Slender: O Internato. escrita por Alison


Capítulo 2
Capítulo 1 - Três da Manhã


Notas iniciais do capítulo

Oi Oi gente! (Não, não é a Kefera!)

Aqui está o capítulo 1 e espero de coração que gostem!



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Abri meus olhos. Não enxergava nada além de uma completa escuridão, era horrível esse escuro. Me sinto tão frágil aqui, tão frágil não poder enxergar nada que imagino como deve ser ruim ser cego. Virei meus olhos para meu lado direito e vi o relógio digital de mesa que marcava quase três horas da manhã.

Porque acordei agora? Geralmente durmo feito uma pedra e só acordo no outro dia de manhã para o início das aulas. Que estranho.

Me sentei na cama, ainda muito sonolenta. Com muito esforço me levantei e caminhei até o banheiro do quarto. Chutei vários pares de sapatos que Vitória tinha deixado no chão. Ela sempre faz isso. E eu sempre peço para que guarde. Ela nunca vai me escutar, não sei porquê tento.

Ligo a luz do banheiro e entro. Ah, sem mais escuridão. Como isso traz um alívio enorme. Me olhei no espelho e comecei a me encarar.

Deus! Eu estava acabada. Meus cabelos louros estava totalmente bagunçados. Ele é bem ondulado e fica lindo quando arrumo, mas quando acordo é apenas um monte de fiapo. Tento arrumar ele mas não consigo, isso me dá raiva.

Aproximei um pouco mais de espelho pra ver meus olhos. Eu gosto deles, gosto de ver eles bem de perto e ver também a pupila dilatar. Eles são um verde bem escuro, as vezes ficam claros no sol, mas prefiro eles escuro mesmo. Acho que se fossem naturalmente claros, eu seria mais cega que já sou.

Para uma garota da minha idade – dezessete pra quem deseja saber – eu não tenho muitas espinhas. Algumas nascem de vez em quando, mas sempre as tiro antes que virem um monstro horrível.

Lavei meu rosto e quando voltei a me olhar no espelho me lembrei de uma lenda. Não devia estar lembrando disso a essa hora, mas foi bom ter lembrado. Assim evito o pior.

A lenda dizia que você não pode se olhar no espelho as três horas da manhã. Quem estará no reflexo não é você e sim outra pessoa, outro alguém, outro ser e se você for teimoso e continuar a fazer isso, ele te dominará.

— Deus me livre... – Acabei falando, tirando os olhos do espelho e me voltando pra porta, preste a sair.

Quando apago a luz. Escuto um grito, um grito de um menino. Era um grito alto, muito alto mesmo que me espanta as meninas não acordarem.

Meu coração acelerou na hora, acendi a luz no mesmo instante e fechei a porta do banheiro novamente. O que foi isso? Quem gritou? Não parece ter vindo do dormitório masculino, parece ter vindo do lado de fora.

O grito continuava. Era ensurdecedor aquilo! Ele entrava em meus ouvidos e ecoava por toda minha cabeça, não parava mesmo que eu tapasse meus ouvidos.

Abri a porta, ainda com a luz acessa e olhei pra Vitória que dormia mais próxima do banheiro. Ela continuava dormindo, intacta! Não parecia nem ligar para o barulho que estava acontecendo. Na verdade ninguém ligava. O colégio inteiro estava em silêncio exceto por esse grito maldito!

— Vitória? – chamei, um pouco baixo.

Sem resposta.

— Vitória? Acorda! – Fui me aproximando cada vez mais e ela se quer se mexia.

A chamei mais de dez vezes e nada acontecia. Nem uma mexidinha pro lado ela fez! Tudo bem. Ela tem mesmo um sono bem pesado, as vezes demora séculos pra ela levantar se manhã, mas não deixa de ser estranho. Ainda mais com esse grito.

Caminhei até onde estava minha cômoda. Abri a segunda gaveta e tirei uma lanterna de dentro. A liguei e iluminei todo o quarto. Cada centímetro dele. Estava com um pressentimento muito, mas muito ruim aqui dentro. O grito já tinha parado e o silêncio absoluto tomou conta de todo o lugar novamente.

Comecei a ir até a porta do quarto, a abri devagar fazendo um leve barulho de porta enferrujada. Apontei minha lanterna pra fora e iluminei todo o corredor.

Que macabro.

Esse corredor a noite era horrível, eu nunca tinha vindo aqui essas horas, é proibido! Nas regras do colégio, a partir das vinte e três horas todos devem estar em suas camas.

