido feriado. Quanto menos que a caixa em forma de coração fosse para mim – mas então, para quem seria, com ele ali?

Não me lembrava de como mexer as pernas por alguns segundos, e quando finalmente dei o primeiro passo, minha mente começou a surtar. Jasper estava na minha frente, e eu acabava de chegar do trabalho, acabada, precisando de um banho, com a maquiagem já gasta e o cabelo gritando por uma escova. E ainda assim, quando cheguei perto o suficiente para perceber, em seus olhos era como se eu fosse uma das mulheres mais lindas que andava na Terra – se não a mais.

Deveria estar imaginando aquilo, com certeza – única explicação plausível. Não havia mais nenhum passo para dar. Como chegara ao seu lado tão rápido? Quem seria o primeiro a falar algo? Por que ele não parava de me olhar daquele jeito? Ao mesmo tempo em que desejava aqueles olhos cor de mel em mim, eles me deixavam tão sem graça – eram de uma intensidade tão grande.

Foi Jasper quem quebrou o silêncio.

"Oi."

"Oi." Mas que inferno.

Nervosa outra vez. Querendo sair gritando, outra vez. Querendo beijá-lo mais do que tudo, outra vez, e me odiava tanto por isso – tanto quanto o odiava. Tanto quanto o amava. Amava. Droga.

Aquilo era tão impossível, e tão certo.

"Você vai abrir a porta para mim hoje?" Ele deu um passo para frente, e outra vez estávamos com uma distância de quase zero entre nós – quase podia sentir sua respiração na minha pele. Jasper era tão mais alto, ao mesmo tempo que aquilo era intimidador, me sentia tão segura ao seu lado.

Segura, protegida. Como no dia em que ele dirigiu comigo até Providence. Que eu peguei no sono no cemitério, exausta de tanto chorar, e quando acordei, ele entrava no meu quarto, me colocando deitada na cama. Sussurrando em meu ouvido para voltar a dormir, que estava tudo bem agora. Que ele nunca deixaria meu lado, independente do que acontecesse.

E desde então, não tivemos nenhuma conversa – comigo voltando a evitá-lo, com ele voltando a não resistir aos meus esforços de encontrá-lo somente durante as aulas.

E agora... isso.

"Alice?"

"Você gostaria de entrar?" E então, o sorriso mais belo – o que me fazia praticamente derreter.

Minha resposta foi ele pisando para dentro de casa após eu abrir a porta e ligar o interruptor da sala. Coloquei minha bolsa no sofá enquanto o ouvia fechar a porta, me perguntando mentalmente o que poderia oferecer a ele. Quanto tempo ele ficara ali fora. O que ele segurava. Por que ele não me beijava logo.

Quando voltei a olhá-lo, ele já estava ao meu lado, a caixa em suas mãos sendo estendida para minha pessoa. A alcancei hesitante, mas mesmo com uma de minhas mãos nela, ele não a largou – só deu um passo a mais para frente.

"Você seria minha namorada hoje, Alice?" Hoje, apenas hoje? Eu poderia ser para sempre – até meu último dia aqui neste planeta. "Al?" Podia sentir meu peito apertar de um jeito bom ao ouvir aquele apelido sair daqueles lábios.

Assenti, não conseguindo mais evitar um sorriso – não conseguindo mais evita-lo – e senti Jasper enfim soltar a caixa. E dentro de onde esperava encontrar chocolates, ou qualquer outro doce ou agrado comum daquele dia, encontrei uma das coisas que não me atreveria a imaginar.

O colar, assim como o pingente, era claramente da marca para qual eu trabalhava, os dois feitos de um ouro rosado, cravados com pedras que eu sabia que só poderiam ser diamantes. Mas eles não fabricavam mais aquele modelo – há mais de vinte anos atrás. Como ele conseguia ter aquilo, naquele perfeito estado?

"É uma chave." Jasper não esperou mais para tirar a joia da caixa, indo para trás de mim e abrindo o fecho do colar. No instante seguinte sentia o peso considerável daquela chave da Tiffany, e o olhar profundo daqueles olhos amarelos em minha pessoa. "Daqui." Vi sua mão ir para seu peito, parando sobre o coração, e me perguntava se aquilo estava mesmo acontecendo, se não era outra daquelas fantasias, outro daqueles sonhos que aconteciam tão frequentemente, com ele junto. "Para você. Desde o primeiro instante que te vi, você sempre teve essa chave." De algum modo, sabia que ele não falava da joia em meu pescoço. "Se você soubesse como tudo estava tão errado."

Era um sonho, só poderia ser um sonho – não havia possibilidade de aquilo estar acontecendo. Mas fechei meus olhos, e quando voltei a abri-los, ele ainda estava ali, parado na minha frente, sua mão afastando alguns fios de cabelo para trás de minha orelha.

"Esperei tanto tempo por você." As palavras dele refletiam perfeitamente meus sentimentos – parecia que esperara ele surgir por toda minha vida. E estava tão cansada de lutar contra aquilo, contra tudo que sentia – não conseguia mais afasta-lo agora.

Não fiz nada para desviar da boca que vinha ao meu encontro, pelo contrário, entrelacei meus dedos naqueles fios loiros e o puxei para mais perto, mais rápido, mais urgente. Quando nossos lábios se encontraram foi como um choque, e pude ouvir um gemido dele se misturar com o meu próprio. Aquele cheiro, aquele toque, tão perto... minha mente, toda minha pessoa, estava aérea. Minhas pernas, que já estavam moles, se tornaram dormentes quando senti os lábios se moverem pelo meu rosto e chegarem enfim ao meu pescoço. Meus dedos apertaram mais o cabelo, e sentia meu corpo começar a tremer de antecipação ao ser encostado na parede.

"Jasper-" Naquele momento não sabia se os olhos realmente haviam escurecido, ou se era efeito da pouca luz no corredor – mas as órbitas amarelas que antes eu via agora eram quase negras.

"Não me chame assim." A palma de uma de suas mãos envolveu minha face, enquanto a outra percorria meu corpo, um toque tão suave que em certos pontos ficava quase imperceptível. "Jasper. É tão formal, eu não quero-"

"Jazz." Arrisquei dizer, minhas mãos indo de seu cabelo para seu rosto, traçando uma pequena cicatriz quase na altura de seu olho direito. Era quase imperceptível, mesmo de perto, o pouco relevo que encontrei ali, a tornava real. Não me contive e deixei meus lábios tocarem aquela pele tão fria.

"Ah, Alice..." Vi os olhos fecharem no mesmo instante, assim como mais um sorriso perfeito se formou naquela boca. Minhas mãos foram para seu pescoço, e pude sentir mais algumas elevações sob meus dedos – meu Deus, quantas cicatrizes aquele homem tinha?

Minha exploração inocente continuou – meus dedos se aventurando por debaixo da camisa, após abrir dois ou três botões – até eu me sentir ser pega pelas coxas, sendo levantada até ficar quase da altura dele. Minhas pernas foram automaticamente para sua cintura – enrolando-se nele como se aquilo fosse um hábito – e ele não objetou por nenhum momento. Ao contrário, apenas afundou o rosto no meu pescoço, respirando pesado, me pressionando mais forte contra a parede.

"Me peça para ir embora, Al, que eu vou." Ele dizia com dificuldade, seus lábios não conseguindo deixar minha pele, fazendo eu ficar ainda mais entorpecida. "Me peça para parar – eu paro." Não sei como achei alguma força para responder.

"Não pare." Apertei mais as pernas ao seu redor. "Por favor. Jazz, não vá embora hoje."

A próxima coisa que via era ele me carregando para o quarto.

"Nunca, minha pequena, eu não vou embora nunca mais."

E a porta se fechou.

—_____

Ponto de vista de Jasper

Antes só conseguia enxergar aqueles olhos chocolates. A chave que se mexia em seu pescoço enquanto minhas mãos impacientes acabavam fazendo um rasgo em sua blusa. As dela própria acabando com os últimos botões de minha camisa.

Antes era tudo tão rápido, tão urgente. Ela tirando meu cinto, eu abrindo o botão de sua calça e a deitando na cama. Deus, ela era tão perfeita quanto me lembrava, ela sentia aquela necessidade do mesmo jeito que me lembrava – do mesmo jeito que eu.

"Jazz, por favor..."

"Não, não se cubra. Me deixe te olhar. Você é tão linda."

Quase perdi totalmente o controle quando meu corpo frio deitou sobre o tão quente de Alice – como ela não reclamava da temperatura, não conseguia sentir o quanto eu era gelado? Não humano? Ao contrário, ela apenas me puxava para mais perto, tentando tirar o resto da pouca roupa que nos separava – e eu me continha para simplesmente não rasgar o que restava.

"Você está me provocando." Ri, no momento, com o aviso. Alice, apressada, tão como sempre.

Antes, não me importei com nossa urgência. Precisávamos daquilo, daquela proximidade. Eu nem mesmo pensei – duvido também que ela tenha pensado por um segundo antes de tirar sua última peça – e no instante seguinte o cheiro de sangue me invadia.

Congelei onde estava. Não, não era o cheiro que me incomodava, e sim o que eu falhei em perceber.

Como poderia ter pensado que...?

Como ela me deixou...?

"Ah Alice, eu sinto-"

"Eu te amo."

E ela sorria. E meu peito queimava, e não era dor o que sentia – não era da dor que ela sentia. Eu a estava sentindo, por completo agora, e seus sentimentos eram os mesmos que os meus. Mais uma vez, ela quem os confessara primeiro. Minha pequena, minha corajosa Alice.