Vitória já saiu uma vez, com um paquera. Diz ela que não tem nada de assustador como muitos dizem por ai... Como eu não tenho nenhum paquera, nunca sai assim.

Abri totalmente a porta e sai do quarto, ainda iluminando cada centímetro deste local. Meu coração estava tão acelerado que chegava a dar uma pequena dor no meu peito, deve ser medo.

Não me pergunte porque eu saí, também não sei. Só sei que deveria dar uma olhada, uma olhada por aqui, algo me diz que eu tenho que verificar, que eu tenho que aliviar essa sensação horrível que está dentro de mim.

Comecei a andar pelo corredor, iria dar uma olhada na cozinha. Logo após dela tem a sala de entrada e saída, onde as pessoas novas ficam sentadas esperando serem atendidas pela Madre para novas matrículas.

Assim que cheguei na cozinha, meu cu trancou. Desculpe o palavreado, nem devia ter falado isso. Mas é realmente o que aconteceu. Eu travei na porta. Iluminar a cozinha com a lanterna era simplesmente apavorador. Esse lugar parecia um lugar de filme de terror.

Os talheres brilhavam quando passava a luz nele. Nessa minha brincadeira de iluminar cada canto, acabei achando uma folha de papel no chão. Me aproximei dela.

Era estranho ter uma folha aqui a essa hora. Sempre que todos se recolhem para os dormitórios, as “tias” da limpeza, limpam cada canto da cozinha e do banheiro. Deixando tudo completamente impecável para o próximo dia.

Abaixei e peguei a folha. De um lado não tinha nada, mas quando virei do outro lado. Tinha coisas escritas e desenhadas.

Ele vai me pegar. Ele vai me pegar. Ele vai me pegar. Ele vai me pegar se não fizer isso...

Estava escrito isso em toda a folha, fiquei analisando até que minha mente deu um grande estalo que me fez arregalaram os olhos.

Essa folha! É do caderno que dei para Gabriel aquele dia. Posso reconhecer pelo desenho que tem no canto inferior direito. Era do meu caderno, com toda certeza! Será que ele que escreveu isso?

Me levantei. Oh Deus. Por que fui me levantar?

No ato de esticar o corpo, acabei derrubando uma panela. Não me pergunte como ela foi parar ali, mas acabei por a derrubar e fazer um enorme barulho. Meu coração quase explodiu e por muito pouco quase soltei um grande grito de agonia.

O silêncio foi tomando conta enquanto eu respirava fundo pra me acalmar do susto que havia levado naquele instante. Maldita panela.

Olhei novamente pra folha a iluminando com a lanterna. Que coisa estranha, quem será que vai pegar ele? Preciso ter uma boa conversa com ele amanhã, ou hoje, sei lá!

Um barulho. Ouvi um barulho que demorou pra eu entender o que era e quando entendi tive mais um ataque do coração. Esse barulho era de alguém correndo, barulho do sapato se chocando contra o chão do corredor.

Iluminei rapidamente a porta da cozinha na esperança de ver algo vindo do corredor. O barulho só aumentava e ficava mais próximo.

Estava perto. Estava chegando na cozinha.

Comecei a me afastar. Meu coração palpitava. Não podia correr pro quarto, seja lá quem estava vindo, vinha daquela direção. Olhei pra trás rapidamente e vi a saída para a sala de espera. Corri até lá. Agora eram dois barulhos. Os meus passos sem sapato rápidos pela cozinha e os passos mais rápidos de sapatos vi do de trás de mim.

Pensei em gritar, mas o som não saia de minha boca. Só corria rapidamente e quando cheguei na sala de espera a primeira reação minha foi fechar a porta com tudo.

Iluminei a sala. Olhei para todos os cantos que podia me esconder até que achei o local ideal pra isso! Tinha uma enorme mesa no centro da sala, ali geralmente ficava avarias revistas ou coisa do tipo, mas o melhor é que ela era coberta bregamente por uma “tolha” que se estendia até o chão.

Me enfiei lá em baixo. Tenho sorte de ser pequena. Desliguei a lanterna e comecei a respirar controladamente e mesmo que estivesse tudo escuro, fechei meus olhos o mais forte possível, não abriria por nada.

Escutei os passos pararem de correr, estavam na porta. Ouvi ela abrindo, lentamente e rangido como a porta do meu quarto. Engoli seco. Comecei a rezar silenciosamente.