"Desde o primeiro momento, Al. Eu te amo desde o primeiro momento."

Não contei por quanto tempo ficamos deitados na cama, eu sempre tentando manter em minha cabeça o quanto o ser que tinha nos braços era delicado, quebradiço. Tomava o máximo de cuidado agora com cada movimento que fazia. E ainda assim...

Me deitei ao seu lado, a puxando para perto, encostando-a em meu peito – e nenhum dos dois se importou com a temperatura deste.

Antes, a imaginava indo dormir, enquanto eu, com cuidado, trocaria os lençóis para amenizar um pouco mais o cheiro de sangue – apenas por precaução. A imaginava pegando no sono, e não acordando quando eu a tirasse dos meus braços para remover aquela quantidade mínima de sangue que havia em mim. E eu voltaria para a cama, e voltaria a abraçá-la, a vendo dormir pelo resto da noite.

Antes de ver aquele quarto com a luz que o corredor proporcionava, eu imaginava tudo aquilo – que tudo correra bem, o melhor possível. Antes de aquela pouca luz me mostrar a marca roxa em um dos braços tão brancos. A marca vermelha entre duas costelas. Quando me atrevi a levantar o edredom e vi o hematoma em uma das coxas, voltei a cobri-la imediatamente, pegando rápido minhas roupas jogadas no chão do quarto.

Agora eu estava ali, sentado na sala, aterrorizado mais uma vez com as marcas que via naquele corpo delicado – marcas feitas pelas minhas mãos, mais uma vez. Um pouco mais de força e eu poderia tê-la esmagado, quebrado algum osso, e pensar naquilo era quase nauseante. Ao mesmo tempo em que precisava ir embora dali, correr o mais distante possível dela, minha consciência sabia que nunca poderia fazer aquilo – perde-la de vista novamente.

Claro que a ouvi arfar no quarto – só me odiei mais quando senti sua confusão, seguida por um sentimento que apertava meu peito de uma forma horrível, totalmente diferente de antes. Ela havia acordado, e por mais que eu não merecesse tê-la ao meu lado, vê-la acordar, ela tinha esse direito. Ela precisava daquilo. E até aquilo eu havia feito errado.

Podia escutar Alice se levantando, acendendo a luz, olhando ao seu redor – provavelmente procurando minhas roupas. Segundos depois a via no corredor, a expressão preocupada logo suavizando ao me ver ali, todos os sentimentos bons de antes voltando. Ela se aproximou, mas não chegou a sentar-se ao meu lado.

"Jasper?" Não a corrigi – nem mesmo conseguia olhar para ela. "O que foi?"

"Volte a dormir, Alice." Mais confusão, mais tristeza. E lágrimas que eu não esperava que viessem, quando deixei meus olhos enfim vagarem pelo pequeno corpo coberto por um lençol. "Ah, não minha pequena, não chore-"

"O que eu fiz de errado agora?" Aquela frase foi o suficiente para me fazer estar ao lado dela no segundo seguinte. Ela me deixou segura-la em meus braços sem objetar, afundando o rosto no meu peito, respirando profundamente como se meu cheiro a acalmasse. "Não vá embora, não hoje. Por favor-"

"Sshh, pequena," Repeti sua ação – o cheiro dela realmente me acalmava, e era o que eu precisava agora. "Eu não vou embora. Não consigo mais ir embora, não agora, ainda mais se você me quiser aqui." Porque por mais que me odiasse – mais uma vez, por machuca-la – eu simplesmente não conseguia sair por aquela porta. E não, não era apenas porque ela não merecia que eu fosse embora como se nada tivesse acontecido – como no Reveillon. "Mas por que você não me disse que eu estava machucando você?"

"Porque você não estava." Sinceridade. Mas aquilo não amenizava nem parcialmente a culpa que ainda sentia – as marcas que aquele corpo pequeno exibia.

A peguei nos braços com cuidado, pressionando meus lábios com delicadeza em sua testa, suas bochechas. Surpresa, felicidade. Amor. Meu peito parecia que iria explodir com todos aqueles sentimentos intensos, bons – mais uma vez. Ela se aninhou em mim de um jeito tão gostoso que quase fui incapaz de colocá-la de volta na cama.

"Você tem algo para passar nisso aqui?" Coloquei a mão sobre o hematoma que havia em seu braço, meus olhos atentos a qualquer sinal de dor. Por um momento vi seus olhos mostrarem surpresa – ela realmente não fazia ideia das marcas que tinha pelo corpo. Mas não senti o medo que tanto esperava, nenhuma vez, quando ela se deu conta das marcas espalhadas pela pele.

Alice se sentou, tirando uma pomada da gaveta de seu criado mudo e a entregando para mim – e eu pude ver mais um roxo em seu pescoço, que não havia sido causado pelas minhas mãos. Não sabia se ficava feliz por ter apenas deixado um hematoma, ou desesperado por ter chegado tão perto de seu pescoço com minha boca e deixá-lo daquele jeito.

Mas toda a felicidade que vinha dela naquele momento... O modo como me olhava... Se ela soubesse o monstro que sou. Se soubesse o quanto correu risco nestas últimas horas.

"Jazz?" Minha atenção voltou a ela no mesmo segundo, havia algo tão quente encostado em meu peito. "Meu Deus."

A luz estava acesa – e eu estava sem nada cobrindo o peito. E agora, no claro, minhas cicatrizes eram suficientemente visíveis aos olhos humanos – e aqueles olhos cor chocolate vagavam por cada uma delas com uma expressão assustada.

Agradeci por na pressa ter esquecido minha camisa perto da cama, e não demorei mais em alcançá-la, mas uma mão puxando o tecido não me deixou vesti-la.

"Não." Quando meus olhos voltaram para ela, Alice sorria – e mais uma vez não havia o medo, nem a repulsa que imaginava que iria sentir. Acabei lhe entregando a camisa, que voltou para o chão no instante seguinte. "Não se esconda de mim."

"Como você pode me querer ainda?" Como seus sentimentos conseguiam ser tão sinceros?

"Bobinho." Uma quase gargalhada. "Me ensine o contrário, se conseguir."

Não consegui mais me manter longe daqueles lábios – peguei seu rosto nas mãos e o trouxe para mais perto, e o que começou sendo um beijo terno evoluiu rápido para algo mais.

E minutos depois, estávamos deitados outra vez, perdendo a conta das horas.

—_____

Ponto de vista de Edward

Uma hora – Bella estava de olhos fechados, mas sua respiração me contava que ela ainda estava acordada.

Uma e quarenta – a senti soluçar silenciosamente no meu peito, provavelmente achando que eu estivesse dormindo.

Uma e quarenta e cinco – pude sentir uma lágrima na minha pele, e me contive ao máximo para não perguntar o que estava acontecendo.

Duas e quinze – sua respiração se tornara mais profunda, e eu podia sentir os dedos que apertavam forte a gola de meu roupão finalmente suavizarem um pouco.

Até que a soltaram completamente, às três da manhã.

Quando enfim Isabella chegou a um sono profundo em meus braços, me mexi com cuidado para longe, e após garantir que ela não havia acordado, saí do quarto com o celular na mão. Perto da piscina, meus dedos já discavam um número conhecido, enquanto meus ouvidos continuavam atentos a qualquer som que viesse do quarto. Tocou uma, duas três vezes, e então Carlisle finalmente atendeu a chamada.

Deus, o que estava acontecendo?

"Ela sangrou, pai." Silêncio. "Está tudo bem, você sabe, não é como se o sangue dela me afetasse desse jeito. Eu nunca," Respirei fundo, passando uma das mãos pelos cabelos já bagunçados. "Nunca conseguiria lhe fazer mal. Mas ela sangrou tanto, tão de repente... Deus!"

"Edward, isso é normal para a primeira-"

"Não!" Quase rosnei em frustração – precisava me acalmar, precisava manter a voz baixa. "Não, nós não fizemos nada. Não isso, se fosse só isso..."

Se fosse só isso... Mas algo não estava certo – não precisava saber o que ela pensava para ter certeza daquilo. Sabia disso desde que ouvira o primeiro soluço dentro do banheiro – aquela porta quase veio abaixo no mesmo segundo. Quando a vi dizer que estava tudo bem – Isabella continuava uma péssima mentirosa.

Por que ela ficara naquele estado por um simples sangramento? Não é como se ela soubesse de algo, do que nós – do que eu – realmente éramos. E mesmo se ela descobrisse, não havia motivo para temer – será que ela se lembraria disso?

Foi então que palavras de dias atrás surgiram em minha mente. Pequenas coisas que talvez tenha me negado a prestar mais atenção.

Minha mãe tinha um tumor no cérebro.

Não demorou até achar em minha mente uma das muitas aulas de medicina. Possíveis sinais de um tumor cerebral.

É só uma dor de cabeça, Edward. Acho que ando estudando demais.

"Não. É impossível demais."

Eu dormi no filme? Deus, ando com tanto sono!

Apesar da genética colaborar com o diagnóstico, aquilo era tão...

"O que está acontecendo, Edward?"

Aquilo era cruel demais, se fosse verdade. Eu havia acabado de recuperá-la, apenas para perdê-la outra vez? Não, não! Ela não podia, se houvesse mesmo algum Deus lá em cima, ele não tinha esse direito, não ela.

Quase não consegui falar as próximas palavras – não passaram de um sussurro.

"Ela está doente, pai. Isabella está doente."


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