Os passos agora iam se aproximando, era mais aterrorizante já que o piso desta sala era completamente de madeira. Aquilo estava me matando por dentro. Queria chorar, queria gritar, queria gritar pela Madre, talvez ela chegasse a tempo!

O passo foi se aproximando da mesa e então parou. Silêncio absoluto, muito silêncio. Tapei minha boca com tudo. Não poderia deixar seja lá o que era ali escutar minha respiração.

Vai embora, por favor!

Pensava apenas nisso, pedia na minha mente para que aquilo fosse embora, só queria voltar pro meu quarto, não deveria ter saído de lá! Deve ser um assassino! Deve ter matado alguém lá fora e agora entrou aqui. Merda!

Os passos voltaram. Estavam se afastando e eu ouvia com todo cuidado possível. Eles estavam se afastando da mesa e indo pra trás de mim, sei que ali atrás tem a sala da Madre. Ouvi a porta de lá abrindo, ainda bem que ela não está lá.

Era minha deixa! Era minha chance de sair. Me arrastei pra fora, com a lanterna em mãos ainda desligada, tentei olhar pra porta da madre mas não via nada, porém sabia que tinha alguém ali. Um passo falso e já era.

Um passo falso...

A madeira rangeu. Num grito eu corri pra fora da sala. A lanterna caiu e agora não tinha como eu pegar ela novamente. Apenas corri, corri agora derrubando várias coisas da cozinha no chão.

Meus ouvidos conseguiam ouvir os passos novamente atrás de mim, dessa vez eu corria e gritava. Gritava mesmo! Pra todo mundo ouvir e não ligava de teria punição.

Eu gritava socorro para Madre, gritava que alguém tinha invadido o colégio e queria me matar, alguém estava atrás de mim!

Eu repetia aquilo várias e várias vezes sem ao menos parar pra respirar, estava bem atrás de mim e eu sentia os passos cada vez mais próximos, eu estava agoniada.

Eu estava simplesmente suando frio e com o corpo totalmente gelado. Nunca senti tanto medo na minha vida.

Minhas pernas começaram a bambear, senti elas formigarem e num baque eu caí no chão.

Não, não, não! Não podia cair a essa hora, maldita hora. Preciso correr, preciso chegar ao meu quarto e me fechar lá! Por que ninguém está vindo ajudar? Será que todos morreram?

Me arrastava, chorando muito. Os passos que eram de corrida agora eram apenas uma caminhada devagar, que se aproximava de mim.

Seja lá quem fosse sabia que eu não tinha como resistir. Devia estar zombando da minha cara.

Senti algo em meu pescoço.

***

— Vivian, querida? O que aconteceu?

Abri meus olhos. Era Madre, ela estava do meu lado apenas com sua roupa de dormir. Seu olhar esboçava preocupação. Demorei pra reagir, piscava devagar e tentava me lembrar do que tinha acontecido. Senti que estava deitada no chão, apenas com a cabeça apoiada em madre.

— Madre...

Comecei a lembrar. A perseguição, os passos! A pessoa correndo atrás de mim e...

Me levantei na hora, colocando a mão no pescoço e olhando para todos os lados. Tinha mais pessoas, todos meus amigos estavam ali parados, preocupados. Tinha alguns monitores e outras freiras apenas me olhando.

Eu estava no corredor! No corredor dos dormitórios. Foi real! Não foi um sonho, mas como estou viva...?

— Se acalme, minha filha! Acordamos com você gritando aqui no chão, está a gritando até agora e se debatendo sem ninguém estar te tocando.

— O que? Mas tinha alguém! Tinha uma pessoa aqui! Ela me perseguiu e...

Olhei que todo mundo me olhava com estranheza. Devem estar pensando que fiquei louca ou não bato bem da cabeça. Respirei fundo e me recompus. Olhei pra madre a apenas balancei a cabeça negativamente, simbolizando para que esquecesse o que tinha feito.

— Vamos, volte pro quarto. Suas amigas vão estar junto de você.

Concordei. Me levantei e sai esbarrando nas outras pessoas que me olhavam. Maravilha, agora sou uma louca sonâmbula? Me debatendo no chão sem ninguém estar aqui? Que porcaria.

Entrei no quarto. Fui direto para minha cama. Quando puxei a coberta uma folha caiu.

A peguei no chão.

Era a mesma folha que eu tinha pego na cozinha.


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Notas finais do capítulo

Espero um comentário :3 Amo vocês s2